
Aqui você vai encontrar as novidades sobre o panorama nacional e internacional do Jazz e da Bossa Nova, além de recomendações e críticas sobre o que anda acontecendo, escritas por um time de aficionados por esses estilos musicais. E você também ouve um notável programa de música de jazz e blues através dos PODCASTS.
Apreciando ou discordando, deixem-nos seus comentários.
NOSSO PATRONO: DICK FARNEY (Farnésio Dutra da Silva)
..: ESTE BLOG FOI CRIADO EM 10 DE MAIO DE 2002 :..
Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho)*in memoriam*; David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels)*in memoriam*,, Pedro Cardoso (o Apóstolo)*in memoriam*, Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge), Geraldo Guimarães (Gerry).e Clerio SantAnna
LEMBRANDO NOSSO PATRONO DICK FARNEY
11 abril 2007
Não deixem para amanhã, visitem o blog ainda hoje...
Logo após o post de Caymmi, voce encontrarão um vídeo curto, mas de pura emoção...(Vídeo Challenge - Who is singing ?).
É a senha para ouvirmos o belo tema "Aeromoça" de Billy Blanco, na voz de Dick Farney, tendo ao fundo um comercial da VASP, que era veículado nas TV anualmente no Dia da Aeromoça...
Reproduzo a seguir o comentário de Cesar Saldanha, um loronixer de carteirinha como eu:
Essa musica foi feita pelo Billy Blanco dentro de um avião sob a encomenda de um amigo militar, que durante uma brincadeira o Billy prometeu a tal musica "Aeromoça". O Billy a mostrou ao Dick Farney, que de imeditado a gravou dizendo que já era dele por "usucapião".
Bem, vou encerrando por aqui este post nostálgico,
Espero que gostem...
Beto Kessel
Obs, Entre os links recomendados, aparece lá o nosso CJUB Jazz & Bossa...
Trumpetista na melhor acepção do termo, Clifford Brown tornou-se dono de sonoridade poderosa, perfeitas técnicas de respiração e digitação, precisão e rigor absolutos tanto no tempo quanto na sustentação. Músico ao mesmo tempo altamente técnico e inspirado: notas limpas, tendência a redobrar o tempo, frases longas, tratamento cuidadoso em quaisquer andamentos, são características que o tornaram um executante generoso na música, tão rigorosa quanto alegre.
Nasceu em 30/Outubro/1930 em Wilmington (Delaware), filho de família de classe média. Com 15 anos ingressa na “high school”, ganhando do pai um trumpete e inicia seu aprendizado musical com Robert Lowery, músico importante no meio jazzístico de Wilmington; estuda teoria, harmonia, piano, vibrafone, contrabaixo e bateria, além de seu instrumento permanente, o trumpete, ao qual se dedica à exaustão, o que irá garantir-lhe uma bolsa para a “Maryland State College” entre 1948 e 1949.
Em 1949 freqüenta os clubes da Filadélfia, conseguindo alguns contratos. Conhece Miles Davis e Fats Navarro, este considerado seu “ícone” no trumpete e com o qual mantem amizade.
Nesse mesmo ano chega a substituir por pouco tempo a Benny Harris, na banda de Dizzy Gillespie. Conhece J.J.Johnson, Kenny Dorham e Ernie Henry. Já é considerado localmente como muito mais que uma promessa.
Durante cerca de 1,5 ano e entre 1950 e 1951 e em função de acidente, fica afastado do cenário musical.
Em 1952, como pianista e trumpetista, entrou para a banda “Blue Flames”(R&B) de Chris Powell (percussionista e cantor). É com essa banda (sob o título discográfico de “The Five Blue Flames”) que, em 21/Março/1952 e em Chicago, Illinois, temos a primeira gravação com Clifford Brown.
Em 1953 vai para New York, fica por pouco tempo na orquestra de Jimmy Heath, é contratado por Tadd Dameron com quem grava para a Prestige em 11/Junho, 02 dias após já ter gravado com Lou Donaldson e Elmo Hope para a Blue Note, etiqueta para a qual voltaria a gravar logo em seguida com J.J.Johnson.
Ainda em 1953 e por breve temporada trabalha com Dinah Wahington.
Integra a grande orquestra de Lionel Hampton que excursiona à Europa. Hampton e sua mulher conduzem a orquestra com mãos de ferro, sempre tendo como destaque único o líder, proibindo seus músicos de quaisquer outras incursões musicais. Essa orquestra grava em Estocolmo.
