Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels)*in memoriam*,, Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

05 dezembro 2018


Série   PIANISTAS  DE  JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
59ª Parte
 (51)  DICK TWARDZIK                                Bopper, apenas 24 anos de vida
Richard Henryck Twardzk, artisticamente DICK TWARDZIK, pianista e compositor norte-americano, nasceu em 30 de abril de 1931 na cidade de Danvers, estado de Massachusetts (vizinho de New York e cuja capital é Boston), vindo a falecer com apenas 24 anos em Paris, França, em 21 de outubro de 1955 (mesmo ano do falecimento de Charlie Parker)
Com apenas 07 anos iniciou seus estudos de música clássica e de piano, destacando-se entre seus diversos mestres Margaret Chaloff, mãe do saxofonista.barítono Serge Chaloff.
TWARDZIK estudou na “Longy School of Music” de Cambridge, em seu estado natal, assim como no “New England Conservatory of Music” de Boston, capital do estado (tradicional instituição privada fundada em 1867), sendo que alí aprendeu a tocar a harpa.
Aos 14 anos iniciou suas atividades profissionais com Herb Poomeroy, Serge Chaloff e Charlie Mariano.
TWARDZIK tocou com as orquestras de Tommy Reynolds e de Charlie Barnet, além de realizar temporada nos U.S.A. com a banda de Lionel Hampton.
Infelizmente muito cedo tornou-se dependente de droga.
Com 21 anos e nos dias 11 e 14 de dezembro de 1952, TWARDZIK tocou com Charlie Parker no “Hi-Hat Club” de Boston, em atuações que ficaram gravadas:
-   no dia 11 o sexteto de Charlie Parker com ele ao saxofone.alto, Joe Gordon no trumpete, Bill Wellington no saxofone.tenor, TWARDZIK no piano, Charles Mingus no contrabaixo e Roy Haynes à bateria, apresentaram-se com transmissão pelo rádio e  tendo sido registrada longa execução do clássico “I Remember April” (10’24”) disponível no volume 11 do estojo “BIRD”;
-   no dia 14 e como “Charlie Parker & All Stars”, sendo apresentador Symphony Sid, reuniu-se a mesma formação anterior mas sem o tenor de Wellington, apresentação transmitida pela rádio “WCOP”, ficando registrados os temas “Ornithology” (4’11”),  “Cool Blues” (5’22”), “Groovin’ High” (5’20”), “Don’t Blame Me” (8’51”),   “Scrapple From The Apple” (5’51”), “Cheryl”(5’21”) e “Jumpin’ With Symphony Sid” (2’17”), todos no CD Uptown 27.42.  
Nessa época muitos e muitos músicos de Boston, ademais de Charlie Parker depois de atuar com ele, consideravam TWARDZIK um “gênio”.  
Em 1954 ao lado e com produção de seu admirador Russ Freeman, ele gravou o álbum “Richard Twardzik Trio” pelo selo “Pacific Jazz” (que pode ser apreciado pelo Google), aclamado pela crítica e pelos músicos como “obra prima”, sendo que que o pianista e compositor Marc Puricelli declarou que “se ele tivesse sobrevivido, teria provavelmente mudado todo o curso do piano do JAZZ”.    
É considerado um precursor de Bill Evans e de Keith Jarrett.
O livro de James Gavin “No Fundo de um Sonho – A Longa Noite de Chet Baker” (Editora Schwarcz Ltda., 493 páginas, excelente tradução de Roberto Muggiat, 2002), é pródigo em citações sobre TWARDZIK, destacando-se o trecho em  que afirma a importância “do aporte do rico conhecimento de harmonia clássica e plenitude orquestral trazidos para o teclado;  TWARDZIK debruçava-se sobre cada frase cruzando referências do blues, do boogie-woogie e as harmonias de vanguarda de Thelonius Monk, com toques de Bach, Brahms e Chopin”.
Em 1955 e por influência de seu baterista Peter Litman, “colega de agulha” de TWARDZIK, Chet Baker contratou o pianista para temporada na Europa que se iniciaria em Paris em setembro, para seguir pela Holanda, Inglaterra, Dinamarca, Alemanha, Itália e Islândia.
Na sexta-feira 21 de outubro de 1955, o grupo do trumpetista Chet Baker aguardava TWARDZIK para gravação nos “Pathé Sudios” (rua Magellan, próxima do “Champs-Elysées”), mas ante a demora do pianista em comparecer, um telefonema para o Hotel Madeleine na Rua Saint Benoit levou o gerente deste a encontrar TWARDZIK morto por overdose, sendo que a porta do apartamento onde estava hospedado teve que ser arrombada, já que ele a havia trancado por dentro.
As seguintes gravações nos permitem apreciar a arte de TWARDZIK:
-   “Richard Twardzik em Trio”, 1954, “Pacific Jazz”, depois “Mosaic Records”;
-   “Chet Baker In Europe”, pela “Pacific Jazz”, 1955;
-   “The Last Set”, “Pacific Jazz”, 1962;
-   “1954 Impovisations”, “New Artists”, 1954;
-   “Chet Baker With Dick Twardzik”, “Lone Hill Jazz”, 2004;
-  “Chet Baker Quartet Featuring Dick Twardzik – The Lost Holland Concert – September 18, 1955”, selo “RLR”, 2006. 
Pode-se apreciar a técnica, o feeling e a perfeição de TWARDZIK em 02 momentos via Internet:   comentários com base no já citado “Richard Twardzik Trio” pelo selo “Pacific Jazz” com o título “The Last Set, Pacific Jazz Records, Partes 1 (8’06”) e 2 (9’39”)”, além de, em companhia do grande Russ Freeman, deliciar-nos com o clássico “I Remember April”.
Como pianistas favoritos TWARDZIK cultuava Art Tatum, Bud Powell, Walter Gieseking, Claudio Arrau e Vladimir Horowitz;   essa miríade de influências pode ser apreciada nas suas magníficas gravações (ainda que poucas).
Tratou-se de um pianista super-dotado que atuava e compunha com soluções harmônicas próprias, muito pessoais, singulares na história do JAZZ e que, com certeza e infelizmente pela droga, nos negou toda uma história de beleza e criação.

Retornaremos com o pianista JOE  SULLIVAN

Um comentário:

MARIO JORGE JACQUES disse...

òtimo pianista já esteve no pod 397, vou reprogramá-lo mais adiante agora com Chet Baker, valeu