Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

THELONIOUS MÁGICO

30 setembro 2008

Mais um texto do escritor japones Haruki Murakami, focalizando agora o enigmatico pianista Thelonious Monk:


Em certa etapa de minha vida eu me sentia atraído pela música de Thelonious Monk, como por uma atração fatídica. A cada vez que ouvia o som inconfundível de seu piano -como um cinzel golpeando gelo duro em algum ângulo estranho, mas eficaz-, eu suspirava: "Isso sim é jazz!". Ela me alegrava e inspirava.Mesmo hoje, um cenário em especial me conecta com Monk: café preto forte, um cinzeiro repleto de pontas de cigarro, um conjunto de grandes alto-falantes JBL, um romance parcialmente lido (pode ser algo de Georges Bataille ou William Faulkner), o primeiro suéter do outono, a solidão friorenta de um pequeno café onde se toca jazz.Ainda adoro imaginar essa cena. Talvez ela tenha pouca ligação com qualquer coisa que tenha acontecido de fato, mas está preservada em minha memória, perfeitamente equilibrada, como uma foto bem composta.A música de Monk era obstinada e doce, intelectual e excêntrica; entretanto, por alguma razão que nunca fui capaz de identificar, ela sempre acertava o alvo em cheio. Era como um "homem misterioso" que aparece sem aviso prévio, coloca algum objeto incrível sobre a mesa e então some sem dizer palavra. Ouvir a música de Monk quando se está sozinho é como abraçar algo misterioso. Miles Davis e John Coltrane foram músicos de genialidade espantosa, mas nenhum deles foi um homem misterioso, nesse sentido do termo. Não me recordo bem quando foi que a música de Monk começou a perder seu brilho original, quando o mistério deixou de ser mistério. Assim como o próprio Monk foi lentamente sumindo na névoa, sem que eu me desse conta disso, o mesmo aconteceu com o equilíbrio e a aura de mistério do cenário do qual ele fizera parte. Então veio a incoerência daquela menos heróica das eras, os anos 1970. Comprei o LP de título simétrico de Monk, "5 by Monk by 5", numa loja chamada Marumi Records, perto do santuário Hanazono, em Shinjuku, no centro de Tóquio. Era um disco importado -logo, bastante caro para mim, em vista do estado de minha carteira.SolidãoOuvi "5 by Monk by 5" inúmeras vezes, sem nunca me entediar. Cada nota, cada frase musical, era tão rica, tão repleta de alimento, que era possível espremê-la mais e mais, sem que seu sumo se esgotasse. E eu, com o privilégio especial que às vezes acompanha a juventude, absorvi cada gota dele em minhas próprias células. A música de Monk tocava constantemente em minha cabeça, mesmo quando estava simplesmente andando na rua. Mas nunca pude explicar a ninguém a razão do grande amor que sentia por Monk. Parecia que as palavras certas para isso não existiam. Então me dei conta: essa é uma das formas mais intensas que a solidão pode assumir.Mas não havia problema. Sim, eu estava só, mas estava bem assim. Hoje me parece que, naquela época, eu estava determinado a reunir todas as formas de solidão possíveis. Ao mesmo tempo em que fumava uma montanha de cigarros.

CHICO AMARAL NO MISTURA

29 setembro 2008


Nesta quinta feira 2/10 às 21:30h, o tenorista mineiro Chico Amaral, lança seu cd Singular, no Mistura Fina.

Chico foi um dos brilhantes solistas da banda mineira dirigida por Maria Schneider no Tudo é Jazz de 2007.

Seu grupo é composto por Magno Alexandre - guitarra, Enéias Xavier - baixo, Lincoln Cheib - bateria, Ricardo Fiúza - teclados e mais Paulo Márcio - trumpete com a participação de Nivaldo Ornelas - saxes.

Vale a pena conferir.

BraGil


IV FESTIVAL IN JAZZ - TRIBUTO A VICTOR ASSIS BRASIL

25 setembro 2008

No local conhecido como Parque dos Patins, cujo nome e ESPACO VICTOR ASSIS BRASIL, teremos no proximo domingo mais uma edicao do encontro de musicos que anualmente relembram a obra de Victor, precocemente falecido em 1981.

DIA: 28.09.2008 - Domingo
LOCAL: Espaco Victor Assis Brasil - Lagoa Rodrigo de Freitas
HORARIO: 17:30
GRUPOS: SAMBOP (Paulinho Trumpete, Widor Santiago no sax, Hamleto Stamato ao piano, Ney Conceicao no baixo, Erivelton Silva na bateria)/ IDRISS BOUDRIOUA BASE & BRASS, e ainda a presenca dos excelentes musicos LEONARDO AMUEDO na guitarra e mais o grupo liderado pelo saxofonista NIVALDO ORNELAS

Estive la no ano passado e o astral foi o melhor possivel.

Tem tudo para ser mais uma celebracao da Musica instrumental e dos musicos.

24 setembro 2008

RETRATOS
10. ART BLAKEY (C)
BIBLIOGRAFIA

Fartíssima é a bibliografia citando Art Blakey, que é citado, descrito ou mini-biografado em mais de uma centena de publicações, muitas delas com farta iconografia.
Listamos apenas cerca de três dezenas de obras selecionadas entre as que possuímos e que, portanto, não esgotam as fontes de consulta.

01. THE NEW EDITION OF THE ENCYCLOPEDIA OF JAZZ
Leonard Feather, 1ª Edição, 1956(reimpressão de 1960), U.S.A.
02. THE ENCYCLOPEDIA YEARBOOK OF JAZZ
Leonard Feather & Ira Gitler, 1ª Edição, 1957, Inglaterra
03. THE ENCYCLOPEDIA OF JAZZ IN THE 60’s
Leonard Feather, 1ª Edição, 1960(reimpressão de 1976), U.S.A.
04. THE ENCYCLOPEDIA OF JAZZ IN THE 70’s
Leonard Feather & Ira Gitler, 1ª Edição, 1976(reimpressão de 1978), U.S.A.
Todos os trabalhos de Leonard Feather trazem verbetes com Art Blakey. Feather em diversas ocasiões teve a oportunidade de entrevistar Blakey, com quem mantinha contato habitual.

05. JAZZ PANORAMA
Jorge Guinle, 2ª Edição, 1959(1ª em 1953), Brasil
Já em 1953 Jorge Guinle destacava que “....Outro mestre no gênero – vôos cada vez mais audaciosos, fora da barra do compasso, sem no entanto se desequilibrarem e perderem o “swing” – é Art Blakey, grandemente influenciado pelos rítmos africanos, que estudou durante a sua estada de dois anos no Continente negro, .... expoente do chamado “Hard Bop”, em que a bateria assume papel preponderante pela maneira extrovertida e explosiva com que é tocada......”

06. THE WORLD OF JAZZ
Rodney Dale, 1ª Edição, 1979, Inglaterra
Destaque no capítulo “Modern Jazz” para Art Blakey na página 154, com texto e foto. Livro muito bem editado e fartamente ilustrado.

07. GIGANTES DO JAZZ (coleção de 34 LP’s com históricos)
1980, 1ª edição, Brasil, tradução de original italiano de 1979.
O volume dedicado a Art Blakey vem com bom histórico por Jack Cooke e é acompanhado por LP com 07 faixas. 06 faixas com Donald Byrd / trumpete, Hank Mobley / sax.tenor, Horace Silver / piano, Doug Watkins / baixo e Art Blakey / bateria e faixa final (“Cranky Spanky”) com Bill Hardman / trumpete, Jackie McLean / sax.alto, Sam Dockery / piano, Spanky de Brest / baixo e Art Blakey / bateria. Excelente gravação.

08. GRAN ENCICLOPEDIA DEL JAZZ (04 volumes)
Ed. SARPE, 1ª Edição, 1980, Espanha.
Longo e preciso verbete no 1º volume sobre Art Blakey e os “Jazz Messengers”, discorrendo com precisão sobre o histórico do músico e do grupo.

09. ENCICLOPEDIA ILUSTRADA DEL JAZZ
Brian Case & Stan Britt, 1ª Edição, 1982(tradução de original inglês de 1978), Espanha
Longo texto sobre Blakey, boa discografia selecionada, bom material fotográfico.

10. OBRAS PRIMAS DO JAZZ
Luiz Orlando Carneiro, 1ª Edição, 1986, Brasil
As páginas de 97 até 101 destacam com detalhes a história de Art Blakey em paralelo á de Horace Silver, com indicações das gravações e das faixas mais representativas dos “A.B.J.M.”

11. THE PENGUIN ENCYCLOPEDIA OF POPULAR MUSIC
Donald Clarke, 1ª Edição, 1989, Inglaterra
Extenso verbete sobre Art Blakey, com boas indicações discográficas e um panorama cronológico dos integrantes do "A.B.J.M." ao longo de tempo.

12. OS GRANDES CRIADORES DO JAZZ
Gérald Arnaud & Jacques Chesnel, 1ª Edição, 1989 (tradução de original francês de 1985), Portugal
Toda uma página dedicada a Art Blakey no capítulo “Os Jovens da Bateria”. Texto muito bem estruturado e preciso, com “boxes” destacando declarações de Blakey.

13. LES SONS DU JAZZ
John Fordham, 1ª Edição, 1990 (tradução de original inglês de 1989), França
Diversas entradas sobre Art Blakey, com destaque maior na página 24, incluindo foto.

14. THE ILUSTRATED STORY OF JAZZ
Keith Shadwick, 1ª Edição, 1991, U.S.A. & Inglaterra
07 entradas para Art Blakey, destacando-se as das páginas 83 (preciosa foto e referências da banda de Billy Eckstine em 1945) e 101 ("A.B.J.M." com Horace Silver).

15. JAZZ - HISTORY, INSTRUMENTS, MUSICIANS, RECORDINGS
John Fordham, 1ª Edição, 1993, Inglaterra
Um primor de edição com biografia, gravações, comentários sobre o estilo e muito mais sobre Art Blakey.

16. LOS 100 MEJORES DISCOS DEL JAZZ
Jorge Garcia, Federico G. Herraiz, Federico Gonzales, Carlos Sampayo, 1ª Edição, 1993, Espanha
Indispensável citação de Art Blakey e os “Jazz Messengers” em página dupla (96/97), com destaque para o álbum clássico “Moanin’”, gravação de 30 outubro de 1958: Lee Morgan, Benny Golson, Bobby Timmons, Jymie Merritt e Art Blakey.

17. JAZZ - A PHOTOGRAPHIC DOCUMENTARY
Richard Williams, 1ª Edição, 1994, U.S.A.
A obra, de luxo, percorre a história do Jazz mediante texto e fotos, destacando Art Blakey nas páginas 34 (tomada por espetacular foto de Blakey à bateria) e 35.

