Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho)*in memoriam*; David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels)*in memoriam*,, Pedro Cardoso (o Apóstolo)*in memoriam*, Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge), Geraldo Guimarães (Gerry).e Clerio SantAnna

HISTÓRIAS DO JAZZ # 31

27 março 2007

Tempo de Paul Winter

Foi em 1962 que o saxofonista Paul Winter veio ao Rio de Janeiro pela primeira vez, liderando um sexteto credenciado como “Vencedor do Festival Americano Inter-Universitário de Jazz de 1961” realizado na Universidade de Georgetown, em Washington, D.C. Como sempre, a Seção Cultural da Embaixada dos Estados Unidos providenciou os convites para o concerto que seria realizado nos estúdios da TV Continental, seguido de uma mesa-redonda.
Isso aconteceu em 12 de junho daquele ano. Antes porém, a gravadora CBS lançou um LP do sexteto e realizou um coquetel no restaurante da Mesbla, seguido de uma apresentação do grupo na Escola Nacional de Música.

Confesso que não me entusiasmei com o sexteto. Winter era , ou ainda é (será ?) um solista tímido e sem muita criatividade. Seu trompetista Dick Whitsell seguia o mesmo caminho, enquanto Les Rout, a terceira voz dos sopros, aparecia com “muito entusiasmo” em seu ruidoso sax-barítono. A rítmica era razoável, mostrando um Warren Bernhardt conciso e equilibrado em seu piano, tendo um apoio positivo do baixista Richard Evans e do baterista Harold Jones. Estes dois últimos logo se destacariam desenvolvendo carreiras brilhantes. Evans, como excelente compositor e Harold Jones, ainda hoje um dos mais requisitados bateristas da cena do Jazz.

O coquetel foi animado e contou com importantes presenças como o maestro Moacir Santos, o trombonista Astor e a crítica especializada, com Paulo Santos, Paulo Brandão, Leonardo Lenine, Sylvio Tullio Cardoso e nós, fechando a fila.

A pessoa mais requisitada foi Gene Lees, então ex-diretor da revista “Down Beat” e já um famoso letrista, rivalizando com Regina Werneck nas versões de músicas brasileiras,
que acompanhava o sexteto de Winter. Seguiu-se a apresentação na Escola Nacional de Música, onde tivemos altos e baixos.
Anotei o repertório, que alinho em seguida:
Doxy (S.Rollins), I Remember Clifford (B.Golson), For Minors Only (J.Heath) , The Hustling Song (R.Evans), El Cid (?) – Makin’ Whoopee (G.Khan) – Hy-Fly (R.Weston)-
Home Cookin’ (H.Silver) - No Smoking (H.Silver) - Gertrude’s Bounce (R.Powell) - Leslie Leaps In (P.Winter) e Night in Tunisia (D.Gillespie).

Dia seguinte, Laranjeiras, onde ficavam os estúdios da extinta TV Continental, para mais uma apresentação e a mesa-redonda da qual honrosamente participei. Musicalmente, houve poucas alterações no repertório da véspera, com menos música, evidentemente, (tempo em televisão é super racionado). Já na mesa-redonda, o tema central foi a “divulgação do jazz no Brasil”.

Estava presente um animadíssimo diretor da gravadora CBS, o popular "Seu Silva", que indagado por Gene Lees sobre o número de discos de Jazz editados por ano, gaguejou e não respondeu com certeza. Sylvio Tullio entrou na conversa e informou que disco de Jazz era “avis rara”. As gravadoras não acreditavam no setor. Na minha vez, informei que figuras estelares do Jazz ainda eram inéditas aqui e citei Bix Beiderbecke, Fats Waller, Eddie Condon, Jack Teagarden, e até Charlie Parker. Gene Lees, então, interrogou mais uma vez o Silva: “Porque vocês não editam discos de Jazz?” e a resposta veio rápida. “Porque não tem público”.
Interrompi e contei sobre as casas cheias quando havia apresentações de Jazz no Teatro Municipal: Louis Armstrong e American Jazz Festival; Dizzy Gillespie no Teatro República, Buddy Rich e Ella Fitzgerald na TV Tupi, Woody Herman na TV Rio, e fui delicadamente interrompido por Gene Lees, que mais uma vez indagou ao Seu Silva: “Se vocês não lançam discos de Jazz, como é que sabem que o Jazz não tem público?

Alguns sorrisos iluminaram a mesa e então o locutor Waldo Moreira agradeceu a presença de todos e encerrou o programa com o LP de Winter em “play back”. Quase que esqueço do coquetel oferecido ao sexteto por Luiz Orlando Carneiro, em sua residência, quando vi e ouvi Gene Lees exibir seus dotes vocais acompanhado por Warren Bernhardt ao piano. E foi só.

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