Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho)*in memoriam*; David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels)*in memoriam*,, Pedro Cardoso (o Apóstolo)*in memoriam*, Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge), Geraldo Guimarães (Gerry).e Clerio SantAnna

SÓ DEU ELE ONTEM, NA IMPRENSA: VICTOR BIGLIONE

21 agosto 2007


Victor Biglione foi vitrine de luxo ontem, na imprensa.

O guitarrista, violonista, arranjador, compositor e - para nosso privilégio - grande amigo e incentivador do CJUB, saiu vencedor do Festival de Gramado, ganhando o prêmio, por unanimidade, na categoria QUALIDADE ARTÍSTICA, pela trilha sonora do filme Condor, de Roberto Mader.

Vale ressaltar que trilhas sonoras não são objeto de premiação regular, em Gramado, e só recebem o Kikito em ocasiões excepcionais, quando, pelo alto nível do trabalho, o juri decide agraciá-las com o referido prêmio QUALIDADE ARTÍSTICA.

Biglione é cinéfilo de carteirinha, grande conhecedor da 7ª arte e já prestou relevantes serviços ao cinema nacional, assinando outras trilhas de filmes de prestígio.

Notícia de ontem, 20 de agosto, do Jornal O Globo, pág. 2 do "Segundo Caderno".

Logo abaixo, na mesma página, Luiz Paulo Horta, em sua tradicional coluna de 2ª-feira, destaca, entre os concertos de música clássica mais relevantes no período, a reprise, no próximo domingo (26/8), da Ópera-rock "Tommy" (The Who), na "Sala Cecília Meirelles, em versão para 16 violoncelos" e ... ele mesmo, Victor Biglione.

Ontem só deu o cara, gente !

Parabéns, Vitinho, e muito sucesso. V. merece !

DO OUTRO LADO DO JAZZ # 23

20 agosto 2007
























A DANÇA E O JAZZ (parte II) - A música sincopada de New Orleans a partir dos anos de 1913 e 14 tornou-se o acompanhamento mais em moda para a dança que invadia os salões de New York, principalmente os freqüentados por brancos da ilha de Manhattan. Em todos os cabarés e restaurantes da cidade passou a existir um conjunto com música sincopada. Note-se que frisamos MÚSICA SINCOPADA, já que o Jazz realmente viria se impor um pouco mais tarde.
Um dos responsáveis foi o músico e maestro negro James Reese Europe, o Jim Europe como era mais conhecido, que dirigia nessa época uma orquestra de dança atuando nos principais acontecimentos sociais de Nova York.
O outro responsável por esta euforia “sincopada-dançante” foi um casal de dançarinos brancos Vernon e Irene Castle. Todas as tardes os Castle se apresentavam no salão Castle House em Manhattan acompanhados pela banda de Jim Europe. Seus modos de dançar faziam enorme sucesso, talvez por atuarem de forma menos convencional para a época, precursores que foram de padrões sociais mais liberais antecipando as maneiras e atitudes que seriam correntes na Era do Jazz nos anos seguintes.
Irene, jovem e bela encrespava os cabelos, fumava em público, não usava mais espartilhos, enfim incorporava beleza e atitudes modernas. Vernon, alto e magro, de uma elegância impecável, inteiramente inglês. As mulheres afluíam para as aulas em que Vernon ensinava os novos passos, uma escola de dança social como era chamada e que revolucionaria os hábitos sociais-dançantes da América do Norte.
As danças executadas pelos Castles eram de origem afro-americana e requeriam músicas saltitantes e as bandas de New York não as executavam da forma que Vernon gostaria. Após ver a James Reese Europe's Society Orchestra atuar em uma grande festa Vernon convidou Europe para acompanhar o casal em suas exibições. Logo depois, a Victor Talking Records oferecia um contrato para a orquestra gravar, era a primeira vez que uma banda de negros conseguia um contrato de uma grande companhia fonográfica.
Em janeiro de 1914 os Castles passaram a se apresentar no Palace Theater e no Hammersteins' Victoria Theatre em New York principais redutos do show business à época. Contudo um impasse surgiu pela banda ser de músicos de raça negra e terem que dividir espaço com a banda branca da casa que fazia parte também do espetáculo. Vernon insistiu sobremodo que a banda para acompanhá-lo teria que ser a Europe's Society. Alguma confusão até que tudo foi resolvido e a banda durante as danças dos Castles sentaria no palco e não no poço da orquestra (incrível a ignorância de tal segregação, até porque a banda no palco ficava muito mais destacada!).
De qualquer forma era a primeira vez que músicos negros atuavam nos "New York Vaudeville Theatres". A música de Europe não era Jazz propriamente e sim Ragtime, embora tenha sido parte importante na transição do desenvolvimento do Jazz em New York, pré-divulgando a música que viria do sul e acabaria dominando inteiramente o cenário musical da cidade.
O período conhecido como a Era do Jazz refere-se aos anos 20 quando o Jazz invadiu os salões de Nova York e partiu também para a Europa, principalmente a França. Não se pode esquecer que foi uma época de muita dança a qual foi apresentada ao mundo por Vernon e Irene Castle que introduziram uma série de passos, variações e estilos sendo um dos mais notáveis o FOX-TROT.
Podemos agora recriar o ambiente musical do salão dos Castles com a Europe's Society Orchestra conduzida pelo maestro Jim Europe e o medley com os maiores sucessos: Castle Walk (J R Europe/Ford Dabneye); Too Much Mustard (Cecil Macklin); Castle House Rag (J R Europe); e You're Here and I'm Here (Jerome Kern) – gravações Victor de 1914. (Tempo total: 6:44min)




De 1986 a 1992, todas as últimas 5as. feiras, a Globo FM do Rio de Janeiro, irradiava o programa Jazz + Jazz, tendo como produtor e apresentador, nosso mestre cejubiano Arlindo Coutinho.

