Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

UMA VIAGEM NO TEMPO - BRIDGESTONE JAZZ, parte 2

30 maio 2009

A noite do segundo dia de Kind of Blue estava gélida do lado de fora, a clássica garoa paulistana dando à cidade um clima europeu (ou novaiorquino?) que se refletia na indumentária das pessoas, elegantes e bacanas de se ver, em tudo se coadunando com a beleza e a sofisticação do jazz.

Era aquela também a primeira noite em que se apresentaria a primeira das três cantoras escaladas para o evento e assim, com a casa lotada - afinal, era sexta-feira -, entrou no palco René Marie, uma cantora tão estilosa em seu penteado quanto talentosa em sua interpretação, sua voz muito bem dosada nas variações de cada número escolhido, demonstrando um vasto range. René, além de seus músicos, trouxe como coringa o renomado trompetista Jeremy Pelt ao palco, atuando na quase totalidade dos números.

Com notada predileção por temas ligados ao folclore americano e às canções que o descrevem e representam, passou com facilidade pelo blues, pelo soul, beirou os spirituals e entrou pelo jazz com facilidade e uma afinação impecável. Ao entoar, ao final do seu set, quase que a capella (só o contrabaixo a ajudava) e de maneira muito bonita a melodia do hino americano com uma letra híbrida, deu margem a que alguns patetas da platéia protestassem gritando "Brasil!" entre meias-vaias nacionalistas, o que imediatamente nos trouxe de volta à realidade nacional, tão embalados estávamos pelo tal clima novaiorquino (ou europeu?).

A série de temas apresentados por René Marie - a moça andou algum tempo afastada do biz por conta exatamente de problemas que teve com outra versão do hino americano, considerada racista - que vem voltando com força ao panorama musical norte-americano, agradou bastante à platéia presente, ávida, no entanto, para ver/rever a atração principal da noite, a bandaça reunida para comemorar os 50 anos da gravação do disco de jazz mais vendido da história.

Para René, sua personalidade forte e sua voz bem interessante, @@@,5.

Logo em seguida ao intervalo foi anunciada, com pompa e circunstância, a razão maior para que a platéia ali estivesse ocupando cada centímetro do espaço. O retorno da banda arregimentada por Jimmy Cobb para reencenar, re-tocar, repetir ou refazer o que já tinha sido bom na véspera. E essa mesma banda superou-se.
Domada a estridência de Larry Willis, mencionada aqui no post anterior (e para tanto foram adotadas duas técnicas simples: uma, um aperto significativo no Steinway, o que o fez mais duro e "pesado" ao toque; outra, a mera redução no volume dos captadores no piano), tudo fluiu magnificamente, o repertório idêntico ao da véspera porém com muito mais "intimismo" (entre aspas, pois não há disso numa sala com 2.500 pessoas e aquele naipe de metais), Buster Williams sentiu-se confortável para fazer nada menos do que quatro solos, Willis também esteve muito bem nas suas participações em solo, assim como o good old Cobb, um metronomo a serviço da banda.

O frontline de metais superou-se, deu tudo o que podia e mais um restinho, com Roney resplandecente tanto na bata dourada que fora do Miles quanto no trompete, Herring fulgurante no alto e Jackson brilhante no tenor. A casa veio abaixo.

E assim, a magia de Kind of Blue pode ser sentida plenamente, atendendo às mais exigentes expectativas da platéia repleta, diga-se, de jovens de ambos os sexos vivamente interessados na arte jazzística, o que nos impressionou muito favoravelmente, vez que, em outros festivais que temos frequentado, há certa predominancia de cabecinhas brancas no panorama das platéias.

Uma apresentação de gala para essa brilhante sacada do Toy: @@@@@, plenas.

(segue)

Fotos: Guto Nóbrega / Mila Maluhy

RIO DAS OSTRAS JAZZ E BLUES

26 maio 2009

O Festival Rio das Ostras Jazz & Blues chega em sua sétima edição.
Sem dúvida um dos maiores festivais deste país.
Atrações nacionais e internacionais dividem novamente o palco entre os dias 10 e 14 de junho com shows gratuitos ao ar livre realizados na Lagoa de Iriri, Pedra da Tartaruga e Costa Azul.