18. DESCOBRINDO O MELHOR DO JAZZ
Stephen M. Stroff, 1ª Edição, 1994 (tradução de original americano de 1991), Brasil
04 entradas para Art Blakey, com destaque nas páginas 110/111 para o baterista e indicação de gravação “top”.

19. DICCIONARIO DEL JAZZ
Philippe Carles, André Clergeat & Jean-Louis Comolli, 1ª Edição, 1995 (tradução de original francês de 1988), Espanha
Bom verbete sobre Art Blakey em 03 colunas, com boa indicação discográfica.

20. LA DISCOTECA IDEAL DEL JAZZ
Joan Riambau, 1ª Edição, 1995, Espanha
Páginas de 79 até 81 com destaque para Art Blakey, sumário de suas obra e influência, com excelentes indicações discográficas.

21. IMAGES OF JAZZ
Lee Tanner, 1ª Edição, 1996, U.S.A.
Páginas 76 e 77 dedicadas a Art Blakey, destacando-o como baterista, líder e professor.

22. ELS 25 GRANS DEL JAZZ
Miguel Jurado, 1ª Edição, 1996, Espanha (versão em catalão)
Reserva as páginas de 35 até 39 para uma seqüência concisa da vida e obra desse baterista. Segundo o autor, o "A.B.J.M." foi uma autêntica “universidade do Jazz” e “...Els seus Jazz Messengers van ser, des que es van crear el 1955, l’escola per on va passar la majoria dels músics creatius que han revolucionat el món del jazz en els últims temps….”.

23. OS GRANDES DO JAZZ - 05 volumes + 72 CD’s
Edições del Prado S.A., 1ª Edição, 1996/1997(tradução para o português), Espanha.
02 alentados fascículos dedicados a Art Blakey, com um total de 24 páginas repletas de material fotográfico. A coleção conta com 02 CD’s de Art Blakey, muito bem gravados com sessões de dezembro/1960, janeiro/1966 e dezembro/1978.

24. THE JAZZ MASTERS - 03 volumes + 101 CD’s
Ediciones Folio S.A., 1ª Edição, 1997(tradução para o português), Espanha
O texto sobre Art Blakey é pobre, mas a coleção traz excelente CD dos “A.B.J.M.” com Wynton Marsalis / trumpete, Bobby Watson / sax.alto, Billy Pierce / sax.tenor, Ellis Marsalis e James Williams / piano, Charles Fambrough / baixo e Art Blakey / bateria, gravados no "Bubba's Jazz Restaurant", Fort Lauderdale / Flórida em 11/outubro/1980. O encarte do CD não indica os músicos e tampouco os detalhes da gravação. Os temas são “Moanin’”, “Soulful Mister Timmons”, “My Ideal”, “Free For All”, “Round Midnight”, “ETA” e “Time Will Tell”.

25. THE CHRONICLE OF JAZZ
Mervyn Cooke, 1ª Edição, 1997, Inglaterra - É obra que aborda a história do Jazz cronologicamente. Além de 25 citações sobre Art Blakey, traz no capítulo final “Biographical Index Of Musicians”, reservado para os principais músicos da cena jazzística ao longo de 100 anos, um mini-resumo sobre nosso retratado. No capítulo “1989-1990 Messengers Retrospective” presta homenagem ao músico então falecido e insere box com citação de 1992 de David H. Rosenthal, que define Art Blakey muito bem: “...Blakey had developed a fiercely individual style that was simultaneosly volcanic and severe. .............. His rhythmic sense was so sharp, and his foot and wrist control so precise, that he needed do little more than “keep time” to create an atmosphere of tremendous power. ….. Likewise, Blakey’s solos were usually structured around a few melodic motifs played against each other contrapuntally as he built to a climax. Musical coherence was never sacrificed to technical flash.” Melhor impossível !

26. A CENTURY OF JAZZ - A Hundred Years of the Greatest Music Ever Made
Roy Carr, 1ª Edição, 1997, Inglaterra
Obra de folego e luxo, com capítulo dedicado a Art Blakey e ao “hard.bop”, sob o título “The Harder They Come”. Todo o destaque para nosso retratado, com texto e fotos, principalmente nas páginas de 106 até 109.

27. JAZZ - Legends of Style
Keith Shadwick, 1ª Edição, 1998, Inglaterra
Outra edição de luxo e com a página 25 dedicada, com texto e foto, a Art Blakey.

28. TRIBUTO AO SÉCULO XX - JAZZ
Luiz Carlos Antunes, 1ª Edição, 1999, Brasil
Mestre Lula cita Art Blakey em seu descritivo do “Século XX”, nas páginas 179, 184 e 197, objetivamente quanto à importância na criação do “hard bop”.
A seguir outras obras para consulta sobre Art Blakey, seja em texto, em fotografias ou, ainda, em referências.
a. Héroes Del Jazz - Ralph Gleason - 1ª Edição, 1975, Espanha
b. The Giants Of Jazz - Dave Gelly - 1ª Edição, 1986, Inglaterra
c. Jazz Giants - Abe - 1ª Edição, 1986, Japão
d. The Making Of Jazz: A Compreensive History - James Lincoln Collier - 1ª Edição, 1987 (reimpressão do original de 1978), Inglaterra
e. Opus 86 - Jazz - Andres Francis - 1ª Edição, 1987 (tradução de original francês de 1982), Brasil
f. Jazz - Christian Bellest & Lucien Malson - 1ª Edição, 1989 (tradução de original francês de 1989), Brasil
g. O Guia Do Jazz - Jean Wagner - 1ª Edição, 1991 (tradução de original francês de 1990), Portugal
h. O Mundo Do Jazz - Jim Godbolt - 1ª Edição, 1992 (tradução de original inglês de 1990), Portugal
i. The Story Of Jazz - Frank Bergerot & Arnaud Merlin - 1ª Edição, 1993 (tradução de original francês de 1991), Inglaterra
j. Jazz Milestones - A Pictorial Chronicle of Jazz 1900/1990 - Ken Vail - 1ª Edição, 1993, Inglaterra
l. Guia Do Jazz - Sérgio Karam - 1ª Edição, 1993, Brasil
m. Jazz - Mervyn Cooke - 1ª Edição, 1998, Inglaterra
n. Jazz - A Crash Course - Simon Adams - 1ª Edição, 1999, U.S.A.
o. Jazz - Das Raízes Ao Pós-Bop - Augusto Pellegrini - 1ª Edição, 2004, Brasil

Segue em (D), (E), (F), (G) e (H) - DISCOGRAFIA RESUMIDA

RANDY NAPOLEON

Foi o amigo Cezar Vasconcellos que tirou essa foto após o show de Freddy Cole no Teatro Municipal. O jovem guitarrista Randy Napoleon além de nos conceder o autógrafo trocou conosco rápidas impressões. Disse que realmente sua influencia era Barney Kessel, dissertou sobre outros guitarristas, inclusive Laurindo Almeida que segundo ele, com ótimo trabalho no “L.A.Four” ao lado de Ray Brown e disse que só usa a palheta quando o acompanhamento é no estilo de Freddie Greene. Um aperto de mão celebrou mais esse encontro.

O PERDÃO DE BILLIE (Haruki Murakami)

23 setembro 2008

O escritor japones Haruki Murakami é um apaixonado pelo Jazz. Escreveu vários textos sobre alguns artistas de sua preferência. Mostramos hoje o seu emocionante depoimento sobre a imortal Billie Holiday:

Eu ouvia muito Billie Holiday quando era jovem e a achava comovente. Mas só fui apreciar de fato o quanto era maravilhosa mais tarde, quando estava bem mais velho. Acho que isso quer dizer que envelhecer traz, sim, algumas compensações. Nos velhos tempos, eu ouvia a música gravada por Billie na década de 1930 e no início da de 1940. Naqueles anos, sua voz era jovem e nova, e Billie lançava uma canção após outra, a maioria relançada mais tarde pela Columbia nos EUA. Essas canções eram repletas de imaginação e vôos melódicos acrobáticos. O mundo inteiro dançava no ritmo do suingue de Billie Holiday. Quero dizer que o planeta se mexia, de fato. Não estou exagerando. Estamos falando aqui de magia, não simplesmente arte. O único outro músico que conheço que possuía virtuosismo tão mágico foi Charlie Parker. O eu mais jovem não ouviu com tanta atenção as gravações posteriores de Billie Holiday, sua fase na Verve, canções que ela gravou quando as drogas tinham endurecido sua voz e corroído seu corpo. Ou talvez, quem sabe, eu tenha mantido distância consciente delas. Eu achava suas canções daquela era, especialmente as dos anos 1950, dolorosas, opressivas, patéticas. À medida que fui passando pela casa dos 30 anos e depois dos 40, porém, me vi colocando esses discos na vitrola com freqüência cada vez maior. Sem me dar conta disso, eu estava começando a sentir desejo e necessidade, física e emocional, daquela música. O que havia nas canções posteriores de Billie Holiday -canções que poderíamos descrever como alquebradas- que eu era cada vez mais capaz de escutar e que eu não escutara antes? Ando pensando muito sobre isso. Por que essas canções passaram a exercer atração tão poderosa sobre mim? "Está tudo bem". Entendi recentemente que a resposta talvez envolva a idéia de "perdão". Quando ouço as canções posteriores de Billie Holiday, posso senti-la abrindo os braços para abraçar os corações das muitas pessoas que magoei ao longo de minha vida e dos meus escritos, as pessoas que sofreram devido a meus muitos erros, e aproximando-as dela. "Está tudo bem", ela canta para mim. Deixe estar. Isso não tem nada a ver com "curar feridas" - não estou sendo curado de modo nenhum. É perdão, puro e simples. Sei que essa interpretação da música de Billie Holiday é profundamente pessoal. Eu jamais sugeriria que ela se aplica a todos. É por isso que recomendo sua maravilhosa coleção lançada pela Columbia. Se eu tivesse que escolher uma só canção dela, seria sem dúvida alguma "When You're Smiling". O solo de Lester Young no meio também é um deleite, um trabalho de gênio. "Quando você está sorrindo, o mundo inteiro sorri com você". E o mundo sorri, de fato. Você pode não acreditar, mas é verdade - ele fica radiante!

E MAIS DE OURO PRÊTO

21 setembro 2008

A cidade pulsa musica nos bares, restaurantes, ruas e praças (2 palcos paralelos nas Praças Reinaldo de Brito e na Tiradentes), além de oficinas, exposições, mesa redonda etc...

É musica e igreja pra todo lado e tudo "0800", exceção dos Concêrtos pagos no Salão Diamantina do belo Parque Metalúrgico, com 2 bares, jardim, salão vip e restaurante, onde se apresentam a partir das 19:00 hrs, as principais atrações programadas na sua maioria pelo nosso confrade Ivan Monteiro, curador do evento e coordenador da "mesa redonda" com Zuza Homem de Melo, Luiz Orlando Carneiro, Roberto Muggiati, Tomas Conrad (Jazz Times) e Mark Holston (Jazziz).

Quero daqui parabenizar o amigo Ivan, extensivo a Maria Alice Martins (Diretora Geral), a quem fui apresentado inclusive trocando figuras para o TUDO É JAZZ de 2009, e a tôda comunidade mineira (80% dos presentes) pela hospitalidade e organização, que deveriam servir de exemplo para muitos e muitas.

Passo então às atrações da 2a. noite, quando chegamos a cidade Maunah, Silvia, Pedro e eu para nos juntarmos ao Bragil e formar assim a comitiva cejubiana carioca.

THIRD WORLD LOVE quarteto liderado pelo trumpetista Avishai Cohen, que abriu os trabalhos acompanhado por Omer Avital (baixo), Yonathan Avishai (piano) e Daniel Freedman (bateria). Muito boa surpresa , sonoridade moderna e criativa com destaque para o líder e suas composições, e para o Omer Avital que mesmo se apresentando em 3 set's na noite, manteve a pegada e entusiasmo.
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KURT ROSENWINKEL TRIO mais um guitarrista da velha e tradicional fôrma "Berklee" que se apresentou com Eric Revis (baixo) e Obed Calvaire (bateria), sem qualquer novidade e menor ousadia, foi salvo de um desastre total pela participação nos 2 últimos números do Aaron Goldberg ao piano, que conseguiu injetar algum "swing" ao set.
Me arrependi de não ter acompanhado o Zuza, que optou por assistir na praça ao Spok Frevo, que tocou na mesma hora e que foi, segundo ele, sensacional.
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THE COHEN'S SEXTET vou deixar de citar os componentes pois o Bragil já o fez na sua muito boa resenha por sinal, mas não posso deixar de comentar sobre a Anat Cohen, irmã do meio (o caçula toca soprano) dos Cohen´s com um português claro da sua temporada de Rio de Janeiro e principalmente pelos solos de clarinêta, que fez a platéia delirar.
Foi para mim o ponto alto da noite a despeito de uma sonoridade com característica mais européia e israelense até obvia, pouco distante do puro jazz, mas muito bonita.
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THE JASON LINDNER BIG BAND
De fato trata se de uma boa "big band" que com certeza em outra programação, de maior diversidade musical, se sairia bem melhor, além do esgotamento de todos pelo adiantado da hora e sua apresentação com mais de 2:30 hrs.
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Dia 13/09 (Sabado):

KARRIN ALLYSON por favor bossa nova e em português NO !!!
@@1/2 pela simpatia


NICHOLAS PAYTON BAND apresentação burocrática sem o menor "swing".
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OMAR SOSA QUARTET, não consegui definir o que era e saí com 10 minutos.

CHRISTIAN McBRIDE QUINTET, verdadeira aula jazz na pura essência e pressão.
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É só...

"NOVAS TENDENCIAS"

20 setembro 2008

Encontrada no portal do SESC/São Paulo a seguinte notícia:

SESC Santo André
Dia 22/10
Quarta , às 20h.

"A cantora aclamada como uma das quatro melhores do mundo pela revista DownBeat, faz uma releitura da obra da paranaense Stelinha Egg (1914-1991), notabilizada pela interpretação da música folclórica brasileira entre 1944 e 1973. O show conta com arranjos de feição jazzística assinados por Arnaldo DeSouteiro e se transforma numa verdadeira redenção à memória de uma artista desbravadora que tirou o folclore do museu, e cujo legado volta a pulsar em nova dimensão. No Teatro."

AINDA OURO PRETO

19 setembro 2008

Alguns momentos do Third World Love e seu "quase-jazz" étnico, de ensolaradas e cativantes passagens, como já pontuou aqui nosso BraGil.






Aqui o Three Cohens Sextet dá amostra de seu jazz moderno e muito profissional e principalmente do entrosamento do sexteto. Há superposição, em relação o grupo acima, no trompete (Avishai), no baixo (Omer) e na bateria (Friedman), entrando o pianista AAron Goldberg e os irmãos Yuval e Anat.






Mínima amostra da sonoridade "methenyana" de Kurt Rosenwinkel, em tema que compôs chamado (e em homenagem a) Ouro Preto. Só faltou o Pedro Aznar, a quem ele tentou emular e não deu certo.



Abraços.

UMA OVAÇÃO PARA FREDDY COLE

Sem ser essencialmente um cantor de Jazz e sem ter uma grande extensão de voz, o irmão de Nat King Cole realmente sabe das coisas. Usa o intimismo como arma principal e recursos hábeis para fugir do que seriam os agudos em determinada composição, apelando para o falsete, que emprega muito bem. Mas, a grande atração, para quem gosta de Jazz, foi realmente o guitarrista Randy Napoleon, um jovem de apenas trinta e um anos que usa a sua Gibson como um veterano. Seus improvisos foram simplesmente espetaculares, um fraseado cheio de swing e uma sonoridade rara nos guitarristas de hoje, até porque Randy não usa palheta, toca com os dedos. E que dedos. Sua harmonia, construída com acordes preciosos, é envolvente e de rara inspiração.
O repertório interpretado pelo quarteto, completado por Elias Bailey(b) e Curtis Boyd (dm), integrado por standards, teve homenagem ao irmão Nat (Mona Lisa- Straighten up and fly right- I’m fool to want you – I loved you, etc.) e visitou nosso populário com “Eu preciso aprender a ser só” e “Para dizer adeus”, seu número de encerramento.
Freddy Cole deve ter se surpreendido com os aplausos da platéia do Municipal, verdadeira ovação, com o teatro lotado por um público entusiasmado e admirador da boa música

TEM JAZZ NO KATMANDU

18 setembro 2008

Ontem fomos conferir, Bené-X e eu (o Sazz, que também tinha confirmado que iria ao "programa" resolvido naquela tarde, ficou com medo da chuva e furou...), as produções da Carolina Paris para a série Prosper Jam, agora na casa na Lagoa cujo nome dá título ao post.

Se ainda não está preparada para sem um templo para o estilo - e talvez isso nem interesse ao proprietário -, pelo menos nota-se um grande esforço da produtora para que o ambiente se transforme em algo mais próximo de um. A acústica pode ser melhorada mas isso só vai ocorrer se houver gente indo prestigiar e conhecer o que se faz lá. Por isso é que lá estivemos, sem poder disfarçar alguma nostalgia pelo antigo projeto do CJUB.

E, constatamos, ali tem jazz.

Apresentaram-se (em ótima forma, diga-se) o pianista e tecladista Marco Tommaso, brilhante e criativo nas intervenções em solo e seguríssimo como sempre nas bases. Uma pena não estar pilotando um piano de verdade (o espaço é restrito) mas um teclado Kurzweil que, exigido em volume pleno, infelizmente mostrou sinais de cansaço tendo distorcido alguma coisa. Nada grave, apenas uma decorrência do a meu ver excessivo nível do som geral, para o recinto.

A seu lado o conhecido e competente saxofonista-tenor Widor Santiago, que pode demonstrar seu total domínio do instrumento, com sua sonoridade limpa e seus solos muito bem concatenados.

No contrabaixo amplificado, o bem postado Tony Botelho atuou com solidez, mantendo o pulso adequado e firme, saindo-se muito bem nos uptempos dos temas mais exigentes.

Dono de uma bateria suficiente (só um prato, o contratempo e um cow-bell, além das peles) mas de timbres muito elegantes, Renato "Massa" Calmon, ótimo profissional, empurrou esse time com firmeza e muita criatividade nos solos. Só achei que ele, um baterista reconhecidamente vigoroso, poderia tentar adequar seu estilo para uma sala como aquela, de modo a que seu instrumento não se mantivesse superposto aos demais por todo o tempo. Uma mera questão de volume que poderia ser melhor trabalhada, segundo meu entendimento, de forma a tornar a audição mais prazerosa para todos, mantendo-se intocada a percepção de sua arte.

Depois da quarto tema, juntou-se ao grupo o bom guitarrista Dino Rangel, que passou ao centro das atenções como solista, e o fez com desenvoltura e domínio do instrumento. Coube a ele garimpar um dos melhores temas da noite (de Aldo Romano), que permitiu atuação em contraponto direto a Widor com criatividade entre diversas sonoridades da guitarra e pedais.

Foram tocados standards (menos comuns do que os de hábito) como Bolivia e Gibraltar, e ao final do set, um vigoroso tema de Vítor Assis Brasil cujo nome não peguei, mas que serviu para avaliar o bom desempenho do grupo, que estava tocando com vontade e com prazer.

Resumindo, há jazz no Katmandu sim, e bom. Alguns pequenos detalhes a ajustar aqui e ali e as quartas-feiras oferecerão mais um programa aos aficionados por essa arte.

KATMANDU - Av. Epitácio Pessoa, 1484 - Lagoa; Fone: 2522.0645
A casa não cobra couvert artístico.

FESTIVAL TUDO É JAZZ, OURO PRETO - 2008 - 3º SET

17 setembro 2008

Na foto acima, a delegação do CJUB : Sazz, MauNah e Sílvia e BraGil

Karry Allyson - vocal e piano, Rod Fleeman - violão, Todd Strait - bateria, Ed Howard - baixo.

Allyson canta bem em inglês e toca um pianinho. Quando se aventura em português, é um desastre, como todos os americanos. Tanto que o melhor momento foi Night and Day, dedicado ao Zuza, que havia pedido sua interpretação.

Mas o melhor mesmo do set foi o violão elétrico do Rod Fleeman.


Omar Sosa - PASSO ! Só aguentei 15 minutos.


Nicholas Payton : Payton - trompete e empáfia!, Robert Glasper - piano e pianola fender, Vincent Archer - baixo, Marcus Gilmore - bateria e Daniel Sadownick - sabotagem percussiva!

Uma grande decepção! Começou com um longo solo de percussão, com os demais músicos já demonstrando um ar de tédio contagiante. Na primeira metade do set, Robert Glasper, de quem se diz maravilhas, ficou apertando teclas de seu fender sem maior interesse. Nicholas Payton, que ainda tira um lindo som de seu trumpete, apresentou temas fracos, pequenos malabarismos sonoros, solos duvidosos e repetitivos e um vocal lamentável!

Sinceramente, não sei definir seus novos caminhos musicais. Só em Days of Wine and Roses, tivemos um pouco do piano de Glasper, sem exageros.
Não acredito que alguém tenha entendido o que Mr. Sadownick tinha a ver com tudo aquilo.