Nas Jam Sessions ao vivo estiveram muitos músicos. Arturo Sandoval, Luizinho Eça, Nico Assunção, Leny Andrade e diversos outros que alegravam os jazzófilos das dez da noite até a meia noite.

Abaixo o resgate de um desses momentos do programa que ficou conosco no coração. "So What" de Davis, tocada por Joyce Collins, Claudio Roditi, Mauro Senise, Idriss Boudrioua, Pascoal Meirelles, Sergio Barrozo e Alexandre Carvalho.



19 agosto 2007



Para comemorar os 73 anos de João Donato, os amigos se reuniram na Modern Sound, nesta última sexta feira, onde Pedro Passos inaugurou seu retrato, um grande poster colorido, que agora emoldura as paredes da conhecida casa de música ao lado de muitos outros artistas.

João tocou piano e teve o acompanhamento de vários músicos, entre eles, Paulo Moura, Cris Delano, Leo Gandelman, Emilio Santiago, Robertinho Silva, Nina Becker, Tita, Edson Lobo, Leny Andrade e Jacinta Almeida.

Uma boa jam session comemorativa, onde quem esteve lá teve motivos para divertir-se ouvindo a consagrada música de João Donato.

HISTORIAS DO JAZZ n ° 44

O JAZZ NA REPRESSÃO

Essa aconteceu no principio dos anos setenta, quando em pleno regime ditatorial as repartições públicas tiveram seus cargos de chefia e direção até então ocupados por funcionários de carreira, preenchidos por militares.
Coronéis e brigadeiros passaram a condição de “colegas” e na verdade não incomodaram muito, a não ser quando um ou outro resolvia praticar atos administrativos , “dar ordens” sobre assuntos que não estavam familiarizados.
Outra prática eram as chatérrimas fichas de recadastramento que éramos obrigados a preencher a todo o momento . Não se limitavam a vida funcional.
Procuravam escarafunchar os mínimos detalhes, na esperança de quem sabe, encontrar mais um perigoso “comunista”.
Sempre fui irreverente e na terceira ou quarta “inquisição” comecei a inventar coisas . Num dos itens estava a pergunta : Compareceu a algum congresso ? Qual o assunto e onde foi realizado ?
Calmamente preenchi o quesito informando que comparecera aos congressos de Jazz realizados em Mar del Plata ,em Antofogasta e em Palmeira dos Indios. Não me preocupava com as conseqüências, pois era público e notório que tais fichas eram engavetadas e sequer examinadas.
O tempo passou e certo dia, ao me encaminhar para um dos setores da repartição veio ao meu encontro uma senhora,que trabalhava no Gabinete do Diretor e discretamente me passou um bilhete. Seria um torpedo, um número de telefone, um endereço ?
Fui para o lavatório e tive então a grande surpresa.
Dizia o bilhete : “Apresentar-se amanhã as 12 horas no Serviço de Segurança“.
Confesso que não me assustei . Afinal de contas, com mais de vinte anos de carreira, jamais fora sequer advertido por qualquer falta e muito pelo contrário, muito cedo já tinha ocupado cargos de chefia e direção. Participava de todos os cursos para o qual era convocado e mais tarde escalado para, com outros colegas,dar aulas ao pessoal concursado. Nada me pesava na consciência e dentro da minha clássica irreverência comuniquei a alguns colegas sobre a minha “convocação”.
Dia seguinte, doze horas em ponto me apresentei a recepção do Serviço de Segurança. Um funcionário pediu que aguardasse e foi me anunciar. Em seguida me levou até ao Gabinete onde seria interrogado. Por trás de uma mesa estava um senhor a paisana que cordialmente me estendeu a mão e mandou que sentasse. Sempre sorrindo, com minha ficha nas mãos, fez a primeira pergunta:
Luiz Carlos, você compareceu mesmo a esses congressos de Jazz ?
A resposta não se fez esperar :” Claro que não brigadeiro, primeiro porque eles não aconteceram e depois se tivessem acontecido eu não teria ido porque como funcionário público não teria verba suficiente.”
Veio a segunda pergunta : Pelo visto você deve gostar de Jazz . Verdade ?
Respondi – “Claro que sim brigadeiro.” e então dei todo o meu currículo incluindo os órgãos de imprensa em que escrevi e o programa de rádio que apresentava na Rádio Fluminense.
O brigadeiro sempre sorrindo perguntou : Não vai me dizer que você é o Lula de “O Assunto é Jazz”.
Respondi que sim e ele imediatamente entrou no assunto, não sem antes mandar acender a luz vermelha na porta do gabinete. Contou seu lado jazzófilo, as gravações que fizera quando em missão nos Estados Unidos , e perguntou se conhecia um colega que morava em Niterói, Sylvio Monteiro, que por coincidência era amigo nosso e fazia parte do nosso grupo.
Aí a coisa acendeu. Contou sobre as horas de jazz que os dois ouviam na base aérea, sobre os shows que assistiram nos Estados Unidos etc.
Quando o assunto é Jazz a conversa se desenvolve tranqüilamente e a troca de informações é uma constante. Qual o pessoal que gravou aquele disco; quando foi realizado o Concerto de Jazz no Municipal, em que ano morreu Clifford Brown e coisas que tais.
Esgotado o assunto exatamente as 16 horas, o brigadeiro levantou-se, me abraçou e prometeu comparecer as reuniões da AND que na época eram realizadas no restaurante Westfalia na Rua México, o que fez por três vezes consecutivas.
Ao sair do Serviço de Segurança e chegar ao hall dos elevadores encontrei um bando de colegas ”,preocupadíssimos” com a a minha convocação. Queriam saber o que houvera. Se eu sofreria alguma punição etc. etc.
Amarrei a cara e disse baixinho : “Não posso falar nada aqui. Vamos tomar um café que lá fora eu conto. “. Fomos até o Amarelinho, em frente a ABI e alí eu despejei : “È bom vocês tomarem jeito. A coisa está preta. “
Ante a ansiedade deles completei : “Acho bom vocês passarem a ouvir meu programa de rádio . O brigadeiro ouve e por isso me convocou para dar os parabéns.”
Primeiro alguns palavrões saudaram a minha resposta,em seguida suspiros de alivio por parte de alguns e por fim gostosas gargalhadas completaram aquela tarde.
Posso agora dar o nome do brigadeiro que chefiou a Segurança de minha repartição o qual tive a honra de conhecer. Ele faleceu vítima de um acidente de carro – Brigadeiro Armando Tróia, que mais tarde vim a saber ser pai de Eduardo Tróia,também jazzófilo e que teve programa na rádio Estácio.E tem mais, após seu falecimento, Eduardo me deu de presente a coleção de fitas cassete que lhe pertencera.
Só mesmo o Jazz !
llulla

