Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

28 agosto 2017

Série   “PIANISTAS  DE  JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
38ª Parte (inicial)
(38)  ART TATUM   Desafio/Fonte Para Todos  (Resenha longa) 

Art Tatum Jr, ART TATUM,  nasceu na cidade de Toledo, estado de Ohio (cuja capital é Columbus) em 13 de outubro de 1910, vindo a falecer pouco após completar 46 anos, no dia 05 de novembro de 1956 em Los Angeles, California.
Poucos pianistas contemporâneos ou posteriores a TATUM não o tomaram como modelo e, com certeza, como um desafio a ser superado.  Não por poucos motivos a coleção  “Gigantes do Jazz” em seu volume nº 11 (Editora Abril, 1980, 08 páginas e 01 LP com 12 faixas), intitula-o “O Deus do Piano”, de certa forma reportando-se ao título a ele dado por “Fats” Waller.
Com tudo isso e em 1955 o crítico francês André Hodeir criou forte polêmica com muitos pianistas, principalmente Billy Taylor, o grande pianista e professor, afirmando que “a grande técnica de TATUM estava a serviço de um pensamento muito débil”.  Crítica  e opinião que o tempo varreu !
“En la escalada armamentistica del virtuosismo que impulso el JAZZ en los años treinta, ningún interprete fué más deslumbrante que ART TATUM.    El piano tenia una historia de virtuosos, pero ninguno se aproximó a los niveles de pura aptitude atlética que TATUM soltaba con tanta naturalidade.     Se hizo algo tan natural que el mismo parecia aburrirse de su propia maestria, passando a toda velocidade por una procesión de marcados contrastes en tiempo y estilo que cambiaban cada pocos compases, bajo una cascada de arpegios que caian como confeti” (JAZZ – La Historia Completa, 2007, 528 páginas, Ediciones Robinbook, editoria de Julia Rolf).
ART TATUM não foi um “revolucionário” no sentido de evolução do JAZZ (como Louis Armstrong ou Charlie Parker), mas situou-se como independente dos estilos anteriores ao sintetizá-los pela expansão do instrumento,  o piano, em todas as suas possibiidades.  Se, em nenhum momento o raciocínio de TATUM desvia-se da estrutura do tema em execução, ele passeia pela melodia, sendo que em alguns momentos o ritmo é, se tanto, sugerido  -  as cascatas de notas são presença permanente, impossíveis de transcrição para a pauta.
Assim é lógico enquadrar TATUM entre os “clássicos”, mas é com todo o mérito que se reconhece em suas “audácias harmônicas” a origem de algumas das inovações do JAZZ moderno.
Ele tinha como seus “favoritos” nada menos que Willie “The Lion” Smith, Earl Hines e “Fats” Waller;    este ultimo tão admirado por TATUM que lhe chamava de “Mr. Piano”.
ART TATUM foi atacado por um cegueira quase total (cataratas) ainda na infância e,  após sucessivas cirurgias, conseguiu recuperar visão parcial em um dos olhos;   em uma estúpida briga de rua sofreu pancadas no “olho bom”, novamente retornando à condição anterior, o que lhe permitia distinguir apenas “grandes formas” ao longe e, muito de perto, pequenos objetos.    Seus amigos mais próximos afirmavam que ele conseguia ver com apenas um dos olhos
A família de ART TATUM era constituída de músicos amadores, que levaram o adolescente a estudar em instituto da capital, Columbus.  De início ele estudou violino, migrando após para o piano e,  mesmo não possuindo dedos dotados para o instrumento (eram curtos e grossos), suas mãos alcançavam com facilidade intervalos de 12 teclas brancas.
TATUM tocou de ouvido por largo período, mas depois aprendeu a decifrar música pelo sistema BRAILE o que, associado a uma memória prodigiosa (uma única leitura era o  bastante para memorizar qualquer melodia definitivamente), permitiam-lhe navegar com total autoridade pelo tema em execução.   Ele estudou música clássica durante 04 anos e conta-se que a partir daí seu professor não prosseguiu com as  aulas, dizendo-lhe que  “até aqui pude te ensinar mas, daqui em diante, tu me ensinas”.
Fato ou anedota TATUM com apenas 16 anos era músico atuante nos clubes locais e, com 18 anos, foi contratado pela emissora WSPD de Toledo para um programa diário de 15 minutos  -  corria o ano de 1928 e, logo após, esse programa passou a ser transmitido pela rede NBC para todos os U.S.A.;     assim, e sem sair de sua terra natal, TATUM ganhou reputação nacional.

Retornaremos nos próximos dias

Um comentário:

MARIO JORGE JACQUES disse...

Carissimo Pedro sempre fui fã de Tatum com técnica inigualavel, o que muitos críticos divergem é sobre suas improvisações, são pouco elaboradas mantendo-se sempre dentro da melodia, mas pra mim é seu estilo e me dá enorme prazer em ouví-lo. Aguardemos a 2a. parte de sua biografia
abração