Apesar da proibição Clifford e os demais músicos da banda gravam, com o concurso de músicos europeus em muitas ocasiões, em Paris, Estocolmo e Copenhaguem de Setembro até Novembro de 1953, o que lhes valerá a exclusão da banda de Hampton no retorno aos U.S.A.
Durante Fevereiro de 1954 e no Birdland, Clifford integra o quinteto de Art Blakey (com Horace Silver ao piano), chamando a atenção de Max Roach. Com este e Sonny Stitt é formado combo, com a participação de Teddy Edwards: tocam no Tiffany Club de Hollywood e gravam no Califórnia Club de Los Angeles.
Ainda em 1954 Clifford se casa em Los Angeles; grava para a Pacific Jazz com Zoot Sims.
É formado o quinteto histórico: Clifford Brown (trumpete), Harold Land (sax.tenor), Richie Powell irmão de Bud Powell (piano), George Morrow (baixo) e Max Roach (bateria), que grava no início de Agosto desse ano de 1954.
Em dezembro Clifford grava com Sarah Vaughan e Helen Merrill.
Em 1955 e em Janeiro Clifford grava com cordas (“with strings”). Em fevereiro o quinteto volta a gravar no Capitol Studio e em Maio se apresenta no Carnegie Hall.
Em Novembro o quinteto grava, já com Sonny Rollins substituindo Harold Land no sax.tenor.
Com essa nova formação o quinteto grava seguidamente em Janeiro, Fevereiro, Março, Abril e Junho de 1956.
Em 26/Junho/1956 Clifford Brown empreende viagem de automóvel para Elkhart, Indiana, com o propósito de comprar um novo trumpete; o automóvel é dirigido pela esposa de Richie Powell e ocorre o acidente fatal em que morrem os três.
Em 1957 Benny Golson compõe a balada “I Remember Clifford”.
Breve mas intensa foi a permanência de Clifford entre nós, deixando um legado inestimável que se projetou sobre trumpetistas da época e posteriores. Deixou-nos “masterpieces” em seus solos, do quilate de “Joy Spring”, “I’ll Remember April”, “What’s New”, “Once In A While”, “Jordu”, “Daahoud” e tantos e tantos outros.
A filmografia de Clifford Brown é inexistente, a menos que surjam registros arquivados (lembra-se que foi a esposa do já falecido Clifford que liberou de sua coleção particular para a Elektra/Musician gravações do quinteto ao vivo, o que possibilita a ilação de que existam filmes que possam vir a público). O filme “Trumpet Kings” narrado por Wynton Marsalis, faz referência a Clifford Brown com narrativa sobre fotos.
Já a bibliografia é extensa, dado que todas as publicações sobre Jazz pós-1956 obrigatoriamente reservam espaço para Clifford Brown: verbetes, artigos, referências, enfim, é garimpo para preservação da cultura.
Para consulta bibliográfica recomenda-se, de Luiz Orlando Carneiro, “Obras Primas do Jazz”, prefaciada por José Domingos Raffaelli, que dedica 03 páginas a “Max Roach / Clifford Brown”.
A “Gran Enciclopedia Del Jazz” (Editora SARPE, 1980, Espanha), o “Diccionario Del Jazz” (Philippe Carlos / André Clerget / Jean-Louis Comolli, 1988, França) e a “Coleção Jazz & Blues” (Barcelona, Espanha), são fontes de boa leitura com seus alentados verbetes. Via Internet a consulta aos “Depoimentos” na “Clifford Brown Jazz Foundation” é uma bela viagem.
A discografia completa (ou a ser completada / corrigida / ajustada pelos Cjubianos) é listada a partir do próximo capítulo.
(Continua)
Série "RETRATOS"
As indicações discográficas conterão o que julgamos pessoal e inicialmente como "principais", a serem devidamente enriquecidas nos "Comentários" de cada colega. Quando a discografia é reduzida (por exemplo, no caso de "Clifford Brown", cujas gravações limitam-se ao período de 21/03/1952 até 18 ou 25/06/1956, véspera de seu falecimento), buscaremos incluí-la na íntegra. Indicamos as gravadoras e gravações originais e, ao final, as disponíveis com mais facilidade no mercado.
