Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho)*in memoriam*; David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels)*in memoriam*,, Pedro Cardoso (o Apóstolo)*in memoriam*, Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge), Geraldo Guimarães (Gerry).e Clerio SantAnna

A BARONESA DO JAZZ

29 agosto 2017

Todo amante do jazz deveria conhecer melhor essa grande mulher que deixou um capítulo destacado na história do jazz moderno, sem ser músico.
Após alguns anos de publicação, um livro estreitamente ligado à história do jazz, o Nica's Dream, de David Kastin, tornou-se um sucesso de vendas em ambos os lados do Atlântico.
O jazz esteve longe de ter laços estreitos com as aristocracias mundiais, exceto no caso notável da multimilionária Baronesa Kathleen Annie Pannonica Rothschild, a "Nica", nascida em uma das famílias mais ricas e aristocráticas da Inglaterra, pilotava seu próprio avião através dos céus da Grã-Bretanha, lutou ao lado da resistência francesa na Segunda Guerra Mundial e teve cinco filhos. Ela morou mais de duas décadas em Nova York, onde foi uma grande protetora e amiga dos músicos de jazz da era do be-bop, cool e hard bop. Uma patronesse do século XX, ingredientes ideais para uma biografia fascinante.
"Nica", que aparece na literatura de Julio Cortázar, foi apelidada por seus amigos e protegidos como Thelonious Monk, Charlie Parker, Sonny Rollins e outros dos pioneiros do jazz moderno.
A biografia, intitulada "Nica's Dream", foi escrita por David Kastin e custa menos de US$ 20 (pode ser comprado como um livro ou para kindle via Amazon). Ele narra sua vida intensa desde os seus jovens anos no Reino Unido, sua luta ao lado da resistência durante a Segunda Guerra Mundial e seu relacionamento com o movimento bebop, quando ele se mudou para Manhattan.
Por que há muitas composições de jazzistas dedicadas à baronesa? Por exemplo: "Nica's Dream" de Horace Silver; "Nica's Tempo" de Gigi Gryce; "Nica" de Sonny Clark; "Para Nica" de Kenny Dorham; "Blues For Nica" de Kenny Drew; "Pannonica" de Thelonious Monk; "Nica Steps Out" de Freddie Redd; "Thelonica" de Tommy Flannagan; "Inca" de Barry Harris.
A razão é que, durante duas décadas, Nica se socializou com músicos de jazz, poetas e escritores "beat" (beatniks) e tornou-se famosa por dirigir seu Silver Rolls-Royce até os clubes de jazz, para ouvir seus músicos amigos e protegidos aos quais ajudou financeiramente e moralmente em muitas ocasiões. Não houve noite em que Nica não visitasse os locais de jazz para ouvir e compartilhar com seus amigos músicos. Nunca aconteceu nada com seu carro elegante que deixava estacionada à frente dos clubes até o amanhecer, porque todos naqueles bairros a respeitavam e a apreciavam. Ela deu apoio financeiro e recebeu constantemente em seu luxuoso hotel (e depois em casa) os Jazz Messengers, Sonny Rollins, Charlie Parker, Horace Silver, Thelonious Monk e dezenas de músicos de quem era também sua amiga e mentora.
Os tablóides a fizeram famosa em suas primeiras páginas quando seu grande amigo Charlie Parker morreu em seu apartamento e se tornou uma personalidade, juntamente com o crescimento da fama de Thelonious Monk, o principal de seus amigos do jazz, a quem e sua família foi ajudada por Nica por muitos anos.
"Nica" apareceu em filmes, documentários de televisão e outros livros, mas esta é a primeira biografia para cobrir toda a vida com muitos detalhes e informações bem pesquisadas.
Em outubro de 2006 (Nica morreu em 1988), uma editora francesa publicou o livro Les Musiciens De Jazz Et Leurs Trois Vœux (músicos de jazz e seus três desejos), compilado pela baronesa entre 1961 e 1966, período em que entrevistou 300 músicos do gênero, perguntando a cada um quais eram seus três desejos. O texto do livro vem acompanhado das famosas fotografias que Nica costumava tirar nos ambientes de jazz com sua câmera Polaroid. Há uma versão em inglês da peça: Three Wishes: an Intimate Look at Jazz Greats.
Suas fotografias foram exibidas em inúmeros festivais de arte e música.
Sua neta Hannah Rothschild - uma jornalista da BBC - também publicou um livro menor sobre ela, que resume um excelente documentário de TV que ela fez para a BBC e para HBO, que podem ser encontrados hoje em formato DVD. Hannah nunca conheceu sua avó e queria investigar sua vida e esses anos de jazz prolíficos em Nova York. O documentário em DVD é chamado "The Jazz Baroness" e o livro "The Baroness: The Search for Nica, The Rebellious Rothschild".
COM MILES DAVIS

COM THELONIOUS MONK
Silver Rolls-Royce 




(traduzido e adaptado do blog Noticias de Jazz)

2 comentários:

pedrocardoso@grupolet.com disse...

Estimado MÁRIO JORGE:

Comprei o livro há cerca de 02 meses e lí em 02 dias.
Recomento sem restrições.
A neta de NICA, HANNA ROTHSCHILD, jornalista, autora do livro lançado no Brasil em 2012, Editora Schwarcz, 263 páginas, deixa-nos dúvidas sobre a estranha relação de NICA / MONK / mulher de MONK e desvenda virtudes e fixações da Baronesa.

PEDRO CARDOSO

Anônimo disse...

Sempre ouvi flar dela e da morte do Parker em seu apartamento, cena retratada em um ou mais filmes sobre o jazz. Vou atrás do livro para ter mais detalhes dessa benfeitora e amante do jazz e de seus expoentes à época. Obrigado, MaJor, pela dica!
Grande abraço.
Mau Nah