Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

TIM FESTIVAL, CLUB, 31/10/2003, MAM

17 novembro 2003

TERENCE BLANCHARD - @@@@1/2

Tão atraente quanto resenhar concertos de unânime aprovação - como os do dia anterior - é debruçar-se sobre aqueles que geraram opiniões divergentes, as vezes radicalmente opostas, caso da apresentação do trompestista Terence Blanchard, à frente de seu sexteto "Bounce".

Blanchard, a quem coube, nos anos 80, a árdua tarefa de substituir Winton Marsalis nos Jazz Messengers de Art Blakey, vem colhendo os frutos de carreira bem sucedida, alternando projetos autorais, em que se incluem até trilhas sonoras (Mo' Better Blues, Malcolm X), a discos mais comerciais, infelizmente beirando, em alguns casos, o easy listening, como o enfastiante Billie Holliday Songbook, com cordas.

Quando se trata, porém, de oferecer jazz de verdade, o trompetista não tem qualquer dificuldade em mostrar que entrou, definitivamente, em sua maturidade artística, seja como arranjador ou solista.

Nas baladas Noturno (Ivan Lins) e I Thought About You (Mercer/VanHeusen), esta última valendo-se das harmonias de Blue in Green (M. Davis/B. Evans), ele desfilou enorme elegância em solos de impacto melódico magnífico, pontuados por pausas que se prestavam a muito mais que simples paradas para respirar. Eram reflexões em pequenas frases, que, interrompidas, seguiam-se em novos ataques, criando tensões e distensões sem nunca digredir e, ao contrário, envolver o tempo todo o ouvinte.

Seus músicos extraordinários demonstram grande aplicação, trafegando os arranjos entre o cool, post-bop e as influências bossa e funk.

Em Azania, tema do líder inspirado no universo coltraneano, com viva exploração do modalismo, a introdução gutural do guitarrista africano Lionel Loueke,
evocou a raiz africana do jazz e sua importância permanente na evolução do gênero, em cuja história certamente já está escrito, com destacado relevo, o nome de Terence Blanchard.

Foi um concerto inspirado, preciso e contagiante, ofertado por um artista na plenitude de seu mister.


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ILLINOIS JACQUET - @

A solitária orelhinha (@) é mérito exclusivo do formidável trompetista Sean Jones (que já trabalhou, entre outros, com o baixista Charles Fambrough), solista devastador na clássica A Night in Tunisia (Gillespie) e salvador do mais absoluto fiasco a desastrosa apresentação da big band de Illinois Jacquet.

A pergunta era: o que um jovem brilhante como Jones estava fazendo ali ?

O vexame do bloco inicial dedicado a Jobim (Corcovado, Chega de Saudade e Garota de Ipanema), com direito a ritmo sonolento e vocais trôpegos do octogenário band leader, anunciou tudo e deu início à debandada de vários aficcionados.

Arranjos surrados, executados sem qualquer motivação, pareciam par perfeito para o cansadíssimo Jacquet, que não convenceu nem ao ressucitar o timbre encorpado, cheio de vibrato, que é a marca registrada da escola de Coleman Hawkins, Ben Webster e Ike Quebec.

Acontece que, nem no auge de sua forma, Illinois Jacquet jamais ensaiou rivalizar com aqueles monstros do sax tenor.

Conquanto louváveis ambos os esforços, primeiro da produção, em trazer uma big band dita "tradicional", e, segundo, do próprio líder, de ainda permanecer atuando, o resultado revelou-se constrangedor a um extremo tal, que culminou com o embaraçoso desconhecimento, por parte de Jacquet, de praticamente todos os nomes de seus músicos. Sequer apresentá-los ele conseguiu.

No fim, malversado o swing e clima de Estudantina instalado, o deslumbramento da incauta platéia, achando-se diante uma "lenda viva", só ajudou a sublinhar a decadência daquele que, sem dúvida, foi um ótimo músico de jazz, mas, perdoem o cliché, definitivamente não soube a hora de parar.

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Deixo de comentar a apresentação de Luiz Avellar, porque não pude assistí-la, na maior parte. Mas não resisto a reproduzir as palavras que ouvi do Mestre Luiz Orlando Carneiro, logo após o show, aludindo à conversa que tivemos no almoço daquele dia:

"V. tinha razão, para acompanhar o Danilo Perez, num duo piano/baixo, só mesmo o Paulo Russo. O que ele está tocando é um absurdo !"

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