E as atrações prometem muito som, com destaque para o elenco nacional com o organista Ari Borger, um dos poucos a pilotarem um Hammond aqui em nossa terrinha, que já foi citado aqui neste espaço pelo seu último trabalho AB4 com seu quarteto acompanhado por Celso Salim guitarra, Humberto Zigler bateria e Marcos Klis contrabaixo fazendo sua mistura de jazz, blues e um pouquinho do maravilhoso groove do Hammond;
o grupo paulista Pau Brasil, um dos grandes nomes da nossa música instrumental e que tem na sua formação o pianista Nelson Ayres, o violão de Paulo Bellinati, Rodolfo Stroeter no baixo, o gigante Teco Cardoso nos sax e Ricardo Mosca bateria - esse vale muito conferir !!;
o duo de violões Duofel que terá a participação especial do percussionista Fábio Pascoal, filho do bruxo Hermeto Pascoal; a blues band do gaitista Jefferson Gonçalves; e a Orquestra Kuarup sob a regência do maestro Nando Carneiro, uma orquestra nativa formada por alunos e ex-alunos do Centro de Formação Artística da Fundação Rio das Ostras de Cultura; e a nossa big band Big Time Orquestra.

No set internacional, o tecladista Jason Miles vem apresentar seu tributo a Miles Davis, resultado do trabalho de seu CD intitulado Miles to Miles: In the Spirit of Miles Davis onde esteve acompanhado pelo baixista Marcus Miller que não o acompanhará neste turnê. Jason Miles vem acompanhado por Jerry Brooks contrabaixo, Michael Stewart trompete, Brian Dunne bateria e um DJ.
Na linha instrumental/fusion, pela segunda por aqui o grupo Spyro Gyra aparece com seu som vibrante, pelo menos esse era o som dos clássicos albuns Morning Dance, Catching the Sun, Breakout e Alternating Currents e que contagiou quem assistiu sua apresentação no finado Free Jazz na segunda metade dos 80. Confesso que já fui fã do som dos caras e o grupo sempre foi uma referência no cenário instrumental contemporâneo. Liderado pelo sax de Jay Beckenstein, o grupo tras ainda Julio Fernandez guitarra, Tom Schuman teclados, estes desde a formação original, Scott Ambush baixo e Bonny B na bateria. É a grande atração do festival !

O trio Bad Plus esteve aqui em uma das últimas edições do Tim Festival, seu som contemporâneo mescla uma diversidade de estilos com uma roupagem nem tão jazzistica mas que agrada aos mais modernosos e aqueles que curtem a sombra das novas tendencias europeias. O trio é formado por Ethan Iverson piano, Reid Anderson baixo e David King bateria e neste festival estará acompanhado pela cantora Wendy Lewis.
Para quem curte Bad Plus, a pouco conhecida banda instrumental americana Rudder também deve causar boa impressão com uma abordagem mais acidjazz e que lembra um pouco o som do grupo Medeski, Martin & Wood.

Na seara blues os guitarristas Coco Montoya e John Hammond são as principais atrações. Tá certo que são branquelos, mas carregam a essência do blues. Coco Montoya é o pupilo do guitarrista Albert Collins, que foi o seu grande mentor musical e quem o tirou da bateria ensinando a ele a guitarra blues. É promessa de hard blues e pitadas de rock´n´roll !

E mais a Dixie Square Jazz Band novamente se apresentando pelas ruas da cidade e nos intervalos dos shows.
Os palcos -
Cidade do Jazz e Blues - A infraestrutura de Costazul conta, além do palco principal, com uma praça de alimentação, pontos de venda de CDs, revistas e camisetas e telão que transmite os shows ao vivo. Ainda em Costazul, a Casa do Jazz e do Blues. No espaço exposição de fotos e biografias dos artistas mais importantes dos gêneros além da exibição de documentários e shows de bandas locais. Partindo da Igreja Matriz, no Centro, seguir pela Rodovia Amaral Peixoto (RJ-106), na direção de Macaé. Na altura do km 150, virar à direita, na entrada do Bairro Costazul, percorrendo aproximadamente 1 km na Avenida Governador Roberto da Silveira. A cidade do jazz e do blues fica no antigo camping de Rio das Ostras.
Praia da Tartaruga - Localizada em uma pequena enseada, situada entre as praias do Abricó e Praia do Bosque, o Praia da Tartaruga abriga o palco mais charmoso do festival. Na Tartaruga o público assiste aos shows sob o pôr-do-sol. O palco é montado sobre uma pedra que, literalmente, invade o mar .
Lagoa de Iriry - No palco da Lagoa de Iriry, o público está lado a lado com o artista em um anfiteatro circundado por uma lagoa e uma vegetação típica de restinga. A Lagoa de Iriry fica no Jardim Bela Vista, em Costazul.

