Milhões de palavras foram escritas sobre como suas canções serão reinterpretadas para sempre e porque elas estão ainda frescas quarenta anos depois de terem sido escritas. As harmonias com sua assinatura continuam a inspirar a músicos de jazz e seu som suavemente tropical é reconhecido e adorado em todo o mundo.
Mas a influência de Jobim é mais do que musical: ele também era um terapeuta, provendo uma sábia perspectiva em como lidar com a dor.
Suas composições sempre foram pungentes; mas enquanto elas guardam algum sofrimento, alisam suas bordas e balançam-no com aquela batida suave da bossa-nova. Afinal de contas, sua composição mais famosa, "Garota de Ipanema", com todo o seu
charme, é na verdade um testamento sobre o amor não correspondido. "Triste" é dançável; "A Felicidade" é cheia de melancolia; e mesmo quando ele molha os pés nesse sentimento, jamais se deixa envolver por ele. "Insensatez" descreve o momento clássico da tristeza ao fim de um caso de amor, mas Jobim lhe dá suavidade e leveza.
De fato, mesmo ser um pouco desafinado, como na canção com esse título, pode ser uma vantagem. "Gente que está sempre afinadinha, -disse uma vez- nunca está amando." Jobim abraçou o mutável desequilíbrio da vida, mostrando-nos a impossibilidade de ser puramente triste ou puramente feliz. Como um bom terapeuta, Jobim ilumina o jogo dos opostos; como um mestre terapeuta, ele os integra num todo coerente. Todas as percepções psicológicas deveriam ser bonitas assim.
--------------------------
Judith Schlesinger é psicóloga, musicista e escritora, cujo último livro virou a biografia filmada de Humphrey Bogart. Está trabalhando atualmente em "Alegria Perigosa: O Músico Louco e Outros Mitos Criativos. Ela tem escrito resenhas para allaboutjazz, para o All-Music Guide e para o site 52ndStreet.com, enquanto que suas ruminações sobre psicologia, educação e cultura vem sendo publicadas pelo jornal Baltimore Sun desde 1996.
E ao que parece é "pen-pal" de nosso querido Raf !
Nenhum comentário:
Postar um comentário