Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

06 junho 2011

ALGUMAS POUCAS LINHAS SOBRE A
GUITARRA E OS GUITARRISTAS - 06

Joseph Anthony Jacobi Passalaqua, artisticamente Joe Pass, nasceu na cidade de New Brunswick, estado de New Jersey, em 13/janeiro/1929, vindo a falecer em 25/maio/1994 em Hollywood / Califórnia.
Seu estudo de guitarra foi iniciado aos 09 anos com Nick Gemus, um amigo de seu pai, passando a dedicar todo o tempo livre ao seu instrumento.
Ainda estudante e em 1943, com 14 anos, tocou em diversos grupos da cidade nas festas locais, além de ser contratado como solista na orquestra de Tony Pastor, para show radiofônicos.
Influenciado pelos discos de Django Reinhardt e Charles Christian formou um grupo idêntico ao do “Quinteto do Hot Club de France”, passando a tocar nos clubes e festas locais, mas já então fortemente orientado para o “bebop”, àquela altura dominando o cenário jazzístico.
Ainda que influenciado pela música de Django Reinhardt, Joe Pass é nitidamente mais voltado para as raízes de Charlie Parker, Dizzy Gillespie e no classicismo de Coleman Hawkins.
Foi sem sombra de dúvidas um dos maiores virtuosos da guitarra no JAZZ (e o título de “Virtuoso” que lhe foi dado é perfeitamente identificador), com um sólido “swing” e refinado gosto enquanto harmonizador; solista eficiente, pessoal, com abordagem “pianística” e improvisações elaboradas sutilmente, em muitas ocasiões interpretando as linhas melódicas com destaque para cada nota sobre base rítmica da baixos e acordes, graças ao seu toque superior da mão direita. Possuidor de ataque perfeito, com um “drive” irresistível e uma sonoridade cálida, sensual, consegue soar como “acústico” mesmo quando executa com amplificação elétrica. Joe Pass gravou também com guitarra de 07 cordas.
Terminado seus estudos escolares básicos com 20 anos (1949), mudou-se para New York, onde podia apreciar de perto os “ícones” do movimento: Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Bud Powell e outros. Lamentavelmente e como muitos dos músicos da época, não conseguiu resistir á tentação das drogas.
Filiou-se ao “Local 802” (“Local” refere-se à seção do sindicato de músicos de determinada cidade, filiada à “American Federation of Musicians”; no caso do “802” os músicos filiados vivem ou trabalham na cidade de New York e arredores; o pianista George Shearing é autor do tema “Local 802 Blues”) e passou a tocar desde Long Island até o Brooklyn, realizou diversas temporadas pelo país e serviu 01 ano na Marinha americana.
Esteve detido e após liberto foi para Las Vegas onde tocou em diversos hotéis, sendo preso mais uma vez.
Praticamente 12 anos afastado da cena do JAZZ, Joe Pass conseguiu livrar-se da dependência das drogas em 1960 e após 03 anos de estadia na “Synanon Foundation” (onde tocou sempre, assim como os diversos outros músicos que ali estavam), da qual saiu totalmente recuperado e pronto para retornar á carreira musical.
Em 1961 reapareceu para o grande público por meio da gravação do álbum “The Sounds Of Synanon”, ao lado do pianista Arnold Ross e para o selo Fontana.
Passou a atuar ao lado de músicos expoentes e em diversas formações: Bud Shank, Bobby Troup, Gerald Wilson, Clare Fisher, Julie London, Bill Perkins, Page Cavanough, Groove Holmes, Earl Bostic, Les McCann e tantos outros.
Em 1963 gravou o primeiro album como líder, com o título de “Catch Me”, seguindo-se a homenagem a seu ídolo Django Reinhardt, “For Django” de 1964.
Em 1965 integrou o quinteto do pianista George Shearing, colaboração que se prolongou até 1967.
A partir de 1968 trabalhou para diversos estúdios de cinema e de televisão, tendo oportunidade de atuar e gravar com Frank Sinatra, Billy Eckstine (“Mr. B”, (*) vide anedota ao final), Joe Williams, Sarah Vaughan e Carmen McRae.
Gravou em 1970 e para o selo MPS na Alemanha o album “Intercontinental”, seguindo-se a gravação de novo álbum, dessa vez com o acordeonista Art van Damme e, em 1972, formou com Herb Ellis um duo de guitarras gravando os álbuns “Two For The Road”, “Seven Come Eleven” e “Jazz Concord”.
Assinou contrato com o empresário Norman Granz (selos Clef, Verve, Pablo, Norgran), passando a excursionar pelo mundo inteiro com os grupos “JATP” (Jazz At The Philharmonic), simultaneamente com a gravação de dezenas de albuns.
Como já mencionado, ficou conhecido como o “Virtuoso” da guitarra de JAZZ e o “Art Tatum” da guitarra.
Apresentou-se em inúmeras ocasiões em solo, participou dos mais importantes festivais de JAZZ (Monterrey, Concord, Newport” etc) e foi vencedor em mais de uma oportunidade das enquetes (de público e de críticos) das publicações especializadas (Down Beat, Melody Maker etc).
Gravou com a prática totalidade dos “grandes” do JAZZ, podendo citar-se, entre outros igualmente importantes: Count Basie, Benny Carter, Buddy DeFranco, Duke Ellington, Johnny Griffin (“Little Giant”), Roy Eldridge (“Little Jazz”), Zoot Sims, Ella Fitzgerald, ademais dos já nominados ao longo da presente resenha.
Anotem as seguintes poucas gravações, que selecionamos na relação das dezenas de Joe Pass, um banquete de qualidade:
· For Django
· Just Friends
· Night And Day
· Perdido
· Virtuoso (série de 03 albuns)
· At Montreux ‘75
· At Montreux ‘77
· Guitar Interludes
· A Sing Of The Time
· Catch Me
· Simplicity
· Stone Jazz
· The Trio
· Cherokee
· Peterson & Pass A Salle Pleyel
· Peterson Big Six At Montreux
· Portrait Of Duke Ellington
· Take Love Easy
· Ella In London
· Dizzy Gillespie Big Four
· Porgy And Bess.

