“Alfie” é um album indispensável. Apesar do compromisso formal com o filme, Rollins aproveita a pequena banda (ten-piece band) e os arranjos sempre oportunos do saudoso Oliver Nelson para improvisar livremente sobre temas essencialmente jazzísticos. A base, composta por um quarteto entrosado, teve o estupendo pianista Roger Kellaway, o contrabaixista Walter Booker, o guitarrista Kenny Burrell e a bateria sempre contagiante de Frankie Dunlop (vide Monk). Todos participam em igualdade de importância. A faixa de abertura, “Alfie’s Theme”, com quase 10 minutos, valeria sozinha o disco. Há quem diga que o CD é uma aula de jazz sob todos os aspectos, desde o sentido de improvisação à concepção de arranjos para uma pequena banda. Não há exagero nessa avaliação.
Já em 66, muitos diretores chamavam compositores pop de sucesso para escrever uma única canção, com letra, e marcar o filme – expediente até hoje utilizado. Quase sempre o tema era apresentado no final, misturado aos créditos. No caso de “Alfie”, Burt Bacharach e Hal David foram os escolhidos. Acabaram compondo uma de suas mais inspiradas músicas, talvez em respeito pela presença do grande saxofonista na trilha original. Os menos avisados ligam essa canção ao filme, como se o trabalho inteiro fosse do Bacharach. Os mais jazzófilos sabem que “Alfie” é de Sonny Rollins.
PS. De pato prá ganso, há rumores de que nossa queridíssima Diana Krall teria aceitado um convite para participar no Rio dos primeiros capítulos da nova novela do Gilberto Braga (Globo). Será que não sobraria tempo para uma canja básica?
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