Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

OS PRIMEIROS ÓBITOS DE 2009

27 janeiro 2009

Com informações dadas por mestre Raffa, divulgamos para o conhecimento geral os primeiros óbitos de 2009. Curiosamente dois músicos pertenceram à banda de Ray Charles, o sax barítono Leroy Cooper, falecido em 15 de janeiro aos 80 anos e David “Fathead” Newman, sax tenor que morreu em 16 de janeiro, aos 76 anos.
O terceiro, vitimado por um câncer foi o baixista Whitey Mitchell, irmão de Red Mitchell, que faleceu em 20 de janeiro, aos 77 anos.

Histórias do Jazz n° 65

RONALD BIGGS E O JAZZ

Existem coisas que realmente surpreendem no grande mundo do Jazz. Quem diria que um dia eu viria a ser apresentado a Ronald Biggs, um dos famosos personagens do grande roubo do trem pagador em Londres, e com ele conversar longamente sobre um assunto realmente palpitante - o JAZZ. Foram três encontros agradáveis e interessantes onde o Jazz foi o tema principal até porquê, jamais eu quis saber onde estava o dinheiro , produto do grande roubo. A primeira vez foi na sala de Arlindo Coutinho, nos tempos da Sony Music , onde depois do expediente havia um chá escocês servido em xícaras de café, como nos tempos dos “speaky easy” durante a lei seca nos Estados Unidos. Biggs tratava do contrato de seu filho Mike, um dos integrantes do grupo “Turma do balão mágico” que fazia grande sucesso na vendagem de discos.
O segundo encontro foi durante um almoço no Lamas com Coutinho. Observei que as pessoas olhavam para a nossa mesa , algumas surpresas, talvez querendo saber qual o assunto daquela animada conversa . Foi quando soube que Biggs era ouvinte assíduo de “O Assunto é Jazz”, principalmente do bloco “O Beco das Big-Bands”, apresentado por seu compatriota Maxwell Johnstone. Gostava e conhecia bastante sobre as grandes orquestras americanas e inglesas, das quais destacava a de Ted Heath.
O terceiro encontro foi durante dois dias na “Casa da Suiça”, numa promoção intitulada “O Clube da Conversa”. Eu Coutinho e Biggs fomos entrevistados por algumas jornalistas que nos fotografaram e prometeram nos dar cópias das fotos. Como era de se esperar as fotos nunca foram publicadas e muito menos vistas por nós. O assunto reinante foi o Jazz e depois de algumas doses do chá escocês fui para o piano incentivado por Coutinho. Claro que o entusiasmo dos presentes ajudou na armação e deu para enrolar por quase meia hora. Voltando para a mesa, fui surpreendido por Biggs que me deu o seu livro “RONALD BIGGS – Odd man out” e fez questão de autografá-lo e dedicar ao casal Luiz Carlos Antunes. Corria o ano de 1994 e devo dizer que foi muito interessante esses encontros , mostrando mais uma vez a força do Jazz. Resolvi incluir esse relato nas minhas histórias ao saber que Biggs, preso em Londres e possivelmente com seus dias contados merecia essa referência.

llulla

25 janeiro 2009






IDRISS BOUDRIOUA
Não assistiu ao vivo mas quer ver o show agora: Clique em: http://200.225.157.150/ui/show.aspx?id=106






SESC TV

Sky - canal 3

Net Digital - canal 137 SP e RJ

Site: http://200.225.157.150/

COLUNA DO LOC

JB, Caderno B, 25 de janeiro
Luiz Orlando Carneiro
A criação do ‘cool jazz’

No dia 21 de janeiro de 1949, o jovem Miles Davis – à frente de um noneto (com trompa e tuba) em que se destacavam Lee Konitz (sax alto), Gerry Mulligan (sax barítono), Kai Winding (trombone) e Max Roach (bateria) – gravou Move (Denzil Best), Budo (Bud Powell), Jeru (Gerry Mulligan) e Godchild (George Wallington). Os arranjos – de sofisticada textura harmônica, plena de meios tons e suaves dissonâncias, com base num swing fluente, mas sem os arroubos do bebop gillespiano – eram, respectivamente, de John Lewis, Miles e Mulligan (os dois últimos). Essas faixas foram lançadas nos discos de 78 RPM de então, limitadas a pouco mais de três minutos de duração.

Essa histórica sessão ficaria célebre como The birth of the cool (O nascimento do cool jazz), em 1957, quando a Capitol editou o LP assim intitulado, agregando os registros do noneto de duas sessões posteriores (com J.J. Johnson no lugar de Winding): Venus de Milo e Rocker (Mulligan); Boplicity e Moon dreams (Gil Evans); Deception (Davis); Rouge (Lewis); Israel (John Carisi).

A data merece ser recordada não apenas por ser tida como a "certidão de nascimento" da maneira cool de tocar jazz. É claro que o estilo não foi inventado, de repente, pelo jovem Miles Davis, ao formar o Tuba nonet, que se apresentou pela primeira vez em Nova York, no Royal Roost, em 1948. O trompetista era, até então, um inseguro e invejoso coadjuvante de Charlie Parker – o que deixa bem claro na sua Autobiografia (1989).