A programação –
10 de junho, quarta-feira
Costazul - 19h : Orquestra Kuarup, Duofel e Fábio Pascoal, Ari Borger

11 de junho, quinta-feira
Lagoa de Iriry – 14h15min : Ari Borger
Praia da Tartaruga – 17h15min : Rudder
Costazul - 19h : Jefferson Gonçalves Blues Band, Pau Brasil, Jason Miles

12 de junho , sexta-feira
Lagoa de Iriry – 14h15min : The Bad Plus e Wendy Lewis,
Praia da Tartaruga – 17h15min : Jason Miles
Costazul - 19h : Rudder, Coco Montoya, Big Time Orquestra

13 de junho, sábado
Lagoa de Iriry – 14h15min : Jefferson Gonçalves Blues Band
Praia da Tartaruga – 17h15min : Coco Montoya
Costazul - 19h : The Bad Plus e Wendy Lewis, John Hammond, Spyro Gyra

14 de junho, domingo
Lagoa de Iriry – 14h15min : John Hammond
Praia da Tartaruga – 17h15min : Spyro Gyra

O festival é uma realização da Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio da Prefeitura de Rio das Ostras/RJ. Produção de Stenio Mattos, Azul Produções e Assessoria de Imprensa da Tempo 3 Comunicação.

Mais informações em www.riodasostrasjazzeblues.com

HISTÓRIAS DO JAZZ n ° 67


O SUCESSO DE “ IN THE MOOD”


Essa eu não li em nenhum livro ou revista especializada e captei o fato em um programa de televisão apresentado bem tarde da noite, não me lembro o canal, pela atriz Irene Ravache, lá se vão muitos anos. Era um programa de entrevistas feitas fora do país, e essa especialmente dedicada ao cultivo de uvas e a fabricação de vinhos. Não me interessei de início mas, abrindo o programa a atriz informava que um dos maiores cultivadores de uvas na California tinha em seu currículo ter sido músico da orquestra de Glenn Miller. Aguardei ansioso por essa entrevista e de certa forma fui recompensado . O músico era o trompetista Lee Knowles de quem jamais ouvira falar mas, por via das dúvidas fui conferir na Hot Discography de Charles Delaunay e lá estava o seu nome integrando a seção de metais. Antes de entrarem no assunto vinho, veio a pergunta sobre a participação do músico na orquestra de Glenn Miller e o que ele podia contar aos telespectadores sobre a famosa banda. E Knowles disse que apesar de ter muitas histórias , destacava a do tema “In the mood”, de autoria de Ed Garland, um dos maiores sucessos da banda. Informou que após uma exaustiva noite de ensaios,os músicos já cansados tiveram que retornar ao estúdio pois haviam chegado as partituras do arranjo original do tema e Glenn Miller não quis deixar para depois. Sentaram em suas cadeiras, abriram as partituras e obedecendo ao sinal do maestro executaram o tema. Knowles esclareceu que ninguém gostou da música. Uns a achavam repetitiva outros desanimados pelo cansaço optavam por sua exclusão do repertório mas, Glenn Miller insistia no ensaio do tema, tentando animar seus companheiros. Até que alguém sugeriu que mudassem o final do tema, inserindo aquela sequência dos trompetes. Como num passe de mágica o ambiente mudou. Os músicos, principalmente os trompetistas , deram tudo e o tema ficou pronto em poucos minutos. Assim, em primeiro de agosto de 1939 a orquestra gravou aquele que seria um de seus maiores sucessos. Tocaram na gravação de “In the mood” :
Clyde Hurley , Red McKinkle, Lee Knowles (tps)
Glenn Miller, Paul Tanner, Al Mastren (tbs)
Al Klink, Hal McIntyre, Tex Beneke, Wilbur Schwartz, Harold Tenison (sxs)
Chummy McGregor (p), Richard Fisher (g)- Rolly Bundock (b) , Moe Purtill (dm)

