Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

MARIA RITA MARIANO, 29/4/2003, MISTURA FINA - @@

30 abril 2003

ELIS REGINA, 29/4/2003, MISTURA FINA - @@@@@

Após sentida ausência, Elis Regina retornou aos palcos cariocas em breve temporada no Mistura Fina, mostrando, mais uma vez, por quê continua sendo, até hoje, a única cantora brasileira a ostentar a aura de mito.

Estrela maior de nossa constelação vocal, Elis nunca deixou de renovar-se, mas, agora acompanhada pelos jovens Tiago Costa (piano, destacadíssimo), Marco da Costa (bateria) e Giba Pinto (baixo elétrico), todos de São Paulo, preferiu repetir a receita que a consagrou, mesclando compositores da sua e atual gerações, com arranjos simples - porém eficientes - do trio, e do antigo colaborador, César Camargo Mariano.

“Seduzir” (Djavan) abriu o espetáculo, seguida de “Menininha no Portão” (Wilson Simonal), “Só de Você” (Rita Lee) e “Vero” (Nathan Marques). Viriam, ainda, canções de Lenine, Zélia Duncan, Lula Barbosa e do próprio César Camargo, entre outros.

Para quem, por tantos anos, esperou para rever a “Pimentinha”, estava tudo lá: o timbre inconfundível; o gestual característico; o humor debochado ao dizer algumas das letras; a segurança na emissão, ameaçada paradoxalmente pela voz às vezes embargada, como, por exemplo, no dueto com o convidado especial, Milton Nascimento, em “Tristesse”, do último disco deste, “Pietá”.

Elis não canta “com” emoção. Elis É a própria emoção.

O “bis”, emblemático, rendeu homenagem ao melhor Milton e “Encontros e Despedidas” fez os olhos, já marejados, transbordarem.

Mas, se “tem gente a sorrir e a chorar”, a verdade é que a vida é “assim, chegar e partir”; “o trem que chega é o mesmo trem da partida” e “a hora do encontro é também despedida”.

Desculpe, Elis, de você nunca nos despediremos.


- §§§ -

Mas não era Elis. Não ? Não. Era Maria Rita. Maria Rita Mariano, filha de Elis.

Para quem conseguiu abstrair, tudo bem. Mas, quem conseguiu ? Quem conseguiria ?

E aí as coisas mudam, infelizmente.

O apelo da nova cantora, comum aos filhos de famosos que resolvem enveredar pela mesma arte dos pais, é o de sempre: evitar comparações - “ela é ela, eu sou eu”.

Como, se Maria Rita faz de tudo para parecer-se com a mãe ? Não bastasse o timbre praticamente igual, os gestos, a maneira de cantar e mais, de interpretar, tudo é igual. Literalmente.

O que não deixa de ter um (único) lado positivo, pois dezenas vem tentando há décadas imitar Elis, mas, só agora, uma foi capaz de conseguir, aliás, com perfeição. Só Maria Rita pôde e pode fazê-lo, sem soar “cover”, pois, no caso dela, é tudo “genético”, “hereditário”.

Pode ser, mas a verdade é que Maria Rita só não é “cover” de vez, porque as músicas que canta são diferentes das do repertório da mãe.

Afinal, chorou o público pela qualidade das músicas, pelo talento da jovem intérprete, ou, era mesmo, de saudade de Elis ?

O que não era toda aquela emoção coletiva senão a dolorosa nostalgia da diva cuja morte precoce a todos atordoou, numa catarse precipitada pelo teatro de semelhanças a que - masoquistas alguns, ingênuos outros - acorremos.

Em Elis, tudo era legitimamente original ou intuitivo. Tudo era verdade. Num “sósia” - qualquer um - parecerá premeditado, como ficou claro ontem, embora só depois de passada a turbulência psicológica em que toda audiência foi lançada.

Maria Rita mandou o recado errado pelos jornais. O show é, acima de tudo, a comparação. As vezes, só isso.

É claro, de todo modo, que ela mostra a inclinação e os recursos para tornar-se uma grande cantora. Ninguém que não fosse grande imitaria Elis tão perfeitamente e com resultados tão impressionantes.

Entretanto, devem avisá-la, com urgência, que o caminho da originalidade - da verdadeira arte - enfim, passa longe do lugar-comum “não admito comparações”, a que tanto faz questão de se apegar.

Muito melhor assumir todas as semelhanças e, como a mãe sempre fez, arriscar, ousar, aceitar o desafio: “Sigo de onde ela parou”.

Aí sim, teremos uma nova Elis Regina: Maria Rita Mariano.

Bene-X

IMPORTANTES NOVIDADES À VISTA

Queria dizer a todos os nossos leitores e amigos que estejam preparados para uma notícia muito, mas muito interessante mesmo, em breve, talvez a melhor já publicada aqui no CJUB. Um sonho dos editores está tomando forma, sendo provável que em alguns dias possamos divulgá-lo. Tem a haver com música de jazz de altíssima qualidade, ao vivo, no Rio de Janeiro, em lugar muito interessante e ainda não explorado para esse tipo de acontecimento. No momento, por força de entendimentos sendo mantidos, não se pode revelar muito mais. Mas tenham todos a certeza de que será notícia muitíssimo bem recebida pelos entusiastas do jazz, do uísque e dos charutos também. Algo que confirmado, se afigurará como o Nirvana, o Walhalla, o Paraíso, por aí. Coisa de deixar qualquer alma em estado de graça.
Permaneçam sintonizados nesta freqüência, para as próximas atualizações desse tópico.

REVISTA WERIL

José Carlos, um primo clarinetista de MG, ao saber que estava escrevendo sobre trompetes enviou-me vários números da Revista Weril, publicação bimestral voltada aos músicos e aficcionados. A Weril, que eu saiba, é a única empresa fabricante de instrumentos musicais de sopro da America do Sul. Encontrei várias entrevistas, como a do James Carter por exemplo, , reportagens e artigos, inclusive um sobre o centenário de Armstrong escrito pelo nosso Raf. A Weril autoriza a transcrição de qualquer matéria desde que citada a fonte. Como tem muita coisa interessante estou disponibilizando-as a quem quiser dar uma olhada. Pensei enviar nosso endereço à eles para divulgação. O que acham?

Abraços!

Marcelink

AGRADECIMENTOS 2 - A MISSÃO

28 abril 2003

Como todos devem lembrar, inaugurei, na última sexta-feira, pequena controvérsia - salutar, penso, de vez em quando - acerca da indiscutível superioridade, a meu ver, de Cole Porter, também no quesito música, sobre os demais compositores americanos, à exceção, claro, dos demais chamados "grandes", Gershwin, Rodgers, Berlin e Arlen, reinando os cinco, soberanos e em absoluto pé de igualdade, no Olimpo da canção popular daquele país.

Sustentou, então, o ilustre co-editor Sazz, com admirável ardor, que Porter não atingira, em melodia e harmonia, o nível de Gershwin, ou de Rodgers, insistindo, assim, que em erro algum incidira o programa de rádio do Londrina Jazz Clube, responsável, além desta, por outras teses objeto de minha crítica, como, p. e., a de que Porter foi menos gravado por músicos de jazz do que seus dois colegas acima citados.

Resolvi, então, seguir o conselho do próprio Sazz, dado naquele mesmo dia, porém mais tarde, em "Informal" encontro suplementar:

"VOCÊ TEM QUE ESTUDAR MAIS !!!!!"

No pouco tempo que tive, colhi o seguinte:

Para Robert Kimball, estudioso da vida dos "cinco grandes" e autor das liner notes do songbook de Porter gravado por Ella Fitzgerald, este foi, "apenas", "the finest of American Composers".

Ruy Castro, em artigo disponível online na Veja (http://veja.abril.com.br/060199/p_096.html), assevera que "Cole Porter lutou para arrombar portões que só se abriam para poucos: os dos teatros da Broadway. E, o que é pior, tendo de enfrentar concorrentes como Irving Berlin, Jerome Kern, os irmãos George e Ira Gershwin e a dupla Richard Rodgers e Lorenz Hart, os bambas do pedaço nos anos 20. O simples fato de ter conseguido pertencer a essa elite já seria uma façanha. Mas Porter fez mais: sua reputação, hoje, é a de ter sido o maior compositor popular do século."