É também fato notório que, por volta de 1946, a banda de Claude Thornhill – que contava com tuba (John Barber) e trompa (Junior Collins), além dos metais e palhetas de praxe – produzia um swing dançante, avesso ao vibrato. O principal arranjador da orquestra – da qual faziam parte Konitz, Mulligan, Barber e Collins – era Gil Evans (1912–1989). Como anotou Ira Gitler, em Swing to bop (1985), "foi da orquestra de Thornhill que emergiu o famoso noneto de Miles Davis", que se reunia e ensaiava no apartamento de Evans.

As sessões conhecidas como The birth of the cool devem ser descobertas pelos neófitos e reapreciadas pelos que já as conhecem, principalmente, pelos seguintes motivos: a beleza intrínseca e perene da música concebida pelos arranjadores, entrecortada por solos curtos primorosamente integrados no contexto (especialmente os de Konitz e de Mulligan, ambos então com 21 anos); o início da libertação de Davis da sombra da imbatível dupla Parker-Gillespie e, consequentemente, da busca daqueles som e fraseado que iluminaram o planeta jazz nas duas décadas seguintes; as origens da estética cool desenvolvida, logo depois, pelo quarteto Mulligan-Chet Baker e pelo ramo West Coast de um modo geral, pelo Modern Jazz Quartet de John Lewis e por Lee Konitz – ainda ativo, criativo, "ageless", uma história à parte na história do jazz.

O CD contendo as sessões da Capitol (janeiro e abril de 1949; março de 1950) foi reeditado pela Blue Note, em 2001, remasterizado por Rudy Van Gelder. Recentemente (2005), o saxofonista Joe Lovano gravou para a mesma etiqueta (acoplada à sua complexa obra Streams of expression) a The birth of the Cool Suite, escrita por Gunther Schuller, com base nos arranjos originais de Moon Dreams, Move e Boplicity. O venerável compositor, hoje com 83 anos, era o trompista do noneto de Miles Davis na sessão de março de 1950. Ele e Konitz são os únicos sobreviventes daqueles anos inesquecíveis.

OUVINDO RUDRESH MAHANTHAPPA

24 janeiro 2009

Complementando o post do MauNah sobre Rudresh Mahanthappa, deixo na vitrola 2 temas do próprio com seu quarteto em Munich, Alemanha em 8 de novembro passado.

Acompanham Vijay Iyer piano, Carlo de Rosa contrabaixo e Dan Weiss batera.
Os temas - My Sweetest e The Killer

Som na caixa !

MICHELLE

23 janeiro 2009

Terri Lyne Carrington é baterista, compositora e produtora; nasceu em 1965 em Medford, Massachusetts.
Esteve andando por nossas praias em 2007 acompanhando Herbie Hancock no TIM Festival e quem viu saboreou a forma como essa menina de 43 anos consegue construir sua performance com dinâmica, improviso e soar tão melódica. E não é só Hancock que tem esse privilégio; Shorter, Al Jarreau, Getz, Sanborn, Joe Sample, Cassandra Wilson, entre outros nomes também tem a assinatura de Terri Lyne na bateria.

Mas a curiosidade aqui é seu último grupo denominado Terri Lyne Carrington Mosaic Project onde está acompanhada por Geri Allen no Rhodes, Ingrid Jensen no trompete, que também esteve aqui no Festival de Ouro Preto, Tineke Postma no alto e soprano e Katie Thiroux no contrabaixo em apresentação em 10 de janeiro último no Internationales Jazzfestival em Munster, Alemanha.

O tema é Michelle, a mesma de Lennon e McCartney, que ganha aqui um arranjo muito particular, entortado, no bom sentido, em 17 minutos de tema transpirando uma atmosfera jazz.
Aliás, já mostramos aqui outros temas de grupos mais pop interpretados na forma jazz como Radiohead por Mehldau e Bjork por Marcin Wasilewski; mas esta interpretação de Michelle merece destaque e vou deixar aqui na vitrola.

MUSEU DE CERA # 52 - BLUES

22 janeiro 2009








O BLUES foi o segmento musical mais importante na formação do JAZZ chegando mesmo, na década de 20, a se confundir com o próprio, principalmente em sua forma instrumental. Surgiu do canto folclórico dos afro-americanos dos EUA, o mais provável, em meados do século XIX, sendo notado após 1870. A palavra em inglês coloquial é usada para exprimir um estado de espírito melancólico, de tristeza, de "baixo astral" que refletia os sentimentos do negro escravo e de seus anseios de libertação.
O BLUES passou a ser uma manifestação musical individual e profana a partir do canto spiritual de caráter coletivo e religioso.
Possui uma estrutura poética de 3 versos com 4 compassos cada, sendo o 1º e o 2º versos iguais e o 3º uma conclusão do tema abordado nos dois primeiros (da forma AAB). Esta é a estrutura clássica do blues de 12 compassos, porém existem outras como a de 8, 16 ou 32 compassos. Emprega-se também as chamadas blue notes ou sejam o 3º e 7º graus diminuídos de meio-tom ou ditas abemoladas e que na escala de dó-maior representam as notas mi bemol e si bemol, uma herança da fusão da escala européia com a escala pentatônica africana que veio formar o que se conhece como escala blues clássica.
Depois, seguiu sua auto-evolução como gênero musical, notadamente em sua expressão vocal, localizando-se em importantes centros e tendo desenvolvido estilos próprios como o do Vale do Mississippi, Tennesse, Texas, Delta Blues, South Side Chicago, Harlem e outros... A primeira vez que a palavra BLUES apareceu escrita em uma partitura foi na canção - Baby Seals Blues composta por Arthur "Baby" Seales e editada em St. Louis a 3 /agosto/1912, depois surgiu a bem conhecida Memphis Blues de W.C.Handy editada a 28/setembro/1912 estabelecendo assim a identidade como um gênero musical.
Uma curiosidade está no diário de Charlotte Forten (A Free Negro In The Slave Era, editora MacMillan, N.York, 1961) onde aparece pela primeira vez o significado do termo BLUES. Charlotte era uma negra nascida livre no norte e que estudou até se tornar professora, indo então, lecionar para escravos na Carolina do Sul. Ela manteve um relatório quase que diário desses anos e em 14/dez/1863, um domingo, talvez transtornada pelas dificuldades de toda ordem que encontrava escreveu: —" Voltei da igreja com o blues. Joguei-me sobre meu leito e pela primeira vez, desde que aqui cheguei, me senti muito triste e miserável." Esses sentimentos obtiveram na música sua mais alta forma de expressão a - CANÇÃO BLUES e esta, como parte da cultura de um povo desprezado e sofrido tornou-se conhecida e amada, adicionando estimável riqueza e representatividade à música norte-americana e contribuindo como uma das principais fontes para a formação do JAZZ.
BREAK – este procedimento teve origem no BLUES onde corresponde a um compasso e meio de pausa do cantor em cada verso de 4 compassos. Esta pausa ou BREAK era, então, preenchida pelo instrumento que acompanhava o cantor e aí o músico colocava toda sua inspiração e talento e o BREAK veio a se constituir na semente do que seria o espírito do JAZZ - a improvisação, a liberdade de criação na execução de um tema. Nas gravações do BLUES CLÁSSICO, quando várias cantoras foram acompanhadas por jazzmen, encontram-se os maiores exemplos dos BREAKS.
BLUES CLÁSSICO - apesar de sua designação imprópria refere-se ao período em que o BLUES e o JAZZ se confundiram, uma vez que era interpretado por cantores acompanhados por músicos de JAZZ. Alan Lomax (*1915 †2002) — musicólogo e folclorista norte-americano relata que o cantar o BLUES era considerado uma incumbência masculina até sua comercialização como gênero musical e a mulher negra não era encontrada em parte alguma cantando. No entanto, o primeiro sucesso comercial foi de uma cantora — Mamie Smith (*1883 †1946) com o Crazy Blues (Okeh 4169A) gravado a 10/agosto/1920. O autor da canção era o pianista Perry Bradford e também autor da proeza de convencer os produtores da OKeh Records em New York a gravarem uma negra cantando o BLUES o que até aquela época era tido nas grandes cidades como música chula dos negros e sem nenhum potencial comercial. Ledo engano os que assim pensaram, pois o disco foi comprado por quase todo o Harlem transformando não só a canção, mas todo o gênero em fantástico sucesso. Interessante que a partir da precursora Mamie Smith uma grande quantidade de outras cantoras se sobressaíram, algumas das quais serão focalizadas a partir do próximo Museu de Cera.


OBAMA É PELO JAZZ?

21 janeiro 2009

É uma pergunta que vem rondando a minha cabeça há dias e que teve acentuada a sua premência de compartilhá-la pela constatação de minha total ignorância quanto ao grau de apreciação - amor total, simpatia leve ou mera indiferença - do novo Presidente da matriz, de onde se origina e melhor se produz essa arte que tanto nos encanta.

Ao vê-lo na TV, dançando com a mulher e divertindo-se, no ritmo adequado, aprofundou-se minha necessidade de saber: afinal, o que o Jazz de fato representa para esse negro cheio de bossa - aparentemente - que por quatro anos dará o tom e poderá influenciar grandemente as atitudes dos americanos, ademais por ser considerado um sopro renovador sobre inúmeros aspectos da vida de seus compatriotas?

A contrapartida é patente, há na comunidade dos músicos de jazz extenso apoio a Barack desde os primeiros momentos de sua candidatura, e pelo que consta, de peso mesmo no ambiente, somente Clint Eastwood é um republicano convicto. Haverá exceções mas acredito que em número pequeno.

Assim, fica lançada a questão: Será que Obama é (pelo) jazz?

Cartas para a redação, de preferencia embasadas em fatos.

Abraços.

ENTREGANDO LEGAL: O GUZZ ESTÁ MAIS VELHO

14 janeiro 2009

Nosso grande Guzz, um belo cruzamento de mestre nas transações de identificação entre celulares de operadoras diferentes com guitarrista bissexto com tecnólogo de computação avançada e incansável garimpador de pérolas entre DVDs de jazz (ou não, se tiver guitarra) do mundo todo, está lá quieto no canto dele. Mas a gente entrega que o mancebo apresenta, desde esta data, idade diferente da que ostentava ontem.

Este CJUB, declarado órfão da sua competência W/HTMLiana e WYSYWYGiana, aproveita para louvá-lo pela passagem de categoria, desejando-lhe muito e muitos anos de vida a mais, saudável, faceiro e com muita paciência para continuar postando coisas interessantes, adicionando música nas nossas páginas e, se não bastasse, quebrando os galhos informáticos que sozinhos não lograríamos.

Ave, GUZZ, Parabéns pra Você!!!

