Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

23 janeiro 2017

THE GREAT JAZZ PIANISTS
Da autoria de Len Lyons, edição da Da Capo Press, USA, 1983, 321 páginas, o livro “The Great Jazz Pianists” é, sem dúvida, um dos melhores e mais importantes livros sobre o piano no JAZZ.
Inicialmente o Autor percorre a trajetória dos pianistas na “swing era”, no “bebop”, a fase “moderna”, o “funky”, o “modal”, a “finesse”, enfim, são focadas todas as inovações e transformações dos pianistas ao longo de mais de 08 décadas.
Depois, e ai o escopo da obra, o Autor entrevistou a nata dos pianistas para conhecer suas origens, seu aprendizado, suas memórias, suas histórias, suas abordagens nos exercícios do dia-a-dia. Os entrevistados, entre outros, foram Teddy Wilson, Mary Lou Williams, John Lewis, George Shearing, Dave Brubeck, Ahmad Jamal, Horace Silver, Oscar Peterson, Red Garland, Jimmy Rowles, Marian McPartland, Billy Taylor, Jaki Byard, Ramsey Lewis, Randy Weston, Bill Evans, McCoy Tyner, Toshiko Akiyoshi, Chick Corea, Herbie Hancock e Keith Jarrett - verdadeiro caleidoscópio de talentos.
No capítulo dedicado a Ahmad Jamal este afirma ao falar das influências recebidas que Erroll Garner “was an orchestra within himself....he always played that way.....he’s from the impressionistic school of the rank of Ravel or Debussy…..”.
É livro recomendado sem restrições mas, ao contrário, com entusiasmo. 