CHRISTIAN MCBRIDE : McBride - baixo, Eric Reed - piano, Carl Allen - bateria, Warren Wolf - vibrafone, Steve Wilson - alto e soprano.

Depois de uma noite decepcionante, um final apoteótico! McBride é demais e seu novo grupo só tem craque. Até o muito jovem Warren surpreendeu. O primeiro CD só deve sair em 2009.

Jazz na veia, hard bop da pesada, com E.Reed voando no piano, C.Allen mais parecendo um dínamo na batera e S.Wilson solando como nunca. Foram 90 minutos de puro êxtase!
McBride está se tornando o novo Ray Brown, com um pulsar de cordas impressionante, além de um solista precioso.


COTAÇÕES DE BRAGIL

Y. Hermann - @@

Bojan Z - @@

Hadouk Trio - @@@1/2

M. Portal - @@@

Third World Love - @@@@

K. Rosenwinkel - @@1/2

The Cohens - @@@@1/2

J. Lindner - @@@@1/2

K. Allyson - @@@

N. Payton - @1/2

Omar Sosa - Sem nota

Christian McBride - @@@@@

M. Nascimento - @@@

Melhor Solo e Musa de Ouro Preto : Anat Cohen

Revelação : Steve Shehan

Comentário final - O festival continua com todas as suas virtudes que já cansei de elogiar, mas este ano tenho 2 reclamações :
4 shows das 7 às 2 da manhã é por demais cansativo, principalmente se o 1º e o último são de seu interesse.

Acresce o fato que, por causa disso, só foi permitido bis no último show. Eu, por exemplo, gostaria muito de ouvir um pouco mais do Hadouk Trio.
O show na Praça Tiradentes ficou enorme e Pop. Não tem cara e jeito de Jazz.

BraGil, ansioso por 2009.

FESTIVAL TUDO É JAZZ, OURO PRETO - 2008 - 2º SET

16 setembro 2008




Sexta feira foi a noite da Anzic Records, a conexão Israel-Nova York. Músicos jovens, talentosos, tocando com grande entusiasmo e prazer, proporcionaram + de 4 horas de Jazz de alta qualidade.
Kurt Rosenwinkel Trio : com Eric Revis - baixo e o desconhecido Obed Calvaire - bateria.
Dos 4 shows o mais fraco, apesar de alguns bons momentos de Obed. Rosenwinkel é apenas um guitarrista competente, sem muito brilho.

The Third World Love : Avishai Cohen - trompete, Yonatan Avishai - piano, Omer Avital - baixo e Daniel Freedman - bateria.
Liderado por Avishai, o grupo apresentou um set contagiante, com ecos do oriente médio e pitadas latinas. Com um entrosamento incrível, apresentaram somente originais, com destaque para os de Avishai Cohen, que é um trompetista com sopro e criatividade raras.
O set foi baseado no CD "New Blues".

The 3 Cohens Sextet : Avishai - trompete, Anat - tenor e clarinete, Yuval - soprano + Aaron Goldberg - piano, Avital - baixo e Daniel Freedman - bateria.
Com Goldberg e os irmãos nos sopros, o primeiro grupo voltou ao palco para uma apresentação maravilhosa. Goldberg já pode ser incluído entre os melhores jovens pianistas da atualidade e Anat Cohen, na minha opinião, o melhor clarinete do Jazz atual.
Ela usou o mesmo em apenas um tema, quando arrasou "chorando" num solo que me levou ao delírio! e merecendo elogios rasgados de Zuza H. de Melo.
Anat, que também toca um tenor de respeito, estava pilhadíssima, falando um ótimo português e mostrando tesão de tocar, uma alegria contagiante.
Além dela, destaco ainda o Avital, outro motor do grupo com solos e composições de alta qualidade.
O grupo só tocou originais, a maioria do CD "Baird".

Jason Lindner Big Band : Lindner - teclados, Avital - baixo, Eric McPherson - bateria e 8 sopros : Avishai e Duane Eubanks - trompetes, Joe Fiedler e Rafi Malkiel - trombones, Anat, Jay Collins - tenores, Chris Karlic - barítono e Yosvany Terry - alto e percussão(chekerê).
Posso dizer que ouvimos a primeira banda judaico-latina do Jazz! Tirando as passagens da pianola fender do líder, um set perfeito. Alta voltagem com riffs pesados, solos distribuídos por todos, com destaque para J.Collins e R.Malkiel e direito a 2 sets, pois fomos até 2:40 da madrugada envolvidos por grande intensidade musical, com originais tirados do CD duplo "Live at the Jazz Gallery".
BraGil, arrebatado!
RETRATOS
10. ART BLAKEY (B)

FILMOGRAFIA

É relevante o material "filmado" de Art Blakey com, pelo menos, 15 (quinze) filmes em VHS, DVD ou longa metragens (trilhas sonoras). Desse total selecionamos 08 (oito) que nos presenteiam com interpretações do líder e/ou seus “sidemans”; incluímos também trilha sonora da maior importância executada para longa.metragem francês.

01. JAZZ ICONS
Como todo o material da série “JAZZ ICONS” até o momento lançado no mercado, temos aqui mais um produto de alta qualidade.
Gravação ao vivo na Bélgica em 1958, fotos da “capa” do DVD por Herman Leonard e fotos do encarte (muito bem editado e com farta informação) por Francis Wolff, Chuck Stewart e Raymond Ross, tempo total de 55 minutos.
Lee Morgan/trumpete, Benny Golson/sax.tenor, Bobby Timmons/piano, Jymmie Merritt/baixo e Art Blakey/bateria, presenteiam-nos com “standards” do quilate de “Just By Myself”, “Moanin’”, “I Remember Clifford”, “It’s You Or No One”, “Whisper Not”, “A Night In Tunisia” e “NY Theme”. Um presente para os sentidos, com espetacular recuperação e tratamento de imagens.

02. DES FEMMES DISPARAISSENT
1959, França, 85 minutos
Longa metragem com esplêndida trilha sonora registrada pelo “A.B.J.M.” integrado por Lee Morgan/trumpete, Benny Golson/sax.tenor, Bobby Timmons/piano, Jimmy Merritt/baixo e Art Blakey/bateria.

03. JAZZ AT THE MALTINGS
De 1968 até 1969, Inglaterra - Diversos capítulos de 20’ cada para a televisão inglesa.
Série com apresentação de vários grupos (Ronnie Scott, Gary Burton, Count Basie, Oscar Peterson, Buddy Rich, Horace Silver e outros). Um dos módulos é com o sexteto de Art Blakey.

04. A.B.J.M. AT THE VILLAGE VANGUARD
1982, New York, U.S.A., 23 minutos
Direção de Stanley Dorfman e produção de Ben Sidran, distribuição em DVD pela Idem Home Vídeo, apresentando 04(quatro) temas: “Fuller Love”, “Mx’B, C”, “My Ship” e “Theme”. Uma senhora formação com “futuras” estrelas: Wynton Marsalis/trumpete, Branford Marsalis/sax.alto, Billy Pierce/sax.tenor, Donald Brown/piano, Charles Fambrough/baixo e Art Blakey/bateria.

05. A GROOVY NIGHT WITH MAGNIFICENT SIX
1984, Nakano Sun Plaza, Tóquio / Japão, 81 minutos
Com direção musical e apresentação de Benny Golson para uma platéia lotada e entusiasmada, Freddie Hubbard/trumpete, Curtis Fuller/trombone, Benny Golson/sax.tenor, Walter Davis, Jr./piano, Buster Williams/baixo e Art Blakey/bateria, mostram sua arte.
A “abertura” ocorre no camarim dos músicos, que conversam enquanto Benny Golson finaliza os arranjos com Art Blakey para 08 (oito) temas: “A La Mode”, “I Remember Clifford” (o clássico de Benny Golson é aquí visitado por um solo absolutamente impecável de Freddie Hubbard, rendendo comovente homenagem ao mestre Clifford Brown), “Caravan”, “Moanin’”, “Whisper Not”, “Christina”, “A Night In Tunísia” e “Blues March”.

06. A.B.J.M. LIVE AT RONNIE SCOTT’S
1985, Londres, Inglaterra, 56 minutos
“On The Ginza”, “Two Of A Kind”, “I Want To Talk About You” e “Dr. Jekyll” são os temas dessa apresentação com produção e direção de Rob Lemkin e Steve Cleary no reduto de Ronnie Scott. Terence Blanchard/trumpete, Donald Harrison/sax.alto, Jean Toussaint/sax.tenor, Mulgrew Miller/piano, Lonnie Plaxico/baixo e Art Blakey/bateria é a formação gravada e distribuída pela Indie Records.

07. COLOGNE JAZZ HOUSE
Início de março/1985 no “Klaus Appelt Subway”, Colônia / Alemanha, 25 minutos.
Terence Blanchard/trumpete, Donald Harrison/sax.alto, Jean Toussaint/sax.tenor, Mulgrew Miller/piano, Lonnie Plaxico/baixo e Art Blakey/bateria.
São 02 temas: “Oh By The Way” e “Tenderly”. No primeiro Art Blakey demonstra sua extraordinária força de coesão com os sopros, tomando a iniciativa da condução. No segundo um lírico e extenso solo de Terence Blanchard no clássico “Tenderly” de Walter Gross e Jack Lawrence. É filme importante enquanto Jazz.
Até hoje não conseguí essa apresentação em DVD e agradeceria indicações para tê-lo em meu acervo, assim como no de todos os CJUBIANOS. O que possuo foi gravado em VHS, diretamente da TV Cultura de São Paulo (Fundação Padre Anchieta); faz parte de uma série intitulada “Cologne Jazz House” que a televisão apresentou no início da década de 90 do século passado, sempre nas madrugadas de sábado para domingo; a série, que felizmente gravei toda, foi apresentada em sua maior parte com 02 filmes em cada final de semana em um total de 15 filmes, gravadas sempre no “Klaus Appelt Subway” (espaço com cerca de 30 a 40 mesas dispostas ao redor dos músicos, compondo ambiente íntimo e de respeito aos músicos), com os seguintes grupos: (a) Art Blakey Jazz Messengers + Johnny Griffin, (b) Dorothy Donegan + JoAnne Bracken, (c) Phil Woods + Richie Cole, (d) McCoy Tinner + Kenny Drew, (e) Bobby Hutcherson + Freddie Hubbard, (f) Mulgrew Miller + Nat Adderley, (g) Lou Donaldson + Teddy Edwards e (h) Toots Thielemans (este o único com somente 01 filme).
Nesse primeiro filme da série “Cologne Jazz House”, com o “A.B.J.M.”, os créditos durante e ao final do filme trazem erradamente a grafia de “Jean Toussaint” como sendo “Jean Toussant”. Jean Toussaint, músico pouco referenciado em discografia e bibliografia, nascido em 27/julho/1957 na ilha de Aruba, integrou quinteto com Wallace Roney e foi recomendado por Billy Pierce, seu professor na “Berklee College Of Music”, para substituí-lo no “Jazz Messengers”, onde permaneceu de 1982 até 1986.