TUDO É JAZZ EM OURO PRETO

18 agosto 2007

E o Festival Tudo é Jazz de Ouro Preto chega em sua sexta edição e comprova a tradição de ser um dos grandes festivais no gênero.

Acontece entre os dias 13 e 16 de setembro e a programação traz um elenco de primeira, em destaque os nomes de Joshua Redman, o sexteto de Wallace Roney, a trompetista Ingrid Jensen, o pianista Aaron Goldberg e um gran finale com Maria Schneider liderando uma orquestra só de músicos brasileiros.

Segue a programação do evento :

Dia 13 – quinta-feira
Palco Salão Diamantina

18h - Concerto da Orquestra Experimental da UFOP/Ouro Preto
20h – Casa Forte – Mauro Senise toca Edu Lobo
22h – The Joshua Redman Trio com Matthew Penman (contrabaixo) e Gregory Hutchinson (bateria)
24h – Wallace Roney Sextet com Antoine Roney (sax), Eric Allen (bateria), Rashaan Carter (contrabaixo), Aruan Ortiz (piano) e Steve Brown (percussão)

Palco Largo do Rosário – Programação Gratuita
18h - Duo Sete Estrelo
19h – Duo Violar
20h – Grupo Linha Verde
21h – Rufo Herrera e Quinteto Tempos

Workshops
10hs, Raízes Africanas do Jazz, Ingrid Jensen
14hs, Workshop com Wallace Roney

Dia 14 – sexta-feira
Palco Salão Diamantina
18h - Aaron Goldberg Trio com Reuben Rogers (contrabaixo) e Eric Harland (bateria)
20h – Ingrid Jensen com Claudio Dauelsberg (piano), Zeca Assunção (contrabaixo) e Jon Wikan (bateria)
22h – Omer Avital Quintet com Jason Lindner (piano), Avishai Cohen (trompete), Joel Frahm (saxofone) e Ferenc Nemeth (bateria)
24h – Madeleine Peyroux


Palco Largo do Rosário – Programação Gratuita
18h – Juarez Moreira Trio
19h30min – Célio Balona Quinteto
21h – Nivaldo Ornelas

Workshops
10hs – Workshop com Omer Avital 14hs - Workshop com Aaron Goldberg
15hs – Palestra com Mary Ann Toper e Marylyn Rosen - "Relação entre o agente e o empresário na música"

Dia 15 – sábado
Palco Salão Diamantina
18h – Samba Jazz Trio
20h – Duofel
22h – João Donato & Bud Shank com Luis Alves (contrabaixo) e Robertinho Silva (bateria)
24h – Oscar Castro-Neves Quinteto
com Alex Acuña (percussão), Don Grusin (piano), Abe Laboriel (contrabaixo), Gary Meek (sax) e Charlie Bisharat (violino)

Palco Largo do Rosário – Programação Gratuita
18h – André Dequech Trio
19h30min – Tributo a Pacífico Mascarenhas com Cliff Korman e Jorge Cutello
21h – Toninho Ferragutti e Quinteto

Workshops
10hs - Mesa redonda com jornalistas - "CD x Downloads" 15hs - Palestra com Zuza Homem de Melo e lançamento do seu livro "Música nas veias"

Dia 16 – domingo
17h30min – Uma Tarde com Maria Schneider com as participações de André Mehmari (piano), Enéias Xavier (baixo acústico), André “Limão” Queiroz (bateria), Magno Alexandre (guitarra), Renato Saldanha (violão), Toninho Ferragutti (acordeon), Chico Amaral, Cléber Alves e Vinícius Augustus (sax), Nick Payton (clarineta), Mauro Rodrigues (flauta), Vittor Santos, Marcos Flávio e Renato Lisboa (trombone), Daniel Alcântara, Micheias, Pedro Mota e Zé Geraldo (trompete e flügel), Max (percussão) e Ivan Lins e Marina Machado (voz).


Ingressos :
Salão Diamantina, Palco Principal : R$ 160,00 cada dia ; meia entrada, R$ 80,00
Passaporte para o 3 dias : R$ 380,00 ; meia entrada, R$ 190,00
http://www.ingressorapido.com.br/


PERGUNTA PERMANENTE

17 agosto 2007

Quase que esquecia de fazer a clássica pergunta . Onde estão os nossos
famosos "críticos" ? Tive o cuidado de consultar todos os jornais e, como esperava, nada encontrei sobre o "Jazz Festival 2007". Sabemos que eles preferem um evento tomo o TIM , onde a mistura de gêneros propicia a presença de algumas iniquidades musicais , dando oportunidade a que os famosos escribas deitem falação. Mas, quando o assunto é Jazz eles desaparecem , até porque pouco ou nada sabem da arte. E quem não teve oportunidade de assistir o"Jazz Festival - 2007" fica órfão de informações.
Foi tempo !
llulla

HELEN SUNG


HELEN SUNG .
Entre os discos que adquiri dos participantes do Jazz Festival 2007,
está o do trombonista Stafford Hunter (The Duke Ellington Orchestra).
A surpresa para mim foi a pianista Helen Sung, integrante do quarteto
cujo trabalho nos desvia da atenção ao lider trombonista. Técnica eficiente
e uma mestra nas harmonizações. Pela Internet fiquei sabendo que ela foi
vencedora do “Mary Lou Williams Womenin Jazz Competition” e já tem
meia dúzia de CD’s lançados no mercado.
Vale a pena ouvi-la.
llulla

SKY BLUE - MINHAS IMPRESSÕES

16 agosto 2007


Muitos dirão que isto não é Jazz. Como disseram os mais conservadores quando ouviram pela primeira vez Gillespie e Parker, ou quando outros, inclusive eu, ouviram Ornette ou os últimos discos de Coltrane.
Confesso! Isto não é Jazz! Está além do Jazz! É música instrumental de altíssima qualidade apoiada no principal fundamento do Jazz, o livre espírito da improvisação.

