Phil Woods
(1931-2015)
Por Luiz Orlando Carneiro, em 3/10/15
O saxofonista alto Phil Woods, o mais famoso dos herdeiros
estilísticos diretos de Charlie Parker (1920-1955), morreu nesta última
terça-feira (29/9), aos 83 anos, vítima dos pulmões bem avariados pelo antigo
hábito de fumar. Há 25 dias, ele se apresentou pela última vez – portando o
pequeno recipiente de oxigênio que já usava há muito tempo – num concerto no
Manchester Craftsmen's Guild, apoiado por um trio local e pela Orquestra
Sinfônica de Pittsburgh, numa reinterpretação do célebre álbum Charlie Parker
with strings (Mercury, 1949-50).
O jazz master assim consagrado pela NEA (National Endowment
for the Arts), em 2007, começou a brilhar, em Nova York, no início da
década de 1950, depois de estudos com Lennie Tristano e na Juilliard School.
Integrou as orquestras de Dizzy Gillespie (1956) e de Quincy Jones (1959-61).
Logo depois da morte de Charlie Parker, em 1955, Woods casou-se com Chan
Richardson, a viúva do seu grande ídolo, e com ela teve dois filhos. O casal
separou-se durante o período (1968-72) em que viveram na França.
Nos anos 60 e 70, Phil Woods tornou-se um dos mais cultuados
especialistas do sax alto neo bop, disputando o primeiro lugar no pódio com
Julian “Cannonball” Adderley (1928-1975) e Art Pepper (1925-1982).
Na condição de líder, Woods deixou uma discografia muito
extensa, embora um pouco dispersiva. Antes de zarpar para a França, ele gravou
alguns álbuns de sucesso em quinteto com o também saxofonista alto Gene Quill
(Phil and Quill with Prestige, 1957) e em quarteto com o pianista Bob Corwin.
Durante o séjour na França, registrou cinco sessões com a sua European Rhythm
Machine – um pequeno conjunto que reuniu músicos do quilate de George Gruntz
(piano) e Daniel Humair (bateria).
O álbum que marcou o seu retorno aos Estados Unidos, Musique
du bois(32 Jazz), é particularmente notável pelas versões de Samba du bois(de
sua autoria), Nefertiti (Wayne Shorter) e Airegin (Sonny Rollins), com o apoio
de mestres Jaki Byard (piano), Richard Davis (baixo) e Alan Dawson (bateria).
Uma boa seleção de seus quintetos dos anos 80-90 — sempre
com os fiéis parceiros Bill Goodwin (baixo) e Steve Gilmore (bateria) — está no
CD Into the woods/The best of... (Concord). Nas oito faixas gravadas entre 1987
e 1995, destacam-se também Tom Harrell (trompete, flugel) e os pianistas Hal
Galper, Bill Charlap e Jim McNeely.
Da produção mais recente, são recomendados os álbuns
American Songbook, Vol.1(Kind of Blue, 2002), do quinteto com Brian Lynch
(trompete) e Charlap, e This is how I feel about Quincy (Jazzed Media, 2004),
de um noneto formado a partir deste mesmo quinteto fora de série.
Phil Woods sempre gostou do convívio com músicos e alunos bem
mais jovens. E o melhor registro disso é um CD gravado em 2010, e lançado no
ano seguinte pela hoje vitoriosa saxofonista Grace Kelly (nascida Grace Chung,
de pais coreanos).
Quando tinha 14 anos, em 2006, e era aluna do Stanford Jazz
Residency Program, Grace foi apadrinhada por mestre Woods. A retribuição veio
nesse álbum-homenagem, intitulado Man with the hat, editado pela etiqueta Pazz.
A faixa-título, bem bop, é uma homenagem explícita ao
padrinho, que participa ainda de outras três das sete faixas do CD: Love song,
Ballad for very sad and very tired lotus-eaters(de Billy Strayhorn) e People
time (de Benny Carter) — nesta última apenas “colorindo” o vocal de Grace
Kelly, que deixa o sax alto de lado.
Um comentário:
Mestre LOC sempre "na mosca".
Adicionaria como pérola de PHIL o album "Michel Legrand - Legrand Live Jazz" da etiqueta NOVUS, com a gravação realizada em dezembro/1973 da antológica faixa "You Must Believe In Spring" (nove minutos e 22 segundos), em que PHIL nos brinda com mais uma interpretação na linha de "Body And Soul" que tanto tocou.
Claro, além de mais algumas dezenas de belezas musicais.
Mss as indicações de Mestre LOC situam-se na linha do essencial.
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