Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

11 março 2015


Série   PIANISTAS  DE  JAZZ
Algumas Poucas Linhas Sobre o Piano e os Pianistas
4ª Parte

MAIS  ALGUMAS   NOTAS  SOBRE  O  PIANO  (B)
Em linhas gerais as etapas dos pianistas  de JAZZ podem ser descritas como a seguir, ainda que não de forma exata mas como forma de sintetizá-las no tempo.
Jelly Roll Morton explorou muito bem o registro grave do instrumento com o cotovelo (ouvir sua versão de “Tiger Rag”).
Meade “Lux” Lewis espalmava a mão direita sobre  o teclado (“prefaciando” Thelonius Monk), seguindo-se a característica percussiva de Lionel Hampton, utilizando os dedos como se fossem “mallets” (com as quais tocou e gravou com grande sucesso para  o mundo).  
Phineas Newborn Jr. executa “Blues For Left Hand Only” apenas com a mão esquerda, felizmente gravado em áudio e vídeo.
Determinados pianistas deslizam os dedos nas teclas (como se as estivessem esfregando), como é o caso de Marius Cultier e Monty Alexander em determinadas  passagens.
A partir de meados da década de 1920 já estava em plena ebulição o estilo “stride”, realmente um evolução mais “moderna” do “ragtime”, de forma mais livre e estilizada e que foi bastante utilizada nos  “cutting contests” (competições musicais).
As influências do pianismo de Luckey Roberts e de James P. Johnson (mestre no embelezamento com a mão esquerda) desaguam no “paisagismo” de Willie “The Lion” Smith e no arrebatamento de Thomas “Fats” Waller, que vai  influenciar de uma ou outra maneira a muitos:  Joe Turner, Cliff Jackson, Donald Lambert e até em muitas citações de Duke Ellington e Count Basie.
O “Blues” seguiu evoluindo e na década de 1930 nas “barrelhouses” (cabarés de negros e pobres) ocorre a mistura do “Blues” com o “Ragtime”, culminando com o “Boogie-Woogie”: Jimmy Yancey, Leroy Carr, Pinetop Smith, Cow Cow Davenport, Pete  Johnson e tantos e tantos mais.
O “stride piano” encontrou seu ápice com o magnífico Earl Hines que chegou com sua vivência ao lado de  Louis Armstrong ao “trumpet piano style”, influenciando gerações de pianistas de JAZZ:  Art Tatum, Count Basie, Teddy Wilson, Nat “King” Cole, Jess Stacy, Mary Lou Williams e tantos outros.
Em particular o grande Art Tatum introduz seus acordes de passagem, que inpregnaram Ahmad Jamal, Bud Powell, Oscar Peterson, George Shearing..................
Teddy Wilson liberou-se da influência de Earl Hines para “professorar” seu estilo fluido e refinado.   Tal como no caso de Art Tatum tampouco Teddy Wilson se dedicou à composição.
A era “swing” no piano é devedora em grande parte a Teddy Wilson, mas quase ao término da mesma tivemos os inclassificáveis Nat “King” Cole (cuja estética influenciou ao grande Oscar Peterson) e Erroll Garner.
O advento do “bebop” nos brindou com “top’s” do nível de Bud Powell, Thelonius Monk, Al Haig, Duke Jordan, Elmo Hope e outros mais.
A técnica dos “acordes em bloco” converteu-se como integrante inseparável do “piano-JAZZ” moderno.   
A “mainstream” no “piano-JAZZ” já passara a integrar grande contingente dos mestres das “88 teclas”, sendo objeto do aprendizado nas escolas de JAZZ.
