Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

JAZZ QUIZ

29 dezembro 2003

Um pouco de diversão para estimular e exercitar as memórias.
Aqui vão três testes para a turma do CJUB:

1. O que têm em comum as composições de jazz "The Great Lie", "Too Much of A Good Thing", "Keen and Peachy", "Bebop Romp" e "Index" ?

2. O que têm em comum as canções "These Foolish Things", "Symphony" e "Nancy" ?

3. O que têm em comum os bateristas Cozy Cole, Sidney Cattlet e Kenny Clarke ?

Abraços,
Raf

UFRJAZZ ENSEMBLE NO PARQUE DAS RUÍNAS

O dia ensolarado era um motivo perfeito para não ficarmos em casa, contudo, pela manhã, aquela preguiça gostosa de férias de verão nos impediu de levantarmos mais cedo para irmos à praia. Porém um café da manhã com muitas frutas, meu jornal ao lado e uma musiquinha da boa tocando, era tudo o que eu queria naquele início de dia.
Já tinha combinado com meu irmão Arcy de irmos à tarde no Parque das Ruínas assistir à apresentação da UFRJazz Ensemble. Ele mora bem pertinho dali e combinei de chegar mais cedo, de bondinho é claro, para ficarmos papeando um pouco. Quando lá cheguei encontrei um primo que não via há muito tempo. Morador de São Paulo e passando férias por aqui, ficou interessadíssimo ao saber do programa já agendado para logo mais. A primeira vez que ouvi um disco instrumental na vida, aos 16 anos, foi na casa dele e portanto, leva-lo ao Parque das Ruínas naquela tarde seria uma forma de retribuir aquele presente.

O Parque das Ruínas é lindo. A vista da Baía de Guanabara com o Pão de Açúcar ao fundo é de deixar qualquer um de queixo caído. O céu azul e a brisa fresca de fim de tarde só contribuíam para transformar aquele momento num dia inesquecível. Umas cem pessoas observavam os músicos se posicionando. Encontrei o trompetista Alfredo de Paula que, após perguntar pelos demais membros do CJUB, profetizou que eu iria presenciar um belíssimo concerto.

Às 18h o maestro José Rua iniciou a apresentação falando sobre a UFRJazz e do projeto em si. Teríamos uma apresentação dedicada a compositores brasileiros e a orquestra começou tocando composições de Vitor Assis Brasil. O saxofonista Fernando Trocado, que se apresentou no CJL 3, nos brindou com um belíssimo solo conseguindo os primeiros aplausos do dia. Com dezoito integrantes, a orquestra desenvolvia cada tema de forma vibrante e segura, percebendo-se claramente que o grupo está em plena atividade, pois o entrosamento entre seus integrantes e a perfeita simbiose com seu maestro, traduzem horas e mais horas de ensaio e o grande número de apresentações que vem fazendo.

Seguindo a apresentação, ouvimos as composições “Eclipse” e “Mendanha” de Jovino Santos Neto. Neste momento um de meus filhos se encantava com a percussão e o outro prestava atenção nas flautas, tentando aprender alguma coisa do instrumento recém adquirido. A platéia era pura atenção, vibrando a cada solo e ouvindo as explicações do maestro antes de cada composição ser executada.

José Rua disse à platéia que o tema seguinte seria de Hermeto Pascoal, que tem um belíssimo trabalho dedicado a Big Band. Segundo o maestro, Hermeto, por não sentir esse trabalho reconhecido por aqui só o apresenta no exterior, portanto seria a primeira vez que uma platéia brasileira iria ouvi-la. Fiquei de pé, me aproximei do palco e atentamente pude ouvir uma verdadeira maravilha. Sem dúvida o ponto alto da apresentação. Em determinado momento, todos os músicos, alternadamente, levantavam-se e diziam sílabas que depois formavam uma frase dita em uníssono por todos. O resultado final foi sensacional e não pude deixar de exclamar um “Beleza!!” no final da apresentação. Muito bom! Surpreendente mesmo!!

O concerto seguiu com arranjos do trompetista Julio Barbosa para “Corcovado” e “Garota de Ipanema” e um “Rhapsody in Blue” num estilo bem diferente. Tivemos ainda composições de Eduardo Camenietzki e de Hudson Nogueira, onde José Rua tocou clarinete.

No final, José Rua fez os agradecimentos de praxe e encerrou com “Aquarela do Brasil” de Ary Barroso. Rua falou da importância de se promover os jovens músicos brasileiros e de se levar concertos como este à população. A platéia aplaudiu e pediu bis, sendo prontamente atendida pelo maestro com uma composição de Jovino Neto.

Fui falar com o José Rua após o concerto. Quando soube que eu era do CJUB ficou empolgadíssimo. Logo estávamos conversando juntamente com o Alfredo de Paula e com o produtor Mauro Cleverson. Rua elogiou nosso trabalho e iniciativa em promover o jazz em nossa cidade e ficou claro que o desejo de trabalharmos juntos, o CJUB e a UFRJazz, é mútuo. Trocamos cartões e idéias. Rua convidou a todos para as próximas apresentações da orquestra. Quem desejar maiores informações sobre esse belíssimo trabalho é só visitar o site: www.ufrj.br/ufrjazz

Abraços,

Marcelink

Criatividade brasileira a serviço da música e da percussão

28 dezembro 2003

Recebi este excelente Flash como cartão de Natal. Criativo, bem brasileiro, a despeito da melodia associada ser a "importada" e conhecidíssima "Jingle Bells", neste caso executada nada mais nada menos do que numa ... cuíca. Mas com acompanhamento para lá de apimentado, à carioca!

Essa maravilha foi produzida pelo grupo responsável pelo brazilianpercussion.com, um exemplo de site simples, funcional e eficiente - acredito - para o negócio a que se propõem. Que funciona, muito bem, também em alemão, francês, ingjês e italiano.
Os "donos" do negócio são dois ex-alunos da PUC-RJ, um economista e um engenheiro, ambos devidamente MBA-lizados, que resolveram sistematizar on-line a venda de instrumentos de percussão, em sua maioria de origem brasileira e voltados principalmente ao samba, para o mundo todo.
Fica aqui a indicação, valendo, por todos os motivos a visita.
Em tempo: o projeto do negócio em si, ficou em terceiro lugar numa competição na NYU Stern School of Business de 2002, sendo o único não americano entre os vencedores.
Show de bola, rapaziada. Parabéns!

31º Encontro Anual da International Association for Jazz Education (IAJE)

23 dezembro 2003

A International Association for Jazz Education (IAJE) realizará seu 31º Encontro Anual de 21 a 24 de Janeiro de 2004, em New York, nos hotéis New York Hilton e Sheraton.

A IAJE é a maior organização mundial de educadores de jazz do mundo. Como já mencionei aos queridos amigos cejubianos em um de nossos almoços, foi essa organização que me honrou com um belíssimo troféu "por relevantes serviços prestados ao jazz", em cerimônia realizada no Mistura Fina, em outubro de 1999, com a presença de inúmeros músicos e entusiastas do jazz. Esse troféu muito me orgulha por ter sido o primeiro crítico estrangeiro (não nascido nos Estados Unidos) a receber tal honraria.

Esse encontro em New York reunirá a comunidade jazzística de inúmeros países, com mais de 7.000 educadores, músicos, estudantes e representantes da indústria de 35 nações.

Mais de 150 artistas e professores participarão da programação, incluindo Paquito D'Rivera; The New York Voices; Take 6; o Quinteto dos Heath Brothers; Dave Holland; Clark Terry; Nicholas Payton; Maria Schneider Orchestra; Lorraine Desmarais Trio; John Fedchock New York Big Band; David Friesen; Greg Hopkins; Bob Hurst Quarteto; Bill Mays Trio; Mulgrew Miller Trio; Bobby Watson & Horizon; Walt Weiskopf Noneto; Tim Ries; Saxophone Summit com Joe Lovano, David Liebman e Michael Brecker; Jamie Cullum; Jason Moran; Michel Camilo Trio; David Sanchez; Brussells Jazz Orchestra; Vanguard Jazz Orchestra; Bob Brookmeyer and the New Art Orchestra; The Lynn Arriale Trio; Caribbean Jazz Project; Convergence; Robert Davis & The Chicago Jazz Ensemble; Rosana Eckert; Flutology; The Global Jazz Orchestra (Japão); Hiromi; Mike Holober & The Gotham Jazz Orchestra; U.S. Army Jazz Ambassadors; M-PACT; Phil Woods & Hubert Laws (tributo a Herbie Mann); Charles Pillow & Pictures of New.

A IAJE instituiu o troféu NEA Jazz Masters que será entregue ao guitarrista Jim Hall, baterista Chico Hamilton, pianista Herbie Hancock, compositor-arranjador Luther Henderson, cantora Nancy Wilson e o crítico Nat Hentoff "por relevantes serviços prestados ao jazz".

A IAJE e a International Jazz Festivals Organization (IJFO) premiarão o vencedor do terceiro International Jazz Award para o mais promissor artista de jazz revelado em 2003. O prêmio caberá ao fenomenal saxofonista italiano Francesco Cafiso, de 14 anos, que vem se apresentando na Europa, no Japão e nos Estados Unidos com o hepteto do trompetista Wynton Marsalis.

Primeiros Agradecimentos

18 dezembro 2003

Gostaria de iniciar a série de comentários sobre a Jam Session de ontem, que ocorreu num clima especialmente amistoso, talvez amplificado pela época que já é de confraternizações, com o registro da presença de algumas pessoas que lá estiveram para prestigiar o CJUB.

Para começar, a presença de Alfredo Cardim, professor de música em Berklee - e para nossa boa surpresa, amigo de Cedar Walton - que, não obstante ter chegado dos EUA ontem mesmo, atendeu à convocação de sua amiga Maria da Penha Vieira, editora-chefe do site Domínio Feminino (na foto abaixo, à esquerda, Alfredo, sua filha e MPV) para ir lá fazer-lhe companhia. Alfredo, conhecido da grande maioria de músicos presentes e de outras personalidades ligadas à música, acabou recebendo do CJUB a incumbência de entregar o diploma de "Melhor Músico Estrangeiro de 2003" (que se apresentou no Brasil) concedido por nós, a Cedar. Maria da Penha, que adora jazz e que também já produziu alguns concertos, e suas "dominetes", vem-nos dando um tratamento para lá de carinhoso em seu site desde que nos conheceram. A estas, que não puderam ir mas foram tão dignamente representadas, um grande abraço.

Também lá esteve a principal executiva da Delira Música, selo que está lançando uma coleção de títulos de jazz cuidadosamente escolhidos, Luciana Pegorer (na foto abaixo, ao centro). Muito gentilmente, Luciana levou e sorteou para a platéia os treze CDs que compõem o conjunto, que como já foi dito aqui, receberam texto do nosso Raf.

Tivemos igualmente a presença de Vinícius Mesquita (à direita na foto), editor-chefe da revista Jazz +, que veio ao Rio com sua esposa especialmente para receber o prêmio de "Melhor Mídia de Jazz de 2003", e ficou até o final da jam, quando tivemos a oportunidade de discutir algumas possibilidades de atuação em conjunto para o futuro.

Também esteve no Mistura, chegado do lançamento do livro do Casseta e Planeta, o humorista e contrabaixista Reinaldo, que mesmo atrasado pelo compromisso, pode assistir a uma parte do segundo set. E ainda aproveitou a oportunidade para nos autorizar a publicar aqui a charge que preparou especialmente para a edição corrente da Jazz+, o que faremos em breve. Vinícius também nos deu seu "nihil-obstat".

O excelente praça André Wollny, da Spiegelau não apenas esteve presente mais uma vez, mas fez questão de nos levar seus belos conjuntos de copos, para uísque, logicamente, para serem sorteados pelos presentes, o que já está se tornando uma bela tradição tanto para nós como para os contemplados.

E finalmente apareceu para prestigiar nossas produções no Mistura - já o havia feito no Epitácio, bem no início das CJLs - o Rui Martinelli, que é quem está por trás das ótimas produções jazzísticas do Leblon Jazz Lounge, espaço com excepcional acústica e programação cuidadosa, situado no terceiro piso do Rio Design Center. Rui é um outro grande batalhador para que a chama das produções voltadas para o jazz se mantenha acesa.

