De início o microfone ficava em um pedestal e os músicos a sua volta no mesmo nível, depois criaram plataformas em níveis diferentes, mais tarde o microfone foi pendurado no teto, enfim várias foram as maquinações objetivando uma melhor distribuição do som a ser captado pelo solene microfone.
Uma dessas resultou em hilariante episódio, quando Bessie Smith foi fazer uma gravação com sete rapazes da banda de Fletcher Henderson e o engenheiro da Columbia inventou que o som seria melhor captado pelo microfone ainda a carvão se os espaços sonoros fossem os mais reduzidos possíveis. Naturalmente lidava com o problema da reverberação acústica do estúdio ainda não devidamente tratada. Foram então armadas uma série de tendas com cortinas de pano e cada músico embaixo de uma, mas eis que Bessie no meio de tudo teve um ataque de claustrofobia e ao procurar se livrar daqueles panos foi balançando a geringonça, caindo tudo por cima de todos parecendo um monte de fantasmas gesticulando, alguns ainda tocando! Deve ter sido cena digna de um filme dos irmãos Marx ou dos 3 Patetas (no caso 8).
Outro episódio curioso ocorreu dado que a bateria sempre terrivelmente discriminada nos estúdios, aliás a gente não faz a menor idéia porque fosse, mas foi Gene Krupa talvez o 1º a enfrentar tal implicância e a montar todo seu aparato dentro de um estúdio de gravação e o fato se deu exatamente a 8/dez/1927. O produtor Tommy Rockwell da Okeh Records convidara alguns jovens de Chicago reunidos em torno do banjoista Eddie Condon e lá estava Krupa com seus apenas 18 aninhos. Ao entrar no estúdio Rockwell assustou-se com a bateria toda montada e perguntou: -“O que é isto aqui? O que pretende com tudo isto?” e Krupa respondeu simplesmente... -“tocar”. Rockwell desesperou-se, porém Krupa talvez pela inocência de sua juventude ou atrevimento mesmo, fincou pé, forçou a barra até que depois de muitas idas e vindas em torno do engenheiro de gravação, Rockwell acabou permitindo que pelo menos aquilo fosse experimentado e assim pela primeria vez pode-se ouvir tarol, tantãs, pratos e bumbo juntos numa gravação, ou seja uma bateria completa. No entanto, Krupa foi bastante parcimonioso em sua execução para não por tudo a perder, é claro.
O disco (Okeh 41011) editado tinha a canção Sugar (Edna Alexander/Sidney D. Mitchell/Maceo Pinkard) de um lado e China Boy (Dick Winfree/Phil Boutelje) do outro com os McKenzie and Condon’s Chicagoans que formavam com: Eddie Condon banjo e líder, Bud Freeman (st), Jim Lannigan (bx), Jimmy McPartland (cornet), Frank Teschemacher (cl), Joe Sullivan (pi) e GENE KRUPA à bateria.
Como a gravação deu certo e até foi um sucesso, Krupa voltou entusiasmado ao estúdio com o Eddie Condon Quartet (mesmo grupo acima sem McPartland, Freeman e Lanning), em julho de 1928 e ai sim, Krupa "deita e rola" com seus pratos, bumbos e demais apetrechos em Indiana (James F. Hanley), o vocal é de Condon.
Como se trata de 2 clássicos do dixieland de Chicago selecionamos ambos - China Boy e Indiana para audição – é só clicar.