ÓBITO


Mestre Raffa informou e eu passo adiante. Quem faleceu em 14 do corrente, aos 79 anos foi Buddy Montgomery, pianista e vibrafonista que com os irmãos Monk (b) e Wes (g), nos anos sessenta formou o grupo “The Mastersounds” que gravou para a Pacific Jazz Records. A causa mortis não foi divulgada.
RIP

LENNIE TRISTANO

25 maio 2009

Aproveitando a deixa da coluna do JB (Caderno B - 24/05/09) assinada pelo cjubiano Luiz Orlando Carneiro fomos rever um pouco da magnífica obra de Tristano como pianista e compositor.
Músico de considerável importância instrumental e rigor musical, na verdade uma herança de Bach, ao criar frases de extrema precisão em suas improvisações contrapontísticas. Riqueza e liberdade rítmica notáveis, empregando os famosos "cross-accents" do bop.
Pianista dotado de excepcional agilidade comparando-se ao brio de Art Tatum, porém incomparavelmente mais criativo. No seu toque, ouve-se sempre um tanto de Earl Hines, Teddy Wilson e Nat Cole. Associou-se a excelentes instrumentistas como Lee Konitz e Warne Marsh, porém é no piano solo sua maior genialidade se assim pudermos graduar um gênio.
Sua música permanece como tradição do jazz moderno em suas incursões pelo free com Mingus e Ornette.
Sem mais delongas, porque há inúmeras matérias sobre Tristano incluindo a citada coluna, programamos um podcast (em tupiquiniquim radiola) com 4 obras pianísticas que consideramos fantásticas dentre tantas outras...
· C Minor Complex e G Minor Complex - heranças de Bach no Jazz
· Becoming – trabalho exemplar com os acordes (block chords)
· Lovelines – melodiosas linhas com apoio dos incríveis baixos

Gravações feitas no estúdio particular de Tristano em New York City outono de 1961 – editado pela MOSAIC MD6-174 (CD)



UMA VIAGEM NO TEMPO - BRIDGESTONE JAZZ, parte 1

24 maio 2009

Parece que foi ontem aquele almoço que serviu para lançar as bases deste blog. E lá se vão sete anos, completados no dia 10 passado, e nada melhor para comemorá-los do que uma viagem dos fundadores - e os early-birds do CJUB foram todos - a um festival de jazz.

A "grande" excursão, embora só até São Paulo, foi emblemática, como sempre, da boa camaradagem que permeia a fraternidade cjubiana, sem que faltasse nenhum dos elementos que a tornam única. Do time escalado, Mestre Raf, importante pilar, além de BraGil e Guzz, não puderam ir, por motivos alheios, claro, às suas vontades.

E nada melhor para a consolidação de amizades jazzisticas na origem do que uma mostra de primeira categoria, consubstanciada na edição 2009 do Bridgestone Festival ao longo de suas tres noites, uma festa impecavelmente produzida por seu promotor Toy Lima, da escalação das atrações até a perfeita organização percebida nas dependencias do Citibank Hall (onde ficava o antigo Palace) e tudo correu da forma mais profissional possível, da qualidade inatacável do som à corajosa proibição de servico durante as apresentações.

Abrindo a primeira noite, a boa surpresa causada em geral pelo trio de Robert Glasper, um pianista de excelente técnica e com vastas possibilidades para o futuro, contanto que consiga firmar um estilo próprio pois pareceu-me, em certos momentos, um pouco calcado demais nas sonoridades de Brad Mehldau e nos climas do precocemente falecido pianista nórdico Esbjorn Svensson em alguns temas, por demasiadas repetições dos mesmos "chords". Seus acólitos, jovens e dedicados, seguraram muito bem as incursões de Glasper pelos mais variados andamentos - já que, vez liberto das repetições, desandava a suingar com fluência e ótimo ritmo - muito bem amparado e com destaque para o baterista Chris Dove. O jovem baixista Vincent Archer segurou bem toda a onda de Robert Glasper sem maiores expressões de virtuosismo mas com técnica apurada. Um grupo para se seguir os passos. @@@,5


Em seguida, após cravados 15 minutos de intervalo, suficientes para a arrumação do palco, foi anunciada a grande atração daquela primeira data e motivo do frisson que percorreu a platéia lotada: a possibilidade de ver/ouvir/sentir algo do mágico clima que reinou na gravação do mais emblemático disco do jazz, a ser revivido de alguma forma pela banda reunida pelo último remanescente daquelas "sessions", o baterista Jimmy Cobb, para comemorar o cinquentenário do disco Kind of Blue mundo afora.
Assim, foram entrando no palco os digníssimos executantes escolhidos por Cobb:
"No papel de Miles", como se fosse de alguma maneira possível, o soberbo trompetista Wallace Roney, ostentando o que seria, segundo a rádio-corredor, um instrumento recebido de presente do próprio Miles Davis.