A todos, nosso agradecimento pela presença e pelo suporte que nos vem proporcionando. E o desejo de que possamos trabalhar sempre e mais, associando-nos no que for possível, vinculados por essa paixão cultural que tanto prazer nos traz. O jazz.

Um Feliz Natal e Um Excepcional Ano de 2004 a todos, são os votos dos confrades CJUBianos.
Alfredo Cardim, Maria da Penha Vieira; Luciana Pegorer; Vinicius Mesquita

AUTUMN 2003: A BRIEF HISTORY OF SNOW

As most as you know, for the past two years i’ve been working on an album of original holiday/winter songs. This has been a somewhat episodic endeaver, many of the tunes written during time stolen from others obligations, like touring, rehearsing and painting, with eggshell white, the increasingly transparent siding of our 1791 farm house... This summer I finished the last two compositions and we started recording the album - Watching The Snow – on july 21st.
Since all of you have been so enthusiastic about this project (not to mention patient), I thought you might enjoy a little thumbnail history of the entire process.
To begin with, I studied, with interest, the isolated little genre of (non-traditional) holiday music and found only a handful of compositions which felt like standards. My friend Steve Khan’s father, Sammy Chan, co-wrote two of the best ones, “Let It Snow!” and “The Christmas Waltz”. Nat King Cole’s rendition of Mel Tormé’s “The Christmas Song” is nearly everyone’s perennial favorite. My own personnal favorite is "Have Yourself A Merry Little Christmas”, “the melody of wich has lent itself to many beautiful jazz reharmonizations.
After this initial period of “research”, I started, haltingly at first, to write some wintersongs. Though I wrote two or three of these last year, it was this past Winter, here in the northeast, wich inspired me most (in view of our record breaking snowfall amounts). By early spring, most of the compositions were finished and I had already sent home-studio demos of them to Charles Blenzig, my musical director, who wrote the arrangements as each new installment arrived.
It soon became obvious that we had missed, by a wide margin, the delivery deadline for a Christmas retail release here in the U.S. But, undaunted, we plunged into the recording and, at this writing, the record is nearly mixed and mastered. Though it will be released at retail in Japan by my friend at Columbia Records, it will be available here, this Fall, exclusively online.
Thanks for listening (and waiting)
Health, prosperity, Happiness

Michael Franks


PS. Franks sempre foi um admirador da nossa música - gravou com João Donato, Eumir Deodato e Djavan, entre outros, além de um ardoroso fã de Tom Jobim. Este seu último CD - lançado em novembro no Japão - é um dos mais jazzísticos que fez, apesar de todos os temas trazerem uma ligação com as festas de fim-de-ano. Como curiosidade, dois brasileiros nos créditos: Romero Lubambo, guitar, e Café, percussão. Não há dúvida que seria um presente bárbaro de Natal para os que gostam de jazz. O CD, aliás, é bom do inicio ao fim.

Intervalo Recheado de Brindes - Uma Jam Session de Natal?

15 dezembro 2003

Não bastasse a expectativa pelo concerto do Milito e a jam que se seguirá, que pretendemos seja nosso melhor presente de Natal, estamos muito animados com a noite desta quarta-feira, que será bastante agitada também durante o intervalo dos sets.
Além do sorteio já tradicional das duas garrafas de Chivas Regal, e dos sensacionais copos de uísque cedidos pela Spiegelau, teremos um outro, dos 13 CDs da coleção de jazz que está sendo lançada pela Delira Música, gentilmente cedidos pela Luciana Pegorer, cujos textos foram escritos por ninguém menos do que nosso Grande Guru Raffaelli.
Haverá também a entrega dos diplomas do Prêmio CJUB - Melhores de 2003 aos agraciados, conforme a lista publicada num post anterior, abaixo. Mais uma noite imperdível com a marca de qualidade do CJUB.

REPERTÓRIO DE OSMAR MILITO PARA O
CJUB - CHIVAS JAZZ LOUNGE JAM SESSION

11 dezembro 2003

O pianista Osmar Milito preparou o repertório que seu trio apresentará na noite de quarta-feira, dia 17/12, no Mistura Fina. Grande parte das 18 composições integrarão o seu set list substancial e sugestivo, antecipando uma noite "out of this world". Venham todos.

* ISRAEL (Johnny Carisi)
* SUPER BLUE (Freddie Hubbard)
* TRICROTISM (Oscar Pettiford)
* B MINOR WALTZ (Bill Evans)
* SPAIN (Chick Corea)
* BOUNCING WITH BUD (Bud Powell)
* BUD POWELL (Chick Corea)
* BILL'S TUNE (Bill Evans)
* SEVEN STEPS TO HEAVEN (Miles Davis)
* AIREGIN (Sonny Rollins)
* ENDLESS LOVE (Fred Hersch)
* 34 SKIDOO (Bill Evans)
* MADRID (Brad Mehldau)
* CAPTAIN MARVEL (Chick Corea)
* COMRADE CONRAD (Bill Evans)
* YOU AND THE NIGHT AND THE MUSIC (Dietz-Schwartz)
* SNO'PEAS (Bill Evans)
* THEME FROM THE FLINTSTONES

Observação: antes que alguém estranhe, THEME FROM THE FLINTSTONES será interpretado em velocíssimo up-tempo, uma pauleira que é uma brasa, mora.

OSMAR MILITO É ATRAÇÃO DO CJUB - CHIVAS JAZZ LOUNGE JAM SESSION -

10 dezembro 2003

O trio do consagrado pianista Osmar Milito, integrado por Augusto Mattoso (baixo) e Rafael Barata (bateria), será a atração do CJUB – CHIVAS JAZZ LOUNGE JAM SESSION, quarta-feira, 17 de Dezembro, no Mistura Fina, a partir das 21 horas. A noite será uma festa jazzística encerrando as atividades de 2003 do CJUB – CHARUTO JAZZ UISQUE BLOG, abrilhantada pelo trio de Milito que interpretará algumas dentre as melhores composições do repertório do jazz, culminando em alto estilo com uma jam session na qual serão bem-vindos os músicos que desejarem participar. No intervalo, serão entregues os diplomas do Prêmio CJUB aos Melhores do Jazz de 2003.

Osmar Milito é um ícone do piano brasileiro, cuja longa e prolífica carreira começou em 1964, atuando com a grande maioria de músicos e cantores que se revelaram no período de ouro da bossa nova, em plena efervescência das noites gloriosas do lendário Beco das Garrafas – o equivalente carioca da Rua 52, a Swing Street de New York.
Milito tocou com Silvinha Telles, Nara Leão, Rosinha de Valença, Paulo Moura, Edison Machado, Maria Bethania, Gilberto Gil, Vinícius de Moraes, Jorge Benjor, Leny Andrade, Pery Ribeiro e Gracinha Leporace, entre muitos outros. Passou dois anos no México e nos Estados Unidos tocando com Sérgio Mendes em Las Vegas e várias universidades americanas. Nessa época, gravou o álbum “Bossa Rio” com o conjunto de Sérgio Mendes.

Voltando ao Brasil, em 1970, retomou sua carreira acompanhando Chico Buarque, Ivan Lins, Marcos Valle e Nana Caymmi. Organizou diversos conjuntos nos quais atuaram Márcio Montarroyos, Pascoal Meirelles, Mauro Senise, Paulinho da Costa, Leny Andrade, Djavan e outros.

Gravou seu primeiro LP, “E Deixa o Relógio Andar”, para a Som Livre, em 1971, lançado na Argentina, Japão, EUA e Europa. Outros discos seus como líder são “Nem Paletó Nem Gravata” (1973), “Viagem” (1973), “Na Trilha de Osmar Milito” (1974), “Ligia” (1977), “Summer in Brazil” (1988), “Showtime” (1989) e “Brasil Bossa Nova” (1990 - com Wanda Sá e Pery Ribeiro).
Como compositor, participou do Festival Internacional da Canção com a música “América do Sol” e assinou as trilhas dos filmes “Terra em Transe”, “Lua de Mel e Amendoim”, “Como era boa a nossa empregada” e “Divórcio à Brasileira”.

Ao longo de 39 anos de carreira, atuou em shows de jazz acompanhando Spanky Wilson, Mark Murphy, Hélio Delmiro, Maurício Einhorn, Mauro Senise, Nico Assunção e Pascoal Meirelles, e deu canjas memoráveis com Liza Minelli, Tony Bennett, Sarah Vaughan, Sammy Davis Jr, Pat Metheny, Shelly Manne, Randy Brecker, Benny Golson, Michel Legrand e John Pizzarelli, entre muitos outros.

Nos últimos anos, aproveitando o revival da bossa nova, gravou vários CDs com inúmeros artistas, além de apresentar-se com Cláudio Roditi e Hendrik Meurkens, o maior gaitista alemão de jazz. Também dividiu com Hermeto Pascoal a faixa “Tema Jazz” no Songbook Instrumental de Tom Jobim.
Osmar Milito continua em ação em casas noturnas tocando com nomes do quilate de Paulo Moura, Nivaldo Ornelas, Carlos Malta, Mauro Senise, Pascoal Meirelles e outros, além do seu trio integrado por Augusto Mattoso (baixo) e Rafael Barata (bateria).

Augusto Mattoso é um dos mais articulados e sólidos baixistas nacionais, com longa e produtiva folha de serviços tocando com Dario Galante, Hamleto Stamato, Rio Jazz Orchestra, grupo Tríade, Orquestra e Coro Brasil, entre outros. Discípulo do baixista Paulo Russo, considera Eddie Gomez a sua maior influência. Atualmente está terminando o curso de bacharel em música na UniRio.

Rafael Barata é uma radiosa promessa da bateria jazzística. Sua energia, seu entusiasmo e sua inteligente distribuição fazem dele uma garantia para qualquer formação em que atua. Pertencente a uma família de músicos, começou no piano ainda na infância e logo passou para a bateria. Revelação precoce, venceu dois festivais para bateristas aos 15 anos.
Bastante requisitado, gravou com seu irmão Roberto Barata, Hélio Celso, Rosa Passos, Idriss Boudrioua, Dario Galante, Osmar Milito e Durval Ferreira. Tocou também com Emilio Santiago e Zezé Motta, e participou de festivais de jazz no Brasil com o canadense Jean-Pierre Zanella, o americano Ray Moore, o italiano Dario Galante, o francês Idriss Boudrioua e Meirelles e os Copa Cinco. Atualmente integra os trios dos pianistas Osmar Milito, Dario Galante e Philippe Baden Powell.

- HISTÓRIA CURIOSA E EMOCIONANTE DO DESTINO DE UM VIOLINO -

09 dezembro 2003

Há uma historinha que considero das mais interessantes e inusitadas acerca de um violino que trocou de dono desde os anos 30. Eu a estava reservando para uma palestra no Rio Design Center, mas como não fui escalado para falar no tributo a Stephane Grappelli, realizado semana passada, vou divulgá-la agora. Ela foi-me contada pelo grande violinista Stephane Grappelli (juntamente com algumas deliciosas e apimentadas estripulias de Django Reinhardt) quando tocou no Free jazz Festival, em 1988.

Aí vai:

A França sempre teve uma grande tradição do violino no jazz. Há uma verdadeira dinastia de violinistas franceses de jazz que marcaram suas trajetórias com muito talento. Eles estão unidos por um fato incomum realmente emocionante.

1. Na final da década de 20, o grande nome do violino na França era o maestro e líder de orquestra Michel Warlop (tenho algumas gravações da banda dele em LP). Michel era um excelente instrumentista e empregava alguns dos melhores jazzmen franceses, inclusive Django Reinhardt. Warlop tinha um instrumento notável, que todos admiravam, fabricado por um renomado lutier europeu.

2. Quando Warlop encerrou suas atividades, no final dos anos 30, deu seu instrumento a Grappelli, que já era um grande nome do violino no jazz.

3. Nos anos 60, Grappelli deu o instrumento a Jean-Luc Ponty, que surgiu como um meteoro na constelação jazzística francesa (depois degringolou rumo à malfadada fusão).

