Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

25 agosto 2015

Série   PIANISTAS  DE  JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
17ª Parte
(22)     ART HODES   -   Professor e palestrante         (Resenha longa)
Arthur W. Hodes, ART HODES, pianista, historiador, escritor e professor de JAZZ tornou-se cidadão norte-americano mas nasceu na cidade de Nikoliev (sul da Ucrânia)  na Rússia em 14/novembro/1904, filho de casal que participava de corais russos, vindo a falecer com 88 anos em 03/março/1993 no Ingalls Memorial Hospital de Harvey, Illinois e após cirurgia vascular.   Além da esposa Jan ele deixou 03 filhas (Janet Gordley, Karen Sullivan e Margaret Figueroa), 02 filhos (Robert W. Hodes e Daniel R. Hodes), 12 netos e 02 bisnetos.two sons, Daniel R. Hodes and Robert W. Hodes, 12 grandchildren and two great-grandchildren.
A família de imigrantes aportou nos U.S.A. em 1905 (ART HODES então com 06 meses de idade), estabelecendo-se em Chicago/ Illinois (“the windy city”) a partir de 1909, onde ART HODES passou sua infância.
Muito se pode escrever sobre Chicago mas, em resumo, a cidade foi descoberta em 1673 por  Jacques Marquette (padre jesuíta francês) e Louis Jolliet (explorador e cartógrafo canadense), primeiros europeus a cruzar a região, guiados por indios amigos.     Foi palco de grandes acontecimentos, podendo citar-se:
-  em 1795 lá foi assinado o "Tratado de Pazz Greenville" pelo General Anthony Wayne - apelidado de "Mad Anthony" - com as tribos indígenas;
-  foi incorporada como cidade em 12/agosto/1833;
-  durante a Gerra Civil americana (12/abril/1861 à primavera/1965), foi um dos centros nervosos das operações  militares;
A denominação  “Chicago” é de origem indígena, ainda que não se saiba exatamente de que tribo.   Existem muitas teorias sobre o assunto, mas os historiadores mais conceituados afirmam que a palavra significa  “grande”,  “forte”,  tal como os índios se referiam ao Rio Mississipi, afirmando que seu ruido era o do  “grande Manitou”.
Com 12 anos ART HODES iniciou sua educação musical na “Jane Addam’s Hull House”. 
Parte do contato de ART HODES no JAZZ se deve à oportunidade de poder ouvir Benny Goodman, Gene Krupa e outras figuras importantes do  JAZZ em Chicago, então tradicionalistas, pré-swing.    Esses contatos foram ampliados até os 16 anos (1920) em que  HODES já tinha escutado e aprendido muito da linguagem e da sintaxe do JAZZ em função da proximidade com os grandes músicos que circulavam pela “cidade dos ventos”:  Jelly Roll Morton, Joe “King” Oliver e Louis Armstrong, entre outros.  Com certeza foi bastante influenciado pelo canto da grande Bessie Smith.
Em 1923 ele realizou sua estréia profissional nos “Rainbow Café” (na verdade um apartamento localizado na “West Madison Street” onde ele tocava para cantoras divertirem clientes).   ART HODES afirma que ganhava US$ 35.00 de salário e bônus adicional semanal de US$ 14.00.    Foi uma época em que ele  já possuía um carro,  usava boas roupas e sempre tinha dinheiro no bolso (“An Autobiography Of Black Jazz”, Dempsey J. Travis, 1983, 543 páginas, longa entrevista com ART HODES nas páginas 380-387).
Sua real e proveitosa iniciação para o JAZZ ocorreu em 1927 e deveu-se ao banjoísta Earl Murphy, que possuía farta coleção de gravações de Louis Armstrong e Bix Beiderbecke, que tocava constantemente.  ART HODES passou a estudar os solos desses “Mestres”, seus ritmos, acordes;   mais adiante ouviu Earl Hines e Jimmy Noone em “Sweet Lorraine”. 
Após realizar curta temporada nos “Wolverines”, tornou-se o pianista titular em 1927 e após a saída de Bix Beiderbecke.
