Série “PIANISTAS DE
JAZZ”
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
38ª Parte (inicial)
(38) ART TATUM
Desafio/Fonte Para Todos (Resenha
longa)
Art
Tatum Jr, ART TATUM, nasceu na cidade de Toledo, estado de Ohio
(cuja capital é Columbus) em 13 de outubro de 1910, vindo a falecer pouco após
completar 46 anos, no dia 05 de novembro de 1956 em Los Angeles, California.
Poucos
pianistas contemporâneos ou posteriores a TATUM
não o tomaram como modelo e, com certeza, como um desafio a ser superado. Não por poucos motivos a coleção “Gigantes do Jazz” em seu volume nº 11
(Editora Abril, 1980, 08 páginas e 01 LP com 12 faixas), intitula-o “O Deus do
Piano”, de certa forma reportando-se ao título a ele dado por “Fats” Waller.
Com
tudo isso e em 1955 o crítico francês André Hodeir criou forte polêmica com
muitos pianistas, principalmente Billy Taylor, o grande pianista e professor,
afirmando que “a grande técnica de TATUM
estava a serviço de um pensamento muito débil”. Crítica
e opinião que o tempo varreu !
“En
la escalada armamentistica del virtuosismo que impulso el JAZZ en los años
treinta, ningún interprete fué más deslumbrante que ART TATUM. El piano tenia
una historia de virtuosos, pero ninguno se aproximó a los niveles de pura
aptitude atlética que TATUM soltaba
con tanta naturalidade. Se hizo algo
tan natural que el mismo parecia aburrirse de su propia maestria, passando a
toda velocidade por una procesión de marcados contrastes en tiempo y estilo que
cambiaban cada pocos compases, bajo una cascada de arpegios que caian como
confeti” (JAZZ – La Historia Completa, 2007, 528 páginas, Ediciones
Robinbook, editoria de Julia Rolf).
ART TATUM não
foi um “revolucionário” no sentido de evolução do JAZZ (como Louis Armstrong ou Charlie Parker), mas situou-se como
independente dos estilos anteriores ao sintetizá-los pela expansão do
instrumento, o piano, em todas as suas
possibiidades. Se, em nenhum momento o
raciocínio de TATUM desvia-se da
estrutura do tema em execução, ele passeia
pela melodia, sendo que em alguns momentos o ritmo é, se tanto, sugerido - as
cascatas de notas são presença permanente, impossíveis de transcrição para a
pauta.
Assim
é lógico enquadrar TATUM entre os
“clássicos”, mas é com todo o mérito que se reconhece em suas “audácias
harmônicas” a origem de algumas das inovações do JAZZ moderno.
Ele
tinha como seus “favoritos” nada menos que Willie “The Lion” Smith, Earl Hines
e “Fats” Waller; este ultimo tão
admirado por TATUM que lhe chamava
de “Mr. Piano”.
ART TATUM
foi atacado por um cegueira quase total (cataratas) ainda na infância e, após sucessivas cirurgias, conseguiu
recuperar visão parcial em um dos olhos;
em uma estúpida briga de rua sofreu pancadas no “olho bom”, novamente
retornando à condição anterior, o que lhe permitia distinguir apenas “grandes
formas” ao longe e, muito de perto, pequenos objetos. Seus amigos mais próximos afirmavam que ele
conseguia ver com apenas um dos olhos
A
família de ART TATUM era constituída
de músicos amadores, que levaram o adolescente a estudar em instituto da
capital, Columbus. De início ele estudou
violino, migrando após para o piano e,
mesmo não possuindo dedos dotados para o instrumento (eram curtos e
grossos), suas mãos alcançavam com facilidade intervalos de 12 teclas brancas.
TATUM
tocou de ouvido por largo período, mas depois aprendeu a decifrar música pelo
sistema BRAILE o que, associado a uma memória prodigiosa (uma única leitura era
o bastante para memorizar qualquer melodia
definitivamente), permitiam-lhe navegar com total autoridade pelo tema em execução. Ele estudou música
clássica durante 04 anos e conta-se que a partir daí seu professor não
prosseguiu com as aulas, dizendo-lhe que “até aqui pude te ensinar mas, daqui em
diante, tu me ensinas”.
Fato
ou anedota TATUM com apenas 16 anos era
músico atuante nos clubes locais e, com 18 anos, foi contratado pela emissora
WSPD de Toledo para um programa diário de 15 minutos -
corria o ano de 1928 e, logo após, esse programa passou a ser
transmitido pela rede NBC para todos os U.S.A.; assim, e sem sair de sua terra natal, TATUM ganhou reputação nacional.
Retornaremos nos próximos dias
Um comentário:
Carissimo Pedro sempre fui fã de Tatum com técnica inigualavel, o que muitos críticos divergem é sobre suas improvisações, são pouco elaboradas mantendo-se sempre dentro da melodia, mas pra mim é seu estilo e me dá enorme prazer em ouví-lo. Aguardemos a 2a. parte de sua biografia
abração
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