Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

BATERIAS & BATERISTAS – Parte IV

03 março 2014


TRABALHO DE PESQUISA DO NOSSO EDITOR NELSON REIS

MATERIAIS E RECURSOS APLICADOS

1 - TAMBORES

Os materiais aplicados  na construção de tambores, sempre foram tradicionalmente, como já vimos, a madeira e a pele animal. Todavia, hoje já não só é empregado um material constituído de madeiras mais aplicáveis ao uso, por estudos havidos, como metais leves na construção de cascos (especialmente nas caixas), como também material sintético para as peles de percussão e material de “ligas leves” para as ferragens do instrumento.
A conhecida “tralha” dos bateristas veio sofrendo sofisticação ao longo do tempo e as baterias acústicas mantiveram à sua disposição recurso técnico-material e, um aparelhamento constitutivo, de sorte a se usar instrumentos mais leves e de melhor portabilidade.
Obviamente, os custos instrumentais passaram a ser mais elevados, tanto de produção quanto de aquisição para o músico usuário.
Tambores de cascos monolíticos do passado, são hoje raros ou caríssimos de aquisição, pois são elaborados constituindo-se de um casco inteiriço, sem emendas de curvatura do material de madeira nobre e antiga aplicada, face à compactação para melhor acústica que só ocorre por envelhecimento e/ou prensagem. 


Hoje, fôrmas e recursos técnicos produzem um tambor tal e qual como se o mesmo fosse constituído por uma peça sem emendas, quase imperceptíveis, de curvatura. As madeiras geralmente utilizadas, com capacidade moldável, são geralmente produzidas em regiões frias e de baixa umidade,  como as madeiras de “mahogany”, “maple” e “birch”. A indústria de tambores acústicos detém um “know how” ancestral e, dependendo da finalidade de uso, tem que ser o instrumento constituído de um determinado material único. Assim, o material para construção de tambores para bateria de uso em música de jazz é um, para confecção de tímpanos de orquestra outro e, para um enorme tambor ritual nipônico, um outro.
Como nosso interesse é aqui voltado para a música de jazz, damos à seguir alguns dos atuais produtores mais conhecidos de tambores e baterias.

·         YAMAHA – Japão
·         SONOR – Alemanha
·         GRETCH – U.S.A.
·         LUDWIG – U.S.A.
·         PEARL -   U. S.A.
·         SLINGERLAND – U.S.A.
·         PREMIER – Inglaterra


Observação : Atenção especial deve ser dada à origem do instrumento, gravada no próprio corpo do mesmo e em cada uma de suas peças.

2 – FERRAGENS & PRATOS

Também a parte, digamos, metálica do instrumento, sofreu inúmeras modificações ao longo do tempo, quanto a formato, tipo de material e resistência, tanto nas “ferragens” como nos “pratos”.
O material de liga leve ou mesmo do caríssimo titânio, substitui o ferro laminado nos aros de suporte das peles, parafusos longos e “canoas” dos tambores, sem a perda de sonoridade.
“Canoas” são chamados os suportes em que apertam e se prendem externamente ao casco, os parafusos longos, tensores das peles do tambor. Estes parafusos suportados pelas canoas, perpassam furações nos dois aros tensores de cada pele correspondente, para afinação do instrumento por aperto na canoa que empate com a furação. Podem ser em construção simples ou de maneira inteiriça colocada externamente ao longo das bordas do casco, perto das saídas de acústica, a intervalos de igual distancia para que não haja distorções por diferenciação dos locais de aperto.
Os pedais de bumbo e da máquina de contratempo (também conhecida como “chibáu”), são produzidos em material de liga leve metálica resistente, com mecanismo de precisão para acionamento e retorno através de molas helicoidais de aço, sem que haja qualquer ruído ou barulho ao acionamento, onde somente o objetivo de som proposto seja audível.

Os pratos, eram, anteriormente, elaborados por fôrmas onde metal derretido era entornado e depois moldado à martelo, por um processo de liga metálica de bronze mantida em alto sigilo a sua composição. Existem ainda hoje pratos caríssimo feitos por processo similar individualizado, batido à martelo, mas de sonoridade diferenciada dos primordiais “pratos turcos”, como eram então conhecidos. Isto porque, como o tambor tem primordialidade africana, os pratos, simbalos, gongos e afins (guizos e outros) são de origem oriental (persa, árabe e chinesa).


Se pegar um prato de bateria, de boa procedência de confecção, irá notar que tem um formato típico, derivado dos sinos, onde poderá ter ou não uma campânula por onde passa a sua furação central, que o material é uma liga de bronze laminado e que tem em todo seu perímetro milimétricamente, da borda para a campânula, micro-sulcos como se foram raias ínfimas na superfície, para auxiliar a vibração e a propagação sonora. Esses pratos, outrora produzidos quase artesanalmente como as ferraduras de cavalo no passado, são hoje usinados em ferramentas específicas e mediante detalhado estudo de engenharia de produção onde o “design” e a homogeneidade da liga do material utilizado irá produzir uma sonoridade padronizada para cada estilo de prato feito em serie.


Como dissemos, os pratos de instrumentação musical de hoje foram criados no oriente e em especial pela família Zildjian, em tempos modernos. A produção mantinha-se com seu processo e materiais utilizados por segredo familiar, passado de pai a filho através de geração. Era um processo artesanal, até quando – não se tem notícia como – a  empresa Paiste, de origem suíça, obteve o segredo da liga de bronze e passou a fazer através de maquinário a fabricação mecânica idêntica à turca produzida artesanalmente.

Então, o patriarca da família, Sr. Avedis foi para os Estados Unidos da América e começou a produzir pela empresa Avedis Zildjian, em grande escala industrial, os pratos de fama internacional utilizados até hoje com seu famoso logotipo. Quando ocorreu o falecimento, no século passado, do patriarca da família, seus dois filhos tiveram atrito quanto à continuidade do negócio, até então gerido pelo pai e, um deles constituiu uma nova empresa no Canadá com um novo selo de produto que compete até hoje com os dois acima citados, os pratos Sabian  Essas três marcas registradas competem entre si, na primazia de uso pelos bateristas de jazz. 

4 comentários:

figbatera disse...

Bela pesquisa, importantes dicas.
Parabéns!

Anônimo disse...

Grande NELSON:
Segue o trabalho ("tratado") sobre a bateria, que vai nos enriquecendo de informações.
Grato NELSON !

APOSTOLOJAZZ

Nelson disse...

Mais especificamente, os microsulcos impressos na confecção do prato, conforme descrito, para propagação sonora, leva o nome tecnico de "harmônicos" da sonoridade do instrumento.

Abçs.
"Nels"

Nelson disse...

NOTA
Leia-se "Chimbal" e não "Chimbáu"
Desculpem nossa falha.
Obrigado
"Nels"