Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

Comentários

30 agosto 2003

Informação: o sistema de comentários que atende ao CJUB, por motivo de uma quebra do servidor, só deverá voltar a funcionar na segunda-feira próxima. Até lá, senhores visitantes, por favor anotem-nos num papel não-virtual, para não esquecerem suas observações, sempre valiosas para nós. Os editores, por sua vez, sempre poderão fazer comentários através de posts. Valeu!

ALFIE, DE SONNY ROLLINS

29 agosto 2003

A relação jazz & cinema tornou-se definitiva em 1966. Dois diretores conceituados, o italiano Michelangelo Antonioni e o inglês Lewis Gilbert, chamaram na época jazzistas de ponta para compor as trilhas. Ambos filmados na Inglaterra, “Blow-Up” e “Alfie” receberam temas de Herbie Hancock (1940, Chicago) e Sonny Rollins (1930, New York), respectivamente. Coincidência ou não, o primeiro ganhou a Palma de Ouro em Cannes (67) e o segundo, o Prêmio Especial do Júri, também em Cannes (66). Hoje, sem vínculo com o filme, o trabalho de Rollins, relançado em CD pela Impulse, permanece como um dos mais criativos e inspirados momentos de sua enigmática carreira.
“Alfie” é um album indispensável. Apesar do compromisso formal com o filme, Rollins aproveita a pequena banda (ten-piece band) e os arranjos sempre oportunos do saudoso Oliver Nelson para improvisar livremente sobre temas essencialmente jazzísticos. A base, composta por um quarteto entrosado, teve o estupendo pianista Roger Kellaway, o contrabaixista Walter Booker, o guitarrista Kenny Burrell e a bateria sempre contagiante de Frankie Dunlop (vide Monk). Todos participam em igualdade de importância. A faixa de abertura, “Alfie’s Theme”, com quase 10 minutos, valeria sozinha o disco. Há quem diga que o CD é uma aula de jazz sob todos os aspectos, desde o sentido de improvisação à concepção de arranjos para uma pequena banda. Não há exagero nessa avaliação.
Já em 66, muitos diretores chamavam compositores pop de sucesso para escrever uma única canção, com letra, e marcar o filme – expediente até hoje utilizado. Quase sempre o tema era apresentado no final, misturado aos créditos. No caso de “Alfie”, Burt Bacharach e Hal David foram os escolhidos. Acabaram compondo uma de suas mais inspiradas músicas, talvez em respeito pela presença do grande saxofonista na trilha original. Os menos avisados ligam essa canção ao filme, como se o trabalho inteiro fosse do Bacharach. Os mais jazzófilos sabem que “Alfie” é de Sonny Rollins.
PS. De pato prá ganso, há rumores de que nossa queridíssima Diana Krall teria aceitado um convite para participar no Rio dos primeiros capítulos da nova novela do Gilberto Braga (Globo). Será que não sobraria tempo para uma canja básica?

Epitácio Jazz Lounge

28 agosto 2003

Naquela sexta-feira, após um de nossos primeiros almoços, seguimos eu, Mau Nah e Goltinho para um Porto saideiro, no Cais do Oriente. Lembro-me que Mau Nah tinha a fixa idéia de produzirmos uma noite jazzística, entre amigos, e o assunto voltou à tona naquela tarde. A experiência de Mestre Goltinho tornou realidade aquele sonho embrionário, e acordamos fazer uma produção, por nossa conta, em local a ser escolhido.
Trazida a idéia aos demais confrades CJUBianos, tentamos definir os contornos mínimos do sonhado “projeto”, e a lembrança do Epitácio, pelo Mau Nah, foi um tiro mais que certeiro, não obstante o fato de aquela casa nunca ter se envolvido em projetos dessa natureza – mas contávamos com o Cláudio, verdadeiro padrinho do CJUB, e a quem devemos a parceria com a Pernod-Ricard do Brasil. As noites das últimas quartas-feiras do mês tornaram-se irremediavelmente compromissadas a partir de então – nascia o Chivas Jazz Lounge.
Desde a primeira das apresentações sentimos que o Epitácio, muito mais que mero embalador de nossos sonhos, tornara-se uma segunda casa para todos nós. A cortesia do anfitrião, aliada ao serviço atencioso de todos os funcionários, muito contribuiu para o sucesso de nosso projeto, até aqui.
A última produção do Epitácio, em noite de gala, sob a batuta de Mr. Sazz, foi o fecho com chave de ouro que a casa merecia, e tenho certeza que os ânimos de todos nós estavam particularmente sensibilizados nesse sentido, talvez para manifestar nossa gratidão pela acolhida que lá tivemos.
Hoje, revendo os filmes de tantos inesquecíveis momentos, entendo que o registro musical encapsulado em cada uma das lâmpadas de neon vermelho – marca registrada do “nosso” lounge -, nada mais representa que a consagração de um tema, o jazz, que vem nos proporcionando perenes amizades, daqui e de alhures, como a havida com nosso querido José Flávio, que prestigiou nossa terceira apresentação e com quem ainda muito estaremos.
Antes da apresentação de ontem imaginei acordar hoje ao som do Requiem de Mozart, mas entendo que o melhor registro a ser guardado é o do hino nacional, irretocavelmente sugerido, em diversas passagens, pelo monumental Paulinho Trompete.
Epitácio: requiem aeternam dona eis.