Por outro lado, a breve resenha (http://www.allmusic.com/cg/amg.dll?p=amg&uid=6:50:01|PM&sql=B7c851vs8zz9a) feita por Ron Wynn para o conhecido repositório All Music Guide já inicia dizendo que "Many arguments could be generated over whether Cole Porter or Irving Berlin should be considered America's greatest tunesmith".

Lembro, ainda, que o único "songbook", por assim dizer, a que Charlie Parker se rendeu foi o de Cole Porter, fazendo memoráveis registros de suas canções em album homônimo para o selo Verve.

E Sinatra - o maior e mais célebre cantor do século XX - cujos preferidos eram S. Kahn e J. Mercer: qual o único dos chamados "cinco grandes" a ter uma canção compondo a indefectível "griffe" da "Voz", junto, v.g., com "New York, New York", e "My Way" ? Alguém duvida de "I´ve Got You Under My Skin" ?

Ratifico, portanto, sem me alongar mais, que, ao lado de Gershwin somente, o compositor americano MAIS executado, até hoje, inclusive por artistas de jazz, foi Porter, de quem, aliás, "Begin the Beguine", nos disse a todos, o Mestre Raf, foi escolhida, em uma enquete entre críticos, o melhor standard de todos os tempos.

No fim das contas, porém, nunca pensei, confesso, que conselhos em CAIXA ALTA resultassem tão culturalmente proveitosos, e, assim publicamente agradeço ao colega Sazz, scholar indisputável, pela celeuma que, junto aos cubanos do José Henrique, ajudaram a animar meu fim de semana.

Bene-X

AGRADECIMENTOS 1 - O FIM DE SEMANA QUE COMEÇOU MELHOR

Agradeço, primeiramente, ao gentilíssimo José Henrique Felzenszwalb, que traduziu o entusiasmo de que todos partilhamos pela bela confraria aqui instalada, com o empréstimo vespertino - e suplementar a nosso almoço de sexta passada - de vários albuns de Latin Jazz, luminosos a ponto de, já na manhã de sábado, com o ligar do som, o fim se semana se anunciar muito mais brilhante.

Sinta-se em casa, benvindo que é, mormente para reforçar nossas fileiras do jazz latino e, pelo que vi, dos connaisseurs em "puros", também.

Peço licença, apenas, para pedir a urgente indicação de apelido para nosso novel co-editor, cognome que, todavia, encareço apresente dicção mais amigável que "Felzenszwalb".

Bene-X

Sensacional

26 abril 2003

Ainda não sei a repercussão do fato de "afanar" (desculpem os mais jovens, mas significa surrupiar) ESTA ANIMAÇÃO EM FLASH do site desse artista, que produz ainda coisas como este "São João Guilherme Coltrane" em azul, aqui do lado, estou no momento pedindo permissão ao homem, mas não resisti. Vejam que espetáculo...e com som.

O SURGIMENTO DO JAZZ E A IMPORTÂNCIA DO TROMPETE - PARTE III

23 abril 2003

Ainda nos anos de sucesso e vigor físico de Buddy Bolden, surge em cena Jelly Roll Morton, pianista de Louisiana, prepotente e arrogante, julgando-se o melhor dentre os músicos. Morton misturou o ragtime e o blues num estilo híbrido e improvisado, estabelecendo um padrão para as composições de jazz e teve como grande mérito ser o primeiro a colocar este estilo em partituras. Viajando por todo os Estados Unidos ajudou a difundir o recém criado estilo musical que dizia ser ele o inventor.
Somente depois de alguns anos que a palavra jazz começou a designar a nova música, conhecida em seu início como ragtime music e dixieland music. O termo “jazz” surgiu como uma forma depreciativa da nova música surgida. Era um termo usado pelos descendentes africanos para designar um ato sexual rápido, fato comum nos cabarés e prostíbulos onde a música surgiu e era tocada, sempre de forma frenética e cheia de entusiasmo. Muitos afirmam, porém, que “jazz” deriva de “jass” que era o nome de um perfume de jasmim muito usado pelas prostitutas da época. Sendo uma ou outra a origem da palavra, percebemos que o jazz surgiu na boemia, nas madrugadas, das paixões e dos momentos de liberdade, sonhos e desejos que só à noite nos proporciona.

Marcelink

Continuação da lista dos candidatos aos melhores de 02/03

22 abril 2003

Sem pretender, a princípio (exceto se a maioria assim desejar) estender a votação anterior, que continua valendo um almoço, segue a continuação da relação dos selecionados para os melhores de 2002/2003 pela Associação de Jornalistas de Jazz, como enviada pelo nosso agora, e para a felicidade de todos, postador autônomo Mestre Raf:

* Gravadora do ano:
Blue Note, ECM, Fantasy/Milestone, Palmetto, Thirsty Ear, Verve;

* Produtor do ano:
Andre Menard (Festival International de Jazz de Montreal), George Wein (Festival Productions), Patricia Nicholson Parker (Vision Fest)
Randall Kline (SFJazz), Tim Jackson (Monterey Jazz Festival), Todd Barkan e Wynton Marsalis (Jazz@Lincoln Center);

* Compositor do ano:
Andrew Hill, Ben Allison, Dave Douglas, Dave Holland, Maria Schneider, Wayne Shorter

* Arranjador do ano:
Bill Holman, Dave Holland, Jim McNeeley, Maria Schneider, Toshiko Akiyoshi;

* Cantor do ano:
Andy Bey, Giacomo Gates, Kevin Mahagony, Kurt Elling, Mark Murphy;

* Cantora do ano:
Abbey Lincoln, Cassandra Wilson, Dee Dee Bridgewater, Dianne Reeves, Patricia Barber;

* Álbum latino do ano:
Quarteto, Aché! (Khaeon) - Bobby Sanabria; Fantasia Cubana (Blue Note) - Chucho Valdes; La Perfecta II (Concord) -Eddie Palmieri; Now Is Another Time (Justin Time) - David Murray Latin Big Band; Cuban Odyssey (Blue Note) - Jane Bunnett and Spirits of Havana

* Pequeno conjunto do ano:
Dave Holland Quintet, Hancock/Brecker/Hargrove Directions In Music, Keith Jarrett Trio, The Bad Plus Vandermark Five, Wayne Shorter Quartet;

* Big band do ano:
Dave Holland Big Band, ICP Orchestra, Maria Schneider, Mingus Big Band, Toshiko Akiyoshi Big Band;

*Trompetista do ano:
Brian Lynch, Dave Douglas, Ingrid Jensen, Nicholas Payton, Roy Hargrove, Tom Harrell;

* Trombonista do ano:
Conrad Herwig, Robin Eubanks, Roswell Rudd, Steve Turre, Wycliff Gordon ;

* Instrumento miscelânea do ano:
Bob Stewart (tuba), Howard Johnson (tuba), Marcus Rojas (tuba), Steve Bernstein (slide trumpet), Tom Varner (french horn);

* Saxofonista-alto do ano:
Gary Bartz, Greg Osby, Kenny Garrett, Lee Konitz, Phil Woods;

* Saxofonista-tenor do ano:
Chris Potter, David Murray, Joe Lovano, Sonny Rollins, Wayne Shorter;

* Saxofonista-soprano do ano:
Dave Liebman, Jane Bunnett, Jane Ira Bloom, Steve Lacy, Wayne Shorter;

* Saxofonista-barítono do ano:
Clare Daly, Gary Smulyan, Hamiet Bluiett, James Carter, Ronnie Cuber;

* Clarinetista do ano:
Ken Peplowski, Kenny Davern, Marty Ehrlic, Paquito D'Rivera, Perry Robinson;

* Pianista do ano:
Brad Mehldau, Jason Moran, Keith Jarrett, Kenny Barron, Matthew Shipp;