Maria Schneider superou-se novamente. É difícil dizer o que é melhor em Sky Blue. Se as 5 composições, todas muito bonitas e sofisticadas, os arranjos espetaculares ou ainda os inspirados solos de seus principais músicos.
Em The‘Pretty’Road, um tema cativante, Ingrid Jensen arrasa no flugel e trumpete.
Em Aires de Lando, uma composição com andamentos diversos e estranhos, Scott Robinson no clarinete dá um verdadeiro show. Ouvir para crer.
Em Sky Blue, quem brilha no soprano é o estreante Steve Wilson, evoluindo da placidez do tema, ao êxtase do solo individual.
Já a peça central, Cerulean Skies, uma suíte de 22 minutos, é de uma beleza indescritível! Solos de Donny McCaslin (tenor) e Charles Pillow (alto), separados por um lindo interlúdio com Gary Versace (acordeão) e Frank Kimbrough (piano), enriquecem esta composição que deve ser premiadíssima.

Tenho ainda que ressaltar o vocal de Luciana Souza, um importante instrumento da sonoridade da orquestra.

Enfim, música para educar ouvidos ou para ouvidos educadíssimos!


Para os que acham que estou exagerando, vejam as primeiras críticas da imprensa americana :


“ Magnificent. A magical work of art, from beggining to end.” - Dan McClenaghan.


“ Maria Schneider tells stories in music as well as great novelists tell them in words. On her new album, “ Sky Blue”, she puts together stories that speak with clarity of Ernest Hemingway and the musical grace of Aaron Copland.” - Bob Karlovits


Bragil

MORRE MAX ROACH

Perdemos agora à tarde mais um ícone do Jazz, morreu dormindo em sua residência aos 83 anos o grande baterista MAXWELL ROACH.


Forma-se novamente, agora no Céu, este magnífico trio de bateristas modernos da música de JAZZ.


MUSEU DE CERA # 26 – FRANK TRUMBAUER



O talento de Frankie Trumbauer talvez tenha sido eclipsado por sua carreira entrelaçada a do genial Bix Beiderbecke, em consagrada aliança Bix & Tram, contudo pode-se atribuir tanto a Bix quanto a ele o estilo mais intelectual que veio a se concretizar mais tarde na escola west coast e na forma cool de execução da "hot music". Lester Young foi a própria imagem ao tenor de Trumbauer.
A par de sua característica intrínsica de uma musicalidade "cool" muito contribuiu o inusitado instrumento — C-Melody sax, ou seja nome dado ao saxofone tenor afinado em dó, um tom acima do tenor usual, intrumento originalmente criado para obras sinfônicas em virtude de seu timbre e do colorido tonal mais delicados.
Trumbauer viveu de maio/1901 a junho/1956 deixando os fundamentos do movimento cool do final dos anos 50 e 60.
Iniciou sua carreira em várias bandas do midwest norte-americano, sendo a mais importante a Sioux City Six de 1924 com o pessoal oriundo dos Wolwerines como Bix Beiderbecke ao cornetim, Min Leibrook à tuba, Vic Moore à bateria e ainda Rube Bloom ao piano e Miff Mole ao trombone.
Em 1925 chegou a se tornar diretor musical da Jean Goldkette's Orchestra atuando com enorme sucesso no Acadia Ballroom em St. Louis contando com Bix, época em que gravou algumas obras magníficas como For No Reason at All in C, Singing the Blues e Wringin' and Twistin'. Depois, juntou-se por algum tempo ao grupo de Adrian Rollini e em 1927 grava com The Chicago Loopers contando com Bix Beiderbecke, Eddie Lang na guitarra, Vic Berton à bateria, Don Murray ao clarinete, Frank Signorelli ao piano e os vocais do Deep River Quintet. Ao final de 1927 até 32 atua na grande orquestra de Paul Whiteman, também junto com Bix.
Após o falecimento de Bix em agosto de 1931, Tram tenta montar uma banda, porém logo em 1933 retorna a Whiteman.
Em meados dos anos 30 toca com Charlie e Jack Teagarden e depois em 1937 lidera uma banda na California com o trompetista Manny Klein. Durante a 2ª Guerra deixa a música indo ser piloto de teste na Army Air Force e ao fim da guerra passou a tocar na NBC Orchestra em New York e a trabalhar como inspetor para a Civil Aeronautical Authority. Muito ocasionalmente executava jazz e ainda fez alguns registros em 1946 e se apresentou no Dixieland Jubilee Bix em outubro de 1952 e após, até sua morte em 1956, ficou totalmente ausente do meio musical.
Além de sonoridade muito pura Tram possuía belas idéias melódicas e harmônicas tendo exercido grande influência em outros excelentes solistas, além de Lester Young, tais como: Benny Carter, Jimmy Dorsey, Johnny Hodges e Willie Smith.
Podemos ouvir uma de suas maiores criações de início de carreira junto com seu amigo Beiderbecke, este ao piano, contudo na coda do tema não resiste ao cornetim.



For No Reason at All in C (Frankie Trumbauer / Bix Beiderbecke) – Frankie Trumbauer no C melody sax, Eddie Lang na guitarra e Bix Beiderbecke ao piano e cornetim.