BOMBOU!

Só para confirmar, enquanto as resenhas e fotos não chegam. A noite de ontem, a última dos concertos CJL no Epitácio, pilotada pelo nosso professor Sazz, simplesmente "quebrou o barraco", como se diz na gíria carioca. Agora vamos ver no Mistura Fina, no próximo dia 25 de setembro, sob a batuta do igualmente tão querido Bené-X.

O EMOCIONANTE CHIVAS JAZZ LOUNGE IV

A emoção sem dúvida foi o sentimento da noite. O clima frio e chuvoso em nossa cidade contribuia para o sentimento de despedida, já que aquela seria a última noite no Epitácio, casa que apostou no nosso projeto e nos acolheu de forma tão simpática e carinhosa. Se perdemos na quantidade do público presente, ganhamos em sua qualidade. Sem dúvida foi a platéia mais seleta e atenta de todas as noites. O clima de expectativa era geral, todos excitados com a promessa do Sazz de "bombar" nossa última noite no Epitácio.
Quando os músicos começaram a tocar, um insistente problema no som tentou esfriar a empolgação. Tentou apenas, pois os músicos lá presentes fizeram uma apresentação à altura do evento, do CJUB e do nosso produtor e amigo especial, o único e inigualável Sazz!
Tema após tema, solo após solo. A noite avançava e contagiava todos os presentes. Vi o mestre Raffaelli aplaudir o quarteto de pé, após uma canção. Vi o Sá andar de um lado para o outro, exclamando palavras impublicáveis, tamanha era sua felicidade, vi o Fraga voltar a sorrir, o Zé Henrique estampar seu sorriso de admiração após os solos do Paulinho Trompete, vi o nosso David (Daviiiiiiiiiid) feliz e fazendo sua crítica, sempre precisa, do evento, vi Marcelão com seus braços erguidos e sorriso aberto, o Coutinho com seus berros e entusiasmo, o Rodrigo com seu profissionalismo, a Marzia com sua beleza e eficiência ajudando a noite a ficar mais bela, vi nosso presidente, Mauro, transbordando de felicidade pela noite, pela apresentação, pelo CJUB e pelos amigos. Vi homenagens, vi alegria, vi um belíssimo concerto, vi emoção.
Nada porém me emocionou mais que a generosa, carinhosa e inesquecível homenagem que o Sá me fez ao pedir, quase implorar, para que sua irmã, quem eu tanto admiro, Wanda Sá cantasse Água de Beber, a canção de minha vida, no encerramento do evento. Perfeito. Emocionante. Inesquecível...
Momentos como esse devem ser lembrados sempre. Obrigado Sazinho.

Abraços,

Marcelink

VAI BOMBAR!

22 agosto 2003

Só para deixar claro. Podem me cobrar. A noite de 27 vai bombar!