A série é, na realidade, continuação de trabalho semanal já iniciado por nós em ponto menor no "Caderno de Cultura" do jornal "Hoje em Dia"(Belo Horizonte, MG), 1994, coluna "Cantinho do Jazz" (0,5 página), em que focamos cerca de dúzia e meia de músicos de JAZZ. Naquela ocasião o retorno dos leitores foi muito bom, considerada a correspondência expressiva e constante para o jornal: perguntas e colocações as mais variadas, às quais respondíamos na mesma coluna e sempre pensando na divulgação, no apostolado pelo JAZZ, na criação de leitores / ouvintes / espectadores da ARTE POPULAR MAIOR. À época e em função de compromissos profissionais em outros estados, formos forçados a interromper a coluna.
A série "RETRATOS" focará, incialmente, as figuras de Clifford Brown, Art Pepper, Bill Evans, Bud Powell, Stan Getz, Ella Fitzgerald, Tommy Flanagan, Duke Ellington, Lou Donaldson, Lennie Tristano e por aí iremos.
Quem sabe no futuro poderemos editar pelo CJUB o "PORTRAITS OF JAZZ", digno de figurar bem além do portal???!!!...
CONTROVÉRSIA NO REPERTÓRIO
09 abril 2007

O mais paradoxal foi o repertório escolhido pela menina – ou quem sabe pelo próprio Foster: standards consagrados pelas grandes vocalistas da história do jazz. Entre outros, “Summertime” e Someone To Watch Over Me” (Gershwin), “Taking A Chance On Love “ (Duke, Fetter, Latouche), “On A Slow Boat To China” (Loesser) e até “What A Difference A Day Makes (Maria Gravel, Adams). Há, claro, alguns flashbacks mais pops, como “Breaking Up Is Hard To Do” (Sedaka). O disco foi um estrondoso e surpreendente sucesso. A ponto do novo CD, “Skylark”, ter sido adiado várias vezes em função de controvérsias sobre o repertório. Foster e Reneé ao que parece não chegaram a um acordo sobre a inclusão ou não de outros standards. A previsão agora é para julho.
Mas isso tudo é apenas para dar conhecimento aos nossos fogosos cejubianos que meu parceiro de programa (Londrina Jazz Club, Radio Universidade de Londrina FM) conseguiu transformar um registro em principio descartável num show dos mais interessantes. A partir de uma gravação digital via satélite do Festival de Montreux de 2004 (Auditorium Stravinsky), trazendo Reneé e big band, nosso Pedro em alguns dias me presenteou com um DVD perfeito, som (5.1) e imagem espetaculares. Em destaque no show, a presença em duas músicas da ótima vocalista Barbara Morrison, segundo a própria Reneé, sua maior influência. Se o DVD não é fantástico, talvez pela natural falta de maturidade da mocinha, serve pelo menos para uma conclusão. Se Norah Jones e Madeleine Peyroux são cantoras de jazz, ela pode se considerar uma nova Sarah Vaughan, com sobras – é claro, ainda está a léguas disso.
PS. O “DVD” em questão será brevemente levado em mãos para o chefe Mau Nah. Os interessados terão assim fácil acesso.
PSII. Fiz aqui uma resenha na época sobre o CD, com capa e foto da mocinha. E me lembro que nosso indócil Benechis saboreava o visual quando foi flagrado pela mulher que, por um instante, pensou ter se unido pelo sagrado laço do matrimônio a um pedófilo em potencial.
Intervenção, atendendo a pedidos:
E aqui um link - temporário - para sua interpretação de Slow Boat To China:
Ao chegarem na página, cliquem em "Renée".
http://webjay.org/iteminfo/28279594/68c0de8b8c783a96f46694b113a440ee
DO OUTRO LADO DO JAZZ # 11
07 abril 2007
HARLEM RENAISSANCE - foi um período que se estendeu do final da 1ª Guerra Mundial a meados dos anos 30, período este no qual eclodiu um movimento intelectual na região

RENT A PARTY - literalmente festa de aluguel, expressão que designava as festas informais realizadas pela população negra do Harlem, com o propósito de conseguir dinheiro para as despesas de aluguel da

Escolhemos para ilustrar as Rent Parties o Blues Gimme A Pigfoot (Wesley Wilson) com Bessie Smith acompanhada pelos Buck & Band formada por Buck Washington (pi, líder), Chu Berry (st), Benny Goodman (cl), Bobby Johnson (gt), Frank Newton (cornet), Billy Taylor (bx), Jack Teagarden (tb) – (Okeh 6893 – 24/11/1933).
free player from mysplayer.com
MÃOS FEMININAS NO ORGÃO

Acho um instrumento muito doido, onde o baixo, a base e o improviso estão em perfeito sincronismo com as mãos e os pés. Mas quando bem usado promove um som extraordinário.