FRED HERSCH, CELEBRANDO KIND OF BLUE

11 janeiro 2009

Dando continuidade a nota do nosso confrade MauNah, abaixo, e complementado pelo comentário do Bene-X, o Kimmel Center for the Performing Arts, Philadelphia, está promovendo uma série de shows intitulado "Jazz Up Close" no Perelman Theater sob a coordenação de Danilo Perez.
Aqui, em foco, a celebração aos 50 anos anos do aniversário da gravação do clássico álbum Kind of Blue de Miles Davis, que como para nosso confrade e amigo Bene-X também é o meu predileto.

Jimmy Cobb realizou o primeiro show da série, provavelmente o que será apresentado aqui em maio no Bridgstone Music Festival em outra formação; depois foi a vez do Fred Hersch Trio acompanhado pelo contrabaixista Joe Martin e o baterista Nasheet Waits, concerto este realizado em 6 de dezembro último e que foi disponibilizado também em rádio FM.

Fred Hersch nesceu em Cincinnati, Ohio, em 1955, e já aos 18 anos iniciou sua trajetória profissional colecionando uma ampla discografia. Sua principal referência é Thelonius Monk e foi rotulado pelo New York Times como "O Poeta do Piano". É um dos mais talentosos músicos desta geração, possuidor de técnica ímpar, de idéias próprias, além do talento em reinventar as estruturas dos standards de jazz.
E é exatamente o que ele nos apresentou nesse show.
Deste, deixo dois temas para audição - uma dobradinha Blue in Green, All Blues e Freddie the Freeloader.



O projeto no Kimmel Center segue com a homenagem e o próximo show será com Randy Brecker intitulado Honoring Miles, em 7 de fevereiro.

COLUNA DO LOC

JB, Caderno B, 11 de janeiro
Luiz Orlando Carneiro
O sobrevivente

Freddie Hubbard morreu, no último dia 29, aos 70 anos, dois meses depois de sofrer um ataque cardíaco, exatamente quando o selo Times Square lançava o CD On the real side, concebido pelo também pistonista e ótimo arranjador David Weiss, um dos líderes do New Jazz Composers Octet (NJCO). Gravada em dezembro de 2007, essa homenagem de Weiss ao seu venerado amigo – do qual virou protetor e empresário – tinha por objetivo recuperar um pouco do glorioso passado daquele que, com Lee Morgan (1938-1972) e Donald Byrd, formou a trindade maior dos trompetistas hard bop na década de 60. O álbum não pode ser considerado, propriamente, o canto do cisne de Hub, se levado em conta o sentido original da expressão: gorgeio harmonioso que, segundo os antigos, o cisne entoa na hora da morte.

Na verdade, há mais de 10 anos, excesso de álcool, uso de drogas, uma séria lesão no tecido do lábio superior, além de problemas cardíacos e pulmonares afastaram praticamente da cena jazzística o trompetista que, para Weiss, superou todos os herdeiros da linhagem Fats Navarro-Clifford Brown em matéria de virtuosismo, vigor e fraseado, qualquer que fosse o tempo ou o mood do tema a ser interpretado. O próprio Hubbard admitia que jamais voltaria a dispor de recursos técnicos pelo menos parecidos com os que empolgaram o jazz establishment, nos anos 60, e os fusionistas, na década seguinte. Mas seus "gorgeios" em On the real side - tocando curtos choruses apenas no flugelhorn (o primo gordo do trompete, de bocal mais amplo) – são frustrantes, sobretudo no contexto do NJCO, integrado por excelentes músicos bem mais novos, como os saxofonistas Myron Walden, Craig Harris e Jimmy Greene, o próprio Weiss, Steve Davis (trombone) e Xavier Davis (piano).

As revistas Downbeat e Jazz Times dedicaram as matérias de capa das edições de junho e outubro últimos, respectivamente, ao que seria a "ressurreição" do "gigante adormecido". O título-forte da DB foi "Redefining Freddie Hubbard"; a JT preferiu "The survivor". Infelizmente, houve uma reversão das expectativas. Mas, certamente, o extraordinário trompetista que, aos 22 anos, já era estrela da Blue Note (LPs Open Sesame, Breaking point e Hub cap), será eleito, in memoriam, para o Hall of Fame da DB, no próximo pleito dos críticos internacionais. Hub deixa uma imensa discografia, cheia de altos e baixos. Nas discotecas dos verdadeiros jazzófilos têm lugar garantido: um dos álbuns citados no parágrafo acima, além de Hub-tones (com James Spaulding e Herbie Hancock, de 1962); Mosaic (Blue Note), Ugetsu (Milestone) e Free for all (Blue Note), gravados entre outubro de 1961 e fevereiro de 1964, quando ele integrava a memorável formação em sexteto dos Jazz Messengers de Art Blakey, com Wayne Shorter, Curtis Fuller e Cedar Walton; V.S.O.P (Columbia), registro ao vivo, de 1977, de um momento único do moderna maisntream do jazz, na companhia de Shorter, Hancock, Ron Carter e Tony Williams.

Não se pode esquecer, ainda, que Hubbard participou de três discos fundamentais na (r)evolução do jazz ocorrida nos anos 60: do belíssimo The blues and the abstract truth (Impulse, fevereiro de 1961), como solista de proa do grupo do saxofonista-compositor Oliver Nelson, ao lado de Eric Dolphy, Bill Evans e Roy Haynes; do marco revolucionário que foi Free jazz (Atlantic, dezembro de 1960), com o double quartert de Ornette Coleman (Dolphy, Don Cherry, Charlie Haden, Scott LaFaro, Ed Blackwell e Billy Higgins); de Out to lunch (Blue Note, fevereiro de 1964), outro registro antológico do nascimento do free jazz, da discografia básica de Dolphy.