Botando água na boca de vocês - a "set-list" do Edson Lobo

Já estamos de posse da relação das músicas que vão rolar no 4o. CJL, para que todos possar ir antecipando a grande noite que se aguarda na próxima quarta feira. Segurem as pedradas:

1o. SET:
Yesterdays - Harbach & Kern
I Remember You - Victor Schertzinger & Johnny Mercer
Stolen Moments - Oliver Nelson
Vivo Sonhando - Tom Jobim
Speak Low - Kurt Weill & Ogden Nash
My Funny Valentine - Rodgers & Hart
Sambou, Sambou - João Donato


2o. SET:
Joy Spring - Clifford Brown
Beautiful Love - Gillespie, King, Van Alstyne, Young
Emily - Johnny Mandel & Johnny Mercer
You and the Night and the Music - Dietz & Schwartz
Meu Sonho é Você - Carrilho & Nunes
Chovendo na Roseira - Tom Jobim
On the Sunny Side of the Street - Jimmy McHugh & Dorothy Fields
Like Someone in Love - Jimmy Van Heusen & Johnny Burke

Façam suas reservas para não perder esse showzaço!

4o. Concerto da Série Chivas Jazz Lounge
Quinteto de Edson Lobo apresenta-se no Restaurante Epitácio

19 agosto 2003

O quinteto de jazz do baixista Edson Lobo será a atração de quarta-feira, dia 27, a partir das 21 horas, no lounge do Restaurante Epitácio (Av. Epitácio Pessoa nº 980, na Lagoa - tel. 2522.1999), dando seqüência ao Projeto Chivas Jazz Lounge, patrocinado pelo Whisky Chivas Regal e idealizado pelos membros deste blog.
A produção deste concerto será de José Sá, um dos membros fundadores do CJUB. O quinteto é integrado por Edson Lobo (baixo), Paulinho Trompete (também flugelhorn e trombone de válvulas), Ricardo Pontes (sax-alto e flauta), Fernando Moraes (piano) e Wallace Cardoso (bateria).

Edson Lobo é um dos mais articulados baixistas brasileiros, com vasta experiência no Brasil e no exterior. Edson foi uma revelação precoce. Aos 18 anos estreou profissionalmente integrando o trio original do pianista Dom Salvador, um dos primeiros conjuntos a aderir ao samba-jazz, com o qual gravou seu primeiro disco para a extinta Mocambo. Naquela época, teve a oportunidade de estudar com o baixista americano Cecil McBee, que o orientou nos segredos da execução do instrumento. Talentoso, tocou no lendário Beco das Garrafas, desenvolvendo seu estilo. Em 1966 integrou o quarteto do saudoso saxofonista Victor Assis Brasil que gravou o álbum “Desenhos”, o primeiro da discografia do maior músico brasileiro de jazz de todos os tempos. Mais tarde foi para a França com sua esposa, a cantora Tita, onde formou o Trio Camará com Fernando Martins (piano) e Nelson Serra dos Santos (bateria), que gravou em Paris um disco para o selo Barclay.

Regressando ao Brasil, ingressou na Orquestra Sinfônica Brasileira, na qual atuou por mais de 10 anos. Bastante solicitado por inúmeros músicos e cantores, tocou com Antonio Carlos Jobim, Edu Lobo e inúmeros outros. No início dos anos 80 gravou com sua esposa o álbum “Novidade de Vida”, com repertório de composições originais evangélicas, recentemente lançado na Inglaterra. Na década de 90 radicou-se em Boston, nos Estados Unidos, permanecendo três anos. De volta ao Brasil, vem atuando proflicamente com diversos conjuntos e cantores, incluindo a cantora Thais Fraga, Tomás Improta, Haroldo Mauro Junior, Dario Galante (que esteve no primeiro concerto CJL) e muitos outros.

Paulo Roberto de Oliveira, o Paulinho Trompete, adotou esse nome artístico porque assim é chamado pelos músicos, tal sua identificação com o instrumento que toca. No final dos anos 70 foi para New York, onde permaneceu algum tempo, tendo oportunidade de tocar nas orquestras de Thad Jones-Mel Lewis e de James Brown. Voltando ao Brasil, fez parte do revolucionário conjunto O Nosso Sexteto, liderado pelo baxista Zerró Santos, que foi uma sensação na música instrumental brasileira, ao lado de Roberto Marques (trombone), Cacau (sax-tenor), Idriss Boudrioua (sax-alto, presente também ao 1o. CJL) e Theomar Ferreira (bateria). . Improvisador de mão cheia e conhecido por seu estilo vibrante, Paulinho passou a executar o trombone-de válvulas há alguns anos, tocando e gravando com a grande maioria dos conjuntos instrumentais brasileiros.