Sempre há um organista no meio da discoteca de um admirador do jazz e ao lado de um Hammond, instrumento em destaque aqui, há sempre um grande guitarrista.
Assim foi Jimmy Smith com Wes Montgomery e Kenny Burrel, Jack McDuff e Big John Patton com Grant Green e a nova geração com Joey de Francesco e MacLaughlin, Jimmy Bruno e Pat Martino, entre outros.
Das mulheres organistas só conhecia Shirley Scott, mas tive a feliz supresa de conhecer e assistir a um video da organista alemã Barbara Dennerlein (foto), em concerto realizado no clube Ohne Filter em 1989 onde está acompanhada pelo guitarrista Christof Widmoser e pelo baterista Andreas Witte.
Aos 43 anos, começou tocando orgão aos 11 e aos 15 já estava enturmada nos clubes de jazz local em sua cidade, Munique.
Pouco conhecida por aqui, fica uma palhinha achada no Youtube !
MUSEU DE CERA # 17 – JIMMY RUSHING
03 abril 2007

O próprio Rushing conta parte de sua história, em uma interessante entrevista:
" – Meus pais eram músicos, a mãe tocava e cantava no coro da igreja e eu também, meu pai tocava trompete em uma brass band. Um tio, Wesley Manning, que tocava e cantava em sporting houses (bordéis) – território proibido para mim – chegava lá em casa à noite com o chapéu cheio de dinheiro. Foi ele quem me ensinou o blues, a tocar e cantar. Eu costumava passar pelo "red-light district" (bairro dos bordéis) no meu caminho para a escola e via as meninas muito atraentes nas janelas. Um dia fui até a porta e sentei e uma delas perguntou:
– "O que posso fazer por você"? Respondi: - "Bem... acho que não sei o que procuro". Ela retrucou – "acho que você é muito jovem para estar aqui". –"Sim", disse, "mas gosto de ouvir os blues" – "Você pode tocar"? perguntou a moça.
–"Depressa sentei ao piano toquei e cantei um blues. Todas chegaram à minha volta e eis que meu pai passa por lá e vê aquela cena!" Comprou então um violino e me proibiu de tocar o piano. Quando saía de casa trancava o piano e dava a chave para minha mãe. Ao voltar à noite, mandava pegar o violino e tocar para ele, mas não saía nada, meus olhinhos eram para o piano. Então me disse: -"Se pegar você no piano ou dançando por aí vou lhe pôr fora de casa". – "Bem que tentei, mas em 2 semanas estava na rua. Ainda bem que meu pai viveu para ver meu sucesso com Basie".
Em 1921, na California, cantava no Jump Steady Club acompanhado por nada menos que Jelly Roll Morton. Em 1927 conhece Walter Page, que dirigia o grupo The Blue Devils e o convida para integrá-lo, permanecendo até 1929 quando ingressa na banda de Bennie Moten. Depois, a partir de 1935 se torna o grande sucesso à frente da Count Basie Orchestra até 1948 e posteriormente segue com brilhante carreira solo e algumas incursões com Basie. Viveu até junho de 1972.
Rushing possuía uma magnífica voz em registro tenor, ao mesmo tempo suave e calorosa, muito "feeling bluesy" e um estupendo senso de suingue. Vocalizava ao estilo "shouter" (gritado) e dizia que era por não ter microfone de início e deveria se igualar aos músicos solistas, mas na verdade se inspirou no Texas blues singer chamado Kellogg Jefferson, que atuava com a Troy Floyd's Band. Rushing dizia que ele era uma versão de Bessie Smith em masculino e cantava tão alto quanto um cantor de ópera.
Selecionamos um blues executado pelos Blue Devils tendo Rushing como intérprete em sua primeira gravação, para ilustrar sua participação no Museu.
Blue Devils Blues (Stovall) – The Blue Devils – Walter Page (tuba e líder), Hot Lips Page e James Simpson (tp), Ted Manning (sa) Reuben Lynch (gt), Dan Minor (tb), Reubben Rody (st), Buster Smith (cl, sa), Charlie Washington (pi), Alvin Borroughs (bat) e Jimmy Rushing (vo).
Gravação original: Vocalion 1463 de 10/nov/1929 - Kansas City, Missouri.