4. Nos fim dos anos 70, Ponty presenteou o instrumento a Didier Lockwood, outro que fez furor com suas atuações e seus discos híper-elogiados.

5. Em meados dos anos 80, Lockwood deu o instrumento ao neto de Grappelli, que começava a tocar violino.

Assim, em linhas gerais, conta-se a história de um instrumento cobiçado por muitos que passou sucessivamente pelas mãos de Warlop-Grappelli-Ponty-Lockwood-Grappelli Neto.



PARA COMEMORAR - CJUB-CHIVAS JAZZ LOUNGE JAM SESSION

Amigos: não deu para segurar! Então aí vão as novidades que vimos guardando há alguns dias e que agora revelo:

Os CJUBianos encontram-se em plena função, no preparo da última, mas não menos importante, produção do ano de 2003. Será no dia 17, como sempre às 21 horas, no Mistura Fina, a noite que vai comemorar as conquistas do CJUB, dentre as quais as produções musicais, iniciadas em maio deste ano. E a entrega do Prêmio CJUB aos destaques do ano que se encerra, em diversas categorias ligadas exclusivamente ao jazz.

De maneira a reconduzir a locomotiva aos trilhos, ou melhor, o foguete à sua trajetória devida, convidamos o "maestro" Osmar Milito e toda a sua experiência e talento musicais, para atuar no comando de seu trio, com Augusto Mattoso no contrabaixo e Rafael Barata na bateria. Será uma oportunidade imperdível, a de voltar a ouvir Milito tocando jazz como gosta de fazer, sem pressa nem tendo de atender a pedidos das habitualmente descontra-distra-ídas platéias para quem vem se apresentando nos últimos tempos nas casas noturnas cariocas. O que consideramos um "desperdício de Milito".

A expectativa que nos assola, de rever Osmar Milito e sua escolta de altíssimo nível, dedicados exclusivamente a temas de jazz, é enorme. Daí eu nem ter esperado o "release" oficial, que está sendo confeccionado com todo o profissionalismo pelo nosso Mestre Raf, para dar a todos esta notícia.

E, aviso aos navegantes: em janeiro, a coisa vai FERVER: serão DOIS os concertos CJUB-CJL, um deles com artistas internacionais, dia 21/1 e o outro, um Tributo a Bill Evans, no dia 28. Detalhes em breve.

Preparem-se e avisem aos amigos!!!

AGORA, SIM, É PARA DESEMBANANAR ...

08 dezembro 2003

Já que comecei a fita, agora dou a munição para o round final (JoFlávio x Raffa):

A partitura:

O som:
Dimensions in Blue

Também estou fazendo meus testes

Bene-X na área. Boa ferramenta esta.

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PRÊMIO CJUB DE MELHORES DO JAZZ EM 2003 - RESULTADO FINAL

A primeira edição do Premio CJUB de Melhores do Jazz, contou com os votos de todos os integrantes do blog, com exceção da Marzita, Conchita, JoFlavio, Manim e Rodrink, que por motivos diversos não puderam votar.

Na primeira etapa votamos livremente nas dez categorias do prêmio, sem nos ater a nomes específicos. Como éramos nove jurados (Mau Nah, Sazz, DeFrag, Bene-X, Marcelink, Marcelón, Raffa, Goltinho e Zenrik) o indicado que obtivesse cinco votos era eleito em primeiro turno e não havendo maioria os dois indicados com maior número de indicações iriam para uma segunda votação. O prêmio foi tão concorrido que em nenhuma das dez categorias houve unanimidade dos votos e em apenas quatro categorias a votação terminou no primeiro turno .

Como curiosidade vale destacar que a categoria mais concorrida foi a de Melhor Músico Brasileiro de Jazz com sete indicações, o que só confirma a excelência de nossos músicos. Na categoria Show Internacional e de Músico Estrangeiro, só poderiam ser votados os realizados no Brasil e os que se apresentaram no país. Na categoria Melhor Músico CJL foi escolhido o músico de melhor desempenho em nossos sete concertos e o Prêmio Especial é o reconhecimento da importância de uma pessoa, física ou jurídica, na história do jazz em nosso país.

O Prêmio CJUB de Melhores do Jazz é mais um incentivo que este blog proporciona aos músicos, produtores, jornalistas, empresários e ao público em geral que acredita e sobretudo gosta do jazz. Aos vencedores, ou a seus representantes, o CJUB entregará um diploma no dia 17 de dezembro no Mistura Fina.

MELHOR SHOW INTERNACIONAL: McCOY TYNER (TIM FESTIVAL)
MELHOR SHOW NACIONAL: CJL 7 – JAZZ PANORAMA
MELHOR MÚSICO ESTRANGEIRO: CEDAR WALTON
MELHOR MÚSICO BRASILEIRO: DÁRIO GALANTE
MELHOR MÚSICO CJL: IDRISS BOUDRIOUA
MÚSICO REVELAÇÃO: FELIPE POLI
MELHOR FESTIVAL DE JAZZ: CHIVAS JAZZ FESTIVAL
MELHOR CASA DE JAZZ: MISTURA FINA
MELHOR MÍDIA: REVISTA JAZZ+
PRÊMIO ESPECIAL: JORGE GUINLE


Parabéns aos vencedores!

Marcelink


Rio de Janeiro Jazz Trio na Modern Sound e no Partitura; Tributo a Scott La Faro no Rio Design

06 dezembro 2003

Adito o post anterior, a pedido de nosso amigo e CJL jazzman, Paulo Russo (que já confirmou presença no último CJL do ano): shows de lançamento do CD "Bop Till You Drop", na próxima terça-feira, 9 de dezembro, 20 h., na Modern Sound (Rua Barata Ribeiro, 502 – D, Copacabana; tel. 2548-5005) e, na 6ª-feira, 12 de dezembro, 22 h., no Partitura, Lagoa.

Nosso Paulo também estará prestando seu Tributo a Scott La Faro na 5ª-feira, dia 11 de dezembro, 19 h., no Rio Design Center, Leblon.

Até lá !

ORNA (E COMO.......)

04 dezembro 2003

Chama-se Orna, simplesmente. Essa sul-africana (Jo’burg 1971) de considerável extensão vocal e um intimismo elegante lança seu primeiro CD nos Estados Unidos tendo como padrinho o irriquieto e talentoso contrabaixista Brian Bromberg. “The Very Thought Of You” – é o título do álbum (A440 MUSIC GROUP, february 18, 2003) – vem recebendo críticas entusiasmadas.
Orna formou-se na Universidade de Witwatersrand (África Do Sul) em 1993. Estudou composições para o cinema na Berklee College Of Music (Boston), quando decidiu-se por ser vocalista sob forte influência de Chet Baker, Shirley Horn e Sting.
The Very Thought Of You” traz como de hábito para as novas cantoras de jazz alguns dos mais consagrados standards da música norte-americana. O tema título, por exemplo, um clássico de Ray Noble, mostra o já citado lado intimista da cantora, tendo atrás um trio altamente sofisticado, composto por Brian Bromberg (baixo), Tom Zink (piano) e Chris Wabich (bateria). Em “Nature Boy”(Ahbez), a configuração é outra, à base de cordas transgênicas e um acento suavemente “funk”. Ao contrário, em “My Ship" (Weill/Gershwin), encontramos uma solução rítmica tupiniquim proposta por Mario Albanese e Ciro Pereira – leia-se um jequibau torto, samba em 7/4. Outros standards como “That’s All”(Brandt/Haymes), “My Favorite Things” (Rodgers/Hammerstein) e “My One And Only Love”(Mellin/Wood) recebem tratamento de gala. Os momentos de surpresa do CD ficam por conta de uma versão com letra de “Alice In Wonderland”(Fain /Hilliard) e uma outra saborosa versão para “Ornithology"(Parker), quando Orna e Bromberg (inspiradíssimo) abrem o tema em uníssono, com destaque para o vibrante solo do pianista Tom Zink.
Por ser o primeiro disco, Orna mostra sensibilidade, músicos e repertório próprios dos que iniciam uma carreira respeitando ouvidos mais exigentes, boa música e jazz.

Em tempo :"The Very Thought Of You is the debut recording by South African born vocalist Orna. Quite frankly, it's one of the best vocals cds I've heard in a long time. The 10 songs are all familiar ballads given either contemporary jazz or samba interpretations. However, it's what Orna does with these classics songs that makes this a must buy recording".(Ron Saranich)

Em tempo II :"I recently discovered the voice and talents of Orna. She possesses a certain depth, fulness and resonance with this find collection of songs. Orna is a worthy talent who exudes positive feelings and confidence" (Nancy Wilson-Down Beat)

NELSON AYRES - PERTO DO CORAÇÃO

03 dezembro 2003

No meio de tantos e inúmeros lançamentos de fim de ano, quero aqui registrar o último cd do maestro, arranjador, compositor e pianista Nelson Ayres, musico pouco conhecido ou divulgado no Rio de Janeiro e detentor de uma sonoridade e elegancia, comparável ao Red Garland, a meu ver o mais elegante e refinado dos antigos pianistas norte americanos.
Nelson que foi também o criador do grupo instrumental Pau Brasil nos anos 70, vem nos brindar com um dos grandes e importantes lançamentos de 2003, chamado Perto do Coração, tema do próprio e de fazer arrepiar até os pelos dos insensíveis e que abre o cd.
Participam desse trabalho Rogério Botter Maio e Zeca Assumpção que se revezam no contra baixo, Harvey Wainapel, Teco Cardoso e Roberto Sion no saxofone, Nailor Proveta no clarinete, Bob Wyatt na bateria além das cordas que não cabem aqui neste espaço e que estão presentes em alguns dos temas, que vão desde Coração Vagabundo do C.Veloso, com um solo deslumbrante do Harvey Wainapel, passando por Canto Triste do E.Lobo e há uma das mais lindas interpretações de Dindi do nosso maestro soberano Tom Jobim.
Enfim fico muito feliz por saber que trabalhos desse quilate ainda são realizados por aqui, muito embora sem nenhuma ou muito pequena divulgação, até porque a musica instrumental não alcança as grandes gravadoras, restringindo se na sua maioria aos selos independentes.
Como sonhar não custa nada, porque não reunir em nossos concertos esses musicos maravilhosos e suas maquinas sonoras dentro do projeto CJUB.

E tenho dito.



QUIZ PROPOSTO PELO MESTRE RAFFAELLI

P: De qual música é plágio "Dimensions in Blue", de Sam Nestico, primeira faixa do álbum da UFRJAZZ ENSEMBLE ?

R.: Yellow Days, atribuída, segundo pesquisei, a "A. Bernstein", ou La Mentira, de "Alvaro Carrillo" (esta, na versão em ritmo de bolero). O tema foi gravado, entre outros, por Sinatra (no famoso disco com Duke Ellington) e, recentemente (ou quase, 1990), pela nossa Leny Andrade, no ótimo "Eu Quero Ver" (Estúdio Eldorado).

Curiosidade: o AMG (www.allmusicguide.com) lista o referido Alvaro Carrillo como:

"Alvaro Carrillo is the composer of dozens of Latin standards including "Sabor a Mi," "Amor Mio," "Un Poco Mas," "La Mentira," "Sabra Dios," "Luz de Luna," "El Andariego," "Seguire Mi Viaje," and "Se Te Olvida." His songs have been performed by artists including Lucho Gatica, José José, Los Panchos, and Javier Solis."

Pergunto, Mestre, em que ano foi composto o original ?

Cara de pau o Nestico, hein ?

I PRÊMIO CJUB MELHORES DE 2003

02 dezembro 2003

Por sugestão de Marcelink, convoco os editores e, bem assim, nossos queridos visitantes e leitores para votar nas seguintes categorias:

SHOW INTERNACIONAL (Realizado no Brasil)
SHOW NACIONAL
MÚSICO BRASILEIRO
MÚSICO ESTRANGEIRO (Que se apresentou no Brasil)
MÚSICO CJL (Que se apresentou em nossos concertos)
REVELAÇÃO DO ANO
FESTIVAL
MÍDIA
CASA
PRÊMIO ESPECIAL

As regras serão explicitadas por Marcelink brevemente.