Fernando Moraes é um dos mais ativos pianistas da cena carioca. Irmão do pianista, vibrafonista e compositor Jota Moraes, há anos integra o quarteto de Mauro Senise, com quem tocou em inúmeros concertos e gravou vários discos. Ele também é bastante solicitado por outros músicos. Sua versatilidade permite-lhe tocar diversos estilos, sendo uma garantia para os grupos que integra.

Ricardo Pontes possui longa folha de serviços, atuando e gravando com a maioria dos conjuntos e cantores brasileiros. Há anos integra a banda do pianista, cantor e compositor Johnny Alf, com quem se apresentou em inúmeros concertos e shows. Ele também integrou os conjuntos de Nana Caymmi, Ney Matogrosso, Lisa Ono, João Donato, Joyce, Ricardo Silveira, entre diversos outros.

Wallace Cardoso despontou recentemente como um dos talentos da nova geração de bateristas brasileiros. Ele também toca com o renomado pianista Osmar Milito e integra o Continentrio, do pianista Kiko Continentino.

(por José Domingos Raffaelli)

Última noite no Epitácio
Concertos CJL a partir de setembro no MISTURA FINA

Ouvido a propósito de sua expectativa para a noite, o produtor José Sá, o Sazz, promete abalar as estruturas do Lounge do Epitácio com um som contagiante, no que será a grande despedida dos concertos CJL dessa casa, pelo motivo do fechamento de suas portas já que, vendida recentemente, deverá ir abaixo. E segundo ele, pretende começar a "demolição" já no dia 27. Não percam!

E já que entramos no assunto, avisamos em primeira mão, aos nossos leitores aficcionados por jazz, uísque e charutos que a partir do mês de setembro, os concertos da série Chivas Jazz Lounge estarão sendo apresentados no Mistura Fina, casa de grande tradição jazzística no cenário carioca, também na Lagoa. Mais detalhes em breve.

Hope U all have a pleasant weekend before the Great Wednesday

Hello, guys and Marcita! I have been reading it all and am very hopeful that Sa scores a nice night. He is always so gentle when I post, he makes nice comments. So I decided to send you a fine pic Ralph took the other day.
I will not be there in person but in thought. Keep the good work, and besos for all.
See if you like!!!

ÚLTIMAS NOTÍCIAS: ORQUESTRA DE TOSHIKO AKIYOSHI DARÁ CONCERTO DE DESPEDIDA

A orquestra da pianista, compositora e arranjadora Toshiko Akiyoshi dará um concerto de despedida em 30 de outubro, no Carnegie Hall, de New York.
Akiyoshi, que é casada com o saxofonista e flautista Lew Tabackin, decidiu formalizar a despedida com um concerto comemorativo dos 30 anos de trajetória da sua orquestra.
- Comecei minha carreira como pianista e quero dedicar os anos restantes da minha vida tocando em solo e com pequenos conjuntos. Tomei esta decisão para dedicar-me exclusivamente ao piano e para mim é o caminho que devo seguir - declarou Mrs. Akyoshi.
(como reportado pelo Mestre RAF)

JAZZMANIA

Deu hoje no Ancelmo Gois que o antigo Jazzmania foi rebatizado de Espaço Arpoador e será aberto para a música. Mais uma opção na nossa cidade.
Marcelón

FESTIVAL TUDO É JAZZ

15 agosto 2003

Querida Confraria,
De 4 a 6 de setembro, na santíssima cidade de Ouro Preto, vai acontecer o festival TUDO É JAZZ.
Algumas atrações:
TÚLIO MOURÃO c/ NIVALDO ORNELLAS e RUFO HERRERA.
JOHN PIZZARELLI
PEDRO AZNAR
LUCIANA SOUZA
KAKI KING (guitarrista que desconheço)
JONATHAN CRAYFORD (pianista neo-zelandês)
GONZALO RUBALCABA

Marcelón

Harry Connick Jr. serve um festim de jazz, por Terry Perkins

14 agosto 2003

(Artigo transcrito e tradução livre) - Original aqui:

Ele é uma dessas pessoas que faz com que tudo pareça fácil. Aos 35, Harry Connick Jr. já é um artista de sucesso no mundo da música há 16 anos, atuou em filmes, estabeleceu um personagem recorrente na comédia televisiva de sucesso "Will and Grace", escreveu a trilha de uma peça da Broadway e até patenteou um programa de computador que permite aos músicos de uma orquestra lerem música digitalmente, direto da tela de computadores, ao invés de partituras.

