Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho)*in memoriam*; David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels)*in memoriam*,, Pedro Cardoso (o Apóstolo)*in memoriam*, Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge), Geraldo Guimarães (Gerry).e Clerio SantAnna

11 agosto 2021

Série: Histórias do Jazz

 

DO OUTRO LADO DO JAZZ # 14  - O JAZZ VAI À GUERRA (FINAL)    

ATUAÇÃO E PERDA DE GLENN MILLER

A mais reconhecida das big bands militares foi sem dúvida a de Alton Glenn Miller, comissionado como capitão no US Army Specialist Corps (não tinha prestado o serviço militar regular por ter uma leve deficiência visual) com base em Omaha, Nebraska, em junho de 1942, então contando 38 anos. Seu treinamento básico terminou em dezembro de 1942. Seu maior desejo era levar sua música para o meio militar, inclusive modernizando o que já existia, como os arranjos “swing” para as marchas de John Philip Souza.

Inicialmente foi designado como diretor das bandas do Exército, quando então elaborou um plano para 30 pequenos conjuntos de dança.

O ambiente ultra conservador do Exército não lhe foi muito favorável e os arranjos “swing” de marchas militares não foram bem aceitos.

Transferiu-se então para a Força Aérea passando a dirigir a “Army Air Forces Technical Training Command” e lá contou com o total apoio do Lieutenant Colonel Richard E. Daley.

Miller, convidado a participar do programa de rádio “I Sustain The Wings” pela CBS, apoiou-se em velhos amigos e companheiros e montou uma banda com 45 integrantes dentre eles, os irmãos Dorsey, Ray Noble, o baterista Ray McKinley, o pianista e arranjador Mel Powell, o baixista Herman Trigger Alpert, o trompetista Zeke Zarchy, o arranjador Jerry Gray e ainda vários músicos oriundos das sinfônicas de Boston e New York.  Uma senhora banda-orquestra que possivelmente jamais poderia ser montada e mesmo sobreviver não fossem as condições oferecidas pelos militares.  Assim foi criada a “718th AAFTC BAND” estacionada em New Haven em Connecticut e o primeiro programa foi ao ar a 29/maio/1943.

A 06/maio/1944 o Coronel Edward Kirby do Estado-Maior do General Dwight Eisenhower (Supreme Headquarters Allied Expeditionary Force - SHAEF) sediado em Londres foi a New York e após o show de Glen Miller foram jantar, quando o Coronel expôs a ideia de manter uma banda na Inglaterra onde era preparada a grande invasão da França pelas tropas aliadas (o famoso “Dia-D”). Miller concordou e foram iniciados os preparativos para a transferência da orquestra para além mar.

A 18/junho Miller voou para a Inglaterra e os componentes da orquestra saíram de navio a 23/junho chegando a 28 na Escócia onde Miller já os esperava. Transferidos para Chelsea, Miller foi se apresentar ao Coronel David Niven (o ator), membro do SHAEF, encontro este interrompido 3 vezes por ataques de bombas V-1 dos nazistas.

O grupo de Miller passou a se chamar “American Band Of The Supreme Allied Command” e estrearam no domingo 09/julho/1944, nos estúdios da rádio BBC no “Allied Expeditionary Forces Programme”. 

Podemos imaginar o impacto fantástico que deve ter ocorrido nas tropas aliadas: norte-americanas, inglesas, escocesas, canadenses, australianas e nas francesas, muitas já atuando na França após o “Dia-D” ocorrido a 06/junho/1944.

A partir de 14/julho a “Glenn Miller Orchestra” iniciou uma excursão pelas principais bases da Inglaterra e hospitais da Cruz Vermelha, também realizando muitos shows através das rádios broadcast direcionadas para a França.

Há notícias de que muitos soldados alemães, evidentemente escondidos dos mais ferrenhos nazistas, sintonizavam estas rádios, afinal o “swing” era estimulante até para o inimigo, provavelmente já esgotado da guerra.

Em menos de um ano a “Glenn Miller Army Air Force Band” realizou cerca de 800 apresentações das quais 500 foram em rádio broadcast alcançando milhões de ouvintes. Nos 300 shows ao vivo cerca de 600.000 militares tiveram o privilégio de assisti-la.

O General Doolittle, Comandante do “8th Air Force” dizia para Miller após uma apresentação: ―"Sua música tornou-se o maior incentivo ao moral das tropas no teatro de operações na França".

Este concerto, aliás, é retratado no filme “The Glenn Miller Story” (no Brasil “Música e Lágrimas”) feito em 1954 onde bombas voadoras alemães caíam próximo enquanto a banda executava o clássico “In The Mood” e, a um sinal de Miller, tocavam cada vez mais alto e sem titubear.

A 08/agosto/1944 o SHAEF recomendou uma promoção ao Capitão Miller efetivando-o como Major.

A 13/novembro Miller desembarca em Paris recém libertada indo se encontrar com o General Barker e o Major May ambos do SHAEF no Palácio de Versalhes. O encontro se destinava a tratar da transferência da orquestra para a França de modo a se apresentar nas comemorações do Natal próximo e do Ano Novo. Miller retorna a 18/novembro enquanto, ausente da Inglaterra, a orquestra estava sendo dirigida pelo Sargento Jerry Gray.

A 15/dezembro/1944 o Major Miller vai até o aeroporto onde um denso nevoeiro cobria todo o local. Miller preocupado com seu vôo esperava o aparelho que pousou às 13:45h, logo embarcando com destino à França e nunca mais foi visto!.

Miller deveria voar de Bedford a Paris, a fim de tomar providências para transferir sua banda inteira para lá em um futuro próximo. Seu avião, um monomotor UC-64 Norseman, partiu da RAF Twinwood Farm em Clapham, nos arredores de Bedford, e desapareceu enquanto sobrevoava o Canal da Mancha.

Ficou para a história sua música, sua atuação durante a guerra e sua terrível perda.

A orquestra continuou sua campanha agora sob a direção do Sargento Ray McKinley, atuando pela primeira vez a 21/dezembro/1944 sob intensa emoção.

Sua última apresentação se deu a 13/novembro/1945 no “National Press Club” em um jantar para o presidente Harry Truman em Washington, onde os Generais Dwight Eisenhower e Hap Arnold homenagearam o grupo pelo excelente trabalho realizado no período de guerra e agraciaram o Major Glenn Miller (“Army Serial nº 0505273”), com a comenda póstuma da “World War II Victory Medal”.

A GLENN MILLER ORCHESTRA foi reconstituída sob a direção de Tex Beneke, saxofonista, cantor e um dos amigos mais próximos de Miller. Anos depois os músicos de Miller, tendo seguido caminhos distintos de Beneke, foi contratado Ray McKinley (baterista da banda da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos liderada por Miller) para organizar uma nova banda em 1956.

A Glenn Miller Orchestra continuou a gravar e a se apresentar com vários líderes, e permanece excursionando até os dias de hoje. O atual trombonista, Larry O'Brien, lidera a banda.

Como um ouvinte já se manifestou no comentário anterior ― “O Jazz ajudou a ganhar a guerra não com canhões mas com suingue” 

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente resenha realmente Miller foi uma grande perda humana e musical. Apesar de não ter sido um grande jazzista sua banda sempre muito agradavel de se ouvir. Não sabia que na guerra tinha participado tanto.
Carlos Lima