Todos ao pleito !

01 dezembro 2003

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NOITE INESQUECÍVEL NA SÉTIMA EDIÇÃO DO CHIVAS JAZZ LOUNGE

Foi uma grande festa. Uma noite inesquecível. O entusiasmo geral era contagiante, dando a impressão que havia algo diferente no ar. A expectativa prenunciava o que viria depois.

A data de 26 de novembro de 2003 ficará indelevelmente inscrita na galeria do ouro das realizações do Chivas Jazz Lounge, com a apresentação do sexteto comandado pelo pianista Hamleto Stamato, no Mistura Fina.
Foi a sétima edição do projeto Chivas Jazz Lounge, idealizado e produzido pelos integrantes do CJUB (Charuto Jazz Uísque Blog), patrocinado pela Pernod Ricard-Brasil, fabricante do Whisky Chivas Regal.
O evento, produzido por Marcelo Siqueira, um dos integrantes do CJUB, homenageou Jorge Guinle, o decano dos jazzófilos cariocas, por sugestão de David Benechis, outro ativo membro do CJUB. Apropriadamente, o concerto denominou-se “Jazz Panorama”, título do livro escrito pelo homenageado, que autografou vários exemplares antes e no intervalo do concerto.

Com o Mistura Fina superlotado, repleto de personalidades - entre as quais reuniram-se 25 convidados da Pernod-Ricard na América Latina, incluindo Francesco Taddonio, presidente da Pernod-Ricard para a América do Sul, Edmundo Bomtempo, presidente da Pernod-Ricard Brasil, Laurent Schum, Diretor de Marketing para América Latina e Carolina Campos, gerente nacional do produto Chivas -, a atmosfera envolvente contagiou a todos, que se irmanaram nos aplausos, nos gritos de entusiasmo e na consagração aos músicos e ao homenageado.

O produtor Marcelo Siqueira escolheu o pianista Hamleto Stamato para liderar o sexteto, integrado por Paulinho Trompete (flugelhorn), Widor Santiago (sax-tenor),Roberto Marques (trombone), Augusto Mattoso (baixo) e Kleberson Caetano (bateria). Houve momentos tão intensos de arrebatamento que, em determinadas passagens, o feeling coletivo superou a própria música, estabelecendo imediata empatia com a platéia.

Hamleto é um dos mais completos pianistas brasileiros da atualidade. Seu estilo fluente de técnica altamente desenvolvida destila seqüências de idéias coordenadas com imaginação e continuidade. Várias de suas improvisações possuem idéias suficientes para serem desenvolvidas em novas composições.

O consagrado Paulinho Trompete domina por completo a massa sonora do instrumento. Cada um de seus solos deixa a certeza de que pode tocar qualquer frase ou idéia que imagine.

Roberto Marques é uma voz poderosa do seu instrumento. Sua flexibilidade e poder de adaptação a diversas situações musicais sempre foi um dos seus maiores atributos.

Widor Santiago é dinamite em pessoa. Sempre pronto ao ataque. No bom sentido, atira-se aos solos com uma volúpia sem limites, transformando cada intervenção numa excursão pelos caminhos ousados da aventura.

Augusto Mattoso é uma rocha dentro da seção rítmica, o pêndulo que oscila equilibrando seus companheiros, um baixista que realmente toca para o conjunto sem pretender aparecer com as bruscas e inoportunas acentuações fora de hora. Seu solo em “Scrapple from the Apple” foi uma condensação do caleidoscópio das suas qualidades.

O correto Kleberson Caetano contribuiu com um suporte dinâmico e entusiasmado, refletido nos solos de “Caravan” e “A Night in Tunísia”, além das efervescentes trocas de quatro compassos com Hamleto e Widor em “Scrapple from the Apple” e “Blues Walk”.


Para ilustrar musicalmente o concerto, o produtor Marcelo Siqueira selecionou um repertório condizente com o nome do evento, traçando de forma sucinta um panorama da evolução do jazz em 15 composições. Começando pelo tradicional “When the Saints Go Marchin’ In” (o hino-símbolo do jazz tradicional de New Orleans, cidade-berço do jazz), passando pelas eras pré-swing e swing, chegando à revolução do bebop que estabeleceu a era moderna do jazz, seguindo-se o hard-bop, o soul jazz, um calipso das Ilhas Virgens, o jazz modal, o caminho que antecedeu ao free jazz e desembocando na nossa bossa nova, que foi fortemente influenciada pelo jazz.

Uma curiosidade chamou a atenção em relação à interpretação de “When the Saints Go Marchin’ In”: possivelmente foi a primeira vez que um tema de jazz tradicional foi executado por um sexteto com instrumentação incluindo flugelhorn, sax-soprano e baixo acústico.

O clássico “Body and Soul” foi interpretado em surpreendente andamento slow-medium, com sua linha melódica executada suavemente pelos sopros.

“Caravan” foi uma pauleira do início ao fim, com os sopros tocando a todo vapor.

O mesmo ocorreu em “Cherokee”, de Ray Noble, cuja seqüência harmônica foi um dos trampolins e um dos cavalos-de-batalha para as explorações dos músicos bebop. Sua dificílima bridge (segunda parte), que muda de tom a cada quatro compassos, sempre constituiu-se num enorme desafio para os improvisadores, mas não foi empecilho para os músicos do sexteto.

Em “A Night in Tunísia” -- o clássico de Dizzy Gillespie com a estrutura ABAC não ortodoxa, originalmente intitulado “Interlude” e gravado pela primeira vez por Sarah Vaughan, em 1944 --, surpreendentemente o sexteto não repetiu a clássica introdução da gravação original criada pelo baixista Oscar Pettiford que foi copiada ad infinitum, Igualmente surpreendente foi a execução em staccato adotada na segunda parte do tema .

“Round Midnight”, obra maestra e a mais conhecida do genial Thelonious Monk, foi o feature de Paulinho Trompete. Com seu reconhecido bom gosto nas baladas, Paulinho traçou seu perfil melódico com inflexões e variações imaginativas, culminando com um final superiormente elaborado cuja coda abrigou engenhoso uso de dinâmica.

As harmonias de “Scrapple From the Apple”, de Charlie Parker, dividem a composição em duas partes aparentemente irreconciliáveis por serem totalmente independentes. A primeira, em que o gênio de Parker delineou a melodia com a precisão de esmerado artesão, contrasta inteiramente com a harmonização da bridge, sem qualquer conexão com os acordes da parte principal, dificultando sobremaneira a improvisação. Inteligentemente, Widor Santiago deixou a segunda parte da exposição do tema para o pianista Stamato.

“Blues Walk” -- um plágio de “Loose Walk”, do saxofonista Sonny Stitt -- um blues muito popular nos anos 50 e 60, inclusive era tocado freqüentemente por Paulo Moura em ritmo de bossa nova. Além de um solo extenso, no qual fez uso da respiração circular, Paulinho Trompete soube evitar os clichês, criando passagens inventivas, especialmente nos terceiro e quarto choruses.

O calipso “Saint Thomas” -- que Sonny Rollins apropriou-se da canção tradicional “Fire Down There”, do século XIX, das Ilhas Virgens -- deu uma sacudidela na platéia devido a seu ritmo insinuante e altamente dançante, com Widor e Roberto Marques explorando suas possibilidades em variações tonais e rítmicas.

“Moanin’” -- de Bobby Timmons, um dos hinos do soul jazz, estilo criado pelo pianista Horace Silver, pinçado sem-cerimoniosamente do hinário da Igreja Batista dos negros americanos -- proporcionou a Paulinho Trompete um dos seus solos mais inventivos, incluindo citações humorísticas do “Hino Nacional Brasileiro” e de “Samba de Verão”.

“Take Five”, do saxofonista Pual Desmond, causou sensação quando foi editado, em 1959, pelo seu então inusitado andamento em 5/4. A interpretação proporcionou a Roberto Marques seu solo mais longo da noite.

Chegando ao jazz modal, foi a vez de “So What”, de Miles Davis, que o sexteto reproduziu com espírito e entusiasmo. Chamou a atenção o discurso de Widor Santiago, indicando, aparentemente, que memorizou partes dos solos de Cannonball Aderley e John Coltrane da gravação original do sexteto de Davis.

John Coltrane eternizou “Giant Steps”, que após sua gravação para a Atlantic passou a ser um verdadeiro teste para as habilidades dos saxofonistas-tenor. Coltrane não compôs “Giant Steps”, que originalmente foi um exercício para saxofone escrito pelo conhecido guitarrista Dennis Sandole, que era professor de Coltrane, e este nada mais fez do que adaptá-lo para gravar. Apropriadamente, foi um tour de force para Widor Santiago, que não se fez de rogado, exibindo seus recursos em longo exercício virtuosístico.

“Cantaloup Island”, de Herbie Hancock, representou o jazz-funk (sic) dos anos 60, impregnado pelo ritmo caribenho. O sexteto reproduziu adequadamente sua temática, com Widor Santiago exacerbado nas intensas e complexas passagens de sax-soprano.

Finalizando, “Samba de Uma Nota Só” -- cuja melodia nada mais é que a introdução original de “Night and Day”, de Cole Porter -- ligou a bossa nova ao jazz. Antes da interpretação, Roberto Marques contou uma divertida historinha sobre um trombonista sueco que tocava “Samba de Uma Nota Só”, ilustrando musicalmente, de forma humorística, como aquele músico tocou a primeira e a segunda parte desse hino da bossa.
Marcelink, Bené-X, Goltinho, Marcelón (encoberto), DeFrag, MauNah, Jorginho Guinle, Zénrik, Raf e Manim) No intervalo, o convidado Jorge Guinle subiu ao palco para uma foto com os integrantes do CJUB, empunhando um sax-tenor, do qual chegou a extrair algumas notas esparsas.

Ao final, o homenageado, os convidados da Pernod-Ricard, parte do público e os membros do CJUB cumprimentaram Marcelo Siqueira pela criteriosa, cuidadosa e bem-sucedida produção.

Como alguém me disse no final, “Marcelinho sabe das coisas”.

JAZZ PANORAMA - AGRADECIMENTOS

30 novembro 2003

Gostaria muito de agradecer a algumas pessoas que foram muito importantes para que o Concerto Jazz Panorama fosse realizado com grande sucesso. Nestes quarenta e cinco dias de pré-produção contei com a ajuda de amigos e profissionais. Sem eles o caminho seria bem mais longo.
Devo agradecer primeiramente ao Zé Henrique, que foi o primeiro a me apoiar, acreditar e incentivar na concepção e escolha dos músicos. Ao mestre Raffaelli, que me ajudou no release dos músicos, nas informações técnicas do concerto, conseguiu ótimas notas na imprensa e principalmente por atender ao meu pedido para resenhar a apresentação. Ao David pela idéia de fazermos uma homenagem ao Jorge Guinle em virtude da concepção do concerto e ao Coutinho pelo esforço em viabilizar esta homenagem. Ao Mauro, sempre solícito e atento aos mínimos detalhes. Ao Fraga e ao Sá que estiveram no ensaio e conseguiram me acalmar um pouco. A Marly Cardoso e a Maria Amélia, da Jose Olympio. Ao Rodrigo e a Carolina Campos da Pernod Ricard e ao pessoal do Mistura Fina: o Pedro Paulo que acreditou no projeto, o Mauro e o Max que como sempre fizeram um bom trabalho, a Liliane, a Adriana, o Mario e principalmente a bela e incansável Bia que atendeu a todos os meus pedidos e resolveu da melhor maneira possível todos os problemas surgidos.
Ao Hamleto que compreendeu toda a idéia do projeto e com isso pôde realiza-lo tão bem. Nossas conversas, quase que diárias ajudaram muito neste processo. Ao meu filho Marcelo (o verdadeiro Marcelinho) que me ajudou na filmagem, e é claro aos presentes que lá estiveram. A todos o meu muito obrigado.