Há alguns problemas, no entanto. Jazz sempre foi o primeiro amor de Connick mas sua celebridade e sucesso ocorreram primariamente por via de seus talentos como vocalista e como ator de filmes e na TV.

Depois de duas gravações pela Columbia, em 1987 e 88, que mostravam suas raízes nos estilos do jazz de sua New Orleans natal, ele foi percebido nas telas dos radares americanos pelas suas interpretações de canções clássicas na trilha sonora do hit-movie "When Harry Met Sally".

Daí em diante a carreira de Connick virou claramente na direção do estilo-Sinatra de cantar, acompanhado por grandes orquestras e arranjos ambiciosos. Em meio aos anos 90 ele explorou o funk de New Orleans e o rythm-and-blues nos álbums "She" e "Star Turtle", que fracassaram não apenas junto à crítica mas também comercialmente e Connick voltou às turnês e gravações com sua grande orquestra. Até agora.

A última gravação de Connick, "Other Hours" marca seu retorno ao jazz instrumental com um pequeno conjunto. Apoiado por Charles "Ned" Goold no sax tenor, Neal Caine no contrabaixo e Arthur Latin II na bateria - todos veteranos de sua orquestra - Connick volta às suas raízes jazzísticas com 12 músicas que escreveu para o musical da Broadway "Thou Shalt Not".

Seu atual périplo com esse quarteto vem sendo anunciado como uma noite "instrumental, não-vocal" focada no material do disco. Mas as platéias lotadas das apresentações já ocorridas, vem ocasionalmente pedindo a Connick que cante - em muito poucas vezes ele concordou. Se você conseguir entradas, esteja preparado para uma mesa farta, posta apenas com jazz, com uma mínima possibilidade de que cante, à sobremesa.

Curiosamente, o retorno de Harry Connick Jr. ao jazz instrumental ocorre no momento do lançamento do seu disco de estréia no selo Marsalis Music, criado pelo saxofonista Branford Marsalis. É uma combinação que faz todo o sentido, em termos das raízes musicais de Connick. O pai de Branford, o pianista Ellis Marsalis, foi um dos primeiros mestres de Connick (junto com o falecido e legendário James Booker), e ainda é fácil notar o estilo pós-bop e a influência do senhor Marsalis no teclado de Connick em "Other Hours".

Como se pode esperar de músicas escritas com um palco teatral em mente, a música nesse disco tem um foco bastante forte na melodia. Em decorrência, as improvisações desenvolvidas por Connick e seu grupo
produzem variações a partir de frases melódicas de notas únicas, soltas, ao invés da vertente usual de basear os solos na estrutura dos acordes das músicas.

Como Connick e seus músicos desenvolveram uma sólida interação na orquestra, essa formulação é bem sucedida. Através de todo o "Other Hours", os músicos atuam numa atmosfera relaxada, destensionada, mas com um forte e unificado sentido de swing que mantém tudo firmemente aglutinado.