"Como" Julian "Cannonball" Adderley, Vincent Herring, um saxofonista-alto de notoriedade incontestável no panorama de seu instrumento, inclusive entre seus pares.

Emulando a John Coltrane no sax-tenor, um consagrado estudioso da linguagem do "papa", o elegante e compenetrado Javon Jackson.

Esta foi então a poderosa frontline escalada para a apresentação comemorativa, sem que ninguém ali pudesse falar nada quanto à sua qualidade, sem reparos.

Ao lado de mestre Cobb na cozinha, segurando o ritmo no contrabaixo, pilotado historicamente outror pelo monstruoso Paul Chambers, a figura serena de Buster Williams .


E finalmente, ao piano, Mr. Larry Willis.











Essa turma não se fez de rogada e largou soltando faíscas numa So What que me pareceu em uptempo, talvez pela ambiência de festival. Confesso que fiquei meio atordoado com o volume geral, não estava esperando aquela massa sonora, que, não obstante, refletia fielmente cada nota dos chorus originais, dando então lugar aos solos de cada um dos integrantes do frontline que empolgaram a platéia atenta e curiosa, boquiaberta com a qualidade dos músicos. Destaque positivo para Roney e Herring e me perdoem os puristas presentes, negativo para Willis, que tratava o piano como se quisesse descontar nele toda a sua felicidade em estar no Brasil. O seu fraseado, digno de um grande pianista, perdia-se na potencia com que se expressava, levando o mais otimista dos presentes a perguntar-se duas coisas: uma, se o Steinway suportaria o ritmo; outra, por onde será que andaria o CD, lá em sua própria casa...

O desfiar do repertório do Kind of Blue foi perfeito, com belas intervenções de todos os sopros a seu turno, abusando de suas melhores qualidades e mostrando ao povo o que seria a gravação daquela peça ao vivo e turbinada. Na fila de trás, um Buster Williams sólido como um rochedo foi a base rítmica para toda a apresentação, que serviu ainda para mostrar a todos a vivacidade e a capacidade física de Cobb, hoje com 81 anos e a garra de um baterista de menos de cinquenta. A não ser pela força física de Larry Willis, aplicada ao instrumento de forma um pouco exagerada, o set receberia as nossas cinco orelhas, representativas do estado da arte no jazz. Por conta disso e da ENORME saudade que nos deu de Bill Evans, Willis rebaixou seu time para @@@@,5.

(segue)