Gravação original:– Okeh 40871 – 13/maio/1927 - New York
Fonte: LP - The Bix Beiderbecke Story - Bix And Tram Vol. 2 – Columbia - ML-4812 – USA


JAZZ FESTIVAL 2007 - FINAL


JAZZ FESTIVAL 2007 – FINAL
“ Ellington forever ! “
Foi uma festa, a terceira que proporcionou a um público fiel esse simpático festival que, ao contrário de outros mais badalados, encara o Jazz com a seriedade que a arte merece. Prato único da noite a “Duke Ellington Orchestra” desfilou um repertório de clássicos da banda, desde os primórdios (Cotton Club Stomp, The Mooche , Mood Indigo e Rockin’ Rhythm ) até as mais populares como “Satin Doll”, “Take the “A” train “, “Prelude to a kiss” e “Things ain’t what they used to be” com o velho jargão Ellingtoniano que durante décadas adornou e ainda adorna a chamada enciclopédia do Jazz. E isso os músicos fizeram demonstrando um alto gráu de conhecimento da obra do mestre, alguns até com muito entusiasmo, parecendo bradar em seus solos : “Isso é Duke Ellington ! “.
Pena que não houvesse um "release" identificando os músicos da banda,que não constaram nem no programa oficial. Isso nos impede de nomeá-los e lhes dar o devido crédito nesse comentário. Ainda assim vale destacar os dois tenoristas
que mostrando alta técnica de improviso brindaram o público com animada “chase”
no clássico “Cotton Tail”; o pianista que acentuava em cada número a famosa escala que Ellington usava quase que como uma identificação e em certos números chegou a reger a orquestra. Uma curiosidade , a contrabaixista branca, que mostrou serviço e competência em “Jack the bear” . Quanto a cantora, também branca, não nos pareceu identificada com a banda. Gritou mais do que cantou, talvez porque a massa do som orquestral não tenha permitido. Seu “Satin Doll” foi hesitante e seu “scat” em “It don’t mean a thing” não empolgou.
Vale destacar o “gran finale” quando todos os músicos vão para a frente do palco e tocam um medley de sucessos (Take the “A” train”, “Satin Doll”, “Rockin’ rhythm” e “Things ain’t what they used to be”.) sob aplausos quase delirantes da platéia , agora reconfortada com a alta dose de Jazz autêntico que lhe foi aplicada.
Parabéns aos organizadores, aos músicos e ao público, sempre ávido por bons espetáculos . Que venho o “Jazz Festival 2008 “ nos mesmos termos.
llulla