08. THE ALL STARS J.M. AT ONE NIGHT WITH BLUE NOTE
1985, Town Hall, New York, 120 minutos
Nessa constelação de estrelas coube ao A.B.J.M. o clássico de Bobby Timmons “Moanin’”, com 10’49”, em que o grupo demonstra musicalmente o blues estribado no “gospel”, com o esquema de declaração e resposta entre o piano e os sopros. Sob a direção musical de Michael Cuscuna os “Messengers” alinharam com Freddie Hubbard/trumpete (excepcional solo), Curtis Fuller/trombone, Johnny Griffin/sax.tenor, Walter Davis, Jr./piano, Reggie Workman/baixo e Art Blakey/bateria. Melhor impossível !

Segue em (C) BIBLIOGRAFIA

FESTIVAL TUDO É JAZZ, OURO PRETO - 2008 - 1º SET

15 setembro 2008

Como adiantei no último sábado, a noite européia do Tudo é Jazz foi "chata". Não porque cada show tenha sido "chato", mas por termos ouvido quase 4 horas de jazz "cabeça".

Yaron Herman se espelha em K eith Jarrett até na postura de tocar o piano. O trio toca bem mas é repetitivo. Bojan Z também se esgota em si mesmo, repetindo um piano percussivo sem lirismo algum, além do aborrecido Fender que insistiu em tocar sem parar. O grande Michel Portal aquietou Bojan, mas tendo começado o set depois de meia noite e apesar de ser um brilhante intérprete do interessantíssimo clarone, levou parte da platéia à exaustão intelectual.

Antes de Portal, tocou o Hadouk Trio, do grupo "NemTudoéJazz". Maravilhosa apresentação dos franceses Didier Malherbe (sopros diversos) e Loy Ehrlich (teclados e guitarras exóticas) e do americano Steve Shehan (percussão). Não dá para explicar com palavras o universo sonoro percorrido pelo trio. Soube que tocaram domingo no Mistura às 5 da tarde. Que pena. Foi o melhor "NãoJazz" que ouví nos últimos anos.

Também do grupo "NemTudoéJazz", tocou no sábado o grupo de Omar Sosa. Cuba + África = Nada!! Na mesma categoria tivemos no domingo a festa de Milton Nascimento na Praça Tiradentes, encerrando o festival.

Levar o show final para o "point" da garotada de Ouro Preto pode ter sido bom para o marketing do festival, (até políticos subiram ao palco) mas foi ruim para o público que gosta de OUVIR música. Ficar em pé por quase 4 horas, assistir o show por um telão e aguentar um vai e vem constante de jovens com celulares e bebidas nas mãos, só mesmo um dedicado membro do CJUB para testemunhar e blogar.

No entanto, louvo a participação de Wayne Shorter, que continua sendo o mestre do soprano. Tocou e solou por mais de 1 hora, como se estivesse num clube de Jazz. Nosso Ron Carter chegou em cima da hora, não pode ensaiar e só tocou 2 músicas enquanto estive presente. (Abandonei a Praça às 22:15h).

Ressalto que Milton deu o maior espaço para Shorter, inclusive decepcionando um pouco aqueles que foram apenas ouvi-lo cantar seus grandes sucessos. Lembro também da ótima participação do Kiko Continentino, dialogando com Shorter e Carter nas passagens mais jazzísticas do concerto.

Se o show de encerramento de 2009 for na praça, tô fora!
BraGil, exausto!

FESTIVAL NO RIO TERMINA COM CHAVE DE OURO

11 setembro 2008


Claro, estamos usando um chavão mas, é o que mais se adapta ao encerramento desse sensacional Jazz Festival Brasil – 2008. Count Basie e Louis Armstrong foram homenageados através das apresentações do sexteto do pianista canadense David Braid e do Irakli & Louis Ambassadors.
Uma noite cheia de swing e alegria musical, com os repertórios dos homenageados visitados com muita competência. Braid abriu com uma espetacular versão do “9.20 Special”, mostrando a potencialidade de seus solistas de frente. Naipe formado por tenor, trompete e trombone com bastante liberdade nos solos e muita inventividade. A seção rítmica liderada por Braid contava com um trabalho excelente do contrabaixista Steve Wallace, um dos músicos mais aplaudidos da noite e o apoio de um excelente baterista. “Blue Lester” foi o número seguinte, destacando o sax-tenor (não deu para captar os nomes dos músicos nem pelos autógrafos) com sonoridade que lembrou a de Al Cohn. Depois, “Jive at Five”, “Harvard Blues” um medley de baladas (These Foolish Things, Polka Dots and Moonbeans e When You’re Young). Seguiu-se um número de piano solo com o líder homenageando seu compatriota Oscar Peterson numa magistral interpretação de “Yesterdays”, na qual percorreu os vários estilos do jazz-piano, como fazia Peterson. “Stride”, “Boogie Woogie”, "Bebop” na linha Bud Powell etc. “Jumping at the Woodside” foi o número de encerramento com mais uma magnífica participação do baixista Steve Wallace. Intervalo, compra de CDs e autógrafos antes do “grand finale" com Irakli & the Louis Ambassadors. Embora não houvesse novidades, já que Irakli já se apresentara no festival anterior, o set foi realmente espetacular, com o repertório de Satchmo revisitado com muita competência. Importante dizer que Irakli conhece a fundo a história do Jazz e principalmente de Armstrong. Antes de cada tema ele dava a origem, o ano e a gravação que fez sucesso. Assim, foram citados Paul Whiteman, Bing Crosby e outros mais. Fez um medley com os sucessos gravados por Armstrong (La Vie em Rose, Ces’t Si Bon , Mack The Knife e Hello Dolly) e destacou seus solistas em todos os momentos, principalmente o pianista em seu número solo “Somebody Loves Me”. Tudo feito com muita competência e doses de humor. Terminado o set, mais CDs e autógrafos. Irakli ao descer do palco foi solicitado por Mariozinho de Oliveira para uma conversa e o assunto foi a temporada de Louis Armstrong no Rio em 1957. Também gastei o meu francês ao informar o nome do trombonista brasileiro (Leonel Guimarães) que tocou com Armstrong e contar sobre a saída inopinada de Satchmo do Maracananzinho quando foi vaiado. Estevão Herman explicou que a vaia se deveu ao curto tempo do show, já que Satchmo chegou atrasado e teve que sair mais cedo por causa do horário de seu vôo. Enfim, abraços, confraternização e a promessa de volta no próximo festival. Assim esperamos.
No balanço geral perguntava-se qual foi a melhor noite. Ninguém arriscou e a conclusão é que as três récitas foram excelentes dando ainda mais importância a esse festival, pouco divulgado mas já muito admirado pelo carioca. Nota 10.

TIM 2008 " HIGHLIGHTS " (CONTINUAÇÃO)

10 setembro 2008

E aí vamos para a 2a noite chamada de"Sophisticated Ladies", com a de fato sofisticada STACEY KENT, cantora de pouca extensão vocal mas de grande afinação e bom gosto musical, que vem se apresentando com mais frequência nos palcos europeus, de onde inclusive definiu sua carreira como cantora ao estudar na Inglaterra, embora americana de nascimento e também flertando com a nossa musica tendo gravado no seu último cd "Breakfast On The Morning Tram" (Blue Note) o mais que batido Samba da Benção e que confesso não fez feio, e sempre acompanhada do seu fiel quarteto com Jim Tomlimson (ts & arr), David Newton (p), Colin Oxley (g) e David Chamberlain (ds), estou bem curioso e acreditando ser bastante positiva sua performance.

SPERANZA SPALDING, contra baixista e cantora americana de mãe espanhola (daí o nome) que desponta como a grande revelação do festival aos 24 anos e apenas 2 cd's ambos em trio (Heads Up) com Aruan Ortiz (p) e Francisco Mela (ds) e apresentando, em ambos temas brasileiros como Lôro (Gismonti) e Ponta de Areia (Milton) cantando inclusive em português, demonstrando conhecimento e admiração pela MPB.
Particularmente não me entusiasmou e acho +1 entre tantas, mas vou dar crédito.

Fechando a noite a veteraníssima CARLA BLEY (p), que vem apresentar dessa vez seus últimos trabalhos com o "The Lost Chords" sendo que em um deles "The Lost Cords Find Paolo Fresu" com o trumpetista italiano, que adianto não virá pois se encontra em temporada nos festivais do verão europeu, mas de qualquer maneira considero um grande e interessante trabalho esse da BLEY e que estará acompanhada do inseparável Steve Swallow (b), bem como de Andy Sheppard (ts & ss) e Billy Drummond (ds) e que venham as "bananas"...

3a Noite "The Cats":

Com BILL FRISELL (g), que continua prestigiado entre os críticos mesmo tocando a meu ver, muito menos que o John Scofield ou Mike Stern por exemplo e que a muito tempo desconheço algum trabalho que chamasse atenção, e creio será um bom momento para um whisky, um charuto ou ambos, como também não sei com quem virá, o que acho não fazer a menor diferença.

TOMASZ STANKO (tp) , musico polonês !!! careca e fiel seguidor de Miles (é; mais um), mas com uma sonoridade pessoal, sério e marcante, muito considerado pela crítica já tendo recebido o principal prêmio europeu "Medaille D'Or" como musico mais destacado do ano.
Vem se apresentando e gravando a mais de 10 anos com um super trio capitaneado por outro polonês o super pianista Marcin Wasilewski, que infelizmente não virá ao Tim pois também se encontra em temporada.
Acredito que o Stanko venha ser a grande surpresa positiva do festival, junto com o pianista italiano ENRICO PIERANUNZI que vai fechar o Tim 2008, pelo menos no tocante a Jazz que é o que interessa, e esse que acaba de fazer chover (embora em Paris seja redundancia) no "Duc Des Lombards" (15/08/08), com um super trio como Ricardo Del Fra (b) e Aldo Romano (ds) e tendo ainda como convidado o velho Lee Konitz.

É isso aí, vamos esperar até Outubro e podem me cobrar tais prognósticos e bom TIM para todos que lá estiverem.

A propósito estaremos nesse fim de semana Maunah, Bragil e o que vos escreve no Festival de Ouro Prêto, representando o CJUB onde TUDO É JAZZ...

Aguardem !!!