TERÇA NO CAROLINE CAFE

07 agosto 2003

Nesta última terça tive um dia daqueles! Muito trabalho, pouco dinheiro, vários aborrecimentos... Fatos normais hoje em dia para pequenos comerciantes deste país. Pois bem, nada como uma boa música no fim de noite para levantar um pouco o astral. Pensei de imediato ir à Modern Sound, que além de ficar a poucas quadras da minha casa, tem um capuccino delicioso e sempre uma boa música. Me lembrei, porém, que as terças são reservadas para lançamentos de CDs e que nem sempre o artista me agrada. Ouço então na JB FM um comercial do Caroline Cafe Centro no qual se divulga sua noite de jazz, sempre às terças. Resolvi arriscar.
Quando me preparava para sair encontrei com um amigo que resolveu me acompanhar. Lá chegando percebi que o quarteto anunciado (Wilson Meireles, Hamleto Stamato, Nei Conceição e Vitor Santiago) havia sofrido uma mudança de última hora. Nos teclados Fernado Morais e no baixo Rogério, substituiam meu amigo Stamato e o Nei Conceição. Sentamos na mesa mais próxima aos músicos. A casa estava com poucas mesas ocupadas e a maioria das pessoas parecia nem saber que um show de jazz estava para acontecer. Pude ouvir o Meirelles conversando com seus músicos e escolhendo na hora o repertório, escrevendo o set list num pedaço de guardanapo! Meu amigo não levou muita fé. Mas tudo mudou quando os caras começaram a tocar. Talvez sem a pretensão de fazer um grande show, já que claramente as pessoas presentes não estavam lá muito atentas, o quarteto começou a tocar para eles mesmos, com trocas de olhares e sorrisos e com uma cumplicidade empolgante. Tocaram Mascarade, Scrapple From The Apple, Take Five num repertório eclético mas de um total bom gosto. Eu e mais meia duzia, aplaudiamos cada solo e incentivávamos o grupo que simplesmente arrasou. O Saxofonista Vitor Santiago estava sensacional e fez meu baixo astral ir para o espaço. No final do primeiro set tive de ir, mas fui conversar com os músicos que, pasmem, me agradeceram por estar tão atento ao show e incentivá-los ao final de cada música. Eu é que os agradeci por terem me dado um começo de noite fantástico.
Na saída o garoto do som me chamou e disse para não perder as noites de sexta, pois rolava um "som muito irado, com muito rock"... Acho que ele não pescou o espírito da coisa.
A casa já estava com mais pessoas, mas o interesse pelo show era secundário. Uma pena. Terça que vem estarei lá e convido a todos que queiram ouvir um show empolgante, num lugar bem agradável para ir também.

Abraços,

Marcelink

Jazz, Dena DeRose

06 agosto 2003

"The most creative and compelling singer-pianist since Shirley Horn". As palavras são de Joel S. Siegel, por acaso o manager da própria Mrs. Horn.
O termo "jazz" hoje passa a ser referência de refinamento e glamour para certas casas noturnas que procuram frequentadores mais exigentes. Curitiba e São Paulo, por exemplo, usam e abusam da expressão para atrair os menos avisados. Mesmo assim, vale a máxima "fale bem ou mal, mas fale de mim".
As gravadoras seguem a mesma balada atualmente. Norah Jones, apesar da régia filiação, é vendida como cantora de jazz. Intérpretes de "soul" ou "rhythm & blues", em geral, idem - vide Lizz Wright. Mas o que seria da regra se não fosse a exceção? A norte-americana Dena DeRose, sem dúvida, é uma delas.
Desde criança foi apaixonada por Red Garland, sua primeira grande influência. Já aos 18 anos, dizia à mãe que ía com amigas a um shopping center, mas, enfrentando 4 horas de estradas, desaguava no Bradley's (village) para ouvir Hank Jones, Kenny Barron e Mulgrew Miller. E ainda, de volta para casa, praticava piano até a madrugada. Aos 20, por problemas físicos, foi obrigada a parar de tocar. E por aí descobriu que poderia também cantar. Em 2002, acabou selecionada pela Down Beat como uma "talent deserving wider recognition".
Dena tocou com Major Holley, Slam Stewart, Randy Brecker e Jacky Terrasson. Shirley Horn já disse sobre ela:"Dena interprets standards and hangs up time as strikingly and as originally as one of the best in her field". Ao contrário da própria Shirley, Dena também mostra extrema habilidade nos andamentos mais rápidos, com um sentido formidável de divisão. Contratada pela Sharp Nine, já tem 4 CDs:Introducing Dena DeRose(96), Another Word (99), I Can See Clearly Now (00) e Love's Holiday (02). Entre formações de trio e quinteto, todos os discos receberam ótimas cotações das mais categorizadas publicações do gênero, com destaque para o CD lançado em 2000. Dena DeRose é uma original intérprete de standards, o que torna ainda mais fácil a avaliação do seu talento. Basta conferir neste link.