15 agosto 2007

RETRATOS
05. STAN GETZ (B)
Do Retorno aos U.S.A. em Janeiro/1961 ao Final

O Vôo da Fênix, Tom Jobim, Garota de Ipanema
Mas ocorreu uma reviravolta a partir de meados de 1961 com a gravação do álbum “Focus” (extensa suíte de Eddie Sauter com arranjo para cordas) e no início de 1962, pela audição de alguns discos que o guitarrista Charlie Byrd, fascinado pela “Bossa Nova” que conheceu na passagem pelo Brasil, lhe proporcionou, ai incluídas gravações de João Gilberto; Getz foi atraído pela suavidade, o balanço e a descontração do tempo que ouviu, sentindo de alguma maneira traços do “cool” que ele contribuira para criar, assim como o potencial de liberação para seus solos melódicos. Foram gravadas 07 faixas na “All Souls Unitariun Church” (Washington / DC) e editados álbum e compacto sob o título de “Jazz Samba”, incluindo de Tom Jobim “Samba De Uma Nota Só” e “Desafinado”, com vendas que ultrapassaram o meio milhão de cópias, irradiação constante pelas rádios americanas, adesão do público jovem e ascensão às paradas de sucesso. Com Getz dominando inteiramente a Bossa Nova e lotando as casas noturnas e os shows em que antes rareava o público, ocorreu uma procura por seus álbuns anteriores, o que alimentou sua receita. Quanto Getz executava “Desafinado” em suas apresentações, costumava declarar que esse tema pagaria a universidade de seus 05 filhos.
Voltou a gravar Bossa Nova em 27 e 28/Agosto/1962, 08, 09 e 27/Fevereiro/1963 e, finalmente e em 18 e 19/Março/1963 e para o selo VERVE gravou com Jobim, João Gilberto e Astrud Gilberto, com versão em inglês para “Garota de Ipanema”.
Astrud passou a apresentar-se por algum tempo com Getz em seus shows, ainda que este não executasse somente Bossa Nova. Gravou ainda com Laurindo de Almeida, Edson Machado e, para o selo VERVE em 22/Abril e 05 e 06/Maio/1964 com Bill Evans.
Em Maio desse ano Getz voltou a atuar e a gravar com Bob Brokmeyer.
A partir de 1965 Getz rodeou-se de músicos então jovens (Chick Corea, Gary Burton, Steve Swallow e outros) e alcança concepções menos cômodas mas muito mais dinâmicas
Em 02 e 03/Agosto/1966 e com gravação pela RCA Victor em Lenox / Massachusetts no “'Tanglewood Summer Concert” sob o título “Stan Getz Quintet With Boston Pops Orchestra” (Stan Getz / sax.tenor, Gary Burton / vibrafone, Jim Hall / guitarra, Steve Swallow / baixo, Roy Haynes / bateria), Getz volta a encontrar-se com Antonio Carlos Jobim, que participou dos arranjos com Manny Albam, Johnny Mandel, David Ruskin, Eddie Sauter e Alec Wilder.
Em 1967 e 1968 Getz tocou em clubes e em festivais, apresentou-se em rádios e para a televisão, com a prática totalidade de suas gravações para o selo VERVE de Norman Granz (algumas poucas exceções foram para os selos Laselight e Philology).
De Volta à Europa (Málaga = Malibú na Espanha) Com a Família, Regresso Definitivo
Marbella com suas 29 praias (destaque para a de Don Carlos) é considerado o balneário mais elegante, exclusivo e caro da Costa do Sol (Málaga), freqüentado pela realeza e pelas estrelas de cinema, delimitando o extremo oriente da Andaluzia; esse foi o recanto escolhido por Stan Getz para viver com a esposa e filhos em 1969, passando a trabalhar com um grupo de músicos europeus: Eddy Louiss / órgão, René Thomas / guitarra e Bernard Lubat / bateria.
Excursionou e gravou seguidamente pela Europa (França, Inglaterra, Suécia, Alemanha) para, em 1972 e a partir de New York, alcançar novos êxitos: estreou no “Rainbow Grill” e, com o grupo em que figuravam Chick Corea (com o qual Getz havia se encontrado em Londres em 1971 e lhe encomendara temas para quando retornasse aos U.S.A.), Stanley Clarke, Tony Williams e Airto Moreira, gravou em 03/Março/1973 para a VERVE o album “Captain Marvel”, também editado pela Columbia mas somente lançado 02 anos depois.
A partir de 1975 Stan Getz tornou-se produtor para a Colúmbia da série “Stan Getz Presents.....”, na qual destaca-se o album “The Peacocks” com a participação do pianista Jimmy Rowles,
Passou a contar em suas formações com a colaboração de pianistas mais “elegantes”, entre os quais figuraram JoAnne Brackeen (que o acompanhou no Brasil em 1976), Lou Levy, Jimmy Rowles (citado no “The Peacocks”, mas com quem Getz já havia “terçado armas” em 1946 na banda de Woody Herman e no início da década de 1950), Kenny Barron, Michel Forman (seu pianista na visita de 1980 ao Brasil) e Jim McNeely. É importante ler sobre as apresentações de Stan Getz no Brasil (Rio de Janeiro) e, para isso, consultar aquí no CJUB e na “História do Jazz nº 17” do Mestre LULA o primoroso capítulo “Encontros com Stan Getz”.
Em 1974 volta a gravar com Bill Evans na Holanda e na Bélgica (09 e 16/Agosto, álbum da “Milestone” sob o título “The Bill Evans Trio Featuring Stan Getz - But Beautiful”).
Em 21/Maio/1975 novo encontro com João Gilberto na gravação do álbum para a Columbia “Stan Getz/Joao Gilberto - The Best Of Two Worlds Featuring Joao Gilberto”, que incluiu, entre outros, os temas “Água De Março”, “Ligia”, “Falsa Baiana”, “Retrato Em Branco E Preto”, “Izaura”, “É Preciso Perdoar” e outros.
Novamente a “Big Apple” e JoAnne Brackenn
Em 01/Outubro/1975, em New York e para a Columbia, Getz registra ao lado de Al Dailey / piano, Clint Houston / baixo e Billy Hart / bateria o álbum “The Master”, somente lançado 07 anos depois; nos 04 temas (“Summer Night”, “Raven's Wood”, “Lover Man” e “Invitation”) do álbum Stan Getz completa seu “doutorado” pleno na arte da improvisação melódica, digna de “grau dez com louvor”.
Stan Getz voltou a encontrar-se com JoAnne Brackeen (mais Clint Houston / baixo e Billy Hart / bateria) no 'Ljubljiana Jazz Festival' (antiga Iugoslávia, em 20/Junho/1976) e com a orquestra de Woody Herman em New York no “Carnegie Hall” nesse mesmo ano e em 20/Novembro (presentes como o “New Thundering Herd” Al Cohn, Jimmy Giuffre e Zoot Sims / tenores e Ralph Burns / piano).
Ainda com JoAnne Brackeen e em Copenhaguem / Dinamarca nas datas de 28, 29 e 30/Janeiro/1977, Getz registrou para o selo “SteepleChase” o album “Stan Getz Quartet Live At Montmartre, Volumes I e II”, com as participações do então jovem Niels-Henning Orsted Pedersen ao contrabaixo e de Billy Hart à bateria.
No mesmo dia 29/Janeiro/1977 Getz apresentou-se com a “big band” da rádio dinamarquesa, da qual fazia parte o genial pianista Allan Botschinsky, além de Niels-Henning Orsted Pedersen.
Em Março e Abril/1978 Stan Getz voltou a reunir-se com Bob Brookmeyer em sexteto na Alemanha (“'Jazz Buhne Berlin”) e na Polônia ("Congresshall"), resultando gravações ao vivo.
Em 1979 Getz apresentou-se em Havana (03 e 05/Março no “Karl-Max Theatre”) e em Monterey (“Monterey Jazz Festival”, 15/Setembro) em formações com o trumpetista Woody Shaw.
A Fase “Concord”, Kenny Barron
Em Maio/1981 no “Keystone Córner” (São Francisco / Califórnia) e para o selo “Concord Jazz” (iniciais “C” e “J” do fundador Carl Jefferson), Getz deixa registrado ao lado de Lou Levy / piano, Monty Budwig / baixo e Victor Lewis / bateria os álbuns “The Dolphin” e “Spring is Here”, este incluindo a faixa “Easy Living” (o clássico de Ralph Rainger e Leo Robin), que Getz voltaria a gravar em Janeiro/1982 e também para a “Concord Jazz” no álbum “Blue Skies”, uma obra prima de improvisação lógica, desta vez ao lado de Jim McNeely / piano, Marc Johnson / baixo e Billy Hart / bateria.