Fonte: CD - Kansas City Legends 1929-42 - Epm Musique (EPM0158432) - USA - 1996
A MAIS CRIATIVA

Billie pela originalidade, Ella pela voz maravilhosa, Sarah pelo poderio vocal e swing, Carmen pela criatividade e Shirley pelo intimismo piano/voz inimitável. São as minhas vocalistas de jazz preferidas entre as que já nos deixaram. Se me apontassem um revólver, exigindo que eu destacasse a que mais gosto, responderia Carmen McRae. Na minha opinião, era a mais jazzista de todas, seguida de perto por Shirley Horn. Carmen sempre teve o poder de vestir cada standard que cantava com a sua própria roupa. E jamais conseguia repetir a mesma interpretação. Puro instinto. Tinha o jazz no sangue – era pianista também, mas sem o mesmo calibre (leia-se harmonia) da Shirley.
O show mostrado pelo DVD (130 mins aprox ) deveria se resumir em princípio a uma homenagem a Thelonious Monk, o que ela já tinha feito em Nova Iorque. Mas a crítica havia se dividido. Muitos acharam fantástico. Outros consideraram que a música de Monk jamais deveria ser cantada. Carmen justificou essa experiência em cima das letras sempre oportunas de Jon Hendricks. Por isso, além dos inúmeros temas de Monk, ela mesclou alguns standards menos discutíveis, como “Old Devil Moon”, “But Not For Me” e até mesmo a nossa “Flor De Lis” (Upside Down). O DVD é altamente recomendável, principalmente para os que como eu se amarram na Carmen. Por enquanto, sem edição nacional.
#Carmen Mercedes McRae (Abril 8, 1920–Novembro 10, 1994) nasceu no Harlem e foi casada com o baterista Kenny Clarke e com o contrabaixista Ike Isaacs.
DOLBY DIGITAL
SPECTRA/Universal (2005)
REGION FREE
1. what can I say
2. streets of dreams
3. ‘round midnight
4. monk’s dream
5. for all we know
6. getting some fun out of life
7. ruby my dear
8. old devil moon
9. listen to monk
10.inside a silent tear
11.upside down
12.but not for me
13.time after time
14.ugly beauty
15.straight, no chaser
16.i mean you
17.it’s like reaching for the moon
18.I only have eyes for you
19.the ballad of thelonious monk
Carmen McRae – vocals, piano
Eric Gunnisson – piano
Clifford Jordan – sax
Scott Collie – bass
Marc Pulice - drums
PS. Vou tentar mandar esse DVD o mais rápido possível para chefe MauNah e ser sorteado entre os cejubianos e convidados no almoço da sexta.
PS II. Chefe, se o Benechis aparecer no almoço, "esqueça" de inclui-lo no sorteio. Ele não anda merecendo. Quem sabe, da próxima vez, mando um CD com os maiores sucessos do Lindomar "Gatilho". Esse, ele merece!
HOJE É DIA DE LLULLA
LLuLLa receba os nossos abraços com os votos de boa saúde e muitos anos em nosso convívio transmitindo toda sua vivência.
Parabéns a você nesta data querida, muitas felicidades e muitos anos de vida.
APÓSTOLO ACEITA CONVITE
02 abril 2007
Estamos de parabéns.
Abraços,
HISTÓRIAS DO JAZZ n° 32

Corria o ano de 1960 quando em abril foi anunciada a vinda de Ella Fitzgerald ao Brasil. No Rio apenas uma apresentação na TV Tupi no dia 28 e outra no Copacabana Pálace em primeiro de maio. O que me animou para ir assistir foi a formação do grupo de acompanhamento integrado por Roy Eldridge (tp), Paul Smith (p) , Jim Hall (g)-Wilfred Midlebrooks(b) e Gus Johnson Jr. (dm) .

Meu maior interesse era o pianista Paul Smith, do qual já possuía alguns álbuns, sendo que o primeiro “Liquid sounds”, um dez polegadas, ganhei num Jazz Teste do programa de Paulo Santos. Era um sexteto que se caracterizava pela sonoridade diferente, com uníssonos de flauta, clarinete e guitarra, sustentados pela rítmica com amplo destaque para o piano do líder. Meu segundo álbum de Smith intitulava-se “Cascades” e tinha as mesmas características do primeiro. Até que comprei no Jonas, nas Lojas Murray, um album de quarteto , “Softly, baby ” com Smith acompanhado por Barney Kessel(g), Joe Mondragon(b) e Stan Levey (dm). Considero ainda hoje uma das obras primas de Jazz de pequeno conjunto. A técnica de Smith está presente, realçando o bom gosto nos improvisos e a trama harmônica que organizava com Barney Kessel na execução do repertório que tinha, e tem em “Invitation” de (Bronislau Kaper) um dos destaques.