Sazz

JAZZ FESTIVAL 2008 - BRASIL - MULHERES BRILHAM NA SEGUNDA NOITE

Foi uma noite espetacular com os dois grupos escalados "Gunhild Carling" e "Leroy Jones" mostrando um Jazz de primeira qualidade.

O curioso é que as mulheres se sobressairam , principalmente a multiinstrumentista sueca que domina com muita facilidade os instrumentos que executa. Seu grupo abriu a noite trazendo como convidado o excelente guitarrista Chris Flory, um dos integrantes do famoso quinteto de Scott Hamilton que gravou abundantemente para a Concord. Gunhild é um dínamo musical. Além de tocar incentiva seus companheiros, balança o corpo o tempo todo e dá aulas de improvisação. No trombone, demonstrou domínio absoluto e profundo conhecimento dos estilos desde o "tailgate" de Kid Ory até as formas mais adiantadas na história como a de Tricky Sam Nanton, no uso das surdinas. No trompete, que toca com muito vigor, nao só faz o lead como integra positivamente a chamada polifonia atonal. E não fica por aí. Sola um tema numa tosca flauta de madeira, obtendo notas aparentemene impossíveis de se alcançar. Não satisfeita executa um improviso numa minúscula gaita e depois vai para uma extremidade do palco sapatear, o que faz com surpreendente mestria. Nessa pequena demonstração o seu clarinetista Max Ollin faz peripécias com malabares trazendo um pouco do distante "vaudeville". Mas Gunhild ainda dá mostra de mais aptidões, solando a "Beer Barrel Polka" em dois trompetes. Depois adiciona mais um trompete mas este só para exibição pois não tem uma terceira mão para acionar as válvulas. Chris Flory brilhou nos solos e no acompanhamento. Sua harmonia é caracterizada por surpreendentes acordes, enriquecendo bastante sua participação. Músico completo, que muito valorizou a apresentação do grupo. O baterista Bo Hildborg, também sueco, é de uma leveza extraordinária nos acompanhamentos e bastante competente nos solos e nas trocas de compassos, produzindo eficientes desenhos rítmicos. Marcelo Costa, um dos curadores do festival é também trompetista e atuou de forma convincente, solando e participando do trio de sopros. Ótima apresentação, que encantou a platéia que não regateou os aplausos.

Depois tivemos o Leroy Jones Quintet, trazendo o Jazz de New Orleans algo modernizado pelo trompete de Jones, que nas improvisações mostrou sonoridade e fraseados na linha de Clifford Brown. A trombonista Katja Toivola, parece que é natural da Finlandia, mas nem porisso deixa de ser uma eficiente conhecedora do idioma musical de New Orleans. Discreta nos solos, eficiente nas trocas de compassos com o líder, encantou a platéia com seus meneios, balançando o corpo o tempo todo numa coreografia marcada junto com o lider. O pianista Paul David, de New Orleans, conhece profundamente o instrumento e a música de sua cidade. Acompanha com muita habilidade, utilizando grupos de acordes dissonantes que produzem uma harmonia moderna e cativante. Solista eficiente e imaginativo, é dono de uma prodigiosa técnica que demonstrou durante toda a apresentação. Surge em seguida a cantora Tricia Boutté, mais uma agradável surpresa. Gorda, simpática, cheia de anéis e colares dourados, cantou com muito entusiasmo mostrando uma voz de rara extensão, principalmente no "spiritual" "Just a Closer Walk with Thee". Não poderíamos esquecer do baterista Bo Hildborg, mais um europeu perfeitamente integrado ao chamado idioma negroamericano, produzindo um trabalho eficiente, com muita leveza e admirável swing. O número final foi o tradicional "The New Orleans Mardi Gras", com todos os musicos cantando em acompanhamento a Leroy Jones.
Depois, os autógrafos e a venda de CDs onde os músicos faturaram bem. Foi tanta a procura que não conseguimos o CD de Chris Flory, rapidamente esgotado. Fica para a próxima.

TIM 2008 "HIGHLIGHTS" - PALCO JAZZ

1a "Noite de Gala":

Abertura do Tim com a nossa ROSA PASSOS de quem comentei aqui recentemente, sobre seu último CD "Romance" (Telarc), que recebeu da Downbeat impressionantes @@@@ 1/2, cotação muito rara para cantora e principalmente não oriunda, fico feliz pois considero até uma justa e merecida homenagem a essa baianinha talentosa e pouco reconhecida pela crítica tupiniquim e que deverá se apresentar como o mesmo grupo que arrebatou os festivais do verão europeu, com Fabio Torres (p), Paulo Paulelli (b) e Celso de Almeida (ds), passeando pelos 50 anos da BN.

Na sequência o maior nome do festival, SONNY ROLLINS que volta ao Rio depois de 23 anos e aos recém completados "78", ainda em boa forma como demonstrou no Concêrto em comemoração pelo seu aniversário no "Summer Stage do Central Park" em N.York no último 22 de Agôsto, fazendo uma apresentação de quase 2 horas !!! (vamos ver se deixam aqui também e não o tiram do palco...) acompanhado de Clifford Anderson (tb), Bob Crenshaw (b), Bobby Broom (g), Toby Roberts (ds) e Kamuti Benazula (pc), vale registrar a elegância de Rollins de paletó, gravata borbolêta e boina prêta, além do entusiasmo e pressão com que tocou incluindo uma versão de "In a Sentimental Mood" com mais de 25 minutos, é esperar para conferir e que seja assim também aqui.

2a Noite: "Sophisticated Ladies":
( Volto amanhã )

JUDY DEU O RECADO

09 setembro 2008

Teve início ontem no teatro SESC/Ginástico o "Jazz Festival 2008 - Brasil". Apesar da pouca divulgação um bom público compareceu para assistir a apresentação da pianista e agora cantora Judy Carmichael. Desta vez trouxe um septeto com quatro sopros (alto-barítono, tenor-clarinete, trompete e trombone), guitarra e bateria. Judy dispensa maiores comentários.
Profunda conhecedora dos mistérios do "stride piano" na escola Fats Waller- James P. Johnson, desfiou um repertório de clássicos muito aplaudidos pela platéia. Com muita simpatia, Judy dirigia-se ao público em inglês e português bem articulado, apresentando os solistas e com eles participando de um Jazz de grande estirpe. Lá estavam nossos amigos Coutinho, Estevão, Samuel, e a turma do Clube de Jazz de Niterói. Depois, a venda dos CDs atraindo muita gente, inclusive os "malas" que não compram e só atrapalham.
Ganhei mais uma vez beijos de Judy ao chamá-la de "The first lady of the keyboard". Uma ótima noite. Hoje teremos o septeto da multi -instrumentista sueca Gunhild Carling, trazendo como convidado o guitarrista Chris Flory e depois o Leroy Jones Quintet .

Como é bom se assistir um festival que prestigia a "mainstream" do Jazz e que não traz nos elencos os célebres "bicões" nacionais e intenacionais nem admite as odiosas "novas tendências".

Como dizem os jovens : "TÔ DENTRO".

HAPPY BIRTHDAY SONNY

07 setembro 2008

O Colosso do Saxofone faz 78 anos hoje, 7 de setembro. Um verdadeiro apaixonado pela sua arte, um gênio sempre determinado a alcançar novos níveis de inspiração e criação para trazer a boa música a seus admiradores.

Sonny Rollins vem aí para o Tim Festival. Quando estiver no Brasil, seu disco "Road Shows vol. 1" estará sendo lançado pela Doxy Records. Uma primorosa compilação de seus concertos ao vivo nas últimas tres décadas - existe uma etiqueta com o nome da cidade de São Paulo colada no saxofone da capa do disco. Não me lembro de algum concerto por lá e sim 2 deles no Rio, há 20 anos atrás.

Estaremos esperando pelo Sonny. Seja bem-vindo e feliz aniversário.



A CONFERIR

05 setembro 2008

Amigo jazzófilo e principal incentivador de uma bela série de concertos realizados no Rio Design Center do Leblon há alguns anos, Rui Martinelli nos envia uma recomendação especial. Vindo dele, é algo a se dar atenção.

Trata-se do trio Lotus Combo, composto por músicos com base erudita - tocam na O.S.B. - cujo divertissement até agora tem sido apresentarem-se tocando jazz, e segundo o Rui, com muita qualidade. Além de repassarem o repertório habitual de standards, apresentam também alguns temas próprios.

O Rui garante que o trio vem evoluindo de forma empolgante a cada apresentação. A próxima será amanhã, no Mistura Fina - dia de atrações premium, lembra ele, - a partir das 21 hrs, o que significa na prática de quem já frequenta a casa, em um início de set por volta das 21:45 ou
22:00hrs.
Está prevista uma apresentação especial da cantora Leila Maria, cujo talento dispensa maiores apresentações. Se puder, irei lá para dar uma conferida no jovem trio.

FALECEU ARNE DOMNERUS

04 setembro 2008

Mestre Raffa me informou e eu comunico aos confrades.

Faleceu em 2 do corrente o saxofonista Arne Domnerus, um dos mais brilhantes músicos suecos. Ao lado dos compatriotas Lars Gullin, Reinhold Svensson, Ghosta Teselius e outros, contruiu uma época importante dentro do convencional "cool jazz" europeu.

Lester Young era o seu ídolo e em sua homenagem compôs "Party for Prez" um dos highlights da série "Jazz in Sweden" (10" RCA Victor). Contava 84 anos.

MADE IN...

03 setembro 2008


O Londrina Jazz Club (http://www2.uel.br/radio/index2.html) dessa semana vai focalizar o jazz produzido por músicos ingleses. Era preciso achar dois vocalistas e dois instrumentistas para manter a tradição do programa. Algumas opções ficaram de fora, como George Shearing. No final os convidados foram Jammie Cullum (piano, vocal), Jason Rebello (piano), Phil Collins (vocal) e John McLaughlin (guitarra). Claro que em principio o nome de Phil Collins seria um estranho no ninho. Não necessariamente. Collins é um confesso apaixonado por jazz e por algumas vezes foi convidado para participar de álbuns feitos por jazzistas, como Quincy Jones, que dispensa comentários, e o pianista suíço Silvano Bazan. Set-list a seguir:
01. Jammie Cullum – Well You Needn’t (Monk)
02. Jason Rebello – Dolphin Dance (Hancock)
03. Phil Collins – Teach Me Tonight (DePaul)
04. John McLaughlin – My Favorite Things (Rodgers/Hart)
05. Jammie Cullum – You And The Night And The Music (Schwartz)
06. Jason Rebello – I Hear A Rhapsody (Gasparre)
07. Phil Collins – Do Nothin’ Till You Hear From Me (Ellington)
08. John McLaughlin – My Foolish Heart (Young)
09. Jason Rebello – When Words Fail (Rebello)

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PS. O Londrina Jazz Club vai ao ar às 21 horas das sextas com reprise aos domingos (17h).