JAZZ A BEZZA

10 janeiro 2009





A NPR (National Public Radio), é uma organização sem fins lucrativos que faz a distribuição de noticiários, entrevistas e programas de entretenimento.

Para os apreciadores de jazz existe uma enorme gama de concertos e shows gravados ao vivo com ótima qualidade de áudio.

No site voce encontra os últimos concertos realizados no Newport Jazz Festival, Monterey Jazz Festival, bem como uma seção de jazz com Dee Dee Bridgewater apresentando, na íntegra, shows de vários músicos realizados no Kennedy Center, Village Vanguard, festivais diversos, com nomes fortes do jazz.

O último concerto de Johnny Griffin, poucos dias antes da sua morte. Herbie Hancock no Newport Jazz, Shila Jordan, Miguel Zenon, Luciana Souza, Bireli Lagrene, Kenny Barron com Eliane Elias em duo, Regina Carter, Tributo a Horace Silver, Arturo Sandoval e Cyrus Chestnut, e muito mais.

A seção do Village Vanguard tem concertos recentes do Cedar Walton Trio, Ravi Coltrane, Jenny Scheinman, Anat Cohen, Bill Charlap Trio, Chris Potter, Paul Motian, Bill Frisell, Joe Lovano, e vai por aí.

Vale a pena surfar pelo site da NPR e descobrir muito assunto sobre jazz.

Comece sua pesquisa em:
http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=10002

Se voce quiser guardar os concertos, use um gravador virtual como o Free Sound Recorder. Ele grava tudo o que passar pela sua placa de som:
http://www.sound-recorder.biz/freesoundrecorder.html

Happy Jazzy

O DIA EM QUE MILT JACKSON E WES MONTGOMERY TOCARAM JUNTOS

Interessado em ouvir como surgiu o encontro de dois brilhantes musicos, achei um depoimento dos tempos da Concord, falando de como surgiu o album de Bags e Wes

MUSEU DE CERA # 51 - HOAGY CARMICHAEL

09 janeiro 2009


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HOAGLAND HOWARD “HOAGY” CARMICHAEL - lembrado hoje como um dos maiores compositores populares da América de Norte, entretanto foi também um músico de jazz. Várias são suas inesquecíveis melodias como: Star Dust, Georgia on My Mind, Smile, March Of The Hoodlums, Up The Lazy River, Lazybones, Skylark, Rockin' Chair, One Night In Havana, Snowball, Heart and Soul dentre muitas. Enquanto estudante de advocacia na Indiana University, Hoagy compôs várias canções para a banda intitulada Curtis Hitch's Happy Harmonists com a qual fez algumas apresentações. As melhores foram Washboard Blues e Boneyard Shuffle gravadas em 1925 para Gennett com Hoagy ao piano, instrumento que aprendeu com lições dadas por sua mãe desde criança em Bloomington onde nasceu a 11/novembro/1899.
Através sua associação com tal banda conheceu Bix Beiderbecke cornetista e membro da Wolverine Orchestra à época. Tornaram-se muito amigos e um dos maiores sucessos dos Wolverines foi a composição de Carmichael - Riverboat Shuffle. Hoagy como pianista e cantor e liderando vários grupos fez inúmeros registros para a Gennett incluindo a primeira gravação da eterna Stardust em 1927.
Após sua formatura foi trabalhar na Flórida, mas acabou trocando as leis pela música Vários de seus amigos incluindo Bix foram para a Paul Whiteman's Orchestra e gravaram inúmeras canções que se tornaram grande sucesso dada à penetração comercial de Whiteman. Hoagy cantou e executou o piano na orquestra. Por volta de 1935 foi trabalhar em Hollywood como compositor de filmes e acabou como ator aparecendo em cerca de 20 películas. Em 1941 obteve enorme sucesso com a canção Huggin' & Chalkin e em 1951 venceu o cobiçado Oscar com a canção In the Cool, Cool, Cool of the Evening cantada por Bing Crosby no filme Here Comes the Groom. Em 1956 Carmichael gravou um excelente LP intitulado Hoagy Sings Carmichael para o selo Pacific Jazz que o trouxe de volta ao cenário jazzístico. Nesta gravação empregou músicos da West Coast Jazz (The Pacific Jazzmen) tais como: Harry "Sweets" Edison e Conrad Gozzo (tp) Jimmy Zito (tp-baixo), Harry Klee e Art Pepper (sa), Mort Friedman (st), Marty Berman (sb), Jimmy Rowles (pi), Al Hendrickson (gt), Joe Mondragon (bx), Irv Cottler (bat) e Johnny Mandel como arranjador.
Não foi um jazzista todo o tempo, mas além de suas apresentações ao piano liderou inúmeros grupos como os Carmichael's Collegians, Hoagy Carmichael and his Pals onde atuavam Jimmy e Tommy Dorsey e a própria Hoagy Carmichael Orchestra incluindo Bix Beiderbecke (cnt) Bubber Miley (tp), Tommy Dorsey (tb), Benny Goodman (cl), Arnold Brilhart (sa), Bud Freeman (st), Joe Venuti (violino), Irving Brodsky (pi,vcl), Eddie Lang (gt), Harry Goodman (tuba) e Gene Krupa (bat). Talvez por influência de seu grande amigo Bix estudou o cornetim chegando a fazer algumas gravações neste instrumento.
Escolhemos para ilustrar o Museu duas execuções, uma em piano solo e outra liderando os Happy Harmonists.