* Organista do ano:
Dr. Lonnie Smith, Jimmy Smith, Joey DeFrancesco, John Medeski, Larry Goldings;

* Guitarrista do ano:
Bill Frisell, Jim Hall, John Scofield, Pat Metheny, Russell Malone;

* Baixista do ano:
Dave Holland, Christian McBride, Ron Carter, Scott Colley, William Parker;

* Baixista elétrico do ano:
Christian McBride, John Patitucci, Marcus Miller, Richard Bona, Steve Swallow;

* Instrumentista de cordas:
Billy Bang, Mamadou Diabate, Mark Feldman, Mat Maneri, Regina Carter;

* Vibrafonista do ano:
Bobby Hutcherson, Gary Burton, Joe Locke, Stefon Harris, Steve Nelson;

* Percussionista do ano:
Giovanni Hidalgo, Kahil El'Zabar, Poncho Sanchez, Ray Barretto, Trilok Gurtu;

* Baterista do ano:
Brian Blade, Elvin Jones, Jack DeJohnette, Jeff "Tain" Watts, Matt Wilson, Roy Haynes;

Tristeza não tem fim

Além da notícia do Teddy Edwards, ontem ouvi num jornal televisivo a triste nota sobre a partida de Nina Simone. Apaixonado desde cedo por seu timbre difícil, fiquei bastante consternado com sua convocação.
Restam-nos agora suas gravações insuperáveis de "I Loves You Porgy" e "Here Comes the Sun", entre outras tantas, que alguém mais abalizado certamente comentará aqui. Assim, apenas me despeço momentäneamente, até voltar a ouví-la em um CD. Pois apenas mudou de estado, do sólido para o gasoso, permanecendo no entanto indestrutível em nossas mentes. Farewell, Nina.

Teddy Edwards

21 abril 2003

Caros amigos do blog,

É com tristeza que informo o passamento do grande saxofonista Teddy Edwards ocorrido ontem, 20 de abril, em Los Angeles. Edwards foi um dos primeiros saxofonistas-tenor do bebop - e dos melhores. Ele sempre declarou que seu disco "Blues in Teddy´s Flat", para o selo Dial, em 1946, documentou a primeira gravação de um solo bebop de sax-tenor, que na época causou grande sensação entre os músicos. Ficaram famosas suas "batalhas" de tenor ao lado de Dexter Gordon e Wardell Gray, principalmente, perpetuadas em gravações para os selos Prestige, Dial, Rex, Excelsior e Gene Norman Presents.
Teddy Edwards sempre viveu em Los Angeles e talvez por isso nunca foi devidamente reconhecido pela maioria dos críticos, exceto Leonard Feather, Ira Gitler, Don Heckman e Ralph G. Gleason. Ele foi um dos jazzmen mais assíduos nas lendárias jam-sessions que se realizavam nos clubes enfumaçados da Central Avenue, de Los Angeles, no final dos anos 40 e início dos 50, que se prolongavam até o amanhecer, ao lado de Dexter Gordon, Wardell Gray, Frank Morgan, Hampton Hawes, Art Pepper, Art Farmer, Larry Bunker, Charles Mingus, Howard McGhee, Bud Shank, Benny Carter, Corky Corcoran, Joe Maini, Barney Kessel, Red Norvo, Shelly Manne, Frank Rosolino, Jimmy Giuffre, Lucky Thompson, Dodo Marmarosa, Conte Candoli, Eric Dolphy, Gerald Wilson, Walter Benton, Bob Cooper, Teddy Charles, Herb Geller, Sonny Clark, Red Mitchell, Ziggy Vines, Arv Garrison e tantos outros.
Edwards tocou no quinteto de Max Roach-Clifford Brown, com o qual gravou um magnífico álbum para o selo Gene Norman Presents, em 1954, que inclui "Sunset Eyes", sua composição mais conhecida.
Edwards liderou vários quartetos, o mais conhecido com Joe Castro (pianista), Leroy Vinnegar (baixo) e Billy Higgins (bateria), que deixou alguns álbuns marcantes para as gravadoras Contemporary e Pacific Jazz.
Edwards deixa uma copiosa discografia. Além dos discos em seu nome, gravou com Gerald Wilson, Max Roach-Clifford Brown, Freddie Redd, Lighthouse All Stars, Joe Castro, Leroy Vinnegar, Terry Gibbs, Curtis Counce e Frank Morgan, entre muitos outros.
Há 10 anos entrevistei o baterista Billy Higgins - quando veio tocar no Heineken Concerts de 1993, com Toninho Horta e Gary Peacock - e pedi notícias de Teddy Edwards. Solícito, algo surpreso por ouvir o nome de Edwards, abriu seu costumeiro largo sorriso e disse: "Está tocando em Las Vegas liderando um naipe de cordas". Perguntei se Edwards continuava in good shape , e respondeu: "Melhor que nunca e sorrindo cada vez mais". Então descobri que os amigos de Edwards o chamavam de smiling boy.
Teddy Edwards foi um dos músicos que jamais ouvi ao vivo. Lamento que ele vivesse em Los Angeles, onde estive uma vez e nem tive tempo de ouvir jazz, pois estava com minha esposa e filho pequeno a caminho da Disneyland, em julho de 1972.
R.I.P. Teddy Edwards.

O SURGIMENTO DO JAZZ E A IMPORTÂNCIA DO TROMPETE - PARTE II

Neste momento surge Buddy Bolden, que já era um grande trompetista em Nova Orleans, embora muito jovem. Nascido em 1877, batista e apaixonado por música, Bolden inventou a batida comumente chamada de “big four”, que acentua a segunda quarta batida da marcha. Surge a partir deste momento a cadência característica do Jazz.
Em 1895, com apenas dezoito anos, Bolden criou a primeira orquestra que podemos realmente classificar como de jazz. Nesta época as bandas e orquestras co-existiam com pequenos conjuntos e o trompete já era o instrumento de grande destaque. Nos pequenos conjuntos os solos improvisados eram bem mais recorrentes do que nas bandas e orquestras, embora limitados. Os músicos, principalmente os trompetistas, começaram a copiar o estilo de Buddy Bolden, que logo se tornaria o artista mais conhecido em Nova Orleans sendo aclamado como “King Buddy Bolden”.
Nos primeiros anos do novo século, Bolden já era sucesso por toda a região e tocava ininterruptamente, dia e noite. Começou então a beber exageradamente e sua saúde foi ficando cada vez mais debilitada. Faltava e ensaios e apresentações em virtude de fortíssimas dores de cabeça que sentia e paralelamente a estes fatos começou a ficar paranóico com tudo e com todos. Suas apresentações escassearam e sua verve criativa desapareceu. Alguns anos depois foi internado no Manicômio Público de Louisiana em Jacksonville. Em 4 de novembro de 1931, Buddy Bolden morre abandonado no hospital depois de anos de internação e sem ter noção que a música que ajudara a criar já era sucesso em grande parte do mundo.
Tendo sido o primeiro trompetista do jazz, Bolden além de seu legado artístico e histórico, deixa como uma espécie de maldição, a presença trágica do infortúnio para diversos outros trompetistas que surgiram após os anos a seguir.