 
 
(04)     GENE  HARRIS   -   Muitas Gravadoras e Gravações     (Resenha longa)
Eugene Haire Harris, GENE HARRIS, pianista norte-americano nasceu no dia 01 de setembro de 1933 na cidade de Benton Harbor, estado de Michigan, situado ao norte dos estados de Indiana e Ohio (cuja capital é a cidade de Lansing e que abrange um total de 252 cidades, entre as quais e mais conhecidas Grandville, Jackson, Albion, Buchanan, Kalamazoo, Vicksburg e Trenton), vindo a falecer com a idade de 66 anos no dia 16 de janeiro de 2000, na cidade de Boise, capital do estado de Idaho..
Iniciou-se de forma auto-didata no piano já na infância (09 anos), assim como muito jovem formou um grupo que chegou a atuar em rádios locais.
Durante o serviço militar que iniciou no ano de 1953 e tocando na “82nd Airborne Division” aprendeu a ler música, assim como passou a estudar música com seriedade e continuidade.
Ainda no serviço militar HARRIS conseguiu sua primeira gravação (selo “Jubilee”)  em 1955 e sob o título bem sugestivo de “Our Love Is Here To Stay”.
Ao ser desligado do serviço militar em 1956 formou o grupo “The Three Sounds”, com a participação de Bill Dowdy na bateria e Andrew “Andy” Simpkins no contrabaixo, que no ano seguinte passou a denominar-se “The Four Sounds”, já então com  Carl Burnett substituindo Bill Dowdy.    Esse grupo atuou inicialmente na região de Washington, até radicar-se em New York a partir de 1958.
Na “capital do mundo” HARRIS e seu grupo conseguiram manter agenda lotada, tanto de apresentações em clubes, quanto em concertos e temporadas pelos U.S.A. e ainda gravando intensamente para a etiqueta “Blue Note” com alto nível de resposta comercial em vendas e de aplausos da crítica.  Dessa parceria com a “Blue Note” podemos alinhar, entre outros, os álbuns:
-        Introducing The 3 Sounds”, 1958
-        Lou Donaldson With The Three Sounds
-        “Standards”, 1959
-        Bottoms Up!”, 1959
-        Good Deal”, 1959
-        Blue Hour”,  1960
-        Moods”, 1960
-        Feelin' Good
-        Here We Come
-        It Just Got to Be
-        Hey There”,  1961
-        Babe's Blues”,  1962
-        Out of This World”,  1962
-        Black Orchid”,  1962
-        Vibrations”,  1966
-        Live at The Lighthouse”, 1967
-        Coldwater Flat”,  1968
-        Elegant Soul”, 1968
-        Soul Symphony”,  1969
-        “Live at The ‘It Club’ -  The Three Sounds”,  1970
-        The 3 Sounds1971
-        Gene Harris Of The Three Sounds”, 1972
-        Yesterday, Today & Tomorrow”,  1973,
-        Astral Signal”,  1974
-        Nexus”,  1976
-        In A Special Way”,  1976
-        Tone Tantrum”, 1977.
Mesmo gravando e obtendo sucesso com a etiqueta “Blue Note”, HARRIS chegou a gravar para outras etiquetas:  Blue Genes” em 1962 para a “Verve”, “Jazz On Broadway” de 1962 para o selo “Mercury”, com o qual voltou a gravar em 1963 e 1964 (“Some Like It Modern”  e  “Live At The Living Room”), e ainda para o selo “Limelight” em 1964 (“Three Moods”), 1965 (“Beautiful Friendship”) e 1966 (“Today's Sounds”).
No final dos anos 1970 GENE HARRIS retirou-se em grande parte dos holofotes, passando a apresentar-se no “Idanha Hotel”, mas foi convencido pelo grande contrabaixista Ray Brown a retornar á cena.
No ano de 1974 HARRIS saiu da fórmula “trio” passando seu grupo a sexteto, assim como e paralelamente atuou como “sideman” para diversos outros músicos, além de atuar em trio liderado pelo grande contrabaixista Ray Brown, com o qual atuou em temporada na Europa.