Marcelink

Sobre o Grande Marcelink

A chuva torrencial que desabou sobre o Rio de Janeiro, na tarde do Jazz Panorama, talvez devesse servir como prenúncio de que o Mistura Fina corria o risco de vir abaixo, visto que aquela era a mais significativa de todas as produções do CJUB até então.
Mas, voltemos um pouco no tempo.

*******

Meu relógio marcava precisamente 15:03 quando o celular tocou; Marcelink, na linha, ansioso por minha chegada, me aguardava na entrada do metrô da Carioca – estávamos indo ao ensaio do Adriano Giffoni Quinteto, na véspera de minha produção do VI CJL.

Ao chegarmos ao estúdio, naquele dia, tivemos a mais gentil recepção que podíamos imaginar, muito, tenho certeza, pela incontestável simpatia e elegância de Marcelink.

Obviamente, a produção foi um sucesso, e, apesar de tê-la dedicado ao Mestre JDR, não há como não dividi-la espiritualmente com o querido amigo.

*******

Desembarcando do metrô do tempo e de volta ao Jazz Panorama, tenho hoje a certeza que o sucesso havido nada mais representa que uma homenagem prestada pela vida, de forma justa, a esse gigantesco amigo que atende pela alcunha de Marcelink.

Tive o privilégio de assistir a parte do ensaio do Hamleto Stamato Sexteto, e ali tive a convicção de que o grupo, como um todo, apenas retrataria no palco a árdua produção idealizada e realizada. A dedicatória individual de cada música me comoveu a tal ponto, que fiquei imaginando se não seria uma homenagem de outra encarnação.

Querido Marcelink, escrevo essas linhas relembrando o carinhoso abraço que recebi de você ao chegar ao ensaio de sua produção, um abraço iniciado desde nosso encontro no metrô da Carioca, e que quero manter bem apertado até as próximas vidas.

Saravá!

AMOSTRA GRÁTIS. GRAÇAS AO NETTO!

29 novembro 2003

O Netto é um craque. Chega, vê e vence. Daí a ser eleito o nosso fotógrafo de plantão só está faltando ele aceitar. A gente já pediu e acho que a resposta não tarda, pois ele é, na vida real, dentista de mãos e agenda cheias. Mas tem comparecido às nossas noites com assiduidade. E o que ele faz lá em matéria de fotos é de se tirar o chapéu.
Não satisfeito, o Netto arrumou uma camera dessas digitais que também faz uns filmetes. E ele cedeu-os para nós e o primeiro está sendo disponibilizado aqui, agora. Então, para sentir um pouquinho do clima que reinou na noite, clique na foto e veja uma pequena amostra.

Primeiras Notícias da CJL7

27 novembro 2003

Aconteceu mesmo. As fotos falam sozinhas. Nosso homenageado foi, autografou, subiu no palco e soprou um sax para fotos - essas virão depois - e aparentemente divertiu-se tanto quanto nós na maravilhosa noitada de ontem. Mais posts virão, a resenha idem, e muitas outras fotos. Mas a vontade de mostrar alguma coisa já hoje para todos era muito grande. Taí. A fachada; Jorge Guinle a postos; Estevão Hermann, Jorginho e Maria Amelia Mello, diante da banda

TRIBUTO A JORGE GUINLE, HOMENAGEM AO CJUB

26 novembro 2003

O concerto JAZZ PANORAMA não é apenas um tributo a Jorge Guinle, é também uma homenagem a todos nós que gostamos de jazz, principalmente aos meus confrades do Blog. Quando montei o repertório do concerto imaginei cada música como uma homenagem individual a cada um dos meus fraternos amigos cejubianos. Deixo aqui publicada esta sincera homenagem.

When The Saints Go Marchin In – Para José D. Raffaelli
A música de abertura tinha de ser a do mestre, ainda mais esta tão conhecida. A música é de domínio público assim como nosso Raffa, que com sua generosidade ímpar disponibiliza a todos que o cercam sua imensa cultura e vivência jazzística. O privilégio de tê-lo como amigo me enche de orgulho.

Body And Soul – Para Marzia
Conheci a Marzia num de nossos tradicionais almoços. Seus olhos expressivos e seu sorriso contagiante encantavam a todos os presentes. Durante este ano pude conviver com a Marzita e pude encontrar na sua pessoa muito mais que sua peculiar beleza. Sua amizade, inteligência, bom humor, simpatia, elegância e eficiência a transformam numa mulher de corpo e alma.

Caravan – Para José Flavio
Conheci há pouco e o vi apenas duas vezes. Certas pessoas, porém, são tão carismáticas que transformam uma simples empatia numa fraterna amizade. O José Flavio é assim. Nosso amigo embaixador conquistou a todos com sua educação, gentileza e conhecimento. E porque não falar também nos seus famosos “disquinhos”! JoFlavio, te considero um grande amigo, mesmo estando longe e sendo um fervoroso botafoguense...

Cherokee – Para Rodrigo
O Rodrigo tem o mérito inconteste de ter acreditado no CJUB e de ter com isso viabilizado o Projeto Chivas Jazz Lounge. O crescimento do CJUB também é fruto deste guerreiro.

Night In Tunísia – Para Arlindo Coutinho
Só uma música do Gillespie poderia homenagear o Coutinho. Ele é como o bebop: rápido, diferente, surpreendente, original, criativo e porque não... esporrento!!!

Scrapple From The Apple - Para Fraga
Qualquer hora é hora para encontrar o Fraga. Seu bom humor, ora sutil ora mordaz, transforma qualquer assunto numa agradável conversa. Seu alto astral é contagiante e seus amigos, aos milhares, só confirmam o fato de ser muito bom ser amigo dele. O Fraga conhece muito de muitas coisas, mas nunca se utiliza disso para se vangloriar. Colecionador de histórias impagáveis, Fraguinha é amigo nota 10, e com louvor, pois ainda é flamenguista e irmão do Super Gil.

`Round Midnight – Para Sá
Se o Sá fosse apenas irmão de quem ele é, já bastaria para tê-lo como grande amigo. Mas o Sá é mais, muito mais. Sincero e transparente ele sempre diz o que pensa. Ele é aquele amigo que chega pra você e te aconselha, que fala o que acha e quer te ajudar. Um dia fui homenageado por ele e esse dia eu não me esqueço. Essa balada meu amigo, é pra te mostrar o quanto fiquei emocionado naquele dia.

The Blues Walk – Para Zé Henrique
O Zé é amigo dos músicos e eles o adoram. Pronto, isso basta para resumir o Zé. Gostaria porém de dizer que por trás daquele corpanzil todo e de sua forte personalidade, está um cara super gentil, justo e amigo. Suas festas são antológicas e inesquecíveis e traduzem bem o que é o Zenrik.

St. Thomas – Para Mauro
Nosso presidente não é apenas um grande amigo e sua liderança não deriva do fato de ser o criador do CJUB. Conviver com o Mauro é uma lição de educação, planejamento, criatividade, eficiência, lealdade, ética e sobretudo de companheirismo. É firme sem ser deselegante, é objetivo sem ser grosseiro. Desfrutar de sua amizade é poder aprender um pouco com suas qualidades.

Moanin` - Para Mario
Do pouco que conheço do Mario sei apenas que ele gosta de jazz, tem muito orgulho da filha e é um grande amigo do Mau Nah. Isso já me basta para também tê-lo como amigo.

So What – Para David
Essa foi a mais óbvia das homenagens, pois So What é a cara do Bene-X. Costumo dizer ao David que se ele fosse famoso (e um dia será) todos os humoristas o imitariam, pois ele é único. Digo também que poucos realmente o conhecem e tenho orgulho de dizer que eu sou um desses. Não sou apenas um amigo do David, sou um verdadeiro amigo dele. Agradeço pela ajuda no CJL e por ter apresentado este mundo tão fascinante.

Take Five – Para Marcelão
Quando conheci o Marcelão tinha 16 anos, cabelos compridos, só ouvia rock e pesava uns 20 quilos a menos. Hoje, quase 20 anos depois, percebo que ele esteve presente nos momentos mais importantes de minha vida, inclusive nesta noite. Pra você amigão Take Five (tinha de ser esta, né!)

Giant Steps – Para Conchita
Muitos acreditam que a Conchita é virtual, um folclore cejubiano. Também pudera, a dona de olhos mágicos que nos envia as fotos mais lindas do blog nunca foi vista. Só nosso presidente Mau Nah teve esse privilégio. Conchita, essa é pra você, mas vê se manda mais fotos...

Cantaloupe Island – Para os Amigos do CJUB
Essa vai para aqueles amigos que estão sempre presentes, real ou virtualmente. O gente boa Sampaio, o sumido DePires, o impagável SuperGil, o Pedro Franciscón, as meninas do DF, o Walmor, o mestre Luiz Orlando Carneiro e todos aqueles que visitam nosso site.

Samba de Uma Nota Só – Para Suzana
Não poderia me homenagear, por isso Água de Beber não entrou no set list. Escolhi Samba de Uma Nota Só porque cantei muito essa música para minha mulher, principalmente o verso que diz: “Eu sou a conseqüência inevitável de você...” Essa é para você.

Abraços,

Marcelink

O Emblemático Sétimo Concerto do CJUB - Uma Homenagem Merecida

25 novembro 2003

O CJUB sente-se verdadeiramente honrado em poder prestar a Jorge Guinle a homenagem que se pretende amanhã, no Mistura Fina, através do concerto JAZZ PANORAMA, produzido por Marcelo Siqueira, nosso querido e operoso Marcelink.

Um Grande Conhecedor Não apenas por ter sido Guinle um dos brasileiros que mais de perto acompanhou o desenvolvimento do jazz, presenciando novidades no momento mesmo em que estavam sendo atiradas ao público - e até aos músicos - sem que houvesse ainda um nome ou classificação para aquelas torrentes inovadoras. Mas principalmente, por ter disponibilizado essas experiências e sensações através do seu livro Jazz Panorama, onde faz um retrospecto minucioso da trajetória dessa arte verdadeiramente americana.

Há no livro, ainda, entremeada às informações precisas de Jorginho, uma ótima entrevista do autor a Luiz Orlando Carneiro, outro craque quando o asunto é jazz, onde discorrem seus conhecimentos jazzísticos num bate-bola simplesmente delicioso.

Trata-se, então, de uma rara oportunidade.

Quem gosta de jazz e não leu o livro de Jorge Guinle não tem idéia de quantidade de informações precisas e preciosas que deixa de alcançar. Mas tem agora, como proporcionada amanhã pelo CJUB, a oportunidade de se redimir, e com prazer redobrado.

A noite desta quarta feira será uma excelente oportunidade para, primeiro, adquirir o livro e recebê-lo autografado pelo autor; depois, indulgir-se naquela atmosfera enfumaçada - isso fica por nossa conta - típica dos locais onde se ouve o melhor jazz, coisa que o Mistura Fina recria como poucos outros locais no Brasil, e escutar uma cuidadosa retrospectiva de temas que irão percorrer a própria história de JG ao longo das diversas eras de que foi testemunha, numa grande festa em torno dessa nossa paixão comum, o jazz.

JAZZ PANORAMA - SET LIST

23 novembro 2003

Montei o repertório com músicas emblemáticas e representativas das fases evolutivas do jazz. É claro que meu gosto pessoal influenciou nesta difícil missão de escolher poucas músicas neste imenso universo de maravilhosas obras-primas. Poderíamos fazer dezenas, até mesmo centenas de repertórios acerca da história do jazz desde suas origens em Nova Orleans até seu encontro com a Bossa Nova na década de 1960. Certamente sentiremos falta de algumas músicas e de alguns autores. Esta é apenas uma visão pessoal da magnífica história do jazz.

