Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTÓRIAS DO JAZZ n° 32

02 abril 2007

“ Paul Smith, com Ella na TV.”

Corria o ano de 1960 quando em abril foi anunciada a vinda de Ella Fitzgerald ao Brasil. No Rio apenas uma apresentação na TV Tupi no dia 28 e outra no Copacabana Pálace em primeiro de maio. O que me animou para ir assistir foi a formação do grupo de acompanhamento integrado por Roy Eldridge (tp), Paul Smith (p) , Jim Hall (g)-Wilfred Midlebrooks(b) e Gus Johnson Jr. (dm) .
Meu maior interesse era o pianista Paul Smith, do qual já possuía alguns álbuns, sendo que o primeiro “Liquid sounds”, um dez polegadas, ganhei num Jazz Teste do programa de Paulo Santos. Era um sexteto que se caracterizava pela sonoridade diferente, com uníssonos de flauta, clarinete e guitarra, sustentados pela rítmica com amplo destaque para o piano do líder. Meu segundo álbum de Smith intitulava-se “Cascades” e tinha as mesmas características do primeiro. Até que comprei no Jonas, nas Lojas Murray, um album de quarteto , “Softly, baby ” com Smith acompanhado por Barney Kessel(g), Joe Mondragon(b) e Stan Levey (dm). Considero ainda hoje uma das obras primas de Jazz de pequeno conjunto. A técnica de Smith está presente, realçando o bom gosto nos improvisos e a trama harmônica que organizava com Barney Kessel na execução do repertório que tinha, e tem em “Invitation” de (Bronislau Kaper) um dos destaques.
Assim, partimos para a Urca levando os álbuns na esperança de vê-los autografados .
Muita gente aguardando a liberação da entrada, fortemente guardada por fortes porteiros. Ao entrarmos, notamos que o espaço estava dividido por uma corrente, com o objetivo de separar o público da entrada dos artistas. A corrente só seria retirada após Ella e seus músicos chegarem. Foi uma boa espera. O grupo chegou,foi para os camarins e nada de liberarem a entrada. Encostei junto a uma cortina e esperei pacientemente.
Foi quando ouví um trumpete assurdinado, acompanhado por um contrabaixo. Afastei a cortina e surgiu uma porta. Lentamente girei a maçaneta e quando ví estava na “cara do gol”. A poucos possos Roy Eldridge “esquentava os motores” acompanhado por um precioso “walkin bass” produzido por Wilfred Midlebrooks. Não durou nada esse privilégio.Quando ví estava sutilmente seguro pelo braço e gentilmente convidado a me retirar do recinto. Paciência !
Finalmente baixaram a corrente e liberaram a entrada. Subimos para a “prateleira” e por sorte sentei ao lado de Tenório Jr. Dialogamos durante todo o espetáculo e não me esqueço da expressão de Tenório quando Paul Smith, após Jim Hall, executou um solo em altíssima velocidade (“Blues a la P.T.” ) . “ Lula, ligaram a tomada no cara ! “.
Quanto a Ella, exuberante como sempre, afinadíssima e sempre de bom humor . Anotei o repertório em uma folha de papel que lamentavelmente se extraviou. Ainda assim, me lembro de “Night and day”, “Just one of those things” e o indispensável “How high the moon”, quando duelou em “scat” com Roy Eldridge.
Terminado o espetáculo descemos as escadas correndo com o objetivo de sermos um dos primeiros a chegar ao lado dos músicos . Decepção ! A tal corrente fora recolocada e o isolamento restabelecido. Vi as coisas difíceis pois os músicos sairiam direto para os taxis que já esperavam. Foi quando ví Paul Smith. Aflito, gritei seu nome e ele me olhou desconfiado. Acenei com seus discos e ele então fez sinal para que o porteiro me liberasse. Foi obedecido e então cheguei perto e entreguei-lhe os discos para os autógrafos. Sorriu enquanto autografava e disse que pensava que não era tão conhecido por aqui. Voltei triunfante para o “cercado”.

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