Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

12 maio 2015


Série   PIANISTAS  DE  JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
11ª Parte

 (14)       JOE  ZAWINUL   -   Austríaco multi-instrumentista   (Resenha longa)
 
 
Josef Zawinul, JOE ZAWINUL, pianista, tecladista, vibrafonista, organista, guitarrista, clarinetista, trumpetista e compositor nasceu em Viena / Austria no dia 07 de julho de 1932, vindo a falecer em sua terra natal aos 75 anos no dia 11 de setembro de 2007.      Ao falecer já era cidadão norte-americano após chegar nos U.S.A. com 27 anos (em 1959), em função de bolsa para matricular-se na “Berklee School Of Music” de Boston.
Sua infância transcorreu em uma  granja nos arredores de Viena, desde muito cedo tocando clarinete.    Aos 06 anos de idade ZAWINUL ganhou um acordeão e de forma auto-didata nele praticou até os 07 anos.
Com 08 anos ingressou no Conservatório de Viena e dedicou-se ao estudo da música clássica, do violino e do piano;  como a família não possuía piano o garoto não tinha como praticar em casa, passando a estudar também o trumpete e o vibrafone.
Com 12 anos e  em 1944 ZAWINUL e sua família sairam de Viena para escapar dos bombardeios alemães, mudando-se para a Checoslováquia onde viveram muitos anos e onde o jovem passou a estudar piano diariamente, com afinco.
Terminada a IIª Guerra Mundial o jovem e sua família retornaram a Viena;  a partir de então ZAWINUL passa a interessar-se  pelo JAZZ, muito em decorrência de ter assistido 24 vezes ao filme “Stormy Weather” (produção de 1943, direção de Andrew Stone, participações de Nat “King” Cole, Benny Carter, Lena Horne, “Fats” Waller, Cab Calloway e outros músicos). 
ZAWINUL passa a fazer parte de pequeno conjunto musical que se apresenta em festas e bailes, até que em 1952 integra a banda do saxofonista Hans Koller e conhece Friedrich Gulda no “Hot Club” de Viena.
Em 1953 teve a oportunidade de escutar Lester Young (temporada do “Jazz At The Phillarmonic” em Munique).    Em 1954 une-se ao grupo de Horst Winter e  de 1954 a 1956 vai para a orquestra de Johannes Fehring (“Fatty George Two-Sound Band”) onde é destaque no piano, no trumpete, no vibrafone e como arranjador, chegando também a exibir-se em trio nas bases militares na Europa.
Nesse intervalo, em 1955, Friedrich Gulda que havia regressado dos U.S.A. com o encargo de uma emissora de rádio, cede parte desse encargo a ZAWINUL;   este cumpre com sua parte.  Em 1957 e já desligado do grupo de Johannes Fehring ZAWINUL monta seu primeiro grupo, ao lado ao do clarinetista, saxofonista-tenor e pianista Karl Drevo.
Por essa época ele conhece o “Hammond B-3” e passa a praticá-lo.
Em 1959 e como já citado anteriormente ZAWINUL vai para os U.S.A. e ingressa na “Berklee” em Boston.
Imediatamente chegando aos U.S.A. via New York ele percorre diversos clubes noturnos e conhece a Louis Hayes, a Babs Gonzales e a Wilbur Ware.
Rumando para Boston ele causa excelente impressão em muitos colegas “estudantes”, assim como em Charlie Mariano e em Jimmy Zito (trumpetista);  com eles participa em “jam-sessions”.
Por feliz coincidência o então proprietário do  “Storyville”, George Wein, recorre à escola em busca de um pianista para compor o trio de Ella Fitzgerald, já que o titular estava enfermo;    ZAWINUL é o indicado e ao lado de Jake Hanna e Gene Cherico dá conta do recado.
Jake Hanna, entusiasmado com ZAWINUL recomenda a Maynard Ferguson que o contrate, o que rendeu ao pianista uma temporada de 03 meses.
