Tá certo que NY não é novidade pra muita gente aqui e eu só fui conhecer mesmo no ano passado. A diversidade da população na cidade é impressionante e fiz muito papo musical com as pessoas que encontrava na platéia, gente da Australia, Holanda, Noruega e Japão que assim como eu ali estavam para ouvir boa música. Para quem gosta, não tenho dúvida, NY é uma disneylandia.
Foi noite no Birdland, belíssima casa e no palco Pharoah Sanders e quarteto com William Henderson piano, Nat Reeves contrabaixo e Joseph Farnsworth bateria. Aproveitei para um bom jantar e o show começou pontualmente com uma balada em duo com o piano bem ao estilo Pharoah emendando direto com Giant Steps. Parecia que o show ia ser pressão mas em seguida veio uma Body&Soul que inicialmente me desanimou mas foi sensacionalmente redesenhada saindo daquela mesmice que todos tocam. Depois o couro comeu, Pharoah deu seu rito de liberdade com The Power of God e levantou a plateia, a banda cresceu e ele atavaca com seu riff basico do tema e se retirava do palco para improviso geral da banda com destaque para o pianista William Henderson. Pharoah dançou, se manifestou com suas interjeições vocais e lavou a alma dos tritonos dos blues de Chicago.
Domingo fui pro Iridium ver o Lonnie Smith Trio com o guitarrista Jonathan Kreisberg e o jovem baterista Joe Dyson Jr. Destaque para esse excelente guitarrista que eu já tinha apresentado aqui no CJUB e que deu um show a parte com uma digitação precisa, usando e abusando dos arpejos e o show inteiro foi pressao total. Esse formato hammond, guitarra e bateria tem tudo pra colocar muito groove e assim foi.
Segunda feira o destino foi o Smalls, aquela portinha e escadaria abaixo ao estilo Village Vanguard é sempre certeza de que vai assistir algo bom. Aproveitando que estava na area do Village fui comer uma massa no Bar Pitti, altamente recomendado. Bem alimentado cheguei cedo na casa para o show do baterista Ari Hoenig. No palco a surpresa, ainda tocava o pianista e vocalista Andy Scott que se apresentava como primeira atração na happy hour novaiorquina. Excelente, voz que lembrava muito a do trombonista Nils Landren e um quinteto fantastico com um repertório focado em baladas. Levei um disquinho do cara !
Ari Hoenig subiu ao palco depois com uma formação sempre desafiadora - bateria, contrabaixo e sax tenor. Pois é, essa formação exige muito dos músicos, principalmente do contrabaixo onde ai nao tem o conforto da harmonia de um piano ou de uma guitarra. Mas o couro comeu e o sax tenor Eli Degibri deu um show, anotem esse nome ! Matt Pennan tocando um absurdo, excelente contrabaixista. Valeu a noite !
Terca-feira é a noite do groove no Smoke e pra lá eu fui. Parece longe mas não tem nada de longe, na 106St. também denominada Duke Ellington Boulevard. Mais hammond com Mike LeDonne, o guitarrista Peter Bernstein, o tenor Eric Alexander e o baterista McClenty Hunter que colocaram fogueira no caldeirão. Confesso que esperava o time com o guitarrista Paul Bollenback, como assisitiu nosso amigo Sá, mas Bernestein deu o recado e sobrou improviso pra todo lado.
Assisti o primeiro set e dali atravessei a ilha da 106 St. para o Blue Note ver o quinteto do pianista Kenny Werner, acompanhado por Randy Brecker, David Sanchez, John Pattittucci e Antonio Sanchez. Nao tem brincadeira, depois da pressão do Smoke o quinteto veio com um jazz mais clássico e um show impecavel. Kenny Werner ainda deu um bis solo com Black Bird dos Beatles.
Quarta-feira, dose dupla de novo. Um jantar no Jazz Standard e o show do grupo do baterista Jeff Ballard com um time da pesada trazendo Mark Tuner tenor, Miguel Zenon alto, Ben Monder guitarra e Hans Glawischinig contrabaixo. O show começou bem ao estilo free em uma improvisação coletiva sobre o tema Autumn Leaves, que passou longe. Seguiu com uma participação de um pianista que saiu da cochia, tocou um tema e sumiu, nem foi apresentado. Rolou Monk, Ellington num estilo bem moderno. E como toca um absurdo esse Miguel Zenon, roubou o show. A atmosfera do show sempre teve esse lado da improvisação mais free e muito pelo guitarrista Ben Monder que carrega demais sua guitarra com efeitos, bem ao estilo fusion. Bom show !
Dali pulei para o Village Vanguard para o segundo set do trio do pianista Sam Yahel e lá estava novamente Matt Pennan no contrabaixo e o excelente jovem baterista Jochen Rueckert. Sam Yahell sempre se fez presente a frente do Hammond, foi uma supresa pra mim ele ao piano e está lançando (acho) que seu primeiro CD em trio acústico e assim foi o show, com direito a Bill Evans e uma versão belíssima e adocicada jazzisticamente de Jealous Guy (Lennon). Seu estilo segue a mesma linha dos pianistas modernos, Mehldau e Svensson, e aquela característica do som europeu. Foi um belo show cujo primeiro set está disponivel para audição na página da NPR
Sem fotos dentro do Village Vanguard.
Quinta-feira de despedida e foi noite de hard blues no Town Hall com o maior nome da guitarra atualmente no estilo, Joe Bonamassa.
Valeu NY ! Quem sabe ano que vem tem mais.
4 comentários:
É realmente uma ilha entre outras coisas de muito jazz, bares restaurantes e mulheres bonitas.
Fica difícil até para montar um "schedule" como já disse anteriormente tantas são as atrações, que fica mesmo ao gosto e ouvidos de cada um.
Bela programação Gusta enriquecendo ainda mais o nosso blog.
Sá
Maravilha, Guzz!
Obrigado por dividir conosco essa jornada épica de jazz e blues.
Valeu!
Fala Guzz, beleza de viagem. Aproveita para ouvir novamente o show do Sam Yahel no Village Vanguard. Gostei:
http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=125692214
Bom retorno,
Mario
Puxa, é de dar inveja em todos nós, amantes do improviso!
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