Assim, partimos para a Urca levando os álbuns na esperança de vê-los autografados .
Muita gente aguardando a liberação da entrada, fortemente guardada por fortes porteiros. Ao entrarmos, notamos que o espaço estava dividido por uma corrente, com o objetivo de separar o público da entrada dos artistas. A corrente só seria retirada após Ella e seus músicos chegarem. Foi uma boa espera. O grupo chegou,foi para os camarins e nada de liberarem a entrada. Encostei junto a uma cortina e esperei pacientemente.
Foi quando ouví um trumpete assurdinado, acompanhado por um contrabaixo. Afastei a cortina e surgiu uma porta. Lentamente girei a maçaneta e quando ví estava na “cara do gol”. A poucos possos Roy Eldridge “esquentava os motores” acompanhado por um precioso “walkin bass” produzido por Wilfred Midlebrooks. Não durou nada esse privilégio.Quando ví estava sutilmente seguro pelo braço e gentilmente convidado a me retirar do recinto. Paciência !
Finalmente baixaram a corrente e liberaram a entrada. Subimos para a “prateleira” e por sorte sentei ao lado de Tenório Jr. Dialogamos durante todo o espetáculo e não me esqueço da expressão de Tenório quando Paul Smith, após Jim Hall, executou um solo em altíssima velocidade (“Blues a la P.T.” ) . “ Lula, ligaram a tomada no cara ! “.
Quanto a Ella, exuberante como sempre, afinadíssima e sempre de bom humor . Anotei o repertório em uma folha de papel que lamentavelmente se extraviou. Ainda assim, me lembro de “Night and day”, “Just one of those things” e o indispensável “How high the moon”, quando duelou em “scat” com Roy Eldridge.
Terminado o espetáculo descemos as escadas correndo com o objetivo de sermos um dos primeiros a chegar ao lado dos músicos . Decepção ! A tal corrente fora recolocada e o isolamento restabelecido. Vi as coisas difíceis pois os músicos sairiam direto para os taxis que já esperavam. Foi quando ví Paul Smith. Aflito, gritei seu nome e ele me olhou desconfiado. Acenei com seus discos e ele então fez sinal para que o porteiro me liberasse. Foi obedecido e então cheguei perto e entreguei-lhe os discos para os autógrafos. Sorriu enquanto autografava e disse que pensava que não era tão conhecido por aqui. Voltei triunfante para o “cercado”.
ALMOÇÃO!
Assim defino o almoço desta sexta, com a presença de nada menos de quatro dos seis Grão-Mestres da casa, Raf, Goltinho, Llulla e Tolipan, este último entronizado em definitivo com seu début e com a promessa de iniciar suas contribuições com uma série acerca das big-bands, uma de suas paixões dentro do vasto panorama do jazz e dos seus conhecimentos.
Tarde muito agradável com toda aquela bela vista para uma tarde deslumbrante, de quorum invejável, sentidas as ausências justificadas dos Mestres MaJor e LOC, dos queridos Sazz e do Guzz, além das irrecuperáveis ausências de LaClaudia (por quem Mestre Tolipan perguntou) e de PegLu.
Foi feita ali pelo Bené-X, a sugestão de inclusão de mais um "grande colaborador", tendo então ficado a cargo do Mestre LLulla fazer ao futuro confrade o convite. Estamos torcendo para que aceite.
Caso positivo, podemos nos preparar para ter o concurso de outro grande entusiasta, capaz de dar ainda mais consistência a esta nossa espartana legião (nota-se que fui ver o filme "300" ontem, não? Não percam seus tempos) de aficionados pelo Jazz e pela Bossa.
Tudo ao som de Giacomo Gates, belo cantor cujo CD nosso confrade BraGil gentilmente sorteou entre os presentes, sendo Marcelink desde então seu feliz ganahador e quem fotografou a reunião. E a quem, desde já, peço que enriqueça este post com as imagens ali obtidas.
Infelizmente, por conta de problemas com "direitos de imagem", ficamos impossibilitados de gravar a efeméride em DVD e portanto os demais ausentes, próximos ou distantes, não terão acesso "dinâmico" ao clima reinante e terão de contentar-se com as imagens em still do nosso Marcelink.
No entanto, vamos em breve agendar o próximo, para dar-lhes chance de participar.
Abraços.