Star Dust (Hoagy Carmichael / Mitchell Parish) – solo de piano
Gravação original: 6/dez/1933 - Victor 24484 – New York
Fonte: CD - Stardust Melody Hoagy Carmichael & Friends – RCA Victor 63909–USA 2002.
Bone Yard Shuffle (Hoagy Carmichael) - Curtis Hitch's Happy Harmonists – H. Carmichael (piano e lider), Fred Rollinson (cornet), Jerry Bump (tb), Harvey Wright (cl), Rookie Neal (C-melody sax), Dewey Neal (sax baixo), Maurice Mays (bjo), Earl McDonnald (bat).
Gravação original: - 19/maio/1925 - Gennett 3066 – Richmond, Indiana.
Fonte: LP - Curtis Hitch / Hoagy Carmichael • Harmonists – selo Fountain FJ109 –UK




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CJUB INFORMA: OTIMAS NOTÍCIAS, DE SÃO PAULO

07 janeiro 2009

Mestre Raf, a pedido do produtor Toy Lima, me pediu para transcrever esta matéria publicada na Folha de São Paulo, de hoje, de autoria do renomado e proficiente crítico de jazz Carlos Calado. Como se vê, uma alvissareira notícia para os paulistas (e para todos os cariocas que puderem ir até a capital paulistana. O programa é histórico e imperdível).


"Kind of Blue" terá tributo em SP e edição de 50 anos

"Jimmy Cobb, baterista do disco de jazz mais vendido de todos os tempos, vem ao Brasil em maio"

Norte-americano, último remanescente da banda que tocou com Miles Davis nas gravações do álbum, toca no festival Bridgestone Music

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O músico norte-americano Jimmy Cobb, 79, tem um currículo invejável. Tocou com grandes figuras do jazz, como Dizzy Gillespie, Gil Evans e Billie Holiday, mas costuma ser mencionado como o baterista do cultuado "Kind of Blue", álbum do trompetista Miles Davis (1926-1991) que detém o título de disco de jazz mais vendido de todos os tempos.

"Se Miles pudesse saber que "Kind of Blue" se tornaria tão famoso, teria exigido ao menos uma ou duas Ferraris como adiantamento para gravá-lo", diz o veterano baterista à Folha. O álbum teve mais de 3 milhões de cópias vendidas só nos EUA, segundo a Nielsen SoundScan, que começou a aferir esses números em 1991.

Último remanescente do sexteto que gravou "Kind of Blue", além de outros discos de Miles Davis e do saxofonista John Coltrane (1926-1967), Cobb virá a São Paulo para um concerto comemorativo dos 50 anos dessa obra-prima do jazz, na segunda edição do festival Bridgestone Music, de 14 a 16 de maio, no Citibank Hall. O álbum também ganhará edição especial.

O concerto "Kind of Blue @ 50" já está agendado para alguns dos maiores festivais americanos, como o New Orleans Jazz & Heritage (3/5) e o Playboy Jazz (13/6). Clubes e festivais da Europa e do Japão também farão parte dessa turnê.
Cobb, que nos anos 70 esteve no Brasil com Sarah Vaughan, terá a seu lado desta vez a So What Band. O sexteto destaca músicos de prestígio na cena do jazz: o trompetista Wallace Roney (discípulo reconhecido pelo próprio Davis), Vincent Herring (sax alto), Javon Jackson (sax tenor), Larry Willis (piano) e Buster Williams (baixo).

"Tentei fazer como Miles fazia ao formar seus grupos. Reuni alguns dos melhores músicos de jazz no momento", diz Cobb, observando que, para escolher os parceiros, levou ainda em conta a afinidade deles com os estilos de Cannonball Adderley, John Coltrane, Bill Evans e Paul Chambers, músicos do sexteto de Davis.

Não significa que ele e seus colegas planejem reproduzir nota por nota as gravações das hoje clássicas "So What", "Freddie Freeloader", "Blue in Green", "All Blues" e "Flamenco Sketches", que integram "Kind of Blue". "Além de homenagear Miles, nossa intenção é trazer o espírito daquelas gravações para os dias de hoje", diz Cobb. Alguns temas de outros álbuns de Davis devem entrar no repertório, mas só serão escolhidos pouco antes de o sexteto subir ao palco.

Sucesso do disco

Confirmando o já folclórico estilo lacônico de Davis no comando de músicos, Cobb diz que jamais chegou a conversar com ele sobre as duas sessões de gravação de "Kind of Blue". Mas acredita que o trompetista não tivesse expectativas fora do comum em relação a elas. "Não tenho explicação para o sucesso do disco. Não houve planejamento, simplesmente aconteceu. Ao entrar no estúdio, queríamos só fazer mais uma boa sessão de gravação com Miles", diz Cobb, que o acompanhou regularmente de 1958 a 1962, em gravações e shows.