Marcelink

O SURGIMENTO DO JAZZ E A IMPORTÂNCIA DO TROMPETE - PARTE I

18 abril 2003

É impossível precisar quando o jazz, como forma musical teve seu nascimento, mas podemos constatar sua presença no final do século XIX na cidade de Nova Orleans no sul dos Estados Unidos.
Nesta época, Nova Orleans era um dos maiores portos americanos e uma cidade cosmopolita por excelência, onde habitavam etnias e culturas diversas. Pessoas no mundo inteiro transitavam por Nova Orleans: estrangeiros, aventureiros, comerciantes, piratas, jogadores, fugitivos e exilados. Espanhóis e franceses eram muitos e os negros, tanto os americanos natos como africanos e caribenhos, constituíam uma grande parcela da comunidade local. Em decorrência de tamanha diversidade, havia uma grande tolerância em relação aos costumes destes grupos, havendo inclusive uma certa harmonia no convívio de estrangeiros e americanos.
Na segunda metade do século XIX, Nova Orleans transformou-se num verdadeiro caldeirão cultural com suas misturas culturais e religiosas. A música era presente no cotidiano da cidade, festas, casamentos, enterros, inaugurações, todo evento tinha de ter música e as bandas de metais arrastavam dezenas de pessoas pelas ruas da cidade. Em 1838 uma edição de um jornal local já destacava que “a nova mania de Nova Orleans era a música das cornetas e trompetes”.
Os negros haviam aprendido nas fazendas onde trabalhavam, hinos e cantos religiosos e logo os transformaram em outros tipos de canto como o blues. Sendo a música presença obrigatória no dia-a-dia da cidade, havia uma grande demanda por músicos e novas bandas, dando oportunidade aos negros de trabalho constante e meios econômicos para adquirirem e manterem seus instrumentos.
À noite a permissividade reinava em Nova Orleans com seus prostíbulos e cabarés, sempre cheios e com muita música por toda a madrugada. Os músicos tocavam de dia nas ruas e de noite nas casas noturnas. Os negros então começaram a adaptar o blues dos cantores itinerantes do sul à música instrumental que tocavam nos cabarés.
Na última década do século XIX outro estilo musical, o ragtime, chegou a Nova Orleans e juntamente com o blues teve extrema importância para o surgimento do jazz. O ragtime foi criado por pianistas negros das cidades do meio-oeste americano. Sendo uma mistura de ritmos folclóricos europeus, ritmos africanos e de marchas militares, tornou-se uma música animada e de grande vitalidade, um estilo inovador e sincopado.
Os músicos de Nova Orleans começaram a tocar o blues em seus trompetes e ragtime em seus pianos e lentamente começaram a fundi-los. As cornetas e trompetes eram então os instrumentos mais populares, em grande parte pelo grande número de instrumentos disponíveis desde o final da Guerra Civil Americana, quando sobraram em enorme quantidade dos militares que não precisavam mais usa-los, e principalmente por serem muito mais baratos que os pianos.

A ORIGEM E O DESENVOLVIMENTO DO TROMPETE - PARTE III

17 abril 2003

Toda a família dos instrumentos de metal foi beneficiada nas últimas décadas com a melhoria da qualidade e precisão na fabricação dos instrumentos, mas o fator decisivo para que cada vez mais o músico extraia o melhor de seu instrumento foi o fato de que os fabricantes começarem a levar em conta os estilos pessoais dos músicos e até mesmo a constituição física de cada um. Com isso os fabricantes começaram a apresentar em seus catálogos uma ampla gama de opções, variando a espessura do metal, a maneira de como o trompete é montado e o diâmetro interno do tubo, cabendo ao músico descobrir e escolher qual o modelo que melhor se adaptará ao seu biotipo, seu estilo e ao tipo de música que executará. Tornando habitual com isso o fato de alguns trompetistas possuírem mais de um instrumento, para utilizar aquele que melhor se adapte em determinada ocasião.

Sempre houve por parte dos instrumentistas, de todas as épocas, uma incessante busca por novos sons. Os trompistas descobriram em certo momento, que colocando a mão dentro da campânula do instrumento abafava-se seu timbre, resultando em uma nova sonoridade e criando notas sensivelmente diferentes das outras. A partir deste momento foi criada e desenvolvida a surdina, objeto que colocado ou encaixado na campânula alterava o timbre original do instrumento.
O instrumentista pôde com isso alterar o timbre brilhante e penetrante do trompete, assim como produzir efeitos especias, utilizando os diversos tipos de surdina que foram criadas: wa-wa, plunger, cup e straight.
O uso da surdina amplia as opções do músico durante a execução de uma melodia, pois concede ao instrumentista a possibilidade de torná-la mais suave, distante, misteriosa ou até mesmo mais áspera e brilhante.

Marcelink

A ORIGEM E O DESENVOLVIMENTO DO TROMPETE - PARTE II

16 abril 2003

O trompete teve seu ingresso no mundo dos instrumentos musicais no Renascimento, por volta do século XV. Logo após o ano de 1600, o trompete, já dobrado em um formato oblongo, foi incorporado à orquestra, tocando inicialmente em óperas e em música sacra. Foram empregados instrumentos mais graves para contrabalançar o som agudo e estridente do trompete.
Com o objetivo de aumentar a extensão das notas, foram feitas várias experiências, tentativas e adaptações. Sabia-se que alterando o comprimento do tubo do instrumento conseguia-se uma nova série harmônica. Criou-se então um jogo de voltas, que encaixadas no instrumento aumentava seu comprimento, produzindo assim uma nova nota fundamental, que é a nota mais grave da série harmônica. Alongando o tubo a nota fundamental tornava-se mais grave e encurtando-o a nota seria mais aguda. Porém a cada volta inserida no instrumento produzia-se apenas as notas resultantes da série harmônica do novo comprimento total do tubo. Novas notas poderiam ser conseguidas mas a flexibilidade do instrumento continuava limitada.
Em 1795 foi criado um modelo de trompete que tinha orifícios laterais e chaves, permitindo o aumento de sua extensão sonora, porém com uma nítida perda do timbre brilhante característico do instrumento. Em virtude de tal fato este modelo foi descartado.
O objetivo de aumentar a extensão das notas satisfatoriamente, de forma ágil e sem interferir em seu timbre, só foi conseguido no século XIX, quando o trompista alemão Henrich Stölzer inventou e desenvolveu o primeiro sistema de válvulas para instrumentos de metal. Este sistema funciona como se houvesse um jogo de válvulas permanentemente encaixado no instrumento. Foram criadas três válvulas e ao apertar uma delas o músico selecionava instantaneamente uma nova volta, cada válvula adiciona um novo segmento de tubo ao tubo original do trompete, fazendo com que o ar seja direcionado para a volta extra. Podendo ser usadas individualmente ou em combinação, as válvulas oferecem a escolha de sete notas fundamentais e suas respectivas séries harmônicas. O trompete tornou-se capaz de tocar todos os semitons transformando-se completamente cromático em toda sua extensão.
Este sistema de válvulas foi copiado, adaptado e aperfeiçoado por vários músicos e fabricantes de instrumentos musicais. Em 1939 o construtor e musico frances Pèrinet patenteou um sistema de válvulas chamado de "gros piston" que é a origem das válvulas que utilizamos até os dias presentes.

Marcelink

A ORIGEM E O DESENVOLVIMENTO DO TROMPETE - PARTE I

Originário do oriente, o trompete é o instrumento mais antigo dentre os do naipe de metais. Concebido inicialmente como um instrumento de chamada e de alerta, os primitivos trompetes eram cornetas naturais feitas com conchas e ossos. Este ancestral do trompete tem uma história conhecida datada de muitos séculos antes da era cristã. Retos e sem válvulas, na forma de cornetas e clarins, observamos através de pinturas, esculturas, cerâmicas e outras formas de representação iconográfica, sua presença no cotidiano de inúmeors povos da antiguidade. Em escavações arqueológicas no Egito foram encontrados trompetes retos de prata e cobre de aproximadamente 1350 a.C.
Podemos afirmar que praticamente todas as civilizações que detinham a técnica de metalurgia procuravam reproduzir em metal os instrumentos feitos a partir de chifres de animais, ossos, conchas e bambus.
Na Idade Média os trompetes, ainda em forma de clarins, já haviam conquistado lugar de destaque nos feudos e vilas, sendo usado como instrumento militar de sinalização e comumente empregado em cerimônias religiosas e militares.
Contudo, em virtude de suas limitações técnicas, pois só podia emitir poucas notas, não era considerado um instrumento musical completo. Para emitir os sons, o tocador deste trompete medieval colocava o bocal em contato com seus lábios e soprava, fazendo os lábios vibrarem e colocando uma coluna de ar dentro do instrumento, produzindo assim uma nota. Relaxando os lábios e fazendo eles vibrarem mais lentamente conseguia notas mais graves e aumentando a tensão dos lábios e sua vibração conseguia notas mais agudas. Porém era muito limitada a série de notas conseguidas com esse processo.
O timbre do trompete, brilhante, intenso e vibrante, se deve ao diâmetro interno estreito e cilíndrico e a sua campânula moderadamente aberta.