Em 1927 HODES tocou com o grupo de Wingy Manone (com o qual registrou sua primeira gravação e estabeleceu laços por longo tempo) e durante boa parte da década de 1930 atuou em Chicago com Gene Krupa, Muggsy Spanier, Bud Freeman, Floyd O’Brien e Frank Teschemacher, mas ainda era pouco conhecido e conceituado.   Na mesma entrevista citada anteriormente ART HODES nos conta que era uma época difícil para viver de música, em função da  crise  de 1929
Tocou com o grupo do cantor e saxofonista Floyd Townes, foi pianista na formação do baterista Frank Snyder e apresentou-se em solo e com grupos próprios nos clubes de Chicago.
Com 34 anos e em 1938 HODES mudou-se para New York e realizou importantes gravações  com Mezz Mezzrow e Joe Marsala, o que lhe deu certa projeção.   A essa altura a “Rua 52” iniciava sua conversão para tornar-se a meca do JAZZ.
Na década de 1940 ele capitaneou diversos grupos voltados para o “blues” e o JAZZ tradicional, sem aderir ao então emergente “bebop”, fincando pé no tradicionalismo.
Foi “disc.jockey” de JAZZ em programa da rádio “WNYC” (apresentava  e comentava gravações de JAZZ, apresentava grupos ao vivo e, também, executava alguns temas ao  piano), publicou de fevereiro de 1943 a novembro de 1947 a revista “The Jazz Record”, mesmo título de sua gravadora, o que à época foi ação pioneira  -  primeiro músico JAZZ a possuir gravadora própria  -  utilizando-a para impulsionar gravações para  o selo Blue Note, ai incluída sessão com Sidney Bechet.
Teve artigos seus publicados nas revistas especializadas “Second Line”, “Jazz Revieuw” e “Chicago Tribune”.
No ano de 1949 ele fez parte da banda do clarinetista Tony Parenti.
Em 1950 ART HODES retornou para Chicago e passou a lecionar JAZZ no subúrbio  de Park Forest, onde também fixou residência, sempre educando e escrevendo sobre JAZZ.
Na década de 1960 ele manteve coluna mensal sobre JAZZ na “Down Beat”, além de  excursionar por todos os U.S.A. com suas apresentações denominadas "Sounds Of Jazz" (palestras e concertos de piano).
ART HODES também  teve oportunidade de  trabalhar na televisão no final dos anos 1960, onde ganhou um “EMMY” como autor do blues “Plain Ol”.   
Seus programas intitulados “Jazz Alley” eram sempre baseados no estilo Chicago, chegando a apresentar músicos da talha de Pee Wee Russell e Jimmy McPartland,  assim como apresentou em um dos programas “Pops” Foster.
Também realizou mais de um programa com a participação de Wild Bill Davison.
Simultaneamente com o trabalho na televisão ART HODES impulsionou seu trabalho como professor,  dando aulas de piano no onservatório “Park Forest”, próximo à sua residência.
No final de 1970 (outono) ele realizou temporada na Dinamarca e, retornando aos U.S.A. realizou larga temporada com o espetáculo “Stars Of Jazz Concert”, levando a tiracolo Barney Bigard, Eddie Condon e Wild Bill Davison.
Em dezembro de 1972 ele teve artigo seu publicado na importante revista “Esquire”.
Em 1973 realizou uma série de concertos com Jimmy McPartland e na metade da década de 1970 foi a vez da Europa revê-lo,
A carreira de ART HODES teve um “renascimento” no final da década de 1970 e início da de 1980, em função das críticas altamente entusiasmadas e do público nas suas apresentações em Chicago e New York em clubes e boates sempre lotadas (do nível da “Hanratty”), assim como no “Kool Jazz Festival”, o que o levou a prosseguir com essas apresentações até sofrer seguidos problemas de articulação e pouco antes  de seu falecimento.
Em maio de 1989 participou também da turnê denominada “A tour, the Legends of American Dixieland, followed in May 1989 with the same line-up.Legends Of American Dixieland”, com os mesmos  acompanhantes.
ART HODES tocou e gravou com dezenas de músicos de JAZZ, podendo destacar-se entre os principais  Louis Armstrong, Gene Krupa, Wingy Manone, Mugsy Spanier, Joe Marsala, Mezz Mezzrow, Sidney Bechet, Albert Nicholas, Wild Bill Davison e Vic Dickenson:   uma constelação ! ! !
