Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNA DO LOC

21 fevereiro 2011

Caderno B, JB, 12 de fevereiro
por Luiz Orlando Carneiro

Michel Portal, o ‘Bailador’

Em setembro de 2008, o clarinetista-saxofonista francês Michel Portal – um dos grandes improvisadores vivos do jazz – proporcionou à plateia do Festival de Ouro Preto um set inesquecível, ao lado do também excepcional pianista sérvio Bojan Z, há muito radicado em Paris. Todos os que lá estavam sentiram o impacto desse modo de expressão musical sempre surpreendente conhecido como jazz, apresentado no mais alto grau de exigência técnica e de réussite artística. E naquela base do aqui e agora, entre o straight e o free, com swing explícito ou implícito, além de apropriações étnico-culturais muito bem dosadas.
Portal – 75 anos e agenda sempre cheia – convocou novamente Bojan Z para com ele produzir o CD Bailador (Le Chant du Monde/EmArcy/ Universal), em sexteto que tem na seção rítmica os notáveis Jack DeJohnette (bateria) e Scott Colley (baixo acústico) e, mais na linha de frente, os jovens e já consagrados Lionel Loueke (guitarra), 37 anos, e Ambrose Akinmusire (trompete), 28. Loueke é um sofisticado músico nativo do Benin, que não esconde sua africanidade, inclusive em originais vocalizações. Akinmusire, nascido na Califórnia, descendente de nigerianos, venceu em 2007 a Thelonius Monk Competion (a mais importante do gênero nos Estados Unidos), tendo assinado contrato de exclusividade com o selo Blue Note, no ano passado.
O recém-lançado álbum de Portal contém seis composições de sua pena: a faixa-título (7m35), Dolce (8m), Cuba si, Cuba no (5m50), Ombres (5m08), Alto blues 6m08) e a ornetteana Tutti no hystérique (3m48). Pela primeira vez em sua discografia, ele não usa o clarinete em si bemol (seu instrumento de cabeceira). O clarinete baixo é a voz predominante em cinco faixas, com realce para a – como antecipa o título em francês – sombriamente bela Ombres, a única em duo (com Loueke). Portal serve-se do sax alto no plangente Alto blues e em Cuba si, Cuba no, e do sax soprano em Citrus juice(9m20), peça de autoria de Eddy Louiss, de sabor oriental (vertente ibérica), tratada em clima quente apimentado pelas vergastadas de mestre DeJohnette. Este, por sua vez, assina One on one (11m10).
É o próprio líder quem explica por que deu preferência ao clarone no contexto de Bailador:
“Não há muita coisa gravada com um clarinete e um trompete. Só o clarinete baixo soa bastante vigoroso em oposição ao trompete. O contexto não é intimista, frágil, tênue. É preciso potência, e com Ambrose Akinmusire eu sinto o desejo de tocar clarinete baixo, sax soprano e até sax alto. Este último, em geral, só costumo tirar do estojo uma vez por ano”.
O texto de apresentação do álbum da EmArcy é bem feliz, ao resumir, assim, o espírito da sessão: “A música em Bailador é torrencial, brilhante e sofisticada. Tem-se aqui Portal por inteiro: rigor e diversão, conhecimento e generosidade, técnica fascinante, prazer em profusão, precisão e balanço... Ele pode ser ouvido como um hedonista brincalhão amante da partilha e, ao mesmo tempo, como um músico cerebral, de vanguarda. E, no entanto, sua busca nada mais é do que a de “simples melodias e temas abertos que floresçam até se transformarem num ponto de interrogação”.
Quem quiser ter uma boa ideia de Michel Portal à frente do sexteto de Bailadorpode ouvi- lo na internet, num concerto na Salle Pleyel, em Paris, no mês passado (liveweb.arte.tv/fr/video/Michel_Portal_Sextet).

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