UMA TARDE COM BUD SHANK E JOÃO DONATO
01 abril 2007

E me surpreendeu pelo repertório e pela originalidade dos temas, das 8 composições 4 são em duo e as demais tem a companhia de Luis Alves e Bruno Araújo ao contrabaixo, Robertinho Silva, Rodrigo Scofield e Eloir de Moraes na bateria além da supresa de Ed Motta no baixo elétrico no tema Black Orchid, de Cal Tjader, um dos pontos altos do disco.
Além de Black Orchid, outros standards compõem a trilha - Night and Day (Porter), But Not For Me (Gerswhin), There Will Never Be Another You (Gordon, Warren) e Yesterday (Jerome Kern).
As demais composições foram compostas por João Donato em parceria, Gaiolas Abertas (Martinho da Vila) que abre o disco na forma meio bossa meio bolerão, Joana (Ronaldo Bastos) e Minha Saudade (João Gilberto).
E quem escreve a contracapa do disco é nosso Mestre Rafaelli, cujo texto coloco na integra :
" Tudo começou em 1968, em plena efervescência da bossa nova, quando o saxofonista-alto Bud Shank e o pianista, compositor e arranjador João Donato gravaram o álbum Bud Shank and His Brazilian Friends, em Los Angeles. Depois não se viram até 2004, quando, indicado por mim, Shank veio ao Brasil para o Chivas Jazz Festival.
Informei a boa nova ao crítico Antonio Carlos Miguel, que sugeriu que Shank e Donato revivessem aquela parceria. Toy Lima, o diretor do festival, aprovou a idéia, Shank concordou e eles tocaram Café com Pão.
Com o sucesso do reencontro, a pedido de Donato, Shank adiou seu regresso para gravarem no Rio. O resultado está neste CD gravado em 8/9 de maio de 2004.
Foi um encontro memorável no qual esbanjaram criatividade, emoção e entusiasmo. O entendimento foi instantâneo, a música fluiu com total interação, entregando-se ao sabor da evolução de suas imaginações. Shank e Donato são acompanhados por Luis Alves (baixo), Robertinho Silva (bateria) e Eloir de Moraes (percussão) em algumas faixas. O repertório inclui composições de Donato, Cal Tjader e quatro standards.
Gaiolas abertas, originalmente intitulado Silk Stop, recebe um tratamento relax sobre um ritmo bouncing latino-brasileiro; Shank inicia seu solo com frases de escalas desdobradas e Donato exibe seu vasto cabedal rítmico-harmônico.
O som de Shank assume um tom pungente em Joana, sublinhado por Donato em cada inflexão e variação, sustentando seu solo impregnado de lirismo e delicadeza. Shank expõe Black Orchid com acentuado lirismo no qual seu sax literalmente canta a melodia, embarcando numa exploração repleta de variações sugestivas, seguido por Donato, que exibe sua imaginação aparentemente inesgotável. Após introdução de piano em Minha Saudade, Shank expõe a melodia com frases articuladas, prelúdio de uma extensa improvisação; o solo de Donato é um autêntico poema tonal, lírico e introspectivo. Donato abre o caminho em Night and Day para Shank desenvolver frases que são variações temáticas e extensões harmônicas da peça. Shank fragmenta a melodia de But Not For Me antes de suas evoluções imaginativas.
O acompanhamento de Donato com acordes percussivos contrasta com o relax patriarcal do seu solo. Shank volta desacelerando a andamento, dando novo sabor à interpretação. There´ll never be another you é levado em ritmo de bossa nova. Mais uma vez, Donato exercita um dos seus artifícios favoritos - a citação de outras músicas - e Shank aprimora os embelezamentos melódicos de suas frases.
Em Yesterdays aflora a empatia e a afinidade entre os líderes dissecando as harmonias do clássico de Jerome Kern.
O sucesso dessas gravações motivou o reencontro de Bud Shank com João Donato, em novembro de 2006, para dois concertos no Mistura Fina, quando também foi gravado um DVD, que será lançado pela Biscoito Fino. "
Deixo o tema Black Orchid para audição.
REITERANDO
29 março 2007
Estão todos convocados sem escusas plausíveis que não o enterro da mãe ou distância intransponível - se bem que Sampa-Rio, por conta do Governo Lula, hoje assim poderia ser classificada - para a retomada das conversas frouxas e deliciosamente caóticas dessas saudosas efemérides.
Confirmaram presença os Mestres Raf, Llulla, Goltinho e Tolipan (este por email de hoje), que debutará na reunião. Aguardamos o "confirmo", ainda, do Mestre MaJor, para a banca estar completa. Mestre LOC pediu vênia devido a compromissos profissionais e, estando em Brasília, já está desculpado, embora sua ausência nos seja grande prejuízo, tanto no sentido cultural como emocional.