fotos: GUTO NÓBREGA

MUSEU DE CERA # 57 – CANTORAS DE BLUES 5 - SARAH MARTIN

23 maio 2009



SARAH MARTIN nascida em 1884 iniciou sua carreira como cantora de espetáculos vaudeville em 1915 em Illinois. Em 1922 foi contratada para fazer gravações na Okeh Records pelo diretor Clarence Williams e ele próprio a acompanhou ao piano tendo também escrito canções para ela. O grande Sidney Bechet foi marca constante nas gravações com seu sax soprano. Sarah com suas excelentes atuações passou a grande estrela do circuito de vaudeville T.O.B.A. (Theater Owners Booking Association) de artistas negros.
Dotada de uma voz profunda e cheia era comparada à Bessie Smith e Ma Rainey, contudo carecia do mesmo empenho emocional dessas duas magníficas cantoras, no entanto sua colocação das letras nas canções e dicção eram impecáveis.
Em 1928 gravou 4 canções com Clarence incluindo King Oliver ao cornetim. No início da década de 30 excursionou por todo os EUA junto com a W. C. Handy’s Orchestra tendo realizado várias gravações.
Em 1929 atuou no filme ― Hello, Bill com Bill "Bojangles" Robinson o grande “tap dancer”. No ano seguinte aparece no primeiro filme sonoro interpretado por negros ― Darktown Revue.
Durante os anos da Depressão tendo dificuldades deixou a carreira indo trabalhar na enfermagem de uma casa de saúde em sua cidade natal Louisville no Kentucky. Faleceu em 1955.
Apesar de cantora popular era capaz de interpretar os Blues tanto quanto aquelas exclusivas "blues singers". Gravou também sob os pseudônimos de Margaret Johnson e Sally Roberts.
Selecionamos para ilustrar o Museu 2 ótimas interpretações de Sarah, na primeira destaca-se o excelente sax de Sidney Bechet.
ATLANTA BLUES (W.C.Handy / Dave Elman) - Clarence Williams' Blue Five: Sarah Martin (vcl), Tom Morris (cnt), John Mayfield (tb), Sidney Bechet (sax sop), Clarence Williams (pi), Buddy Christian (bj).
Gravação original: New York, 1/ agosto/1923 - OKeh 8090 (mx 71712B).
COME HOME PAPA BLUES (Billy Smythe) - Sarah Martin (vcl) com a W.C. HANDY ORCHESTRA - Thomas "Tick" Gray (cnt), Sylvester Bevard (tb), Charles Hillman (pi), Archie Walls (tuba), e mais sax alto, sax tenor, bateria e banjo desconhecidos.
Gravação original: New York, 21/abril/1923 - Okeh 8061 (mx 71431-A)
Fonte: CD Sara Martin - The Famous Moanin' Mama – selo Retrieval Catalogue Number: 181143 – 2007 - USA



MAIS JAZZ NO VELHO ARMAZEM

22 maio 2009


Na próxima quinta feira, dia 28 de maio, Márvio Ciribelli dá sequência a programação jazzística no Velho Armazem, recebendo agora o "Julio Bittencourt Jazz Trio", da cidade de Cruzeiro, estado de São Paulo.
O grupo é integrado por Julio Bittencourt (dm), Benjamim Bentes (b) e Luciano Bittencourt (g) e estará lançando o CD "3Trio". Na estrada já a algum tempo, o trio tem inclusive partipação internacional, tendo atuado nos Estados Unidos ao lado de Ben Champion, Gary Keller e Cláudio Celso. À partir das 22 horas Márvio Ciribelli também integra o grupo.

No repertório teremos temas como Fotografia (T.Jobim), All Blues (M.Davis), St.Thomas(S.Rollins), Moanin (B.Timmons) e também clássicos como a Bachiana n° 5 de Villa Lobos e Jesús Alegria dos Homens (J.S.Bach).

O Velho Armazem fica na Praia de São Francisco n° 6

tel - 2714 5424

IMPRESSÕES DE BUENOS AIRES

Pela terceira vez visitamos a terra de Gardel e apreciamos as belezas urbanas, fizemos refeições em ótimos restaurantes e assistimos a um bonito show de tango. Mas, claro que os cejubianos querem saber o que há sobre o assunto Jazz. Bem, apesar da crise os “hermanos” estão anunciando as temporadas de Cassandra Wilson, Ornette Coleman e Gary Burton. Isso sem falar no musical “Caravan” apresentado por elenco argentino. Estão levando com grande sucesso o
“Fantasma da Ópera” que nada tem a ver com o Jazz mas é de primeiro mundo. Claro que as lojas de discos foram visitadas e mais uma vez verificamos que as prateleiras de Jazz são muito ricas, embora ainda exista uma mesmice em relação a certos músicos como Oscar Peterson, Miles Davis ,Dave Brubeck etc. Adquirimos os seguintes CD’s :
OSCAR PETTIFORD SEXTET, com Al Cohn, Kay Winding, Tal Farlow, Henry Renaud e Max Roach. Muito Bom !
AFTER MIDNIGHT – com Nat King Cole, seu trio e mais os convidados Harry Edison, Juan Tizol, Willie Smith e Stuff Smith. O importante é que acrescentaram oito “Bonus tracks”,
não constantes do Lp lançado aqui na década de sessenta quando a Capitol era representada pela Odeon.
FENIX JAZZ BAND – Mais um exemplo de que os “hermanos” são competentes no trato do Jazz tradicional. Banda excelente com tuba e banjo dando a tempero New Orleans.
JORGE NAVARRO TRIO – também argentino traz um grupo equilibrado, liderado pelo excelente pianista Jorge Navarro interpretando Standards.
O assunto tango não poderia passar em branco e por sorte encontramos dois duplos de Suzana Rinaldi e do imbatível Julio Sosa. Se não gostam de tango o problema é de vocês.
Abcs.
llulla