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PS I. Som na caixa a caminho: Phil Collins & Silvano Bazan - Teach Me Tonight

HORACE SILVER, 80 ANOS

02 setembro 2008

Alertado por nosso Major sobre o aniversário do pianista, compositor e arranjador Horace Silver, atendendo ao seu pedido faço esse post, até porque Silver foi o primeiro músico a visitar "O Assunto é Jazz" nos idos de 1964, tendo no programa contado histórias interessantíssimas sobre sua carreira.
Mantivemos correspondência por pouco tempo mas, em uma delas Silver enviou seus três últimos trabalhos na época. "Horascope", "Stylings of Silver" e "Six Pieces of Silver".

Chega aos oitenta anos ainda em plena atividade, ostentando numerosa discografia e sobretudo com o galardão de fundador do "hard bop".

A ele todas as felicitações e muita saúde.

abcs.

MORREU UM ÁS DO TROMBONE

Quem faleceu em 27 de agosto foi o excelente trombonista Jimmy Cleveland.

Ele foi um músico muito ativo,com imenso trabalho de estúdio e com uma discografia assaz modesta para a sua importância.

Era um dos trombonistas preferidos de Gil Evans,que inclusive o utilizou nas gravações de Miles Davis. Desaparece aos 82 anos.

A MORTE DE HUMPHREY LITTELTON

Pela internet ficamos sabendo do passamento de Humphrey Littelton, ocorrido em 25 de abril. Era um dos ícones do Jazz da Inglaterra e, porque não dizer, da Europa.

Littelton, um entusiasta da “mainstream” do Jazz, era um excelente trompetista e um ativo divulgador da arte, tendo sido inclusive um dos apresentadores da série “Jazz 625” pela BBC.

Contava 87 anos.
RETRATOS
10. ART BLAKEY

A Lenda De Um Grupo, A Força de Um Músico


(A) FINAL DA BIOGRAFIA - 3ª PARTE

O “HARD BOP”
Art Blakey
em conjunto com o pianista Horace Silver (que incorporou ao “bebop” elementos do “rhythm & blues” e do “gospel”) foram os grandes responsáveis iniciais pelo novo vigor dado ao “bebop”, reagindo ao Jazz “cool” da West Coast, cujas suavidade e sonoridade dominavam a década de 50 do século passado. Na realidade o que fizeram foi tomar os princípios harmônicos do “bebop” de 10 (dez) anos antes e temperá-los com o “blues” (o “rhythm & blues”) e o “gospel”, expondo as vertentes do Jazz oriundas da África: foi um enriquecimento do “bebop”, com aspereza sim, mas sem perda da vitalidade e norteado claramente pela perfeição técnica e instrumental. Essa, mais que criação, evolução, é muito bem sintetizada por Luiz Orlando Carneiro em seu livro “Obras Primas do Jazz” (Jorge Zahar Editor, 1986, 178 páginas). O novo vigor, a nova temática e o novo filão criados com o “hard bop” possibilitaram a ampliação dos horizontes do Jazz, permitindo a sucessão de tantos e tantos novos talentos musicais, em especial pelo “combo” dos “Jazz Messengers”, levando o grupo desde sua criação até a penúltima década do século passado à categoria de constituir-se num dos mais importantes combos da história do Jazz.

A CRIAÇÃO DOS “JAZZ MESSENGERS”
Mesmo tendo os “Jazz Messengers” como data “oficial” de criação a gravação de 06 de fevereiro de 1955 sob o título “Horace Silver And The Jazz Messengers”, tomada no estúdio do perfeccionista Rudy Van Gelder (à época ainda em Hackensack / New Jersey), formando com Kenny Dorham, Hank Mobley, Horace Silver, Doug Watkins e Art Blakey (“Hippy”, “The Whom It May Concern”, “Hankerin’” e “The Preacher” foram as faixas), anteriormente e em 22/dezembro/1947 e pela primeira vez Art Blakey gravou utilizando o título de “Messengers”. O octeto com o trumpete de Kenny Dorham, as palhetas de Sahib Shihab (alto), Orland Wright (tenor) e Ernest Thompson (barítono), o piano de Walter Bishop Jr., LaVerne Barker no contrabaixo e Art Blakey na bateria, em New York e nos estúdios WOR, gravou 04(quatro) faixas mais 01(uma) “alternate”, que foram editadas pelos selos “New Sounds” e “Blue Note”: “The Thin Man”, “The Bop Alley” (mais “alternate take”), “Groove Street” e “Musa’s Vision”.
Ainda em 31/outubro/1953, diretamente do “Birdland” e sob o título de “Horace Silver And The Jazz Messengers”, o quinteto com Kenny Dorham, Lou Donaldson, Horace Silver, Gene Ramey e Art Blakey, teve 05 faixas registradas e lançadas pelos selos “Session Disc” e “Royal Jazz”, a saber: “An Oscar For Oscar”, “If I Love Again”, “Split Kick”, “Get Happy” e “Lullaby Of Birdland”.
Em 21 de fevereiro de 1954 no “Birdland” (New York) e durante 05(cinco) “sets” iniciados à noite e prolongados por toda a madrugada, o quinteto formado por Clifford Brown/trumpete, Lou Donaldson/sax.alto, Horace Silver/piano, Curly Russell/baixo e Art Blakey/bateria, lançou as bases definitivas para as gravações do “hard bop”, com absoluta empatia da “cozinha” com os solistas e as interpretações magistrais do excepcional Clifford Brown. Tendo como apresentador a figura (e, claro, o charuto) de Pee Wee Marquette, a “Blue Note” gravou “Wee Dot”, “Now's The Time”, “Quicksilver”, “Confirmation”, “Once A While”, “Mayreh”, “Our Delight” (essa tomada foi gravada mas deletada na edição), “If I Had You”, “Split Kick”, “Lou's Blues”, “Wee Dot”, “A Night In Tunisia”, “Blues improvisado”, “The Way You Look Tonight” e “Lullaby Of Birdland”
Ainda mais e em 13 de novembro de 1954, no estúdio de Rudy Van Gelder, o mesmo quinteto de 06 de fevereiro de 1955 (Kenny Dorham, Hank Mobley, Horace Silver, Doug Watkins e Art Blakey), gravou sob o título de “Horace Silver And The Jazz Messengers” 04 faixas lançadas pelo selo “Blue Note”: “Room 608, “Creepin' In”, “Doodlin'” e “Stop Time”.
Assim é lógico tomarmos a primeira metade da década dos anos 50 do século passado como a do surgimento dos “Jazz Messengers”, que a partir de 05 de abril de 1956 passaram a ser liderados exclusivamente por Art Blakey, constituindo-se em definitivo no “Art Blakey Jazz Messengers” = A.B.J.M., tanto nas gravações quanto nas apresentações dentro e fora dos U.S.A.

ALGUNS QUE DESFILARAM PELOS “MESSENGERS”
Os trumpetes de Kenny Dorham, Lee Morgan, Donald Byrd, Bill Hardman, Hank Mobley, Freddie Hubbard, Chuck Manggione, Woody Shaw, Wynton Marsalis, Terence Blanchard, Wallace Roney, as palhetas de Jackie McLean, Johnny Griffin, Lou Donaldson, Benny Golson, Wayne Shorter, Clifford Jordan, Donald Harrison, o trombone de Curis Fuller, os pianos de Cedar Walton, Bobby Timmons, Sam Dockery, Kenny Drew, George Cables, Walter Bishop Jr, Walter Davis Jr, Keith Jarrett, entre outros, desfilaram ao longo dos anos pelos “A.B.J.M.”, os “Art Blakey Jazz Messengers”, definindo padrão de excelência de estrelas projetadas pelo grupo.

UM PIANISTA ABORTADO: NASCE UM BATERISTA E COMPOSITOR
Inicialmente um pálido pianista, finalmente um exímio baterista, poucos se referem a Art Blakey como “compositor”.
Todavia são dele algumas dezenas de composições, muitas delas com raízes na percussão africana e grande parte em parceria com o esplêndido tenorista Benny Golson (talvez mais reconhecido como autor de ícones jazzísticos como “I Remember Clifford”, entre outros).
Assim e apenas para pagar tributo a esse músico de exceção, mencionamos as seguintes composições assinadas por Art Blakey (reafirmando que muitas trazem a co-autoria de Benny Golson): Abdullah's Delight, Amuck, April Jammin', Blakey's Blues, Blues Pour Doudou, Blues Pour Marcel, Blues Pour Vava, Café, Casino, Des Femmes Disparaissent, Drum Duo, Drums In the Rain, Drum Solo, Exhibit A, Ferdinando, Finale Pour Beatrice Et Pierre, Freedom Monday, Generique, In the Basement, J's Jam, Just Knock On My Door, Juste Pour Eux Seuls, Kenji's Walk, La Divorcee De Leo Fall, Let's Take 16 Bars, Mambo Dans La Voiture, Merlin, Message From Kenya, Nasol, Ne Chuchote Pas, Need To Be Loved, Nothing But the Soul, On The Roof, Pasquier, Pierre Et Beatrice, Poursuite Dans La Ruelle, Quaglio, Sakeena, Ritual, Split Skins, Star Of Africa, Suspense, Tom Et Nasol, The Freedom Rider, Theme Of “Hard Champion”, Transfiguration, Tom e Wellington’s Blues, entre outras mais.

UM MUNDO DE GRAVAÇÕES
As gravações de Art Blakey, como “sideman” ou como titular contam-se às centenas. Com certeza e desde 05 de setembro de 1944 até 11 de abril de 1990, Art Blakey gravou em estúdio ou ao vivo em mais de 330 (trezentos e trinta) sessões ! ! !
Os selos pelos quais foram distribuidas as gravações de Art Blakey diretamente ou por meio de subsidiárias também constituem soma expressiva.
A maior parte das gravações com a participação de Art Blakey contem material com qualidade superior à média; todavia entende-se, ouvindo-o tocar e verificando com quem gravou, que em alguns momentos de sua carreira ele teve que conceder espaço para a sobrevivência, o que jamais pode ser reprovado em um músico cuja integridade musical foi indiscutível, assim como considerando que o músico, qualquer músico, tem que pagar suas contas ! ! !
Quando tratarmos da “DISCOGRAFIA” de Art Blakey obviamente e por questão de espaço, buscaremos apenas as gravações mais expressivas sendo certo, como já afirmamos em outras ocasiões, que atenderemos a quaisquer consultas dos prezados CJUBIANOS quanto a esta ou aquela gravação não constante da relação indicada.