Marcelink

CHICAGO @@@

15 abril 2003

Um musical que começa com a canção "all that jazz" e também termina com a palavra "jazz", não pode passar em branco neste fórum.

Ainda que não igualando, nem de longe, o impacto da montagem teatral, o filme traduz êxito indicutível.

Tecnicamente, é cinema de alto nível, destacando-se a montagem primorosa e, fato raríssimo em Holywood, uma direção - de atores - extraordinária, como que tirando "leite de pedra".

Se, "no papel" - como dizem os futebolistas - mostra-se improvável a trinca de protagonistas, a verdade é que Renee Zelweger, Catherine Zeta-Jones e Richard Gere, nas mãos de Rob Marshall, surpreendem e cumprem, plenamente, seus papéis.

O diferencial, aqui, é que Marshall é um especialista no gênero, e, assim, mesmo contando com atores sem nenhuma intimidade com musicais - não têm sequer o physique du role para tal - o direitor operou o milagre de adaptá-los àquele ambiente todo particular e nada fácil para a grande maioria.

Quem viu a "gordinha" Zellweger, no papel de "Bridget Jones", nem acredita vendo-a na pele da esquelética Roxie Hart. Zetha Jones, por sua vez, tem plástica e presença que casam melhor com o musical. Mas é Gere, de longe, o melhor dos três, totalmente à vontade - fácil entender - no papel do advogado "canastrão" e salvador das "homicidas".

Fica só uma dúvida, deixada pela edição "ligeirinha": foi ele mesmo - ou um dublé - quem sapateou, no melhor momento do filme, o da defesa de Roxye no Tribunal ?

Em síntese, "Chicago" é a transposição perfeita, dos palcos para a tela, do longevo musical homônimo, perfazendo, com rara eficiência, o caminho entre estas linguagens tão diferentes. Afinal, sempre será difícil resistir ao delicioso apelo de "jazz and liqueur".

Bene-X

Alguns PRIMEIROS do Jazz

Com o objetivo de fazer do CJUB algo mais na linha de repositório para referências jazzísticas, e seguindo o exemplo do Marcelink, que está nos brindando com material acerca da origem dos instrumentos mais utilizados pelos jazzistas, publico aqui a lista dos PRIMEIROS, com alguns fatos históricos que poderão ajudar a leitores iniciantes. O texto, no original, está nesta página do Jazz Resource Library, organização que se dedica a manter registros variados sobre este estilo de arte musical.

PRIMEIROS E IMPORTANTES:

Primeira gravação de Jazz: Livery Stable Blues, Original Dixieland Jass Band (ODJB) - 1917
Primeira gravação de "blues" classico: Crazy Blues, Mamie Smith - 1920
Primeira gravação por banda negra: Ory's Creole Trombone / Society Blues, Kid Ory's Sunshine Orchestra - 1921
Primeiras gravações femininas: Ma Rainey e Bessie Smith gravaram pela primeira vez (New York) - 1923
Primeira gravação de King Oliver -Gennett Records - 1923
Primeira sessão de gravação mista (racialmente): New Orleans Rhythm Kings (NORK) e Jelly Roll Morton (Mr. Jelly Lord, London Blues, Milenberg Joys, etc.) - 1923
Primeiras gravações de Louis Armstrong como líder Hot 5 - 1925
Primeira gravação de um "scat": Louis Armstrong, Heebie Jeebies - 1925
Primeira gravação de um "boogie-woogie": Meade Lux Lewis, Honky Tonk Train - 1927
Primeiras gravações de Benny Goodman e Jimmy Lunceford - 1934
Primeiro "disco de ouro" da história: Glenn Miller, Chattanooga Choo-Choo -1942
Primeiro solo de jazz em guitarra elétrica (amplificada): Floyd Smith, Floyd’s Guitar Blues - 1939
Primeiro álbum modal: Miles Davis, Kind Of Blue - 1959
Primeiro grande álbum no estilo "Bossa Nova": João Gilberto, Chega de Saudade - 1959
O início do "fusion": Miles Davis, Bitches Brew - 1969

Outros "Primeiros" Importantes

Primeiro improvisador do jazz: Louis Armstrong
Primeiro compositor de jazz: Jelly Roll Morton
Primeiro conjunto de jazz em filme: Original Dixieland Jass Band (ODJB) in The Good For Nothing - 1917
Primeira composição de "ragtime" publicada: William Krell, Mississippi Rag - 1897
Primeira "rag" de compositor negro publicada: Thomas Million Turpin, The Harlem Rag - 1897
Primeiro grupo interracial de jazz: Benny Goodman Trio (Benny Goodman/Teddy Wilson/Gene Krupa)
Primeiro baixista de jazz moderno: Jimmy Blanton
Primeiro guitarrista de jazz moderno: Charlie Christian
Primeiro compositor a determinar o padrão de contrapor metais a palhetas: Fletcher Henderson
Primeira banda a usar cinco saxes: Benny Carter
Primeiro musico de jazz a ser indicado para um Prêmio Pulitzer: Duke Ellington
Primeira vocalista negra com uma grande orquestra branca: Billie Holiday with Artie Shaw - 1938
Primeiro concerto "Jazz at the Philharmonic" - 1943
Primeira composição modal: Miles Davis, Miles aka Milestones - 1958

OS TROMPETES

Com a devida concordância do nosso Mau Nah (The Pres) começarei a escrever sobre o instrumento chave no surgimento e desenvolvimento do jazz, o trompete. Nos primeiros textos falarei como ele surgiu e foi aperfeiçoado durante os séculos. Em seguida, da sua importância nos primeiros anos e os primeiros trompetistas do jazz. Venho trabalhando nestes textos há algum tempo e espero a colaboração de todos para correções, críticas e acréscimos de informações. Postarei o primeiro texto hoje à noite.

Marcelink

ALBERT EKCHOUT

14 abril 2003

Ekchout veio ao Brasil na comitiva de Maurício de Nassau e ficou durante 8 anos com a finalidade de retratar a natureza étnica que aqui vivia juntamente com os variados tipos de frutas, legumes e flores nativos para serem mostrados ao velho continente. Esta introdução é importante para se situar o contexto da obra e a importância histórica. O destaque fica por conta de 9 óleos imensos mostrando os negros, índios e mulatos. São obras de grande beleza e boa técnica. A seguir vem uma série de naturezas-mortas retratando frutas e legumes nativos. Na minha opinião, a importância dessas naturezas-mortas é de caráter histórico, não havendo qualquer destaque no sentito artístico. Finalmente, existem 3 óleos pequenos retratando 3 negros africanos, não relacionados ao Brasil. São 3 obras muito boas mas, a autoria de Ekchout não é confirmada.
Resumo: Vale dar uma olhada.
Marcelón

REMBRANDT

Amigos, Rembrandt, como todos sebem, foi um dos "Gênios da Pintura". O que eu não sabia é que ele também foi um dos "Gênios da Gravura". A exposição organizada pelo CCBB mostra a arte da gravura de Rembrandt. São apresentadas 83 gravuras originais (ele produziu em torno de 300) e uma seleção de outros artistas, discípulos dele. Rembrandt foi um inovador no seu tempo e grande parte do seu trabalho foi feita usando a técnica de água-forte. Diferentemente da pintura, onde trabalhou principalmente com temas históricos, na gravura não se restringiu a esses temas e retratou também o cotidiano da vida no campo e na cidade.
A riqueza de detalhes e a beleza das gravuras fascina e nos deixa com aquela sensação de arrebatamento e empolgação, a mesma que sentimos quando ouvimos ou assistimos um grande show de jazz.
A exposição está muito bem montada, de maneira quase didática, mas se voce tiver uma boa lupa em casa leve, pois o número de lupas disponíveis é insuficiente.
Resumo: IMPERDÍVEL!
Marcelón

Formação do Chivas Jazz mistura o clássico à vanguarda

Segue a programação do Chivas Jazz Festival, hoje o principal festival para aficcionados no Rio de Janeiro, até que se tenha a programação do Tim Jazz, ex-Free Jazz, para comparação. Tomando-se pelo Chivas dos anos anteriores, o uísque superou o cigarro em termos da qualidade dos artistas. Será que manterá a tradição, agora sobre a telefonia? Lá vai:

4º CHIVAS JAZZ FESTIVAL
28, 29, 30 e 31 de MAIO, 2003
MARINA DA GLÓRIA - RIO DE JANEIRO, com início sempre às 21:30 hs.