Fã de Miles Davis, Toy Lima, produtor do Bridgestone Music, diz que já comprou "Kind of Blue" em diversos formatos, do LP original a uma edição especial em CD banhado a ouro, dos anos 90. E que decidiu trazer Cobb e seu concerto-tributo ao festival estimulado pela aura mítica que ainda cerca o disco.
"O disco é reconhecido, cinco décadas após a gravação, como o ápice do jazz moderno. E não só quem gosta de jazz fica contaminado pela introdução etérea de "So What", por exemplo. Como escreveu Ashley Kahn em seu livro sobre "Kind of Blue", "essa música tem o poder de silenciar tudo", diz Lima.

Como adendo, o sempre atencioso e gentil produtor Toy Lima enviou ainda, em seu email ao Mestre Raf, as seguintes e melodiosas - para os nossos ouvidos sedentos - palavras, que me permito transcrever e dar conhecimento a todos: "... Desde já gostaria de disponibilizar ingressos em mesas especiais para todos os integrantes do CJUB. Será um prazer te-los como meus convidados."

Abraços.

UMA QUESTÃO PARA SE PENSAR: QUEM É RUDRESH MAHANTHAPPA ?

05 janeiro 2009

Dando uma geral pelaí, depois de dias fora da cidade e sem muito acesso à rede, deparei-me com uma notícia no site www.ejazznews.com, dando conta da quase unanimidade na escolha, por inúmeros sites/revistas/jornais (bem provavelmente em suas listas tipo "melhores do ano 2008" - esse formato tão abominado pelo Tenêncio, diga-se) do disco Kinsmen, do saxofonista-alto cujo nome quase impronunciável consta do título deste post.

Diz ali que Rudresh, que trabalha uma mistura de jazz com música do sul da Índia, foi incensado (sem trocadilho) seguidamente pelos críticos da DownBeat (não os leitores, esses insondáveis seres), pelo grupo de críticos do Village Voice e ainda pela turma do All About Jazz, entre outros, com a consideração de ser "claramente um dos mais inovadores jovens no jazz, hoje".

Daí as minhas perguntas aos demais editores, colaboradores, leitores e amantes do jazz em geral que frequentam estas plagas virtuais:
- Só eu não conhecia Mahanthappa?
- É possível a existência de um tal portentoso saxofonista, fazendo por onde ganhar uma série extensa de indicações - e a matéria do site lista uma meia centena de locais de edições onde se pode ver qual lugar ele tirou entre os mais-mais do ano findo - sem que tenhamos visto aqui uma menção sequer a ele, no nosso acompanhamento do dia-a-dia jazzístico?
- Será que fui eu que não li o CJUB nessa data, se alguém o mencionou?

Confesso que fiquei curioso...

Ontem mesmo, nosso atento Mestre LOC resenhou a última obra e as participações brilhantes de Donny McCaslin na Orquestra da Schneider em sua coluna. A este nós já ouvimos e dele temos notícias esparsas, mas temos.

Mas sobre Rudresh Mahanthappa, nihil? Será que deixamos a bola passar no meio de nossas pernas?

Estou preocupado. Ou há um bando enorme de tolos nos EUA, "premiando" a outros tantos, ou talvez seja a hora de assumir que precisamos fazer melhor nosso dever de casa.

Daí o grito: Avante CJUB, vamos mostrar a essa gente bronzeada o nosso valor em 2009!

Grandes abraços.

P.S.: pelas poucas faixas que consegui ouvir do trabalho de Rudresh no disco Kinsmen, é obra palatável para um ouvido quase laico em extravagâncias "ornettianas", como o meu. Agradaram-me mais do que as faixas a que tive acesso do trabalho de Jon Irabagon, um outro expoente do sax-alto (vencedor do Thelonious Monk Jazz Prize em 2008, resenhado pelo Mestre LOC em sua coluna de 9 de novembro passado). Pelo menos isso...

COLUNA DO LOC

JB, Caderno B, 4 de janeiro
Por Luiz Orlando Carneiro

O ‘new kid on the block’, em matéria de sax tenor, é Donny McCaslin, 42 anos feitos em novembro último. O reconhecimento tardio começou em 2004, como integrante da orquestra de Maria Schneider, por conta do seu magnífico solo de mais de cinco minutos em Bulería, soleá y rumba - um dos pontos culminantes do premiadíssimo CD Concert in the garden (Grammy de 2005 na categoria Grande Conjuntos de Jazz). No último pleito dos críticos da revista Downbeat (agosto) foi eleito a Estrela em ascensão do ano (à frente de Chris Potter e Eric Alexander que, a propósito, já são, há muito tempo, estrelas brilhantes no céu do jazz).

A crítica especializada, de um modo geral – na música ou no futebol – é bastante lenta no processo de promoção de um player de "talentoso" à condição de "craque". E este é o caso de McCaslin, que arrasou também no belíssimo álbum subseqüente de Schneider (Sky blue, particularmente em Cerulean skies), sem falar em suas atuações como sideman na Mingus Big Band e no quinteto do consagrado e hiperativo trompetista-cornetista Dave Douglas (CD duplo Live at the Jazz Standard, seleção do selo Greenleaf dos 12 sets gravados de 5 a 10 de dezembro de 2006 no clube nova-iorquino, disponíveis na íntegra, como Álbum MP3, pronto para ser baixado, arquivado ou fatiado em Cds, à vontade do fruguês).

