Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho)*in memoriam*; David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels)*in memoriam*,, Pedro Cardoso (o Apóstolo)*in memoriam*, Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge), Geraldo Guimarães (Gerry).e Clerio SantAnna

25 agosto 2021

 

Série: Histórias do Jazz

 

DO OUTRO LADO DO JAZZ # 16

A DANÇA E O JAZZ (Parte I)

O Jazz foi criado sobre um tipo de música extremamente dançante dentro da tradição afro e de seu berço, a cidade de New Orleans, incrivelmente alegre, festiva até mesmo nos funerais!

Podemos notar que as escolas de Jazz produziram música com indissociável característica dançante e, mesmo o “bebop”, cuja essência de complexidades rítmicas desviava-se bastante daquela que induzia à dança, teve também seus adeptos.

Na era “bebop” (a partir da primeira metade da década de 40 do século XX) as casas de espetáculos passaram a ocupar as pistas de dança com mesas para aumentar a audiência, já que o público passou a se interessar mais em apreciar os grandes solistas em suas extensas e livres improvisações, do que arriscar passos com tal ritmo.

A esta época iniciou-se a dissociação do Jazz com a dança e foi quando o Jazz passou a ser executado para ser “ouvido” realmente. A dança ficou mais associada à música “suingante” das grandes orquestras (as “big bands”) e à escola “dixieland”.

Tal dissociação se concretizou com o Free-Jazz onde qualquer tentativa de se dançar, expressa pelo que se pode designar como tal, deva ser frustrante. (!!!...)

A tradição africana da dança acompanhou passo a passo todo o processo pelo qual passou a música americana e suas influências europeias até se formar o Jazz.

Foi no ambiente do “minstrell-show” que surgiu a “tap-dance”, que conhecemos como sapateado, sendo utilizada de maneira inteiramente improvisada antecedendo ao próprio Jazz. Tal estilo de dança, tipicamente afro, acabou por ser vinculada estreitamente à música de Jazz.

Todos conhecemos o sapateado até porque os filmes musicais americanos dos anos 30, 40 e 50 o reverenciava nos pés de exímios dançarinos como Gene Kelly, Fred Astaire e Sammy Davis Jr, apesar de um tanto abastardados em relação aos grandes “tap-dancers”.

Os verdadeiros exímios foram Bill "Bojangles" Robinson, John W. Bubbles, Jack Wiggins, Donald "Baby" Laurence e outros "hoofers".

“Hoofer” é uma gíria aplicada aos sapateadores que emitem ruídos semelhantes aos cascos (“hoof”) de um cavalo.   Nos anos 30 existiu no Harlem um “Hoofer’s Club” que reunia dia e noite sapateadores em busca de “batalhas” ou somente para apresentar seus shows em troca de gorjetas.


Em New Orleans surgia no início dos anos 1900 o “Slow Drag”, música de inspiração afro-latina de rítmo arrastado e acompanhada de uma dança lasciva, muito apreciada pelas prostitutas negras que ficavam dançando para despertar e atrair os fregueses.

O “Slow Drag” era muito comum nas espeluncas de “Storyville”(*) e o pianista Jelly Roll Morton, um dos pioneiros do Jazz em New Orleans, era exímio executante do  “Slow Drag” (e provavelmente das moças também!).

Por volta de 1929 o “Slow Drag” tornou-se a primeira dança social afro-americana, sendo introduzida em espetáculos da Broadway e escandalizando os críticos de raça branca, os quais julgavam ameaçar a ordem moral e social pela sensualidade apresentada e, logicamente, se tornou muito popular também no Harlem.

Um dos mais conhecidos contrabaixistas de New Orleans, Alcide Pavageau (1888-1969), até 1927 atuava como guitarrista e tornou-se famoso também como dançarino ganhando o apelido de “Slow Drag”.

(*) - Storyville foi o distrito da luz vermelha de Nova Orleans de 1897 a 1917. Criado  por decreto municipal sob o Conselho Municipal de Nova Orleans, para regulamentar a prostituição. Sidney Story, um vereador da cidade, escreveu as diretrizes e a legislação para controlar a prostituição dentro da cidade. A portaria designava uma área na qual a prostituição, embora ainda nominalmente ilegal, era tolerada e regulamentada. A área foi originalmente referida como "O Distrito", mas seu apelido, "Storyville", logo pegou, para grande desgosto de Sidney Story seu criador.

Era limitada pelas North Robertson, Iberville, Basin e St. Louis Streets. Estava localizada próximo a uma estação ferroviária, tornando-se um destino popular para viajantes que chegavam à cidade, e se tornou uma atração central no coração de Nova Orleans. Apenas alguns de seus remanescentes casarões estão agora visíveis. O bairro fica em Faubourg Tremé e a maior parte do terreno foi reaproveitado para habitação pública. É bem conhecido por ter sido o lar de músicos de jazz, como Jelly Roll e principalmente Louis Armstrong como menor de idade viveu em Storyville.

 

Um comentário:

Anônimo disse...

Mais uma formidavel resenha realmente o jazz e dança sempre estiveram juntos a menos como vc disse no maldito free. "maldito é meu"
Carlos Lima