PRIMEIRO SET

1 - When The Saints Go Marching In - (Domínio Público)
2 - Body And Soul - ( J. Green - E. Heyman - R. Sour - F. Eyton)
3 - Caravan - (Duke Ellington - J. Tizol - I. Mills)
4 - Cherokee
5 - Night in Tunisia - (Dizzy Gillespie - F. Paparelli)
6 - Scrapple From The Apple - (Charlie Parker)
7 - 'Round Midnight - (Thelonious Monk - B. Hanighen - C. Williams)


SEGUNDO SET

1 - The Blues Walk - (Chris Woods)
2 - Moanin' - (Bobby Timmons)
3 - St. Thomas - (Sonny Rollins)
4 - Take Five - (Pauls Desmond)
5 - So What - (Miles Davis)
6 - Giant Steps - (John Coltrane)
7 - Cantaloupe Island - (Herbie Hancock)
8 - Samba de Uma Nota Só - (Antonio Carlos Jobim - Newton Mendonça)

Abraços,

Marcelink

CHIVAS JAZZ LOUNGE 7 - JAZZ PANORAMA: UM TRIBUTO A JORGE GUINLE

17 novembro 2003

A sétima edição do Projeto Chivas Jazz Lounge, idealizado, desenvolvido e produzido por este CJUB, e patrocinado pela Pernod Ricard Brasil (uísque Chivas Regal), será um tributo a Jorge Guinle, personalidade que como poucos vivenciou a evolução do jazz, seus personagens e suas histórias.

Neste concerto teremos um panorama da história do jazz, desde as primeiras décadas do século passado com o tradicional jazz de Nova Orleans até o seu encontro com a Bossa Nova na década de 60, passando por suas fases marcantes (swing, bebop, cool, hard bop, modal) e suas músicas mais emblemáticas.

O Concerto JAZZ PANORAMA, que coube a mim produzir, será realizado por um sexteto liderado pelo pianista Hamleto Stamato, contando também com o contrabaixista Augusto Mattoso, o baterista Kleberson Caetano, o trompetista Paulinho Trompete, o sax tenor Widor Santiago e o trombonista Roberto Marques.

Nosso homenageado, o ilustre Jorge Guinle, já confirmou sua presença e estará autografando seu livro "Jazz Panorama" no local do concerto, a partir das 20h 30min.

Maiores informações durante toda semana aqui no blog.

Marcelink

CJL 7 - JAZZ PANORAMA : RELEASE DOS MÚSICOS

HAMLETO STAMATO - A música já estava no sangue do pianista Hamleto Stamato antes mesmo de nascer. Seu pai, também chamado Hamleto Stamato, foi flautista do conjunto de Hermeto Pascoal nos anos 70.
Formado pela Universidade Estácio de Sá, é profissional desde 1988, atuando com sucesso no circuito da música instrumental. Gravou com Nelson Faria, Adriano Giffoni, Rosa Passos, Lula Galvão, Leo Ortiz, João Castilho e Marcus Lima, entre outros.
Integrou as bandas de Ed Motta, Nando Reis, Tim Maia, Verônica Sabino, Danilo Caymmi e Léo Jaime.
Realizou uma turnê a Moscou com o conjunto Fogueira Três, em 1995, e participou de festivais na Espanha, Dinamarca e Suécia. No ano seguinte tocou com Paulinho Trompete no Free Jazz Festival. Em 2002 apresentou-se em Nova York com Nei Conceição e Robertinho Silva.
Desenvolveu seu trabalho de compositor escrevendo trilhas para filmes e novelas. É co-autor da trilha da minissérie "Labirinto", da Rede Globo, e autor do "Tema da Academia" da novela "Andando nas Nuvens".
Foi o responsável pelos arranjos do especial “Brasil 500 Anos”, realizado pela Rede Globo em Paris durante a Copa do Mundo de 1998, e mais tarde em Brasília, com transmissão para 25 países. Nestes shows acompanhou Ivan Lins, Daniela Mercury, Sandy e Júnior, Simone, Daniel, Chitãozinho & Xororó e Fat Family. Também foi o autor dos arranjos para o especial de fim de ano da Rede Globo em 2001.
É integrante do sexteto BR Plus e sócio do estúdio multimídia do mesmo nome.
Estudioso e dedicado, no ano passado Hamleto lançou “Speed Samba Jazz”, primeiro CD em seu nome


PAULINHO TROMPETE - Paulo Roberto de Oliveira, o Paulinho Trompete, adotou esse nome artístico porque assim é chamado pelos músicos, tal sua identificação com o instrumento que toca. No final dos anos 70 foi para New York, onde permaneceu algum tempo, tendo oportunidade de tocar nas orquestras de Thad Jones-Mel Lewis e de James Brown. Voltando ao Brasil, fez parte do revolucionário conjunto O Nosso Sexteto, liderado pelo baixista Zerró Santos, que foi uma sensação na música instrumental brasileira, ao lado de Roberto Marques (trombone), Cacau (sax-tenor), Idriss Boudrioua (sax-alto) e Theomar Ferreira (bateria). Improvisador de mão cheia e conhecido por seu estilo vibrante, Paulinho passou a executar o trombone de válvulas há alguns anos, tocando e gravando com a grande maioria dos conjuntos instrumentais brasileiros.

AUGUSTO MATTOSO - O baixista Augusto Mattoso é um discípulo de um dos maiores mestres do contrabaixo brasileiro, Paulo Russo. Já tocou na Rio Jazz Orchestra, na Orquestra e Coro Brasil Barroco e no grupo Tríade, além de ter-se apresentado com outros músicos importantes no cenário brasileiro. Reputa sua maior influência no contrabaixo como sendo a recebida de Eddie Gomez.

KLEBERSON CAETANO - Autodidata que pesquisou o estilo e a técnica dos grandes bateristas do jazz contemporâneo como Steve Gadd e David Weckl. Essa formação jazzística o levou a tocar com Márcio Montarroyos, Ricardo Silveira e com Markos Rezende. Fez parte da Rio Jazz Orquestra, apresentando-se nos maiores palcos do Rio, São Paulo, Curitiba, e Fortaleza, além de ter-se apresentado em Toronto, no Canadá. No Brasil, Kleberson tocou com expoentes do samba como Bezerra da Silva e Wilson Simonal.

WIDOR SANTIAGO – Com seu saxofone tenor, Widor acompanhou artistas de renome internacional como Djavan, Flora Purim e Airto Moreira. Atualmente acompanha Milton Nascimento. Foi solista da banda de jazz Fourth Worlds de 1977 a 2000, percorrendo todo o circuito mundial de festivais.

ROBERTO MARQUES – Natural de Campos, o trombonista Roberto Marques tocou com a Rio Jazz Orchestra, com O Nosso Sexteto (um extraordinário conjunto que com quatro sopros, baixo e bateria e sem piano, conquistou os admiradores do jazz no início dos anos 80, estando muito à frente de sua época em termos de concepção de grupo, composições e arranjos ousados, tendo sua passagem pela nossa música instrumental sido um marco na história dos conjuntos cariocas), o Quinteto Brasileiro de Metais (com o qual gravou um LP), Rio Dixieland Jazz Band e faz parte do Pagode Jazz Sardinha's Club (com o qual gravou um CD), participou da banda que gravou um LP com o cantor Freddy Cole. Tocou na orquestra do maestro Eduardo Lajes que acompanha Roberto Carlos, com a cantora de jazz peruana Laura Valle, além de shows com inúmeros artistas da MPB. Gravou o disco “Trombone do Brasil”.

Marcelink

ADIÇÕES À COLUNA FIXA: DOMÍNIO FEMININO E CIGAR CIRCLE

Movimentando o pedaço, fiz duas adições aos links categorizados da coluna da esquerda. Um, para atender ao crescente número de moças que nos visita, o do portal Domínio Feminino, feito por mulheres para atender a mulheres, principalmente, mas onde os homens são muito bem recebidos. O inverso do que acontece aqui no CJUB. Agora, depois que as moças cansarem a beleza aqui com os nossos textos áridos, dão um pulo ao DF para relaxar e aproveitam para ficar inteiradas dos assuntos que lhes dizem respeito.

Para contrabalançar, que ninguém é de ferro, vale a visita ao Cigar Circle para ver um site moderno e funcional que disponibiliza algumas fotos de modelos - há até alguns filmetes - de muito bom gosto, mesmo que utilizando as moças em poses mais para sensuais.

Assim fica todo mundo feliz.

ZÉ LUIZ & FÁTIMA GUEDES

Neste final de semana (dias 21 e 22, às 22:30), no Bar do Tom - Leblon - estarão se apresentando Zé Luiz Mazziotti e Fátima Guedes. Se estivesse no Rio, não perderia essa por nada.

TIM FESTIVAL, CLUB, 31/10/2003, MAM

TERENCE BLANCHARD - @@@@1/2

Tão atraente quanto resenhar concertos de unânime aprovação - como os do dia anterior - é debruçar-se sobre aqueles que geraram opiniões divergentes, as vezes radicalmente opostas, caso da apresentação do trompestista Terence Blanchard, à frente de seu sexteto "Bounce".

Blanchard, a quem coube, nos anos 80, a árdua tarefa de substituir Winton Marsalis nos Jazz Messengers de Art Blakey, vem colhendo os frutos de carreira bem sucedida, alternando projetos autorais, em que se incluem até trilhas sonoras (Mo' Better Blues, Malcolm X), a discos mais comerciais, infelizmente beirando, em alguns casos, o easy listening, como o enfastiante Billie Holliday Songbook, com cordas.

Quando se trata, porém, de oferecer jazz de verdade, o trompetista não tem qualquer dificuldade em mostrar que entrou, definitivamente, em sua maturidade artística, seja como arranjador ou solista.

Nas baladas Noturno (Ivan Lins) e I Thought About You (Mercer/VanHeusen), esta última valendo-se das harmonias de Blue in Green (M. Davis/B. Evans), ele desfilou enorme elegância em solos de impacto melódico magnífico, pontuados por pausas que se prestavam a muito mais que simples paradas para respirar. Eram reflexões em pequenas frases, que, interrompidas, seguiam-se em novos ataques, criando tensões e distensões sem nunca digredir e, ao contrário, envolver o tempo todo o ouvinte.

Seus músicos extraordinários demonstram grande aplicação, trafegando os arranjos entre o cool, post-bop e as influências bossa e funk.

Em Azania, tema do líder inspirado no universo coltraneano, com viva exploração do modalismo, a introdução gutural do guitarrista africano Lionel Loueke,
evocou a raiz africana do jazz e sua importância permanente na evolução do gênero, em cuja história certamente já está escrito, com destacado relevo, o nome de Terence Blanchard.

Foi um concerto inspirado, preciso e contagiante, ofertado por um artista na plenitude de seu mister.


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ILLINOIS JACQUET - @

A solitária orelhinha (@) é mérito exclusivo do formidável trompetista Sean Jones (que já trabalhou, entre outros, com o baixista Charles Fambrough), solista devastador na clássica A Night in Tunisia (Gillespie) e salvador do mais absoluto fiasco a desastrosa apresentação da big band de Illinois Jacquet.

A pergunta era: o que um jovem brilhante como Jones estava fazendo ali ?

O vexame do bloco inicial dedicado a Jobim (Corcovado, Chega de Saudade e Garota de Ipanema), com direito a ritmo sonolento e vocais trôpegos do octogenário band leader, anunciou tudo e deu início à debandada de vários aficcionados.

Arranjos surrados, executados sem qualquer motivação, pareciam par perfeito para o cansadíssimo Jacquet, que não convenceu nem ao ressucitar o timbre encorpado, cheio de vibrato, que é a marca registrada da escola de Coleman Hawkins, Ben Webster e Ike Quebec.

Acontece que, nem no auge de sua forma, Illinois Jacquet jamais ensaiou rivalizar com aqueles monstros do sax tenor.

Conquanto louváveis ambos os esforços, primeiro da produção, em trazer uma big band dita "tradicional", e, segundo, do próprio líder, de ainda permanecer atuando, o resultado revelou-se constrangedor a um extremo tal, que culminou com o embaraçoso desconhecimento, por parte de Jacquet, de praticamente todos os nomes de seus músicos. Sequer apresentá-los ele conseguiu.

No fim, malversado o swing e clima de Estudantina instalado, o deslumbramento da incauta platéia, achando-se diante uma "lenda viva", só ajudou a sublinhar a decadência daquele que, sem dúvida, foi um ótimo músico de jazz, mas, perdoem o cliché, definitivamente não soube a hora de parar.