O mesmo selo (de Douglas) lançou, recentemente, o disco cinco estrelas de McCaslin, fruto de uma sessão de fevereiro deste ano, em trio, com Jonathan Blake (bateria) e Hans Glawischnig (baixo) - músicos que também merecem atenção e audição redobradas. Trata-se de Recommended tools, faixa-título que se soma a outros oito originais do saxofonista, além de uma bela interpretação de Isfahan (Billy Strayhorn), que nos faz lembrar a versão do grande Joe Henderson (1937-2001), em duo com o baixista Christian McBride, do CD Lush life (Verve), de 1991.

Os estilos de Joe Henderson, John Coltrane e Sonny Rollins – este cada vez mais marcante – foram devidamente degustados e decantados por McCaslin, que deles faz uso como "ferramentas" ("tools") para construir os alicerces de seus devaneios bem livres, em "moods" variados, como se pode verificar nas vertiginosas e polirrítmicas faixa-título (7m52), The champion (5m40) e Excursion (4m09). Mesmo no tratamento de baladas, como em Late night gospel (6m37) - cujo tema lembra o desenho melódico da frase inicial da Sagração da primavera, de Stravinsky – e Margins of solitude (6m20), o saxofonista não se deixa aprisionar por nenhuma regra em matéria de fluência do tempo tempo.

Depois do vitorioso álbum In pursuit (Sunnyside), do ano passado, à frente de Antonio Sánchez (bateria) Scott Colley (baixo), Ben Monder (guitarra), David Binney (sax alto) e Pernell Saturnino (percussão), McCaslin quis tirar a prova dos 9 na corda bomba do trio sem o colchão harmônico do piano, do qual o paradigma histórico é o LP Way out West, de Sonny Rollins (1957). E saiu-se tão bem do desafio como Joshua Redman, que movimentou a cena jazzística, também no ano passado, com o excelente Back East (Nonesuch), em trios diferentes com os bateristas Ali Jackson, Brian Blade e Eric Harland, casados, respectivamente, com os baixistas Larry Grénadier, Chis McBride e Reuben Rogers.

A interação de McCaslin com Glawischnig e Blake é, data vênia, ainda mais intensa e arrojada – às vezes frenética - do que a obtida por Redman e suas seções rítimicas em Back East. O fraseado melódico do tenorista é sempre surpreendente e borbulhante como champagne brut. Vale a pena encomendar e fruir o novo álbum desse músico excepcional, da mesma geração e do mesmo quilate dos mais badalados Joshua Redman, Ravi Coltrane, David Sánchez e Eric Alexander.

LEMBRANDO A PABLO RECORDS

04 janeiro 2009

Aproveitando a tarde cinzenta e chuvosa deste verao no Rio, continuo no resgate a momentos agradaveis trazidos pelas lembrancas dos musicos que passei a apreciar atraves do selo PABLO, segue um tema com tres do "giants", que sao OSCAR PETERSON, JOE PASS e NIELS HENNING ORSTED PEDERSEN, tocando algo que remete a infancia de todos:

Alice in the wonderland

PABLO RECORDS - PURO JAZZ

02 janeiro 2009

O ano de 2009 comecou e depois de confraternizacao do CJUB no final de dezembro, Tandeta voltou a me cobrar algumas palavras sobre a PABLO.

Confesso que cada um dos CJUBianos deve ter lembrancas de albuns inesqueciveis do selo fundado por Norman Granz em 1973, e que trouxe inumeras sessoes gravadas em estudio e tambem nos inumeros Festivais de Jazz, com especial destaque para as edicoes de meados dos anos 70, realizadas na belissima cidade de Montreux.

Lembro que quando ia nas lojas de disco em SP (Breno Rossi, Bruno Blois, etc), procurava pela "area de Jazz" e me deliciava olhando e lendo as capas e as contracapas dos albuns que tinham o simbolo inesquecivel.

Ali fui conhecendo e passando a apreciar Sarah Vaughan, Ella Fiztgerald, Oscar Peterson, Joe Pass, Niels Pedersen (o NHOP), Milt Jackson e o Modern Jazz Quartet, Dizzy Gillespie, Ray Brown, Toots Thielemans, Stephanne Grappelli, John Coltrane, Benny Carter, Tommy Flanagan, Barney Kessel e tantos outros.

Alguns deles foram especiais para mim, principalmente aqueles que tinham Oscar Peterson e Joe Pass.

Tive a satisfacao de poder assistir tanto Peterson (no Anhembi em SP) quanto Pass (no finado Jazzmania).

Cito a seguir alguns dos albuns que ouvi inumeras vezes com especial atencao e satisfacao:

BENNY CARTER - THE KING
BENNY CARTER & DIZZY GILLESPIE - CARTER & GILLESPIE
JOE PASS - MONTREUX 75
OSCAR PETERSON & STEPHANNE GRAPPELI - SKOL
OSCAR PETERSON & JOE PASS - PORGY AND BESS (CLAVICORDIO E GUITARRA)
MODERN JAZZ QUARTET - REUNION AT BUDOKAN
MILT JACKSON - BAGS BAG
SARAH VAUGHAN - HOW LONG HAS THIS BEEN GOING ON
OSCAR PETERSON - LIVE AT THE NORTHSEA FESTIVAL
JOE PASS, MILT JACKSON, RAY BROWN E MICKEY ROCKER -ALL TOO SOON QUADRANT TOASTS DUKE ELLINGTON

Existem inumeros albuns e creio que este post possa gerar pesquisas e dicas sobre este grande selo, que tao importante foi para o Jazz.


Beto Kessel