Joe Pass esteve no Brasil em 1978, apresentando-se em duo ao lado do pianista canadense Oscar Peterson, com 04 apresentações no Teatro João Caetano do Rio de Janeiro nos dias 27, 28, 29 e 30 de janeiro.

Retornou ao Brasil em 1985 apresentando-se no "Free Jazz" (06 de agosto, no Rio de Janeiro).

Novamente no Brasil apresentou-se em temporada no "Jazzmania" (Rio de Janeiro) de 07 a 10 de abril de 1987.

Agradecemos às indicações de nossos prezados NELSON e BETO KESSEL, colaboradores permanentes do "CJUB" e sempre atentos com seus preciosos comentários.

(*) Sobre “Mr. B”, Billy Eckstine, William Clarence Eckstein (08/07/1914 Pittsburgh / Pennsylvania a 08/03/1993 em sua terra natal), possuidor de bela e potente voz, trumpetista, trombonista, compositor e líder da orquestra de “bebop” que reuniu os maiores expoentes do gênero nos anos 40 do século passado, há uma passagem que revela seu cáustico humor crítico, assim como sua vaidade, bem justificada até certo ponto.
Em certa ocasião e perguntado sobre como se compararia a Frank Sinatra, então em crescente sucesso, afirmou: “Dêm-me o dinheiro de Sinatra e eu lhe darei a minha voz!” (vide “An Autobiography Of Black Music”, Dempsey J. Travis, 1983, Urban Research Institute, Inc., U.S.A., páginas IX/Índice e 311/texto) .

Retornaremos à guitarra e aos guitarristas em próximo artigo
apóstolojazz@uol.com.br

9 comentários:

Guzz disse...

joe pass é uma verdadeira escola de guitarra, principalmente da guitarra solo e vai além pois tem incorpora elementos da linguagem blues

seu livros de estudo são obrigatórios para os estudiosos da arte

abs

Beto Kessel disse...

Caro Apostolo,

Adoro ouvir Joe Pass e gostaria apenas de acrescentar que ele tocou tambem em 1986 no Jazzmania.

Eu que naquela epoca tinha inumeros LPs da pablo, soube da vinda dele ao Rio, e comprei uma mesa defronte ao palco...Fui um dos shows mais legais que ja assisti em minha vida...

Ao final pedi um bis (This masquerade), que ele tocou e ao final pedi para autografar minha fita K7.Era de uma gravacao solo dele em Montreux 75..

Ele era um cara simples, e junto com Wes Montgomery e Barney Kessel, compoe minha triade na guitarra jazzistica...

Um musico inesquecivel.

Beto

Beto Kessel disse...

Nao me recordo bem, mas acho que Joe Pass tambem esteve no primeiro Free Jazz festival no anhembi em SP...Eu estive numa noite e vou pesquisar melhor.

Beto

Nelson disse...

Primeiramente, mais uma vez, os nossos parabéns ao Mestre "Apóstolo", pela excelente resenha de mais um gigante da guitarra no jazz - Joe Pass.
E, dizer, que revendo nosso arquivo de "assuntos jazzísticos", defrontamo-nos com o programa do Free Jazz Festival de 1985, do Rio de Janeiro, onde consta:

DIA 06 DE AGOSTO: início 20:30 hs
- Orquestra Tabajara
- Maurício Einhorn
- JOE PASS
- Toots Thielemans

Estávamos lá : FILA V, Setor A, número 00026 - Preço:CR$100.000

ÉÉÉÉ....estamos ficando velhos, né ?

Abçs.
"Nels"

APÓSTOLO disse...

Grato, muito grato aos prezados BETO e NELSON, que me permitirão enriquecer a resenha.
Nada como nadar entre peixes grandes....

John Lester disse...

Pass foi um daqueles poucos náufragos que conseguiram alcançar a ilha..

Merecida a homenagem.

Grande abraço, JL.

APÓSTOLO disse...

Prezado JOHN LESTER:

Alcançou a ilha como poucos, até por ser uma ilha e não comportar todos, sómente os "eleitos".
Grato !

RENAJAZZ disse...

mestre mais uma vez muito obrigado pela aula sobre o noso joe pass como sei que ele tem um vasta discografia vou me fixar em primeiro momento em pesquisar os disco citados por V.Sª e assim encontrar podendo postarei o link aqui na sua resenha....muito boa tarde

RENAJAZZ disse...

http://tinyurl.com/3kqmjz6
http://tinyurl.com/3pqcxtj
----fsonic:
PETERSON,PASS.PETERSEN THE TRIO