Série “PIANISTAS DE
JAZZ”
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
15ª Parte
(20)
RAY BRIANT
- O Blues Sempre À Flor Da Pele (Resenha longa)
Raphael
Hommer Bryant, RAY BRYANT, pianista
norte-americano, nasceu na Filadélfia, estado
da Pensilvania, em 24/dezembro/1931 no seio de família musical: a mãe e a irmã (Vera) são pianistas, enquanto que o irmão Tommy é contrabaixista,
instrumento com o qual RAY se inicia
na escola até alcançar o nível secundário, já então dedicando-se ao piano.
É
como pianista e aos 15 anos que realiza seu ingresso no mundo musical, na
orquestra de Mickey Collins. Em
seguida e durante um ano une-se ao guitarrista Tiny Grimes, para logo depois tocar
em orquestra “dixieland” (Billy Kretchmer) de 1951 até 1953.
Alcança
o posto de pianista titular “da casa” no Blue Note da Filadélfia (tendo seu irmão Tommy Bryant como
acompanhante), o que lhe abre todas as “janelas” do JAZZ: tem a oportunidade de acompanhar Charlie
Parker, Miles Davis, Dizzy Gillespie, Sonny Stitt e Sonny Rollins - uma
“universidade” que ainda por cima lhe paga para tocar ! ! !
Sonny
Rollins o convida para gravar na “Big
Apple” e em 1955 RAY BRYANT tem a oportunidade de realizar sua
primeira gravação.
A
desgraça do acidente de automóvel que vitimou o gênio Clifford Brown e seu
então pianista Richie Powell, leva RAY
a entrar para o quinteto de Max Roach onde permanece de 1956 a 1957.
RAY
integra o trio que acompanha a grande
Carmen McRae, em seguida ingressa em “combo” de Art Blakey e chega a fazer
parte de trio liderado pelo “mestre” Jo
Jones de 1957 a 1958.
No
ano de 1959 e em New York toca seguidamente com Charlie Shavers, Curtis Fuller,
Max Roach, Dizzy Gillespie e Sonny Rollins, até montar seu próprio trio.
Em
1960 sua gravação de “Little Susie”
consegue sucesso comercial.
Em
meados da década de 1960 grava com Sonny Rollins e mantem seu trio em
atividade.
No
início da década de 1970 (1972) foi pianista no Festival de Montreux e quando
sua atividade decai é incorporado pelo empresário Norman Granz à gravadora
Pablo, onde grava diversos álbuns como “sideman” e com seu trio (Sam Jones no
contrabaixo e Grady Tate à bateria).
Em
entrevistas RAY BRYANT se dizia
seguidor de Art Tatum, Teddy Wilson, Earl Hines e Bud Powell, mas na realidade
seu trabalho nos mostra um estilo linear oriundo do “gospel”, em que a mais que
desenvolvida habilidade da mão esquerda, ágil e eficaz, alternando
percussividade e relaxamento, nos remete claramente ao espírito do
“blues”.
RAY BRYANT
teve a oportunidade de gravar ao vivo na “Rutgers University” seu derradeiro
algum-solo, “In The Back Room”, somente lançado pelo selo “Evening Star” em
2008.
RAY BRYANT faleceu
com 79 anos de idade em 02/junho/2011, no Hospital Queens, em New York. Era casado com a jovem Claude Bryant e vivia
em Jackson Heights (Queens).
Tinha
01 filho (Raphael Bryant Jr.) e 01 filha Gina, além de 03 netos e 03 sobrinhos
músicos de JAZZ (filhos da irmã Vera Eubanks): o trombonista Robin Eubanks, o
guitarrista Kevin Eubanks e o trumpetista Duane Eubanks. Dessa forma e além de sua obra gravada e
filmada RAY BRYANT nos deixou
“herança viva”.
A
obra gravada de RAY é extensa e para
diversas gravadoras, destacando-se o trabalho como “sideman” ao lado de Art
Blakey (“Cubano Chant”, 1957) e de Dizzy Gillespie (“Reminiscing”, 1957) mas,
sobretudo como líder em seu sucesso de 1960 (“Little Susie”) e em:
- 1961,
selo Columbia, “Con Alma”
- 1962,
selo Columbia, "Hollywood Jazz Beat"
- 1964, selo Sue, “Groove House”, “At Basin
Street East” e “Cold Turkey”
- 1966, selo Cadet, "Gotta Travel On" e “Lonesome Traveler”
- 1967. ainda pela Cadet, “The Ray Bryant
Touch”
- 1970, selo Atlantic, “MCMLXX”
- 1976, selo Pablo, “Here's Ray Bryant” e “Solo
Flight”
- 1987, selo EmArcy, “Ray Bryant Today” e “Plays
Basie & Ellington”
- 1989, também pelo selo EmArcy, “All Mine...And Yours”
- 1991, selo Jazz Connaisseur, “Ray Bryant
Plays Blues and Ballads”
- 1994, selo EmArcy, “No Problem” e “Ray Bryant Meets Ray Brown”
- 1997, selo JVC Music, “Ray's Tribute to His
Jazz Piano Friends”
- 2008, selo Evening Star, “In The Back Room”
RAY BRYANT pode ser muito bem
apreciado no DVD “Ray Bryant ‘77” da série Norman Granz Jazz In Montreux, onde
ele nos remete ao “blues” e ao “gospel” em piano.solo e ao longo de 11 temas
clássicos: “Take The ‘A’ Train”,
“Georgia On My Mind”, “Jungle Town Jubilee”, “If I Can Just Make It”, “Into
Heaven”, “Django”, “Blues nº 8”, “Satin Doll”, “Sometimes I Feel Like A
Motherless Child”, “St. Louis Blues” e “Things Ain’t What Used To Be” -
uma apresentação de luxo, um presente para os sentidos.
Prosseguiremos nos próximos dias
Um comentário:
Grande RAY BRYANT realmente tocou com feras sendo tb uma das mesmas. Ótima resenha.
Postar um comentário