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Deixo de comentar a apresentação de Luiz Avellar, porque não pude assistí-la, na maior parte. Mas não resisto a reproduzir as palavras que ouvi do Mestre Luiz Orlando Carneiro, logo após o show, aludindo à conversa que tivemos no almoço daquele dia:

"V. tinha razão, para acompanhar o Danilo Perez, num duo piano/baixo, só mesmo o Paulo Russo. O que ele está tocando é um absurdo !"

REPETINDO AQUI A NOTA DA HILDEGARD ANGEL NO JB DE HOJE:

"Mania de jazz

A gente reclama, mas vocês viram que mudanças? O Garden Hall reabriu, sem ganhar um nome horrendo de empresa de telefonia! O Jazzmania reabriu! Que booooooom!!!! Será que isso é um sinal de que o carioca voltou a sair de casa pra ouvir música?... "

São essas pequenas notas, em colunas de prestígio como a de Hilde que fazem com que as pessoas que de fato gostam de jazz sejam alertadas e busquem obter mais informações sobre o que acontece de bom - e jazz é muito bom - na cidade.
Nós aqui agradecemos, indiretamente, em nome do setor cultural que se dedica a disseminar essa forma de arte, reputada como a única legitimamente americana.

Os esforços para se produzir espetáculos de qualidade em nossa cidade vem se adensando, felizmente, através do trabalho e da dedicação dos verdadeiros amantes do jazz. A se notar, os da Modern Sound, o do Leblon Lounge Jazz Club (com o Ruy Martinelli à frente), o Jazzmania, citado na nota (em ótima retomada do Paulo Renato Rocha), além do permanente trabalho de qualidade do Mistura Fina, onde o Pedro Paulo continua, incansável, na manutenção da chama jazzística no território carioca. E agora, com a ajuda do CJUB, nas nossas noites mensais.

Tudo isso contribui para ajudar na retomada que se pretende, do Rio como capital cultural, com muita coisa boa para se fazer, em termos musicais, todos os dias. Amém.

Paris Hilton (video)

16 novembro 2003

Não aqui não é um lugar onde você vá encontrar o que está procurando. Este site é sério e trata apenas do que está escrito no título. Portanto, vá procurar o video de Paris Hilton lá no Google. Se bem que, de certa forma, dada a sua idade e atuação, é inegável dizer que PH é jazz!

O DOMÍNIO FEMININO NOS PRESTIGIA...

15 novembro 2003

Podem tirar seus burricos da chuva, não é nada do que estão pensando. Há tempos atrás, procurando algumas imagens que ilustrassem nosso CJUB, achei na net uma lasciva e rubra boca feminina que envolvia sensualmente um "robusto". Esta imagem está na coluna fixa da esquerda até hoje e lá se vai mais de ano e meio. Pertence ao site Domínio Feminino, capitaneado pela Berta Ataíde, que nesta semana nos enviou um simpaticíssimo email com uma revisão adaptada especialmente para o CJUB. Ficou bastante interessante e Berta ainda teve o cuidado de adaptá-la para a largura exata da coluna. Não satisfeita, como um desses espíritos irrequietos que fazem coisas acontecerem, nossa amável Berta ainda produziu uma outra arte, desta vez sobre foto minha de Nestor Marconi, tirada meio que ao léu - a despeito de qualidades nela apreciadas pela Berta, e que eu não vejo senão como coincidência - no Tim Festival.
Então, além do link para que todos possam conhecer o Domínio Feminino, no título deste post, aqui vão os trabalhos de Berta para apreciação de todos. E embelezamento do CJUB.
À Berta, mais uma vez, nosso agradecimento.

TIM FESTIVAL, CLUB, 30/10/2003, MAM

11 novembro 2003

NESTOR MARCONI - @@ 1/2

Sem qualquer ingrediente jazzístico - ao contrário do que disse Ed Motta aos jornais - e totalmente dedicado ao tango moderno, o quinteto de Nestor Marconi inaugurou o palco Club do Tim Festival com um trabalho camerístico de notado rigor formal, porém sem perder o apelo ao lirismo caracterísitico daquela música, regida, como nenhuma outra, pelo binômio romance/tragédia.

Combinando composições originais e clássicos do gênero, entre os quais a indefectível Adios Nonino (Piazzolla), a apresentação sofreu com a ambience desfavorável ao clima intimista dos arranjos (a "tenda" Club mais parecia uma "gaiola de plástico"), além de um indesejável "contraponto" tecno vindo da área externa entregue a DJs nada intimistas.

Entre os instrumentistas, destacaram-se, além do líder, a virtuose do pianista e o som limpo, impecável, do violino, pouco usual em formações de música popular.

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CEDAR WALTON - @@@@@

O time espetacular trazido pelo legendário pianista Cedar Walton brindou a platéia com um concerto impactante e mesmo enciclopédico em matéria de jazz moderno, sendo todos, sem exceção, ícones em seus instrumentos e referências na chamada "música dos músicos".

Cedar Walton participou de sessões seminais da história do jazz, e pertence a uma linhagem de pianistas raros, a um só tempo elegantes e fluentes, como, por exemplo, Tommy Flanagan, não sendo coincidência tenham ambos sido escalados por John Coltrane para seu revolucionário Giant Steps.

Walton dedilha o piano quase que todo tempo fitando o teclado, com espantosa placidez, mesmo nos tempos rápidos. Ele toca como uma cigana lê a mão, descortinando, nota por nota, o futuro imediato de sua música, como se o destino do piano já estivesse traçado antes mesmo do início do set.

Suas múltiplas citações em Body and Soul, apresentada em trio apenas e como que vertida para bossa and soul, porque embalada por nosso ritmo nativo, formaram um rio de idéias, num solo devastador que arrebatou o público.

Curtis Fuller, o maior trombonista do Hard Bop de todos os tempos, demonstrou classe invejável e até surpreendente vigor para os problemas de saúde que enfrentou. Em melhor forma do que quando aqui esteve, há poucos anos, com Benny Golson num tributo a Art Blakey, Fuller protoganizou, com o líder e o saxofonista Donald Harrison, nova reunião de ex-messengers.

Harrison não encontra rival, no dias de hoje, para seu instrumento, tal a abrangência de estilos pelos quais trafega com desenvoltura inigualável. Dono de um timbre sublime - fato raro para o saxofone contralto - o músico está bem próximo de alcançar o panteão dos solistas "perfeitos", ou seja, aqueles que não desperdiçam um única nota em suas improvisações, todas mantendo exata coerência entre si e em relação à melodia base.

O baterista Lewis Nash também mostrou estar no ápice da forma, desfilando todos os recursos de uma baterista bopper, numa performance pirotécnica, e, antes de tudo, extremamente musical. Ele foi o swing constante e o drive milimétrico de toda a noite, já que, de um fôlego só - e que fôlego - "emendou" na apresentação seguinte, servindo à big band de Mccoy Tyner, outro concerto "arrasa-quarteirão". Ao fim, só faltou a Nash quebrar o recorde dos 100 metros rasos.

David Williams, com seu som metálico, foi o pulso preciso da formidável gig, sempre com comentários de brilho, alta criatividade tanto na marcação quanto nos sensacionais slaps (estalar das cordas), calando os precipitados (como este penitente repórter), que ensaiaram reclamar da ausência de Ray Drummond, originalmente escalado para a data.

O set list foi um capítulo à parte, verdadeira iguaria para qualquer jazzófilo. A começar pelo original Cedar Blues, passando pela genial Little Sunflower (Freddie Hubbard), Arabia (Curtis Fuller), In a Sentimental Mood (Ellington), a já mencionada Body and Soul (Eyton/Green/Heyman/Sour) e fechando com outra composição do líder, Firm Roots, em intenso uptempo.

A falta do bis, certamente não imputável ao conjunto, foi a única decepção, já que, com música dessa qualidade, o resto da noite seria ainda pouco para os que tiveram a sorte de atender ao melhor concerto do festival.

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McCOY TYNER - @@@@@

Mccoy Tyner também faz parte de grupo seleto de pianistas (Harold Mabern, John Hicks), de estilo sempre vigoroso, toque percussivo, élan irresistível e concepção arrojada.

Toda essa energia, transferida para o "peso" natural de uma big band, só poderia mesmo resultar numa química explosiva, que, logo ao poderoso uníssono inaugural, fez tremer os alicerces do lugar, despertando emoção logo na primeira música, a sensacional Passion Dance, faixa de abetura do clássico album de estréia do artista na Blue Note, "The Real Mccoy" (1967).

Quem conhece a genialidade de Tyner e teve o privilégio de testemunhar sua última e memorável passagem pelo Rio, ainda no tempos do Free Jazz no Hotel Nacional, (naquela que penso ter sido, no conjunto, a maior das noites em todas as edições do Festival), sabia o quão imperdível seria rever o pianista, ainda mais diante de tão bissexta formação.

Dizer que valeu a pena é pouco. Indescritível a sensação de ver um gênio, em forma exuberante e, acima de tudo, mostrando todos os maravilhosos clichês que ele inventou.

Em Update, tema seguinte (do disco Turning Point, gravado exatamente com orquestra, em 1991), estavam todos lá: os arpejos entrelaçados, as oitavas intervaladas, quartas e quintas descendentes, enfim, um verdadeiro banquete para a privilegiada audiência.

A banda, do início ao fim coesa, vibrante e afinada com os arranjos sempre diretos (mas nunca "simplórios"), trouxe destaque para vários de seus integrantes, como o trombonista Steve Turre (sua presença foi saudada, pois não era esperado para o Festival), o saxofonista Javon Jackson (que integrou a formação final dos Jazz Messengers), o enérgico percussionista Ritchie Flores, o trompetista Scott Wendhelt, que pareceu tocar frases impossíveis, tal seu virtuosismo, o tubista Antonio Underwood, e o trompista John Clark, valendo registrar, no entanto, que, além destes, todos os demais, sem exceção, eram, também, excepcionais instrumentistas, a sugerir, portanto, a magnitude do conjunto.

A seção rítmica, contudo, escreveu um capítulo à parte.

Lewis Nash (bateria) manteve, todo o tempo, o inacreditável drive que a todos tinha assombrado já na apresentação de Cedar Walton. Quanto ao irrepreensível Charnett Moffett, se já seria difícil, para qualquer baixista, "segurar" um pianista como Mccoy Tyner sozinho, imaginem uma big band sob seus auspícios e carregando tamanha massa sonora ?

E o "Nirvana" foi atingido precipuamente quando o trio, sob o olhar deslumbrado do restante da banda, atacou Serra do Mar, belíssima composição de Tyner presente em seu último disco (Land of Giants, 2003) e que ratifica a admiração do líder pela música brasileira. Viu-se, então, um clímax digno da santidade, a que poucas vezes chegam mesmo os mais inventivos artistas.

A felicidade daquela noite ficará eternizada na memória, com a imagem dos dois gigantes do piano, domando o velho Steinway à frente de seus sensacionais combos, tomando lugar especial em nossas almas.

PARA QUEM NÃO LEU NO BLOG DO ANTONIO CARLOS MIGUEL
- SOBRE SHIRLEY HORN NO TIM FESTIVAL

Tomo a liberdade de transcrever aqui alguns dos posts do blog do Antonio Carlos Miguel no Globo Online, que tratam do problema de som havido no palco Club do TIM Festival e as respostas, dadas por alguns dos responsáveis, ao artigo de ACM no Segundo Caderno do O Globo, no dia seguinte.

Pela ordem, aqui: (1) post do ACM, sobre o que ocorreu na última noite; (2) o email de Paulo Albuquerque; (3) o comentário de ACM a respeito deste; e, (4) a msg de Monique Gardenberg ao ACM.


(1) "... Ainda pretendo fazer um minibalanço do FesTIMval que acabou nessa manhã de domingo. O palco Afterhours começou cerca de 4h da manhã, e quem viu (ou 90% dos que conheço que viram) Peaches disse que é um fenômeno, o grande show dos últimos milênios...
Antes disso, o Club quase foi arrasado pelo temporal que desabou momentos depois de Meirelles e os Copa5 abrirem a programação de sábado, com show que chegou a ser interrompido por um raio que caiu muito perto e causou uma explosão no sistema de som.
Na seqüência, Walter Weiskopf Nonet, num jazz com bons arranjos, temas originais interessantes, clima entre Gil Evans e Miles Davis em "Kind of blue"...