Inicia-se uma combinação com Slide Hampton para a execução de arranjos, cresce o grupo com a chegada de Wayne Shorter, amplia-se com os trompetistas Bill Chase, Don Ellis e Richard Wiliams.     A grande Dinah Washington retira-se da banda de  Maynard Ferguson e convida ZAWINUL para acompanhá-la em apresentação no “Village Vanguard”, onde é visto e ouvido por Miles Davis, que o convida para gravar a partir de 1959;  ZAWINUL recusa o convite e permanece com Dinah até 1961.
Atua por 01 mês com Harry Edson, depois acompanha Joe Williams e logo após passa a  integrar o grupo do grande Julian “Cannonball” Adderley, com quem permanecerá até  1970.    Em 1966 e durante  sua permanência com “Cannonball” ZAWINUL foi membro de um corpo de jurados em Viena, ocasião em que gravou “Concerto para dois pianos e orquestra” ao lado do autor, Friedrich Gulda;    gravou em 1967 “Mercy, Mercy, Mercy” (piano elétrico).
Passa a gravar com diversos músicos de ponta, citando-se Coleman Hawkins, Ben Webster, Yousef Lateef, Clark Terry, Oliver Nelson, Ernie Wilkins, Joe Jones, Victor Feldman, Charlie Rouse, Jimmy Forrest, Roy Haynes, Philly Joe Jones, Thad Jones, Curtis Fuller, J.J.Johnson entre outros.
ZAWINUL atua como “sideman” no grupo de Miles Davis em 1968, então contando  com Wayne Shorter;   também é o compositor para “Bitches Breew”, “Big  Fun” e “Live-Evil”.
Com temas e arranjos de William Fischer ZAWINUL grava “The Rise And Fall Of The Third Stream”.
1971 é o ano em que ZAWINUL grava o álbum “Zawinul”, em grupo no qual se encontram Wayne Shorter e Jack DeJohnette.
Logo após e com Wayne Shorter cria o grupo “Weather Report” com Miroslav Vitous, Alphonse Mouzon e Airto Moreira, mantendo a união e as experiências do grupo por 14 anos, até que em 1985 a associação com Wayne se desfaz, assim como o “Report”.
A partir de 1986 ZAWINUL apresenta-se em excursão-solo, devidamente acompanhado por sua parafernália:  “ARP 2600”, “Propher V. Korg”, “Vocoder” mais instrumentos eletrônicos de percussão.
Nova excursão, agora pelo mundo, com o grupo intitulado “Weather Update” (com Peter Erskine, Robert Thomas Jr., Steve Khan e Victor Bailey).
ZAWINUL sai da cena discográfica por 02 anos, atuando com Gulda e Chick Corea, retornando às gravações em 1988 com seu grupo “Zawinul Syndicate” (Scott Henderson, Abraham Laboriel, Alex Acuña, Cornell Rochester e Mr. Mister e as Perry Sisters) e lançando o álbum “The Immigrants”.
Lançando-se aos teclados eletrônicos na década de 1970 ZAWINUL foi um experimentador de sons, de conceitos sonoros, de sonoridades exóticas, até tornar usual a utilização de eletrônicos.
Além das gravações citadas anteriormente, ZAWINUL está presente em “Scotch And Water” (de 1962 sob a titularidade de  “Cannonball” Adderley), “In A Silent Way” (comando de Miles Davis, 1969), “Birdland” (de 1977 com o “Weather Report”), “Update” (1986) e “Dialects” (1985).
Prosseguiremos  nos  próximos  dias

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que essa foi uma das poucas vezes na vida em que fui ver um artista duas por 2 noites seguidas. Foi na finada casa noturna Ritmo, do mesmo (ex) proprietário do jazz club People. Zawinul esteve simplesmente impossivel em ambas as datas. Incapaz de listar os outros quatro músicos, lembro ter ficado vivamente impressionado com o percussionista turco, genial em todas as intervenções. Seu nome, Trilok Gurtu. E o temporal de sons que o quinteto ofereceu foi de tal qualidade que não tive alternativa senão voltar no dia seguinte. Se nessa época Zawinul já se dedicava à world music bem mais do que ao jazz como o idealizamos, ele e seu grupo tinham todo o tempo necessario para exporem suas ideias livremente, essencia da interação e do interplay que o caracterizam essa arte. Inesquecíveis momentos. Abs, Mau Nah.