Em 15/Agosto/1981 Getz integra ao lado de Al Cohn, os dois ao sax.tenor, a banda de Woody Herman no “Concord Jazz Pavilion” no festival da Concord, com 09 faixas devidamente registradas em gravação ao vivo. Em seguida e em 02, 03 e 06/Setembro/1981 no Japão, Getz se apresenta no “Aurex Jazz Festival” ao lado de Freddie Hubbard / trumpete, Bob Brookmeyer / trombone de válvulas, Gerry Mulligan / sax.barítono, Milt Jackson / vibrafone, Roland Hanna / piano, Ray Brown / baixo e Art Blakey / bateria, registro ao vivo lançado pelo selo “East World Jazz”. No 1º dia de apresentação o grupo apresenta “The Girl From Ipanema” com verdadeira e prolongada ovação da platéia. Ainda em 1981 Getz excursiona à França e grava em Paris (04/Novembro/1981) para o selo EmArcy o álbum “Billy Highstreet Samba, Stan Getz '81”, ao lado de Mitchel Forman / teclados, Chuck Loeb / guitarra, Mark Egan / baixo, Victor Lewis / bateria e Bobby Thomas / percussão.
No início de 1982 e para a Concord Jazz, Stan Getz grava de 29/Janeiro até 05/Fevereiro as faixas que integraram os preciosos álbuns “Pure Getz” e “Blue Skies”, contendo gemas do quilate de “Spring At Bell's”, “Tempus Fugit”, “Spring Is Here”, “Easy Living”, “Blue Skies”, “How Long Has This Been Going On?”, “Very Early”, “I Wish I Knew” e “Come Rain Or Come Shine”, todos em companhia de Jim McNeely / piano, Marc Johnson / baixo e Billy Hart / bateria.
Um Tapete Para Diane Schuur
Em 1983 Getz vai à Europa com Chet Baker (Dinamarca, Suécia, Noruega, em combo com Jim McNeely / piano, George Mraz , baixo e Victor Lewis / bateria) e no retorno em 1984 grava em Seattle com Diane Schuur e ao lado de Dave Grusin / piano, Don Grusin / sintetizador, Howard Roberts / guitarra, Dan Dean / baixo e Moyres Lucas / bateria. Volta a gravar no mesmo ano com a cantora em New York, com formação modificada e contando com Dave Grusin / teclado, Larry Williams / sintetizador, Abe Laboriel e Chuck Domanico / baixo, Carlos Vega / bateria e o brasileiro Paulinho Da Costa / percussão. Novamente e agora em 1985, Diane Schuur e Getz registram em New York e para o selo “Timeless” ao lado de Chuck Findley e Warren Luening / trumpetes, Stan Getz, Jack Nimitz, Bill Perkins, Bill Reichenbach e Tom Scott (palhetas), Dave Grusin e Mike Lang / teclados, Lee Ritenour / guitarra, Chuck Domanico / baixo, Steve Schaefer / bateria e Larry Bunker / percussão, além de sessão de cordas, um repertório de clássicos: “How Long Has This Been Going On?”, “Easy To Love”, “Come Rain Or Come Shine”, “Do Nothin' Till You Hear From Me?”, “I Can't Believe That You're In Love With Me” e outros. Esse o único registro discográfico de Stan Getz em 1985.
Também em 1986 Stan Getz deixa registro fonográfico em uma única ocasião, 09/Março, Menlo / Califórnia, acompanhado por Kenny Barron / piano, George / baixo, Victor Lewis / bateria e Babatunde /conga, imortalizando no álbum “Voyage” para o selo “Black Hawk” os clássicos “I Wanted To Say”, “I Thought About You”, “Yesterdays”, “Dreams”, “Falling In Love”, “Voyage” e “Just Friends”: melhor impossível ! ! !
Pois Eu Só O Contrataria Pelo Salário.base ! ! ! . . .
Conforme assinalado no início deste “RETRATO”, Stan Getz era reconhecido por pagar baixa remuneração aos seus músicos acompanhantes. Há um episódio ocorrido em Pittsburgh e relatado por Mel Tormé que ilustra bem essa característica; Mel estava contratado para uma temporada no “Copa Club” local e entre o público estava o ator José Ferrer (José Vicente Ferrer Otero Y Citrón, portorriquenho nascido em 1909, foi ator de cinema, teatro e televisão, possuidor de um magnífico timbre vocal, destacando-se no cinema por suas atuações em “Joana D’Arc” de 1948 com Ingrid Bergman, “Cyrano de Bergerac” de 1950 e conquistando o “Oscar” de melhor ator em “Moulin Rouge” em 1952, em que interpretou Toulouse-Lautrec, além de ser excelente pianista e amante do Jazz). Ao final da apresentação rumaram, Mel e Ferrer para outro clube, “Carrossell”, onde Getz se apresentava em quarteto; Getz, após um de seus solos, convidou Mel Tormé para subir ao palco e assumir a bateria e, quando este ia levantar-se, Ferrer pediu que perguntasse a Getz se poderia acompanhá-lo; com a concordância deste, iniciaram um “Indiana” em que Ferrer literalmente “arrazou” com seu solo; muitas palmas ao final, a maior parte em função do novo pianista. Getz perguntou a Mel quem era o “velho” e Mel respondeu-lhe que era o famoso José Ferrer, que então ganhava pelo menos US$ 1,000.00 / semana na Broadway; Getz, muito sério, disse para Mel Tormé que se o “velho” quizesse trabalhar com ele receberia apenas o salário.base do Sindicato. A proposta de Getz foi informada por Mel a Ferrer que, bem humorado, comentou-a com seu agente de publicidade; como resultado no dia seguinte o episódio saiu em toda a imprensa e nos veículos do mundo dos espetáculos.
Com Kenny Barron ficaram registradas mais diversas gravações de Stan Getz: em 21/Junho/1987 no “Avery Fisher Hall” de New York, em 06/Julho/1987 na Dinamarca e no “Cafe Mountmartre” (registrado nos álbuns “Serenity” e “Anniversary!” pelo selo EmArcy), em 09/Julho/1987 na Finlândia e no “Pori Jazz Festival”, em 17/Fevereiro/1988 na Itália / Trieste, em 29/Junho/1989 na Escócia / Glasgow e no “Glasgow International Jazz Festival”, em 27/Julho/1989 novamente na Dinamarca e no “Musickhusit Aarhus” de Copenhaguem (apresentação gravada ao vivo pela “Concord Jazz no álbum “Soul Eyes”), em 13/Setembro/1989 em estúdio de Los Angeles / Califórnia com big.band da qual participaram Oscar Castro Neves e Paulinho da Costa, em 18/Julho/1990 no "Philharmonic Hall" de Munique / Alemanha, em 19/Julho/1990 no "Royal Festival Hall" de Londres / Inglaterra e, finalmente, na derradeira gravação de Stan Getz, em 03 e 06/Março/1991, na Dinamarca e no “Cafe Mountmartre", Jazzhus, Copenhaguem, em duo com Kenny Barron registrado no álbum “People Time” da “EmArcy”.
O Final
Anteriormente (15/Junho/1989) Stan Getz participara do concerto felizmente registrado em vídeo e áudio intitulado “Paris All Stars”, uma homenagem a Charlie Parker no encontro de "La Grande Halle", La Villette, Paris, França. Realmente um senhor “All Stars” com Dizzy Gillespie / trumpete, Jackie McLean e Phil Woods / saxes.alto, Milt Jackson / vibrafone, Hank Jones / piano, Percy Heath / baixo e Max Roach / bateria. Importante documento em vídeo, com a chegada dos músicos para o ensaio, cenas do ensaio, a fraternidade dos músicos recordando “aqueles tempos”, os primorosos solos de Getz, Phil Woods e Jackie McLean, enfim, um espetáculo para a eternidade.
Ainda mais preliminarmente e desde 1988 prosseguindo com sua permanência em apresentações, excursões, festivais e gravações em estúdio, a saúde de Stan Getz já lhe dera “avisos” mais sérios; interrompeu, pelo menos parcialmente, suas apresentações na Europa já que estava declarado um câncer de fígado incurável. Tratamentos e medicamentos prolongaram sua permanência e ele, como se incólume, tocou quase até o último instante, inclusive com divulgação pela imprensa de que estaria curado: ledo engano ! ! ! . . .
A doença o levou ao óbito em 06/Junho/1991 aos 64 anos, em Malibú / Califórnia.
Stan Getz tocou o sax.tenor em toda a sua expressão e técnica, com personalidade artística que dispensa adjetivos relativos a “escolas” ou etiquetas. Mesmo habitualmente suave e aveludado, indolente e terno (jamais “açucarado”), com alguma freqüência, se e quando musicalmente exigido, mostrava registro viril, com alguma “dureza” e mostrando ser um legítimo caudatário das concepções de Charlie Parker, mesmo devendo muito de seu fraseado e sentido rítmico e reflexivo a Lester Young. Pertenceu à maior estirpe de seu instrumento, a nosso juízo o maior do Jazz “moderno”, como indiscutível e lógico improvisador com permanente inspiração e elegância.