Até o desastroso caso Shirley Horn. Não pela veterana dama do jazz, que entrou, de cadeira de rodas, totalmente vendida nessa história. Sou um entusiasta do festival no Museu de Arte Moderna, mas desde a transferência do finado Free Jazz para lá que o som do palco jazzístico, inicialmente localizado no prédio do museu, depois transferido para uma tenda, é prejudicado pelo vazamento de ruídos externos.

Shirley e seu trio, com uma música, como bem lembrou a cantora Joyce, que explora as pausas, o silêncio, foram massacrados pela potência sonora do Public Enemy, que entrou em cena no palco Stage perto do meio da apresentação da jazz singer. Ela bem que tentou seguir em frente, mas a situação ficou cada vez mais difícil. Atônita, ela perguntava: "What's goin' on?".

Monique Gardenberg, idealizadora e produtora desse evento há 16 anos, e seu diretor técnico, Maurice Hughes, deram convincentes explicações (o atraso no Club devido à chuva, a necessidade de o show no Stage começar, já que aquela tenda abrigaria em seguida a sessão Afterhours, com Peaches e DJ Marlboro), mas o que fica é o estrago. Jazzófilos saíram revoltados.

Os produtores já pensam em duas soluções para a próxima edição do TIM Festival (que como fora anunciado, vai para São Paulo, num rodízio anual): -shows de jazz em outro lugar, provavelmente em algum teatro da cidade; -uma tenda superprotegida acústicamente.

Desastre no Club à parte, o festival foi ótimo: bons shows nos quatro diferentes palcos e um Village (o espaço nos pilotis e nos jardins do MAM com bares, restaurantes, tendas com cinema, DJs, performance), agora com ingresso para o acesso, que concentrou a fauna noturna carioca."

(2) E-MAIL DE PAULO ALBUQUERQUE (curador do palco Club no TIM Festival)

"Meu caro Antonio Carlos,

A propósito de sua nota sobre os problemas de som com a Shirley Horn gostaria de informar-lhe: O episódio relatado por você de que ela "soltou os cachorros" em cima de mim nunca aconteceu, talvez até porque ela não tenha me encontrado. Não sei quem lhe deu essa informação. Isso, entretanto, não invalida a sua crítica ao insuportável vazamento sonoro no palco Club.
Outra coisa que é bom esclarecer: não sou, ao contrário do que você informa, UM DOS RESPONSÁVEIS PELA DESASTROSA PRODUÇÃO DO CLUB. Sou, sim, junto com meus amigos Zuza Homem de Mello e Zé Nogueira o responsável pela curadoria desse palco, isto é, pela escolha do elenco que passou (e sofreu) pelo palco Club.
E tenho bastante orgulho de termos selecionado um elenco de primeira que foi, infelizmente, prejudicado pelos problemas que você relatou.
Pode ficar certo que estou (eu, Zé Nogueira e Zuza) tão indignado quanto você, o público e os artistas com o ocorrido. E quero agradecer-lhe pelas críticas que, espero, ajudem a resolver esse problema para o futuro. Um abraço,
Paulo Albuquerque"

(3) "Caro Paulo,
três diferentes pessoas relataram-me o ocorrido nos bastidores, após a apresentação de Shirley Horn (quando foi literalmente varrida do palco pelo som que vazava do Stage com o Public Enemy), mas se dizes que não foi com você que a cantora soltou os cachorros, aceito. Vale a tua versão. Já o fato de não seres "um dos responsáveis pela desastrosa produção do Club", em parte, já que como um dos curadores, essa preocupação com a qualidade do som, da acústica também deveria ser uma das prioridades. E esse é um problema que se arrasta desde que o antigo Free Jazz mudou para o Museu de Arte Moderna.
De qualquer forma, o meu intuito com aquela crítica era construtivo, torço pelo festival, gosto do formato de diferentes tendas (mesmo que não consiga assistir a todos os shows que gostaria) e, principalmente, o palco Club é o que mais me identifico.
abraços e saiba que a publicação de teu e-mail no blog não elimina a publicação no Segundo Caderno. Continuo aguardando vaga na seção de cartas, que não sai todo o dia.

antonio"

(4) "Idealizadora e produtora do Free Jazz Festival, que este ano renasceu como TIM Festival, Monique Gardenberg envia e-mail sobre os problemas de som ocorridos no palco Club, a tenda que abrigou os artistas de jazz no Museu de Arte Moderna."

"oi antonio,
depois de alguns dias me refazendo da maratona (...), queria te dizer que os curadores do jazz tiveram sim preocupação com o vazamento do som. ficaram no meu pé e encheram a minha paciência e caixa postal durante meses.

a dueto fica bem limitada, pois somente um profissional no mercado tem a capacidade de montar toda aquela estrutura, que envolve não só as tendas, mas os esgotos, banheiros, rede elétrica, pisos, banheiros, bares, etc. a dueto vacilou ao confiar na sorte, ao confiar que todos os shows transcorreriam no horário. veio o diluvio e tudo saiu do controle...

quando algo tão sério acontece, como aconteceu com a shirley horn, é que nos damos conta do tamanho do nosso erro e passamos a considerar novas
possibilidades para a solução deste problema, que, como você bem disse ao paulo, já se arrasta há alguns anos. enfim, era prá te dizer que a produção foi alertada quanto ao perigo e confiou na sorte, achou que tinha tudo bem planejado para dar certo mas não contou com o imponderável.

vamos nos preparar de outra forma. o club terá sua construção, e apenas o tim club, a cargo de empresa especializada estrangeira em acustica e isolamento sonoro, já que a tim preferiu não afastar o club do espaço do festival, do MAM.

enfim, era só para ficar claro de quem foi o vacilo...
não tenho dúvida que você e o globo foram super bacanas e torceram totalmente a favor do evento. o episódio desastroso foi alvo de crítica de todos, imprensa e patrocinador. a mim cabe reconhecer e partir para achar a solução.
um beijão,
monique"

Nós do CJUB, presentes a todas as noites do palco Club, sofremos barbaramente com os problemas aqui relatados. Pessoalmente, avisei ao Zuza Homem de Mello da tragédia que se anunciava, tão logo terminou a apresentação de Nestor Marconi, ou seja, ao final da primeira atração do primeiro dia. Havia ali, sim, uma solução e era muito simples. Bastava tirar um DJ da tomada!
Pois o que mais me irritou foi que o som que estava vazando, ao contrário do que ocorreu na noite de sábado, com as conseqüências acima descritas, não era o de outra atração de outro palco - o que também não se justifica, mas que nossa querida Monique assumiu a responsabilidade de resolver no futuro - mas sim o som de baixa frequência, um inclassificável drum 'n' bass, oriundo de tenda no átrio do MAM cujo único propósito seria o de botar para dançar a alguns trogloditas de mentes vazias, o que não se justifica sob nenhuma ótica, por mais comercialmente benevolente que se queira ser.
E essa mesma tenda estava literalmente a pleno vapor no momento da nossa saída do Club no sábado, depois da desistência a meu ver tardia, de Shirley Horn lutar contra o barulho atordoante. Fotografei os beneficiários locais desse massacre sonoro: meia dúzia de malucos envoltos em fumaça institucional, público de nenhuma, repito, nenhuma importância, se comparado aos seiscentos e tantos amantes de jazz afrontados pela falta de visão - e de audição - da turma que produziu o evento, quem quer que tenha sido. Uma pena.

Resta-nos alertar, em socorro aos valores relevantes destinados às futuras produções, que os sons de baixa freqüência como os ali produzidos não são passíveis de vedação exceto pela distância. Qualquer tratamento resultará em gasto irrazoável, em soluções mirabolantes que, ao final, provar-se-ão ineficazes.
A única solução é que não se permita "raves" em festivais mistos, pelo menos até que as atrações jazzísticas já tenham terminado seu trabalho e que seu público já esteja a quilometros dali.

LEO GANDELMAN NO ESPAÇO ARPOADOR

10 novembro 2003

Na última quarta-feira, dia 5/11, fui convidado a assistir ao show do Leo Gandelman no Espaço Arpoador, antigo Jazzmania. Cheguei às 21h 20min, dez minutos antes do horário marcado para o início do show. Já sabia porém, que a triste tradição de se nunca começar um espetáculo na hora seria mais uma vez obedecida. Observei na entrada que o show seria basicamente para convidados tamanha era a lista de nomes. Quando entrei, vi o produtor Paulo Renato e ao falar com ele logo me perguntou pelos outros convidados do CJUB que ainda não tinham chegado, Goltinho e Rodrink. Procurei uma mesa bem ao fundo para poder constatar de um outro ângulo a visibilidade do palco e a qualidade do som, já que no mês anterior estive presente no show do Montarroyo numa mesa defronte ao palco. Os garçons sempre atentos não deixavam uma mesa sem serviço, sendo um contraponto positivo a qualidade ruim do que foi servido.

Uma hora depois do horário previsto foi anunciado o show. Os músicos no palco começaram a tocar e Leo Gandelman surge por entre as mesas tocando seu sax alto numa entrada repleta de aplausos. As primeiras músicas são composições suas (Solar e Castelo de Areia) que estão presentes no DVD recém lançado, aliás o primeiro DVD brasileiro de música instrumental. Confesso que prefiro mais o Leo como intérprete de que como compositor, considero inclusive um dos melhores saxofonistas brasileiros, um músico versátil e que sabe como poucos conduzir de forma inteligente sua carreira. Gostaria muito de ouvi-lo tocando jazz tradicional, o que parece seu filho está fazendo nos Estados Unidos. Depois do sax alto, Leo tocou num sax soprano que possui um formato muito parecido com um sax alto em miniatura e em seguida exclamou sua qualidade musical num sax tenor. O som estava perfeito assim como a iluminação, que foi conduzida de forma segura pelo Paulo Renato.

Um dos grandes momentos da noite foi ouvir “A RÔ de João Donato, tendo ao fundo as ondas do Arpoador como cenário. Aliás, quando Gandelman falou com a platéia pela primeira vez, destacou a beleza e a importância do Jazzmania na música instrumental brasileira e na sua carreira, onde lançou seu primeiro CD. Outro ponto alto foi a belíssima interpretação com seu sax soprano de as “As Rosas Não Falam” de Cartola. Gandelman homenageou também outros ícones da música brasileira como Pixinguinha (Lamento) e Ari Barroso (Na Baixa do Sapateiro).

A platéia, que correspondia a cerca de 60% da capacidade da casa, foi a loucura mesmo no último número. “Maracatu Atômico” foi tocada por um inspirado Leo Gandelman que no meio da platéia parava de mesa em mesa e nos brindava com um show quase particular. Um final apoteótico. O show foi bem parecido ao que eu assisti no Rival, quando do lançamento do DVD e é sem dúvida uma boa pedida para quem gosta de música instrumental.

Fico feliz por constatar o belo trabalho que estão desenvolvendo no Espaço Arpoador. O ponto é maravilhoso, a paisagem deslumbrante e o local emblemático. A visão que temos do palco é muito boa, mesmo estando lá atrás, mas ainda acho que o palco poderia ser um pouco mais alto. O som como já disse estava perfeito, mas o que eu mais gostei tecnicamente foi a iluminação precisa e segura, valorizando a emoção de cada música e não deixando nenhum músico na penumbra. Senti falta de um sistema de exaustão como a que tínhamos no Epitácio o que evitaria a presença incômoda da fumaça para quem não fuma. A casa precisa melhorar também a qualidade dos petiscos que são servidos, pois não condizem com a importância do lugar.

A noite foi muito interessante, com boa música e num local muito agradável. O Coutinho chegou quase no final e quando o Leo Gandelman, já depois do show, o viu foi logo falar com ele. Sabem qual foi o diálogo? Leo: “Quanto foi o jogo do Palmeiras?” Coutinho: “Um a zero pro Palmeiras”, Leo: “Ihhh... Tá ficando difícil pro Fogão...”
Impagável!

Marcelo Siqueira