28/05:
JASON MORAN TRIO : com Jason Moran, piano; Tarus Mateen, baixo; Nasheet Waits, bateria.

MARY STALLINGS & Trio : com Mary Stallings, vocal; Michael Bluestein, piano; Geoff Brennan, baixo; Babatunde Lea, bateria.
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29/05:
PAUL MOTIAN & THE ELETRIC BEBOP BAND, com Paul Motian, bateria; Jakob Bro, guitarra; Steve Cardenas, guitarra; Chris Check, sax tenor; Anders Christensen, baixo; Tony Malaby, sax.

ERIC ALEXANDER QUARTET: com Eric Alexander, sax tenor; Harold Mabern, piano; John Webber, baixo; Joseph Farnsworth, bateria.
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30/05:
PAUL BLEY: com Paul Bley, em piano-solo.

THE KÖNITZ & TALMOR NONETT: com Lee Konitz, sax alto; Ohad Talmor sax e clarinete; Denis Lee, clarinete baixo e sax tenor; Daniel Alcântara, trompete; Sidnei Borgani, trombone; Dimos Goudaroulis, violoncelo; Djalma Lima, guitarra; Bob Bowen, baixo; Matt Wilson, bateria.
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31/05
ARTHUR BLYTHE TRIO, com: Arthur Blythe, sax alto, Bob Stewart, tuba; Cecil Brooks, bateria.

DOM SALVADOR QUARTETO, com: Dom Salvador, piano; Dick Oats, sax e flauta; Rogério Botter Maio, baixo; Duduka da Fonseca, bateria.

Essa é a turma que vai incendiar a lona na Marina da Glória.

RON CARTER QUARTET, 2º SET, MISTURA FINA, 11/4/2003

13 abril 2003

Noite fabulosa experimentou a mesa do CJUB, sexta passada, diante do quarteto de Ron Carter, na habitual passagem que o grupo faz pela cidade (praticamente) todos os anos, sempre visitando o palco do Mistura Fina. MauNah, Sazz, DeFrag e Bene-X formaram a - felizarda - Reportagem. Segue resenha.

No deserto jazzístico em que transformou-se o Rio nas últimas décadas, prestigiar a vinda de um músico como Ron Carter, passou a ser, pelo menos para os fãs do gênero, quase uma obrigação, um verdadeiro "dever de casa" para os aficcionados.

Sabe-se que Carter, por diversas vezes, ultrapassou as fronteiras do Jazz, participando de milhares de gravações, várias fora daquele estilo, do qual, entretanto, tornou-se, sem dúvida, o mais famoso dos baixistas, dividindo o posto, talvez, com Charles Mingus apenas.

Participou do inovador "2º quinteto" de Miles Davis, que, nos anos 60, projetou, também, Herbie Hancock, Wayne Shorter e Tony Williams, todos buscando, depois, em seus projetos individuais, agregar, em maior ou menor escala, elementos do "fusion".

Voltou a flertar, porém, com a Música Clássica - ambiente de sua formação original, como violoncelista de orquestra - em álbuns de resultado dúvidoso, exercitando-se, em outras oportunidades, no Piccolo Bass (irmão bissexto do tradicional Upright) cuja sonoridade, principalmente ao pizzicato, assemelha-se à do cello tocado, outrora, p.e., por Oscar Pettiford e Sam Jones.

Na década passada, retornou ao mainstream com um quarteto que permanece ativo, tendo Stephen Scott ao piano, Steve Kroon na percussão e Payton Crossley, integrado, nos últimos anos, em lugar de Lewis Nash, na bateria.

O grupo deu mostra, ontem, de impressionante vitalidade, mostrando um nível de interação elevadíssimo, que só combos "extra-classe" conseguem atingir.

O setlist foi apresentado de forma inusitada, concentrado em forma de uma suíte que, com 50 minutos, tomou quase toda a 2ª sessão e teve em Seven Steps to Heaven sua abertura, encerramento e a bridge para diversos temas, como Blue in Green, Willow Weep for Me, Blue Bossa e Estate, entre outros, servindo ora a desenvolvimento maior, ora, muitas vezes, como mera citação.

Stephen Scott é, como tantos jovens jazzmen de hoje, um músico completo, requisitadíssimo por young lions e giants. Seu mérito indiscutível é possuir, tão cedo, um qualificado fraseado característico, um "som só seu", que, gostos à parte, o distingue dos colegas e revela seu talento superior.

Payton Crossley mostra-se prudente e eficaz, responsivo aos estímulos do piano e do líder, na mesma medida de seu par rítmico, Steve Kroon.

Todos catalisam e reagem quase que intuitivamente à usina sonora representada pelo baixo de Carter, senhor absoluto do instrumento, dono de intrincada digitação e "abusando" de acordes, originalidade ímpar nos glissandos e intervalos, trinados impecáveis e tudo o mais capaz de levar a platéia, em geral, ao delírio, e os baxistas, ao desatino.

O conjunto encerrou o set com You and the Night and the Music, trazendo, com ela, o ponto alto da noite, um solo do líder, como há muito aqui não se ouvia, sem interrupção do tempo da música, ou seja, um solo dentro do trilho do walking bass, incrivelmente inventivo e energético, à moda dos baixistas anteriores a Scott LaFaro.

My Funny Valentine foi o gentil encore eleito para a convocação final, a de que todos, ano que vem, aficcionados ou não, façamos o "dever de casa", acorrendo ao Mistura no "holyday in Rio" de Ron Carter.

Bene-X

Imagens desaparecidas

12 abril 2003

Há alguns dias está fora do ar o disco virtual do Uol onde hospedamos algumas imagens e ilustrações. Depois de ligar e ouvir do homossexualzinho (viram, politicamente correto, eu) do serviço terceirizado que "as imagens estariam sendo visíveis assim que eles estivessem resolvendo o problema" (sic), coisa que eu nem de longe poderia imaginar sozinho, mandei-o, de forma muito gentil, ir fazer aquilo de que mais gostava, e que levasse junto o pessoal do UOL para assistir. Acho que estou ficando meio sem paciência com essas minorias (se bem que pela ubiqüidade, já devem sem maioria, pelo menos nas empresas de tele-marketing) gerundistas terceirizadas. Desculpem a cara bagunçada da página do CJUB. Até.

Ron Carter e Trio, Mistura Fina, sexta ,10 de abril, 2003.

Aqui estão as fotos da representação do CJUB presente ao evento. Uma no camarim com o simpático e tímido Ron, e a outra com o sensacional pianista Stephen Scott. Por favor peço a algum dos editores presentes que faça a resenha do show propriamente dito.

Festival de Jazz de São Francisco

11 abril 2003

Muito curiosa a maneira pela qual os gringos se referem ao nosso impagável João Gilberto, em sua chamada para o show dele no próximo dia 26 de julho. Senão observem, copiado diretamente do site do festival:

Saturday July 26
"O Mito on Stage"
João Gilberto
Masonic Auditorium, 8:00 P.M.
$25 / $35 / $45 / $60 Gold Circle


Não é para qualquer um, não. Grande João.