Continua em (C) com “Filmografia e Bibliografia

O SAMBAJAZZIFICATOR DA CIA. ESTADUAL DE JAZZ

Nosso CJUBiano-colaborador, Raynaldo, envia aviso de mudança de pouso de sua Cia. Estadual de Jazz, que agora vai estacionar em Botafogo, no Cinemathèque. Ficam todos convocados para ir vê-los desfiando seu repertório de Jão a Jão (Coltrane a Donato), tudo passado no Samba-Jazzificator. Além dele, a banda é composta pelo pianista Sérgio Fayne, o guitarrista Fernando Clark, o saxofonista Guilherme Vianna e o baterista Chico Pessanha. Com esse amontoado de estrelas, o Raynaldo agarante que o produto final não é tabajara!

JAZZ FESTIVAL 2007


JAZZ FESTIVAL – 2007 – SEGUNDA NOITE

Quando “los hermanos” da Porteña e “les freres” do Irakli arrasaram.

O bom do chamado Jazz tradicional é quando se observa hoje o que um grupo como a “Porteña Jazz Band” faz, alegrando um ambiente e conseguindo que toda uma platéia se ligue atentamente ao seu trabalho. Verdadeiro sacerdócio na preservação do que foi feito pelos “pioneiros”. Desde “Sugar Foot Stomp” até o blues com que encerraram seu set, o que se viu e ouviu foi um preito de fidelidade aos velhos e preciosos arranjos. Os naipes afinadíssimos e os solistas mostrando grande “conhecimento de causa”. O “Body and Soul” em solo do saxofonista Gabriel Herrera deve ter feito Coleman Hawkins sorrir lá do alto. Emocionante o que fizeram “los hermanos” Omar Oliveros, Ricardo Alem(tps), Juanjo Zentilini (tb), Carlos Caiati, Gabriel Sabella Rosa e Gabriel Herrera (cls-sxs), Adrian Segers(bj), Adrian Minuchin (tB), Jorge Rosker (dm-wsh) e Martin Mendez (p).

“Muchas gracias e un gran saludo”.
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O “Irakli and the Louis Ambassadors” é um outro preito de gratidão ao que fez o músico mais importante da história do Jazz. Irakli de Davrichewi, do alto de seus sessenta para setenta anos, ainda reúne forças para mostrar no trumpete que leu a cartilha, penetrando nos fraseados e nos agudos de Armstrong, procurando dar o máximo de autenticidade a homenagem que presta ao seu ídolo. Mas, o que ressalta no grupo é a qualidade de seus integrantes. O trombonista Jean-Claude Onesta é de uma eficiência espantosa. Sonoridade, fraseado, improviso, tudo dentro dos canones pré estabelecidos. O pianista Jacques Schneck, de inicio discreto e burocrático, quando chamado ao trabalho mostrou uma técnica apurada e um bonito senso de improvisação no clássico “Somebody Loves Me”. E o que falar do baterista Sylvain Glevarec, que despejou em dez minutos de solo todo o conhecimento da arte percussiva, criando desenhos rítmicos emocionantes e esbanjando um técnica no uso dos “mallets”, baquetas e mãos que fez lembrar um solo de Jo Jones quando atuou no American Jazz Festival em 1961. O jovem francês nada fica a dever a qualquer baterista americano. E ponto final.
Noite de gala.

llulla