É dificil definir o estilo pianístico de ART RODES, já que para o “stride” (remember Earl Hines) falta-lhe a força necessária na mão esquerda, ao passo que no “boogie-woogie” tem uma característica muito pessoal.   É acima de tudo um “bluesman”, com acordes em que os trêmolos sustentam muito bem o som da “linha de frente” (sopros), seja nos solos, seja nos “ensembles”;  enquanto solista carrega na intensidade e na precisa definição das notas. 
Em 1998, portanto cinco anos após seu falecimento, teve seu nome agraciado com a  inclusão no “Jazz Hall Of Fame”.
Entre suas dezenas de gravações podemos alinhar:
-           The Jazz Record Story, selo Jazzology, 1943–1946;
-           Tribute to the Greats, selo Delmark, 1976–1978, piano.solo;
-           Pagin' Mr. Jelly, selo Candid, 1988;
-           Keepin' Out Of Mischief  Now, selo Candid, 1988;
-           Art Hodes Blue Five and Six, selo Jazzology, 1987;
-           South Side Memories, selo Sackville ;
-           Blues in the Night, selo Sackville;
-           Together Again With Wild Bill Davison & John Petters, selo CMJ;
-           Sensation - With John Petters & Trevor Whiting, selo CMJ;
-           Coalition - With Wild Bill Davison & John Petters, selo Jazzology;
-           The Duets, selo Solo Arts, 2000;
-           I Remember Bessie, selo Delmark,  2013.
JazzoO pianismo, a técnica e o “feeling” de ART HODES podem ser muito bem apreciados na excelente coletânea de 03 DVD’s “ART HODES  -  JAZZ ALLEY” (claro que o título é oriundo da série de televisão dos anos 1960 “JAZZ ALLEY”) do selo Storyville Films, 2004, em que ao longo de 39 temas e com acompanhantes de peso ele nos mostra, em ambiente próprio, toda a sua versatilidade, sua característica maior nos “blues”, seu maior reduto.  Assim temos:
DVD volume 1
1ª Parte   -   ART HODES ao piano, Jimmy McPartland (trumpete), Pee Wee Russell (clarinete), Harry Hawthorne (baixo) e L.R.Wilson (bateria), nos temas “China Boy”, “St. James Infirmary”, “Oh! Baby”, “Meet Me In Chicago” e “Sugar”
2ª Parte   -   ART HODES ao piano, Doc Evans (trumpete) e Bob Cousins (bateria), nos  temas “Yoy Took Advantage Of Me”, “Singing’ The Blues”, “Once In A While”, “Squeeze Me”, “I Thought I Heard Buddy Bolden Says”, “Wolverine Blues”, “Everybody Loves My Baby” e “Sugar”
DVD volume 2
1ª Parte   -   ART HODES ao piano, George Brunies (trombone), Nappy Trottier (trumpete), Jimmy Granato (clarinet), Truck Parham (baixo) e Monty Mountjoy (bateria), nos temas “I Found A New Baby”, “Blues”, “Jazz Me Blues”, “Pearl Of Blues” e “Tiger Rag”
2ª Parte   -   ART HODES ao piano, Bud Freeman (sax.tenor), Bob Cousins (nessa parte no baixo) e R.Wilson (bateria), nos temas “Sunday”, “Sweet Sue”, “You Took Advantage Of Me”, “Dinah”, “Three Little Words” e “Blues”
DVD volume 3
1ª Parte   -   ART HODES ao piano, J.C.Higginbotham (trombone), Smokey Stover (trumpete), Tony Parenti (clarinete), Eddie Condon (banjo), R.L. ‘Rails’ Wilson (baixo) e Harry Hawthorne (bateria), nos temas “Squeeze Me”, “Ballin’ The Jack”, “Someday Sweetheart”, “I Got That Old Fashioned”, “Love In My Heart”, “Royal Garden  Blues” e “Blues”
2ª Parte   -   ART HODES ao piano, Barney Bigard (clarinete), R.L. ‘Rails’ Wilson (baixo) e Bob Cousins (bateria) nos temas “Squeeze Me”, “Rose Room”, “High Society”,  “Sweet Lorraine”, “Perdido”, “Blues”, “C Jam Blues”, “Caravan” e “When It’s Sleepy Time Down South”
O estojo  THE HISTORY OF PIANO JAZZ” do selo Le Chant Du Monde, 10 CD’s, produção alemã, brinda-nos no CD nº 5 com ART HODES em piano solo nos temas “South Side Shuffle” de sua autoria (gravação de 1939) e “Organ Grinder Blues” de Clarence Williams (gravação de 1940).

Prosseguiremos  nos  próximos  dias

Um comentário:

MARIO JORGE JACQUES disse...

Não tenho nada de Hodes vou procurar e colocar em um podcast. De vez em quando precisamos nos lembrar de algum músico esquecido, afinal são milhares!!!!
Valeu Pedrão