De resto, quem não aparecer vai ficar implorando pelo DVD com os "melhores momentos" (a integral) do encontro, que será vendido por um preço capaz de financiar 12 CJLs seguidas.
Até sexta!
HISTÓRIAS DO JAZZ # 31
27 março 2007

Foi em 1962 que o saxofonista Paul Winter veio ao Rio de Janeiro pela primeira vez, liderando um sexteto credenciado como “Vencedor do Festival Americano Inter-Universitário de Jazz de 1961” realizado na Universidade de Georgetown, em Washington, D.C. Como sempre, a Seção Cultural da Embaixada dos Estados Unidos providenciou os convites para o concerto que seria realizado nos estúdios da TV Continental, seguido de uma mesa-redonda.
Confesso que não me entusiasmei com o sexteto. Winter era , ou ainda é (será ?) um solista tímido e sem muita criatividade. Seu trompetista Dick Whitsell seguia o mesmo caminho, enquanto Les Rout, a terceira voz dos sopros, aparecia com “muito entusiasmo” em seu ruidoso sax-barítono. A rítmica era razoável, mostrando um Warren Bernhardt conciso e equilibrado em seu piano, tendo um apoio positivo do baixista Richard Evans e do baterista Harold Jones. Estes dois últimos logo se destacariam desenvolvendo carreiras brilhantes. Evans, como excelente compositor e Harold Jones, ainda hoje um dos mais requisitados bateristas da cena do Jazz.
O coquetel foi animado e contou com importantes presenças como o maestro Moacir Santos, o trombonista Astor e a crítica especializada, com Paulo Santos, Paulo Brandão, Leonardo Lenine, Sylvio Tullio Cardoso e nós, fechando a fila.
A pessoa mais requisitada foi Gene Lees, então ex-diretor da revista “Down Beat” e já um famoso letrista, rivalizando com Regina Werneck nas versões de músicas brasileiras,
que acompanhava o sexteto de Winter. Seguiu-se a apresentação na Escola Nacional de Música, onde tivemos altos e baixos.
Doxy (S.Rollins), I Remember Clifford (B.Golson), For Minors Only (J.Heath) , The Hustling Song (R.Evans), El Cid (?) – Makin’ Whoopee (G.Khan) – Hy-Fly (R.Weston)-
Home Cookin’ (H.Silver) - No Smoking (H.Silver) - Gertrude’s Bounce (R.Powell) - Leslie Leaps In (P.Winter) e Night in Tunisia (D.Gillespie).
Dia seguinte, Laranjeiras, onde ficavam os estúdios da extinta TV Continental, para mais uma apresentação e a mesa-redonda da qual honrosamente participei. Musicalmente, houve poucas alterações no repertório da véspera, com menos música, evidentemente, (tempo em televisão é super racionado). Já na mesa-redonda, o tema central foi a “divulgação do jazz no Brasil”.
Estava presente um animadíssimo diretor da gravadora CBS, o popular "Seu Silva", que indagado por Gene Lees sobre o número de discos de Jazz editados por ano, gaguejou e não respondeu com certeza. Sylvio Tullio entrou na conversa e informou que disco de Jazz era “avis rara”. As gravadoras não acreditavam no setor. Na minha vez, informei que figuras estelares do Jazz ainda eram inéditas aqui e citei Bix Beiderbecke, Fats Waller, Eddie Condon, Jack Teagarden, e até Charlie Parker. Gene Lees, então, interrogou mais uma vez o Silva: “Porque vocês não editam discos de Jazz?” e a resposta veio rápida. “Porque não tem público”.
Interrompi e contei sobre as casas cheias quando havia apresentações de Jazz no Teatro Municipal: Louis Armstrong e American Jazz Festival; Dizzy Gillespie no Teatro República, Buddy Rich e Ella Fitzgerald na TV Tupi, Woody Herman na TV Rio, e fui delicadamente interrompido por Gene Lees, que mais uma vez indagou ao Seu Silva: “Se vocês não lançam discos de Jazz, como é que sabem que o Jazz não tem público?
Alguns sorrisos iluminaram a mesa e então o locutor Waldo Moreira agradeceu a presença de todos e encerrou o programa com o LP de Winter em “play back”. Quase que esqueço do coquetel oferecido ao sexteto por Luiz Orlando Carneiro, em sua residência, quando vi e ouvi Gene Lees exibir seus dotes vocais acompanhado por Warren Bernhardt ao piano. E foi só.