Finalmente as grandes fotos da reunião "chez" Bené-X

10 abril 2003

Aqui, para ver todos juntos;
aqui para Raf, Marcelink e BeneX;
aqui, para Sazz, DeFrag e Goltinho,
aqui, para BeneX, DeFrag e Raf;
aqui, para BeneX, Raf, MauNah, Marcelink, Marcelón;
aqui para um brindaço coletivo;
aqui, de novo os oito;
aqui, o uísque de DeFrag, o próprio e Raf;
aqui, para DeFrag e MauNah;
aqui, para o concentrado solo do Goltinho ao piano, observado pelo Raf, com a platéia de pé atrás, dando força;
aqui, para a alegria de Goltinho, DeFrag e Sazz;
e aqui, para tirar o chapéu para nossos dois grão-mestres.

PARA COMPARAR

Para comparação, eis os links para o acervo de jazz de:
AMERICANAS.COM
SOMLIVRE.COM
Ambos os sites, muito baratos, as vezes com bom parcelamento e até que com razoável variedade, em grande parte por causa dos lançamentos da BMG, reeditando grandes títulos da Fantasy e, agora, da Blue Bird.

Belas fotos de jazz

aqui um repositório de fotos, a grande maioria em p&b, de momentos marcantes de exibições de artistas ligados ao jazz. Há também portraits, como este abaixo, da grande Carmen McRae. E logo depois vi essa da Ella. Que dispensa legenda.

Chequem isto, imagem da última reunião

09 abril 2003

Cliquem aqui para ver que bela surpresa!
A propósito, criei outra página apenas para hospedar as imagens de grande porte e aliviar esta. Em breve todos poderão ver tudo o que estava arquivado por falta de espaço, inclusive material inédito e não-censurado das reuniões anteriores. E quem quiser receber pelos seus direitos de imagem, favor dirigir-se ao nosso escritório central, à Av. Atlantica, 1111, Copa, RJ. Falar com o Manny Wishes.

SEGUREM AS PEDRADAS 2, A MISSÃO

08 abril 2003

Vejam na Barnes & Noble a "modesta" relação de "japanese imports" em Jazz, disponível à venda na bn.com.

Chaloff, p.e., está lá, com seu The Fable of Mable ...

A menção ao CJUB além-mar, mais precisamente na terrinha,
muito nos honra...

07 abril 2003

O João Carvalho Fernandes, ao fazer um link em seu blog "Fumaças", na categoria Prazeres, para o nosso CJUB, muito nos envaidece. Fica aqui o convite para que apareça sempre que quiser e que participe de nossas discussões. Seja bem-vindo, João, e um abraço do time da casa. Vejam aqui a pinta da página do João.

Raffaelli é Notícia: "e acabamos de receber"

A Associação de Jornalistas de Jazz, de New York, divulgou a relação dos indicados para concorrer ao prêmio de melhores do jazz de 2002/2003. Mais de 400 jornalistas, radialistas, fotógrafos e profissionais da mídia elegeram os concorrentes das diversas categorias. Os vencedores receberão seus troféus no B. B. King´s Blues Club, em New York, dia 17 de junho próximo.

Relação dos selecionados:
1) Conjunto da obra:
Cecil Taylor, Elvin Jones, Lee Konitz, Roy Haynes, Wayne Shorter;

2) Músico do ano:
Dave Douglas, Dave Holland, Joe Lovano, Matt Shipp, Wayne Shorter;

3) Revelação do ano:
Ben Allison, Jason Moran, Jeremy Pelt, John Hollenbeck, Vijay Iyer;

4) Álbum do ano:
Always Let Me Go (ECM) -- Keith Jarrett, Gary Peacock and Jack DeJohnette
Footprints Live! (Verve) -- Wayne Shorter
Modernistic (Blue Note) -- Jason Moran
Peace Pipe (Palmetto) -- Ben Allison
What Goes Around (ECM) -- Dave Holland Big Band

5) Reedição do ano:
A Love Supreme (Impulse) -- John Coltrane
Clifford Brown and Max Roach at Basin Street (Emarcy/Verve)
Live at the Golden Circle (Blue Note) -- Ornette Coleman Trio
Money Jungle (Blue Note) -- Duke Ellington, Charles Mingus, Max Roach
Monk's Dream (Columbia Legacy) -- Thelonious Monk

6) Caixa histórica do ano:
Charlie Christian - Genius of the Electric Guitar (Columbia Legacy)
Complete Miles Davis at Montreux (Columbia Legacy/Warner Bros. Switzerland)
Grant Green: Retrospetive (Blue Note)
The Classic Columbia and Okeh: Joe Venuti and Eddie Lang Recordings (Mosaic)
The Herbie Hancock Box (Columbia Legacy)

A Foto Fala Por Si Só

A foto abaixo fala por si só. Evitando cair no lugar-comum do "uma imagem vale mais que mil palavras", não há melhor forma de descrever a antológica noite vivida ontem nos domínios de Mau Nah. O programa acordado era levarmos, cada um, duas de suas músicas eleitas como favoritas, aqui no muro. O clima sempre fraterno, embalado por jazz da mais alta categoria, propiciou aos presentes uma atmosfera da qual não se esquecerá por muito tempo, e coube a mim a incumbência - mais que agradável - de compilar as músicas eleitas, verdadeiros petardos, ou, como diria meu querido Sazz, pedradas:

1. Happy Reunion (live) - Duke Ellington & Paul Gonsalves;
2. Chelsea Bridge - Gerry Mulligan & Ben Webster;
3. Lover Man - Charlie Parker & Red Rodney;
4. Groovin' High (live) - Dizzy Gillespie Big Band (Phil Woods);
5. Laurie - Bill Evans & Tom Harrell;
6. Cherokee (live) - GRP All Stars Big Band (Arturo Sandoval);
7. Maria - Oscar Peterson Trio (Ray Brown & Ed Thigpen);
8. All Blues - Dennis Rowland (vocal);
9. I Could Have Danced All Night - Shelly Manne & André Previn;
10. The Blues Walk - Clifford Brown & Max Roach;
11. Moanin' - Art Blakey & The Jazz Messengers;
12. A Nightingale Sung in Berkeley Square - Roland Kirk; e
13. You Go to My Head - Stan Kenton.

Com a lembrança da memorável noite e seus sons inesquecíveis, desejo a todos uma excelente semana.

A foto fala por si só?

Noite de domingo, chuva, amigos, charutos, jazz, uísque. E blog, agora. Segue o link para o documento visual. Quem puder que descreva o que, onde e pra que. Boa noite. E ótima segunda-feira.

Antonio Carlos Jobim, Terapeuta Mestre, por Judith Schlesinger *

03 abril 2003

No dia seguinte ao que Jobim morreu, eu estava em uma loja, tentando, como de hábito, ignorar a "musica" (musak) de lá. De repente começaram a tocar "Garota de Ipanema" com um daqueles arranjos assassinos. Era tão ruim, especialmente depois de ter ouvido tanto na véspera pelas rádios, diversas de suas obras maravilhosas, que eu não sabia se chorava ou se ria com "aquele tributo!", pensei. Mas então me dei conta do que era de fato: era a prova de que a música de Jobim tinha se entremeado tão completamente em nossa cultura, desde o topo e descendo, toda a vida, até o fundo.
Milhões de palavras foram escritas sobre como suas canções serão reinterpretadas para sempre e porque elas estão ainda frescas quarenta anos depois de terem sido escritas. As harmonias com sua assinatura continuam a inspirar a músicos de jazz e seu som suavemente tropical é reconhecido e adorado em todo o mundo.
Mas a influência de Jobim é mais do que musical: ele também era um terapeuta, provendo uma sábia perspectiva em como lidar com a dor. Jobim sabia que música e dor são relacionadas; uma vez ele disse que "para ser músico no Brasil você precisa ser abençoado com uma forte dose de sofrimento, sem o que você não tem motivo para sair da praia". Ele próprio teve de abandoná-la depois de sofrer um problema sério de coluna; talvez seu legado de mais de 400 músicas tenha sido o resultado disso.
Suas composições sempre foram pungentes; mas enquanto elas guardam algum sofrimento, alisam suas bordas e balançam-no com aquela batida suave da bossa-nova. Afinal de contas, sua composição mais famosa, "Garota de Ipanema", com todo o seu
charme, é na verdade um testamento sobre o amor não correspondido. "Triste" é dançável; "A Felicidade" é cheia de melancolia; e mesmo quando ele molha os pés nesse sentimento, jamais se deixa envolver por ele. "Insensatez" descreve o momento clássico da tristeza ao fim de um caso de amor, mas Jobim lhe dá suavidade e leveza.
De fato, mesmo ser um pouco desafinado, como na canção com esse título, pode ser uma vantagem. "Gente que está sempre afinadinha, -disse uma vez- nunca está amando." Jobim abraçou o mutável desequilíbrio da vida, mostrando-nos a impossibilidade de ser puramente triste ou puramente feliz. Como um bom terapeuta, Jobim ilumina o jogo dos opostos; como um mestre terapeuta, ele os integra num todo coerente. Todas as percepções psicológicas deveriam ser bonitas assim.
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Judith Schlesinger é psicóloga, musicista e escritora, cujo último livro virou a biografia filmada de Humphrey Bogart. Está trabalhando atualmente em "Alegria Perigosa: O Músico Louco e Outros Mitos Criativos. Ela tem escrito resenhas para allaboutjazz, para o All-Music Guide e para o site 52ndStreet.com, enquanto que suas ruminações sobre psicologia, educação e cultura vem sendo publicadas pelo jornal Baltimore Sun desde 1996.
E ao que parece é "pen-pal" de nosso querido Raf !