Série “PIANISTAS DE JAZZ”
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
24ª Parte
(25)(c)      ERROLL GARNER      Excelência sem estudo    -   Sequência 
Em 1955 GARNER integra o “Birdland All-Stars”: ele mais Sarah Vaughan, Count Basie, George Shearing, Lester Young, Stan Getz e outros.
No dia 19 de setembro de 1955 GARNER realiza memorável apresentação em Carmel, Califórnia, no auditório de uma velha igreja em estilo gótico e com acústica perfeita, para uma platéia composta quase que exclusivamente de fans: felizmente essa apresentação foi imortalizada no LP “Concert By the Sea”, técnica e jazzisticamente superior, com destacado êxito de vendas. GARNER em trio (Denzil Best bateria e Eddie Calhoun no baixo) mostra nas faixas “Autumn Leaves”, “I’ll Remember April”, “Red Top”, “Where Or When” e nas demais que integram a gravação, a quintessência de sua arte tão pessoal. As aberturas que estimulam o clima para o público são pérolas de criação.
Em agosto de 1956 a revista “Down Beat” publica entrevista de ERROL GARNER concedida a Ralph J. Gleason (republicada no número de novembro de 1995), em que o músico afirma que:
“......não sou Art Tatum, não sou Bud Powell; limito-me a tocar o que agrada aos meus ouvidos, na esperança de que o público fique encantado; tudo aquilo que é feito com ritmo e muito swing, tem que ser maravilhoso.........”
Entre setembro de 1956 e maio de 1957 GARNER grava em estúdio com orquestra. 
Durante 1957 GARNER se exibe em Cleveland e Cincinnati com orquestras sinfônicas, o que já não constituía novidade, uma vez que o pianista nutria profundo interesse pela música clássica, devendo lembrar-se que havia gravado anteriormente (julho de 1949) e para o selo Atlantic, peças como “Pavanne”(Ravel) e “Reverie”(Debussy).
Em 1962 GARNER constituiu a sua gravadora, a “OCTAVE Records”, que a partir daí passou a publicar suas gravações, sempre à base de clássicos do populário americano.
A essa altura e como acontece com artistas na crista do sucesso, ERROLL GARNER passa a desenvolver intensa e praticamente ininterrupta atividade, com apresentações em concertos, salas de espetáculos e teatros e, em particular, como participante cativo dos festivais de JAZZ (“remember Newport”, como o mais importante em ternos de JAZZ).
Em 1970 GARNER excursiona pela América do Sul: apresenta-se no Rio de Janeiro (vide “Apêndice III”) a 10 de julho no Teatro Municipal (era então Administrador do teatro o Comendador Pedro Lauria, meu avô paterno), seguindo no dia seguinte para São Paulo, onde realizou 03 apresentações de 12 a 15 de julho. Então ainda se comemorava a conquista da IX Copa do Mundo de Futebol no México, no dia 21 de junho (Brasil 4 x Itália 1). 
Em 1972 vai à Austrália e ao Oriente: sempre platéias lotadas, exigentes e plenas de expectativa, às quais GARNER sempre soube retribuir e encantar com apresentações de gala, permanentemente sentado em grossa lista telefônica (de preferência a de Manhattan) e, como exigência desde 1957, recebendo a luz cor-de-rosa dos projetores, sobre sua figura imaculadamente vestida e seu penteado com brilhantina. 
A crítica, sempre a crítica, nessa fase, é que GARNER sacrificava parte de sua arte pelo espetáculo, repetindo-se desde meados dos anos 50, buscando acima de tudo agradar ao público(parece que a crítica esquecia o que então eram as apresentações de Louis Armstrong). Mas ERROLL GARNER não era apenas “espetáculo” (como se isso fosse um mal em si, sabendo-se que seus espetáculos, muito acima e além da crítica, eram exibições de beleza e de técnica, o mais das vezes incompreensíveis para essa crítica, ou seja lá a alcunha que se lhe dê). 
Em março de 1968 volta a gravar com sucesso e arte, registrando para a etiqueta "MGM" o album “Up In Erroll’s Room”, com arranjos de Don Sebesky e, à frente de Pepper Adams, Jimmy Cleveland, Bernie Glow, Don Butterfield e Jerome Richardson, desfila as faixas “I Got Rhythm”(cuja introdução é mais uma pérola de GARNER), “Watermelon Man” e outras.
Em 1971 GARNER é o autor da trilha sonora do primeiro filme dirigido por Clint Eastwood, “Play Misty For Me”.
Em 1972 ERROLL GARNER é a figura de maior destaque no festival “Pescara Jazz”, na Itália.
Em outubro de 1973 ele grava pela última vez, em New York, formando quarteto com Bob Cranshaw, Graddy Tate e o percussionista José Mangual.
Em fevereiro de 1975 e no “Kelly’s” de Chicago, GARNER faz sua derradeira apresentação em público.
Em 15/outubro/1976 e por ocasião de seu 55º aniversário, GARNER é homenageado pela Câmara dos Representantes do Congresso americano (vide “Apêndice II”). 
Ainda no final desse ano de 1976 GARNER foi internado no “Memorial Hospital” de Chicago com diagnóstico de pneumonia virótica mas, na realidade, foi detectado um câncer pulmonar. Seus últimos meses foram carinhosamente acompanhados por sua última companheira, Rosalyn Noisette(e GARNER sempre manteve sua vida particular afastada do público e dos meios de comunicação, sabendo-se somente que gostava de cozinhar, de assistir boxe, de jogar golfe e de seu cão de estimação) e por sua empresária Martha Glaser, que o assistiu em seu momento derradeiro, vítima de ataque cardíaco: 55 anos, dia 02 de janeiro de 1977.
Foi Martha Glaser quem assumiu o material discográfico de ERROLL GARNER(parte dele inédito), passando a editá-lo pela etiqueta TELARC(originalmente esse material pertencia ao selo OCTAVE Records, de propriedade de GARNER).
O funeral de ERROLL GARNER foi realizado em sua terra natal, na Catedral de Pittsburgh, em 07 de janeiro, ao qual compareceram centenas de personalidades, entre as quais o Presidente dos U.S.A., Jimmy Carter.
A missa do funeral foi encerrada com a saída do cortejo da Catedral, ao som das notas de “Misty”.

Prosseguiremos nos próximos dias com resumos das “Bibliografia”, “Filmografia” e “Discografia “, mais “Apêndices” (Apêndice II - Homenagens a ERROLL GARNER e Apêndice IIIERROLL GARNER no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e jornais)

Nenhum comentário: