Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

MESTRE LOC FALA DE JARRETT EM SUA COLUNA NO JB

18 maio 2015

Keith Jarrett comemora 70 anos

por Luiz Orlando Carneiro, em 14/05/2015

Keith Jarrett, virtuose do piano, conhecido como o Glenn Gould do jazz – por sua genialidade, seu temperamento e suas excentricidades – é septuagenário desde o último dia 8 de maio. Ele é capaz de interromper um concerto solo ou do celebrado trio que lidera há 32 anos (Gary Peacock, baixo; Jack DeJohnette, bateria) por causa de um flash ou de um ruído vindos da audiência. Durante toda a década de 2000, reinou supremo na categoria best pianist do referendo anual internacional dos críticos promovido pela revista Downbeat. E o seu trio continua a ser, sem dúvida, o melhor pequeno combo de jazz num nível de excelência só comparável ao quarteto Footprints do saxofonista Wayne Shorter (Danilo Perez, piano; John Patitucci, baixo; Brian Blade, bateria).

Em maio de 2003, Jarrett recebeu, da Academia de Música da Suécia, o Polar Music Prize, destinado a músicos excepcionais nos campos erudito e popular. Em anos anteriores tinham sido homenageados, entre outros, os compositores Pierre Boulez e Stockhausen, o violinista Isaac Stern e o celista Rostropovitch. Na área da música popular, foram premiados, por exemplo, Paul McCartney, Stevie Wonder e Miriam Makeba. O único jazzman a merecer o Polar Prize, até 2003, foi Dizzy Gillespie. Sonny Rollins recebeu a mesma distinção em 2007.

Keith Jarrett foi garoto-prodígio. Aos sete anos já dava recitais, e desenvolveu os seus dons extraordinários com Nadia Boulanger (1887-1979) e, depois, na então Berklee School of Music de Boston. Aos 21 anos, deixou os Jazz Messengers de Art Blakey para associar-se ao quarteto do saxofonista Charles Lloyd (Forest flower, Altantic, 1966). Na década de 1970, passou a se apresentar solo numa série de concertos mundo afora, totalmente improvisados, cujo ponto culminante foi o Köln Concert, de 1975, gravado pela ECM, e que – desde sua edição em LP duplo – vendeu mais de três milhões de exemplares.

Como pianista “erudito”, o prodigioso e controverso músico gravou obras de fôlego como as Variações Goldberg e o Cravo bem temperado, de J.S. Bach, e a série de 24 prelúdios e fugas de Shostakovitch.

Para marcar o seu 70º aniversário, Keith Jarrett vem de lançar – sempre no selo ECM, de Manfred Eicher – dois CDs com material inédito selecionado por ele e por Eicher.

O primeiro é Creation, com solos improvisados em seis concertos gravados, entre abril e julho de 2014, no Japão (Kioi Hall e Orchard Hall, Tóquio), na Itália (Parco Della Musica, Roma), na França (Salle Pleyel, Paris) e no Canadá (Roy Thomson Hall, Toronto). No total, são nove faixas, de duração variando entre 6m 55 e 8m35.

John Kelman, do site All About Jazz, considera o todo formado pelas nove partes sem títulos de Creation uma espécie de suíte, na qual Jarrett “evita quaisquer construções previsíveis no decorrer do programa, em geral meditativo e sombrio, baseado sobretudo em achados harmônicos e melodias esparsas”, que, em termos de dinâmica, vão “do mais suave pianíssimo ao mais dramático fortíssimo”.

O segundo álbum intitula-se Samuel Barber/Béla Bartók, e contém os concertos para piano e orquestra de Barber (Opus 38) e de Bartók (o número 3), registros dos anos 80, em apresentações, respectivamente, com a Saarbrücken Radio Symphony Orchestra, e a New Japan Philarmonic.


(Samples das faixas do CD Creation podem ser ouvidos em http://www.jazzecho.de/keith-jarrett/diskografie/album/product:274702/creation)

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