HISTÓRIAS E “ESTÓRIAS” DE ART BLAKEY
* Em determinada entrevista Art Blakey comentou sua “conversão” de pianista para baterista de forma bem direta: “...mesmo tocando piano de ouvido, em apenas 02 ou 03 tons, tinha que buscar trabalho por questão de sobrevivência; tocava músicas no meu “spinetto” portátil em Mi.bemol com letras “picantes”, circulando de mesa em mesa; quanto mais “picantes” as letras, mais gorjetas recebia e cheguei a ganhar muito bem; não tocava bateria e sempre dizia para o baterista do conjunto o que deveria tocar; o proprietário do local, que presenciava o show, falou comigo que o baterista deveria tocar piano e eu a bateria; disse-lhe que a banda era minha e que ele não tinha autoridade para dizer-me o que fazer; ele resolveu a questão de maneira bem simples, portando uma “Magnum 350”, informou-me que se eu quizesse continuar na casa “tinha” que tocar bateria; e eu continuei na casa, passando a tocar bateria.
* Art Blakey montou uma banda com 14 músicos para tocar em Pittsburgh, recebendo US$ 15.00/semana; todos vestidos com apuro tocavam num clube até o dia em que o empresário contratou uma dupla de bailarinos de New York, que deveria ser acompanhada pela; Art Blakey não sabia ler música mas assumiu pose autoritária para dirigir a banda (“começa o naipe de metais, agora as palhetas....”), até que chegou a parte dele e, como não sabia ler, ficou parado; tentou recomeçar vezes sem conta até perder a paciência e gritar com os músicos; um rapaz sentado no canto disse para Art Blakey que gostaria de “tentar” e tocou tudo sem nenhum problema; o “rapaz” era Erroll Garner e a partir desse dia Blakey encerrou sua “gloriosa carreira” de pianista.
* Em fins de 1939 quando foi para a banda do grande Chick Webb, Art Blakey imaginava-se o “máximo” e apresentou-se fazendo mil acrobacias com as baquetas, jogando-as para o ar e agitando os braços; depois de sua demonstração Chick Webb disse-lhe que “o ritmo não está no ar, mas nos tambores; toque-me um rufo”; Blakey fez o que sabia e Webb informou-lhe, diante de todos os músicos, que aquilo era uma porcaria; Blakey derreteu-se em prantos, mas retornou no dia seguinte; Webb colocou um metrônomo diante dele e iniciou a contagem: “1, 2, 3, ...... fazendo-o rufar até chegar a 100”. Blakey confessou que quando chegou ao 20 já estava com os pulsos doloridos, mas foi assim que aprendeu.
* Também em entrevista e com muita amargura Art Blakey, contava como teve que sofrer cirurgia em 1956 para implante de placa metálica na cabeça. Na verdade foi o resultado de fratura, provocada por uma surra de cassetete que recebeu de um policial após apresentação na Filadélfia; ia para New York com seu ajudante Silver e a filha, branca, da baronesa Pannonica Rotschild de Koenigswarter (“Nica”, para quem Horace Silver compôs o tema “Nica’s Dream”, era filha de embaixador francês, mecenas e protetora de músicos de Jazz de New York, em cujo apartamento faleceu Charlie Parker), quando um policial de motocicleta os mandou encostar. Art Blakey o reconheceu como um dos policiais que havia estado de serviço na apresentação e, portanto, sabia com quem estava falando; mesmo apresentando toda a documentação pedida o policial apontou-lhes uma arma; Blakey também tinha uma arma e licença para o porte, mas o policial parecia incomodado com o fato de um negro dirigir um Cadillac acompanhado de uma jovem branca; conduziu-os à delegacia onde a filha de Nica foi esbofeteada e insultada (“branca judia”), seu ajudante ameaçado de ser surrado (Blakey interrompeu o policial dizendo que Silver tinha uma lesão na coluna) e todos encerrados em uma cela, pendurados pelas mãos e sem tocar o solo com os pés, surrados e seguidamente molhados com água fria a cada desmaio; na manhã seguinte Nica entrou com um advogado, todos foram soltos e o policial perdeu a licença; mas os ferimentos e a fratura de Blakey ficaram !!!
* Em 1961 os A.B.J.M. apresentaram-se no mês de janeiro em Tóquio (“Sankey Hall” e “TBS-TV Studios”) e no retorno, em entrevista ao crítico Leonard Feather, Art Blakey contou com emoção que ao chegar ao aeroporto tocavam a música do A.B.J.M. e receberam-nos com montanhas de flores; queriam que Blakey discursasse, mas ele não conseguiu porque começou a chorar.
* Pouco antes das temporadas de 1971 com os “Giants Of Jazz” criados por George Wein, Thelonius Monk adoeceu e foi hospitalizado no “Bellevue Hospital”, como emergência; Nelie, mulher de Monk, ficou muito preocupada e comunicou o fato a Blakey, que estava na Filadélfia; Blakey terminou a apresentação que estava fazendo em um clube, tomou um avião para New York (às 02.00 horas da madrugada) e as 04.00 horas entrou no “Bellevue”, levantou Monk do leito e mandou que Nelie arrumasse os pertences dele dizendo-lhe: “Se você morrer eu te mato !!!” Na saida do hospital a enfermeira olhava aterrorizada para Blakey, mas este afirmou que no dia seguinte retornaria ao hospital para assinar os papéis que fossem necessáriom. Levou Monk para sua casa em New York, com a certeza de que o havia livrado de muitos eletrochoques e remédios.

Segue em (B) FILMOGRAFIA
LANÇAMENTO DO "HOT CLUB DE PIRACICABA"
Lançamento do CD "Jazz a la Django"

Saudações para os lançamentos do próximo dia 13 de setembro de 2008, sábado, em Piracicaba/SP, tanto do "HOT CLUB DE PIRACICABA" quanto do CD "Jazz a la Django", aproveitando a festa do aniversário de 40 anos do Dr. JOSÉ FERNANDO SEIFARTH, que promove reunião só para amigos e familiares.
Uma iniciativa que nos alegra, já que ao mesmo tempo em que podemos parabenizar o Dr. FERNANDO por seu natalício, demonstra que a boa música pode ocupar espaços pelo mundo afora.
O Juiz de Direito Dr. JOSÉ FERNANDO SEIFARTH que milita na Vara de Família de Piracicaba / SP é um apaixonado pela música, em particular pela de DJANGO REINHARDT, o grande guitarrista cigano, paixão essa que está motivando o lançamento do “HOT CLUB DE PIRACICABA”.
Iniciou-se no violão aos 07 anos, estudou o clássico por 04, passando depois para o popular e a guitarra elétrica (anos 60 do século passado, naturalmente Elvis e Beatles). Logo após formar-se em Direito iniciou o estudo da guitarra “Country” (“Western Swing”) e do “Bluegrass”. Foi a Nashville e conheceu de perto as bases da história do “Country”.
Por meio de ALCIDES LIMA, o “CIDÃO”, baterista da “TRADITIONAL JAZZ BAND BRASIL” (TJB), teve seu primeiro contato com o Jazz Tradicional. Entre os discos recomendados pelo “CIDÃO” veio-lhe às mãos uma coletânea que incluía o clássico “Djangology” de DJANGO REINHARDT, o que lhe causou impressão forte e imediata. Nunca ouvira alguém tocar como ele e as dúvidas o tomaram: que violão ele usava ? seriam cordas de nylon ? como era sua técnica ? e tantas outras questões.
Mesmo sendo escasso o material sobre DJANGO no Brasil, a Internet veio-lhe em socorro: a guitarra de DJANGO era especial, cigana, cordas de aço, tangidas com palheta bem grossa o que tornava o som mais grave. Passou a comprar discos de DJANGO e a tentar tocar no mesmo estilo, uma tarefa extremamente complexa para quem tocava “Country” e “Rock”.
Apreciador do grupo “HELLECASTERS”, formado por três guitarristas virtuosos liderados por JOHN JORGENSON e que toca Jazz no estilo “Manouche”, constatou que além dele eram inúmeros os seguidores de DJANGO pelo mundo afora: Angelo Debarre, Biréli Lagrène, Jimmy Rosemberg, Dorado Schmitt, Mandino Reinhardt, Tchavolo Schmitt e tantos e tantos guitarristas e grupos sob o nome de “HOT CLUB” (Noruega, Detroit, São Francisco, Lisboa, Sandwich, Cowtown). Envolvido pelo estilo “Manouche”, o “Gypsy Jazz”, o Juiz foi até Nova York (“Staten Island”) e na “Mandolin Brothers” (loja de violões “top de linha” de STAN JAY) adquiriu um violão “signature” de JOHN JORGESON (que além de músico maravilhoso é Professor), um “Selmer Style” da marca “Gitane”, réplica do violão de DJANGO, que para sua surpresa era fabricado com madeira...brasileira !
Comprou o método do JOHN JORGESON e, após vê-lo e ouví-lo tocar, desafiou-se a aprender o estilo; noites e noites após os dias de mais de 10 horas como Magistrado em Piracicaba, deram-lhe um aprendizado bem consistente. Adquiriu também um violão “Gitane”, Maccaferri Style D-hole item Number: D-500.
Recebeu o incentivo dos já então amigos “CIDÃO” e MARCOS MÔNACO (este clarinetista e saxofonista da TRADITIONAL JAZZ BAND BRASIL), adentrando o exercício do Jazz Tradicional. Em Piracicaba os três gravaram um CD com vários outros músicos participantes e em diversos estilos, mas sempre tangenciando a “herança DJANGO”.
Fizeram um apresentação só para amigos em Piracicaba, quando surgiu a idéia do “HOT CLUB DE PIRACICABA”, com base na união do Jazz Tradicional, do Manouche Jazz, do “Country” e do “Blues”, com elementos da música brasileira: como definição para as apresentações nunca uma banda fixa, mas sempre com convidados, amigos.
Veio a decisão de gravar um CD com o título de “Jazz a la Django” pelo selo “TJB”, sem fins lucrativos e com finalidade beneficente; na festa de aniversário dos 40 anos do Dr. FERNANDO para seus familiares e amigos no próximo dia 13 de setembro, sábado, na Associação Atlética Banco do Brasil de Piracicaba / SP a partir das 20 horas, oficializa-se a inauguração do “HOT CLUB DE PIRACICABA” com o lançamento do CD, em noite com músicos convidados.
Logo após em evento aberto ao público ocorrerá o lançamento do CD "Jazz a la Django" em São Paulo/capital, no auditório da Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, na 6ª feira, 10/outubro/2008, às 20.00 horas.
Nossos cumprimentos e os maiores desejos de sucesso, por certo merecido ! ! !
APÓSTOLO