Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTÓRIAS DO JAZZ N° 20

29 janeiro 2007

“O Acorde Mágico”

Corria o ano de 1974 que nos premiaria em agosto com o chamado “Jazz Piano Solo”. Apenas um concerto no Municipal no dia 10. No programa, Marian McPartland, Ellis Larkins, Teddy Wilson e Earl Hines.
Claro que naquela época ainda não havia os “festivais”. Então, o Jazz era apresentado em récita de gala, tendo como palco o Teatro Municipal. Foi lá que assistimos Sarah, Ella, Carmen, Errol Garner, Duke Ellington, M.J.Q., Bill Evans, Charles Tolliver, Horace Silver e muitos outros.

E foi realmente uma noite mágica. O espetáculo foi aberto por Marian McPartland interpretando um “Saint Louis Blues” em boogie-woogie (homenagem a Hines ?) surpreendente. Seguiu com “All the Things You Are” explorando todas as possibilidades harmônicas do clássico de Jerome Kern. Executou mais uns dois ou três “standards” e mergulhou num “Gershwin Medley” desenvolvido em vários andamentos (“A Foggy Day”, “I Loves You Porgy” e “Fascinatin’ Rhythm”). E fechou com um clássico do dixieland, o famoso “Royal Garden Blues” talvez relembrando o passado com o marido Jimmy McPartland.

Seguiu-se Ellis Larkins, um habilidoso pesquisador de harmonias mas, um amante dos andamentos bem lentos. Sua melhor performance foi em “What’s New ?”.

Teddy Wilson, para nós era a grande atração e realmente não decepcionou. Seu número de abertura foi “Sophisticated Lady” e prosseguiu na jornada ellingtoniana emendando "Satin Doll”, “Prelude to a Kiss” e “Take the “A” Train”. Gershwin também teve um medley executado com a finesse de Wilson : “It Ain’t Necessarily So”,”The Man I Love”, “Liza” e “Someone to Watch Over Me”. Clássicos como “Stompin at the Savoy”, “Flying Home” e “Body and Soul” deslumbraram a platéia. E o fecho em andamento ultra rápido foi “Love”.

Earl “Fatha” Hines daria a palavra final ao grande espetáculo. Começou com “Sweet Lorraine”, um dos clássicos de seu repertório e homenageou a platéia com um “Garota de Ipanema”. “Bluesette”, de Toots Thielemans veio em seguida, para arrematar com o seu cavalo de batalha “Tea for two”.

Todo o mundo feliz, sorrindo e comentando o que viram e ouviram. Nós ,com Nelson Reis, fomos para os camarins em busca dos autógrafos. Hines ocupou sózinho um camarim e já sem peruca mandou que entrassem todos. Distribuiu sua foto para os admiradores e, respondendo pergunta de um fã sobre se tocava música clássica respondeu “Nasci com o Jazz, cresci com o Jazz e vou morrer com o Jazz. Só toco Jazz!"

Fomos em seguida procurar os outros pianistas. Por sorte, estavam todos num mesmo camarim onde tinha um piano armário. Wilson e Marian sentados lado a lado, procuravam um acorde de passagem para o tema “By the Time I Get to Phoenix”. Várias tentativas foram feitas, sem resultado. De repente, a mão de Ellis Larkins desceu entre os dois e feriu o teclado com incrível precisão. O acorde se encaixou como uma luva, como diriam os antigos. Wilson levantou-se rápido e tirando uma nota de dez cruzeiros do bolso da calça estendeu-a para Larkins. Entre risadas dos presentes este recusou, dizendo: “Passa lá em casa que eu tenho mais para te ensinar.”

Que noite!

Um comentário:

Maria P disse...

No dia seguinte (11 de agosto de 1974), Marian McPartland, Ellis Larkins, Teddy Wilson e Earl Hines fizeram uma apresentação no Rio de Janeiro Country Club.