LIZZ WRIGHT, MISTURA FINA, 04/8/2003, 1º SET @@

05 agosto 2003

por David Benechis

Antes de mais nada, a ressalva: as duas "orelhas" (@@) valem como cotação de show no gênero "pop". Porque não basta cantar "Goodbye" (G. Jenkins) e "Afro Blue" (M. Santamaria) para ser considerada cantora de Jazz. Lembre-se, por exemplo, que o Simply Red de Mick Hucknall gravou uma versão (até simpática) de "Every Time We Say Goodbye (C. Porter) e Rod Stewart tem até CD e DVD novos na praça, dedicados só a standards.

De todo modo, a talentosa Lizz Wright, com um trio tão indigente a acompanhando, mesmo se diante de um set list fully "Ellington" ou "Parker", ainda assim dificilmente soaria Jazz.

No dial dos registros, o dela se avizinha aos de Anita Baker, Oletta Adams, e, até, Des'ree. No traditional "Walk With Me Lord", evocou o gestual e o fervor de Mahalia Jackson, até porque Miss Wright não foge à sina de 10 entre 10 cantoras negras americanas, todas parece que descobertas em coros de Igrejas.

Dos temas originais, a faixa título do CD do estréia, "Salt", realmente é o menos insosso, perdendo-se, entretanto, como o restante do set, em meio aos incipientes "arranjos" do pianista Jon Cowherd, "à risca seguidos" pelos fraquíssimos Doug Weiss (baixo) e E.J.Strickland (bateria). Impressiona, no disco, tenham aceito ladear tão pobre arranjador, cats do calibre de Danilo Perez e Chris Potter, entre outros do 1º time do Jazz de hoje.

Tudo isto, entretanto, não chega a obscurecer o brilho autônomo da cantora, que, com apenas 23 anos, tem tudo para alçar ao Olimpo do sucesso comercial, quiçá com qualidade, desde que passe a contar, pelo menos, com sidemen à altura de sua musicalidade, classe e intuição, estes sim dignos de muito mais que duas "orelhinhas".

Melhor ainda se guinasse, de vez, para o Jazz - tem talento e condição para isto - em vez de enveredar pelo viés traiçoeiro da fusão superficial de gêneros, a la Norah Jones e, entre nós, Marisa Monte.

Mas aí talvez já seja pedir demais.

CHIVAS JAZZ LOUNGE III

03 agosto 2003

No último dia 30 o CJUB realizou o terceiro evento da série Chivas Jazz Lounge que mais uma vez contou com o apoio da Pernod Ricard do Brasil (Chivas) e da ATL. Como nas duas primeiras vezes nosso concerto deu-se no lounge do restaurante Epitácio e contou com uma platéia ávida por boa música e atenta ao excelente repertório, incluindo clássicos como So What e St. Thomas, tão bem executado pelo quinteto liderado pela professora e pianista Sheila Zagury. Sheila, impecavelmente elegante, nos mostrou seu lado didático ao explicar entre uma música e outra a importância de cada compositor e do estilo que representava e ainda nos brindava com pequenas histórias ilustrativas do jazz.
O concerto, produzido pelo nosso presidente Mau Nah, foi, mais uma vez, um sucesso. A casa estava lotada e o concerto de altíssimo nível. Tivemos ainda, o que já está virando tradição, uma série de sorteios entre um set e outro. Desta vez foram sorteadas garrafas de uísque Chivas e de livros "O Guia de Jazz em CD" autografados por um de seus autores, o jornalista José Domingos Raffaelli. Algumas presenças foram muito significantes, como da nossa amiga Wanda Sá e do nosso confrade José Flavio, que veio de Londrina nos brindar, juntamente com sua família, com sua simpatia e cordialidade. Um comentário, muito especial para mim, foi feito pelo meu amigo Walmor Pamplona, produtor do DVD do Leo Gandelman. Ele, que esteve nos três eventos da série, me disse estar muito feliz e orgulhoso por estar presenciando nossa tão bela iniciativa de promover o jazz em nossa cidade e da forma como valorizamos nossos músicos. Isso sintetiza bem o nosso projeto, é exatamente isso que queremos.
Bem, dia 27 de agosto teremos a quarta edição do Chivas Jazz Lounge e mais uma vez teremos um belo concerto com músicos de primeira linha num ambiente aconchegante repleto de pessoas amigas e interessantes. Esperamos por vocês!

Abraços a todos,

Marcelink