Foi do confrade Bené-X a idéia de interessar Duduka nessa trilha pouquíssimo explorada do jazz, a das composições, arranjos e interpretações, por músicos estrangeiros - majoritariamente mas não exclusivamente norte-americanos - de temas baseados ou inspirados na música ou na repercussão nesses, de aspectos da cultura brasileira. O fato é que Duduka não apenas gostou e encampou a sacada e o resultado está expresso nesse álbum. E Duduka fez questão de mencionar nas liner notes esse reconhecimento a seu amigo David Benechis.
O Jive samba de Duduka Da Fonseca
por Luiz Orlando Carneiro em 9/5/15
"Jive samba é o título do mais recente CD do carioca Duduka
Da Fonseca, mestre da bateria de renome internacional, radicado em Nova York desde 1975.
Recém-editado pelo selo Zoho, o disco foi gravado no Rio de Janeiro, em abril
do ano passado, por um trio integrado por dois outros excelentes músicos
brasileiros, muito afinados com o líder no balanço do samba jazz: o pianista
David Feldman e o baixista Guto Wirtti.
Duduka firmou o seu prestígio lá fora, como arauto do samba
jazz (jazz moderno com temática e tempero do samba), à frente do Trio da Paz,
na companhia dos também émigrés Romero Lubambo (guitarra) e Nilson Matta
(baixo). Os três fizeram muito sucesso com os álbuns Black Orpheus (Kokopelli,
1994), Partido out (Malandro Records, 1998), e Café(Malandro, 2002) – este
último com a participação do eminente saxofonista Joe Lovano.
Mais recentemente, em 2012, as revistas e site
especializados deram especial destaque a Samba jazz-Jazz samba, registro da
etiqueta Anzic de um quinteto comandado pelo baterista, tendo como parceiros a
aclamada clarinetista-saxofonista Anat Cohen e os brasileiros também
novaiorquinos Hélio Alves (piano), Guilhrme Monteiro (guitarra) e Leonardo
Cioglia (baixo).
Agora, em Jive samba, Duduka volta a atuar em trio – sua
formação favorita – mas a partir de uma nova concepção temática, assim descrita
pelo produtor Todd Barkan, nas notas do próprio CD:
“A ideia fundamental deste projeto especial germinou a
partir de uma conversa entre Duduka e o seu amigo David Benechis (um advogado e
escritor brasileiro) há muitos anos, quando Duduka estava de visita à cidade
natal, o Rio de Janeiro: interpretações mágicas de composições inspiradas na
música brasileira de grandes compositores jazzísticos americanos tais como
Keith Jarrett, Joe Henderson, Clare Fischer e John Scofield”.
Duduka da Fonseca acrescenta: “Cresci ouvindo intensivamente
– e aprendendo – a obra de caras como Wayne Shorter, McCoy Tyner, Herbie
Hancock, Chick Corea e outros ícones do jazz americano. E, em matéria de
música, tem sido uma das experiências mais gratificantes da minha vida ver e
ouvir o quanto muitos desse Gigantes foram profundamente influenciados
artisticamente pela música e pela cultura brasileiras”.
Assim é que o trio Duduka-Feldman-Wirtti interpreta, em
interação contínua – mesmo nos momentos de solos propriamente ditos – 10 peças
assinadas por 10 músicos excepcionais que enriqueceram a discografia
jazzística, marcadamente nas décadas de 60 e 70.
Estas
composições e seus respectivos autores são: Jive samba (4m30), de Nat Adderley;
Lucky Southern (5m10), Keith Jarrett; Sco's Bossa (6m40), John Scofield;
Recorda me (5m05), Joe Henderson; Peresina (6m45), McCoy Tyner; Clouds(6m35),
Kenny Barron; Pensativa (6m), Clare Fischer; Speak like a child (4m25), Herbie
Hancock; El gaucho (4m10), Wayne Shorter; Samba Yantra (4m35), Chick Corea.
Como se pode ver, um menu muito atraente preparado e
executado por um trio que, ainda segundo Todd Barkan, se tornou, nos últimos
cinco anos, “um dos mais engenhosos e coesos conjuntos desse tipo, em termos
harmônicos e rítmicos”."
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