DUDU LIMA LANÇA NOVO CD E DVD, OURO DE MINAS

13 maio 2009

Para quem não vai estar no Bridgestone Jazz em SP, a boa dica por aqui é o show de lançamento do novo CD e DVD do contrabaixista Dudu Lima intitulado Ouro de Minas.
O show é nesta sexta-feira, dia 15 às 21hs, no Teatro Municipal de Niterói. E esse seu novo trabalho está sendo muito bem recebido pela crítica.
Palavras de nosso Mestre Rafaelli -
"Ouro de Minas comprova que ele continua refinando sua arte como virtuoso baixista, compositor e arranjador emérito e seus solos credenciam-no como um dos maiores baixistas nacionais. Sua audição é um exercício contínuo de surpresas que encantam e conquistam o ouvinte"

Vale conferir !

Teatro Municipal de Niterói, Rua XV de Novembro, 35
Dia 15 de maio, sexta-feira, às 21hs
R$ 25,00

PAULINHO TROMPETE E A BANDA SAMBOP

09 maio 2009


Espetacular o show de lançamento do cd Tema Feliz nesta 6ª feira na Modern Sound completamente lotada. Uma grande homenagem a Durval Ferreira, ícone do Sambajazz, compositor de todas as faixas do cd.

Uma superbanda com Paulinho tocando também Flugelhorn e um Trombone baixo de válvula e mais :
Widor Santiago - Tenor e Flauta
Hamleto Stamato - Piano
Ney Conceição - Baixo Elétrico
Erivelton Silva - Bateria

Como convidados de luxo ainda tivemos :
Jessé Sadoc "Pai" - Trombone
Jessé Sadoc Filho - Trumpete
Val Oliveira - Tenor

Música de alta qualidade numa noite inesquecível ! Comprem o cd @@@@@.

Bragil

O BRIDGESTONE FESTIVAL PELA PENA DO MESTRE

05 maio 2009

Muito saudoso do seu estilo e conhecimento, pedi ao Mestre Raf que me falasse sobre suas expectativas com relação ao Festival que se aproxima. Afinal, o Bridgestone é um dos poucos remanescentes no horizonte jazzístico - até o tradicionalíssimo JVC Jazz Festival foi cancelado por retirada do patrocínio -, diante da crise que vem atingindo os principais patrocinadores culturais pelo mundo afora. Abri meu email hoje e vi, com alegria, que lá estavam, na letra inconfundível do nosso decano, suas (sempre) elegantes palavras a respeito.


CONTAGEM REGRESSIVA PARA O BRIDGESTONE MUSIC FESTIVAL

O Bridgestone Music Festival, que será realizado de 14 a 16 deste mês no Citibank Hall, em São Paulo, é um evento de transcendental importância que vem ocupar, em boa hora, um espaço dos mais relevantes na programação anual dos acontecimentos culturais da cidade. Sua programação musical, baseada numa concepção que se coaduna com os tempos da globalização, reúne três noites com atrações de músicos de jazz e astros da soul music, numa saudável alternativa para os festivais que se realizam atualmente, com tempero de outras culturas numa miscigenação musical que vem se estendendo em quase todos os continentes.

A noite de abertura, dia 14, quinta-feira, será iniciada pelo trio do pianista Robert Glasper, uma das mais gratas revelações do instrumento no firmamento jazzístico americano, cuja ascenção meteórica vem sendo reconhecida pela crítica e pelos músicos. Filho da cantora e pianista Kim Ivette, Robert começou a tocar aos 12 anos, demonstrando qualidades que somente pianistas mais experientes possuíam. Indo para New York estudar na New School University, Robert entrosou-se no meio musical da cidade tocando com Christian McBride, Terence Blanchard, Nicholas Payton e Roy Hargrove, integrantes da chamada corrente dos new lions revelada nos anos 80e hoje astros consagrados. Em 2004, ele gravou “Mood”, seu primeiro CD, cuja repercussão na mídia valeu-lhe um contrato com a gravadora Blue Note, para a qual gravou os elogiados CDs “Canvas” e “In my Element”. Robert afirma que toca para o público jovem, misturando influências de jazz, másica gospel e hip-hop. Ele será acompanhado por Vincent Archer (baixo) e Chris Dove (bateria).