Senhores, embora com artistas radicados no exterior, existe jazz brasileiro!

01 abril 2003

Transcrevo notícia desta data publicada no The New York Times, sobre a futura programação jazzística do Lincoln Center, em NYC. Se algum outro editor puder traduzir o texto, seria uma beleza. Infelizmente, estou sem tempo para tanto. Aí vai, como copiado do NYT, com grifos meus:

"Jazz at Lincoln Center will dedicate its next season to exploring jazz as it is played around the world. The season, called "Jazz Is Spoken Here," begins in September and will include jazz from Russia, Brazil, France and Britain. Jazz at Lincoln Center is to announce the schedule of performances and educational events today. The organization will also expand the scope of its new Afro-Latin Big Band and continue a series of concerts reinterpreting the music of major jazz figures, among them Thelonious Monk and Miles Davis.
The international program will emphasize the links between the world's different kinds of jazz. It will start with a collaboration between the Lincoln Center Jazz Orchestra and the Igor Butman Big Band from Russia. In October the Algerian-French pianist Martial Solal, one of the best jazz pianists in the world and still largely unknown in the United States, will be honored with a concert featuring commissioned work.
The French harmonica virtuoso Toots Theilemans will explore Brazilian jazz in a concert with the guitarist Oscar Castro-Neves and the percussionist Airto Moreira in April next year; in January, for a show at Alice Tully Hall called "European Themes," the Lincoln Center Jazz Orchestra, led by Wynton Marsalis, will play an entire program of Europe-inspired jazz, as composed by John Lewis, Gil Evans and others.
Monk's music will be the subject of solo interpretations by the celebrated tenor saxophonist Chris Potter and the Chinese pipa-player Min Xiao-Fen, among others. The concerts will be at the Kaplan Penthouse in December; in the same space and also in December, Miles Davis will be the theme in a concert featuring young and veteran trumpeters. Other Kaplan shows will focus on Dexter Gordon, Lionel Hampton and Milt Jackson.
Larger concerts, at Alice Tully Hall, are to include evenings built around the work of Count Basie in January, Mary Lou Williams in May and Ornette Coleman in February. The Coleman concert will feature the Lincoln Center Jazz Orchestra and Dewey Redman as guest soloist. Dave Brubeck will appear at Avery Fisher Hall in March with an octet, a rare format for his playing or arranging since the late 1940's.
The nightclub-style "Singers Over Manhattan" series of double-bills at the Kaplan Penthouse will include the vocalists Carla Cook, Lucky Peterson, Sheila Jordan, Ian Shaw, Paula West and Mose Allison; there will also be solo-piano performances there by Brad Mehldau, Kenny Barron, Cesar Camargo Mariano and Hilton Ruiz. A Valentine's-eve concert at Avery Fisher Hall will present a double bill of Ahmad Jamal and Shirley Horn. And the Lincoln Center Afro-Latin Big Band, led by the pianist Arturo O'Farrill, will perform in an evening of Latin-jazz repertory in March at Alice Tully Hall.
Educational events now make up two-thirds of Jazz at Lincoln Center's schedule. Next year they will include the ninth annual "Essentially Ellington" high-school jazz band competition, on May 23 and 24 and a second season for the "Jazz for Young People" jazz-appreciation curriculum for middle schools.
The Lincoln Center Jazz Orchestra will play more than 60 dates on the road, including a four-day performance and educational residency in Mexico City. In December it will go to Boston for a brief residency with the Boston Symphony Orchestra to perform Mr. Marsalis's extended work "All Rise," conducted by Kurt Masur.
Todd Barkan, the organization's artistic administrator, said that Jazz at Lincoln Center was still planning to open its new Columbus Circle home in the fall of 2004."

Alegria - Wayne Shorter, VERVE, lançado em 25/3

WAYNE SHORTER acaba de lançar seu último disco chamado Alegria, totalmente acústico, ao que parece demonstrando seu respeito e sua adaptabilidade à musica dita "global", aí incluída a música brasileira. Desfiando desde as Bachianas n.5 até temas de nítida influência africana, como Angola, Shorter se faz acompanhar de uma seleção de ótimos músicos atuantes no meio jazzístico, num time que impõe respeito.
Senão, vejam quem dá o ar de sua graça em Alegria: Danilo Perez e Brad Mehldau nos pianos, John Patitucci no baixo, Brian Blade e Terri Lyne Carrington na bateria, Alex Acuña na percussão e, nos sopros, a seguinte galeria de feras: Chris Potter no bass clarinet e no sax tenor, Lew Soloff, Chris Gekker e Jeremy Pelt nos trompetes, Michael Boschen, Steve Davis, Bruce Eidem, Jim Pugh e Papo Vasquez nos trombones, além de outros diversos músicos de apoio nos cellos, tuba, flauta, oboé, etc, dentre outros sinfônicos.
As faixas são 1.Sacajawea; 2.Serenata; 3.Vendiendo Alegria; 4.Bachianas Brasileiras No. 5; 5.Angola; 6.Interlude; 7.She Moves Through The Fair; 8.Orbits; 9. 12th Century Carol; 10.Capricorn II .
O tenor de Shorter, que não atuava como líder em um disco acústico desde 1967, amolda-se facilmente a temas tão distintos como um de inspiração celta e outro baseado numa popular melodia espanhola dos anos 60.
E isso é jazz, perguntariam vocês? Cabe a cada um ouvir o disco e então, aqui voltar para um debate mais completo. Com alegria.

Notícias de jazz em... Tauranga (* WPIT?)

Enrico, nosso repórter avançado, hoje do outro lado desta bola azul a quem chamamos de Terra (embora 2/3 sejam água) nos dá conta de que na Nova Zelândia, e mais precisamente fora da capital Auckland, há jazz para ninguém botar defeito. A cidade de Tauranga, com efeito, vem sediando um festival de jazz há 41 anos, que se considera o mais antigo festival de jazz no hemisfério sul e o mais longo festival consecutivo e num mesmo local DO MUNDO, sempre na época da Páscoa. Seguindo este link, dá para se ter uma idéia de como as coisas funcionam por lá, ainda na base das apresentações de bandas que emulam o som de New Orleans além de prestigiarem totalmente os músicos locais.
Mas uma certa apresentação me fez babar. A da abertura do festival em 17 de abril: a apresentação, pela primeira vez, de filme que retrata Billie Holliday no "Emerson's Bar and Grill", de Sydney, Austrália, onde interpreta nada menos do que 15 canções num único set. Como nada é perfeito, o histórico show ocorreu próximo aos últimos dias de Lady Day, o que certamente a mostrará bastante prejudicada em termos vocais. Mas, indubitavelmente um documento histórico imperdível. Alguém se habilita?
(*) what's p.... is that?