A segunda atração da noite será uma das maiores de todos os tempos em nosso país: a So What Band, liderada pelo baterista Jimmy Cobb, que comemorará os 50 anos do seminal disco “Kind of Blue”, do sexteto de Miles Davis, gravado em 1959. Para essa gigantesva empreitada, Jimmy Cobb, que participou da gravação original de “Kind of Blue”, selecionou Wallace Roney (trompete), Vincent Herring (sax-alto), Javon Jackson (sax-tenor), Larry Willis (piano) e Buster Williams (baixo) em razão da afinidade dos mesmos com os estilos de Miles Davis, Cannonball Adderley, John Coltrane, Bill Evans e Paul Chambers, em seus respectivos instrumental, que com ele gravaram “Kind of Blue. Além das composições deste álbum, o repertório da So What Band incluirá temas de jazz de outros discos de Miles Davis.

Como atração maior deste festival, a So What Band voltará ao palco do Citibank Hall na noite seguinte, dia 15, sexta-feira, que será aberta pelo quarteto da cantora René Marie com o trompetista Jeremy Pelt.

René Marie foi uma revelação tardia, iniciando sua carreira em 1996, aos 41 anos. Suas qualidades de grande intérprete foram reconhecidas imediatamente e seu disco “Renaissance”, de 1998, recebeu elogiosas críticas. Sua carreira ganhou maior impulso quando assinou contrato com a gravadora Maxijazz, em 2000, para a qual gravou o CD “How Can I Keep You Singing”, que lhe valeu o prêmio de Melhor Cantora de Jazz pela Associação de Críticos de Música Independente; seguiram-se os CDs “Vertigo”, “Experiment in Truth”, “Serene Renegade” e “Live at Jazz Standard”. René Marie se apresentará com seu trio integrado por Kevin Bales (piano), Rodney Jordan (baixo) e Quentin Baxter (bateria), além do convidado especial Jeremy Pelt ao trompete.

A noite de encerramento, dia 16, sábado, será marcada pela presença do conjunto Tok Tok Tok, com a cantora Tokunbo Akinro e seu parceiro Morten Klein, e pela cantora Bettye LaVette com seu quinteto.

A associação de Tokunbo Akinro, uma descendente de nigerianos, com o alemão Morten Klein (saxofone e teclados) deu frutos que lhes renderam apresentações e concertos em festivais europeus. Seu repertório engloba música soul e jazz contemporâneo. Seu disco de estréia “50 Ways to Leave Your Lover” foi um grande sucesso. No início, interpretavam canções dos repertórios de Ray Charles, Stevie Wonder e Burt Bacharach, mas posteriormente o conjunto encontrou o equilíbrio entre o groove e a canção popular, como mostrou em “She and H” seu último CD lançado pelo selo O-Tone. Além de Tokunbo Akinro e Morten Klein, o conjunto Tok Tok Tok, formado por Thomas Bauser (teclados), Christin Flohr (baixo) e Matthias Meusel (bateria), tem tudo para agradar o público em geral e especialmente os jovens.

A cantora Betty LaVette, chamada de Diva da Soul Music, e seu quinteto encerrarão o Bridgestone Music Festival. A estrela de Betty LaVette está em alta desde quando gravou seu disco single “My Man – He’s A Loving Man”, aos 16 anos, que estourou na parada de sucessos do Rhythm & Blues. A repercussão do sucesso foi tão grande que foi escolhida para fazer turnês com James Brown e Otis Redding, entre outros astros. Recentemente ela cantou na posse do Presidente Barack Obama ao lado de Bon Jovi. O relançamento de alguns dos seus antigos sucessos no CD “Souvenirs” (pelo selo Art & Soul) reativou convites para gravar. Entre os CDs de sua discografia incluem-se “I’ve Got My Own Hell to Raise” (que lhe deu grande popularidade dos Estados Unidos), “Child of the Seventies”, “Do You Duty”, “Tell Me A Lie” e “Scene of the Crime”. O quinteto que acompanhará Miss LaVette é integrado por Alan Hill (Teclados), Brett Lucas (guitarra), Charles Bartels (baixo) e Darryl Pierre (bateria).

É hora de correr porque a contagem regressiva já começou.