Seguiram-se apresentações e gravações para outras etiquetas, sendo que a partir de 1981 a discografia de HARRIS cresceu de forma mais que substancial à sombra da etiqueta “Concord Jazz” (leia-se Carl Jefferson então Presidente da gravadora), com algumas dezenas de títulos, dos quais destacamos os que se seguem e sem esgotar o “estoque” dessa gravadora:
-        “Live At Otter Crest”, 1981, album da maior importância pela fascinante versão de “Battle Hymn of the Republic”, talvez somente superada pela versão do pianista jamaicano Monty Alexander (álbum de 1977 “Montreux Alexander Live”, selo “MPS”, gravação ao vivo no “Montreus Festival” em 10 de junho de 1976, com Monty ao piano secundado por John Clayton no baixo e Jeff Hamilton á bateria)
-        “When The Sun Goes Down With Ernestine Anderson”, 1981
-        “Soular Energy  With The Ray Brown Trio”, 1984
-        “The Gene Harris Trio Plus One”,  1985
-        “A Gentleman and His Music With Benny Carter”,  1985
-        “Tribute to Count Basie With The Gene Harris All-Star Big Band”,  1987
-        “Bam Bam Bam With The Ray Brown Trio”, 1988
-        “Listen Here!”,  1989
-        “Live at Town Hall, N.Y.C. With The Philip Morris Superband”, 1989, grava-ção imperdível com 13 faixas (uma delas um “medley” com arranjo muito bom, “Porgy And Bess Medley”), a banda e os arranjos dentro dos cânones de Count Basie (04 trumpetes, 04 trombones, 05 palhetas, guitarra por Herb Ellis, baixo por Ray Brown e bateria a cargo de Jef Hamilton, todos liderados por HARRIS no piano)
-        “World Tour 1990 With The Philip Morris Superband”, 1990, mais uma gravação com a “big band” em 14 temas e sempre lembrando Basie (04 trumpetes, 04 trombones, 05 palhetas, guitarra com Kenny Burrell, baixo com Ray Brown e bateria a cargo de Harold Jones, todos devidamente capitaneados por HARRIS)
-        “At Last”, Gene Harris / Scott Hamilton, 1990, gravação excepcional, com HARRIS no piano ao lado de Scott Hamilton em estado de graça, Herb Ellis na guitarra, Ray Brown no contrabaixo e Harold Jones à bateria, um quinteto de alto nível em 10 temas, sendo que no tema-título, “At Last”, temos mais de 05 minutos de pura beleza
-        The Ray Brown Live At The Loa  -  Summer Wind”, 1990, album em que GENE HARRIS / piano, Ray Brown / baixo e Jeff Hamilton / bateria nos presenteiam com 08 faixas, 02 das quais da autoria de Ray Brown (“The Real Blues” e “Buhaina Buahina”), enquanto que as demais 06 são clássicos de Johnny Mercer (a faixa título “Summer Wind”), de Nel Hefti (Li’l Darlin’” imortalizada pela máquina de Count Basie), de Duke Ellington (“It Don’t Mean A Thing If It Ain’t Got that Swing”), de Jay Washington / Ray Evans (“Mona Lisa” que o grande Nat “King” Cole tornou imortal), de Oscar Hammerstein II / Jerome Kern (“Can’t Help Lovin’ Dat Man”) e do grande vibrafonista Milt Jackson “Bluesology”)
-        “Black And Blue,  1991
-        “Like A Lover”,  1992
-        “Gene Harris Live At Maybeck Recital Hall” – Volume 23”, 1992
-        “Brotherhood”,  1992, gravação de qualidade com HARRIS acompanhado por Ron Escheté / guitarra, Luther Hughes / baixo e Paul Humphrey / bateria, em um repertório com 08 “clássicos” do populário americano (“I Remember You”, “For Once In My Life”, “The Brotherhood Of Man”, “When You Wish Upon A Star”, “The SideWinder”, “I Told You So”, “September Song”, “This Little Light Of Mine” e “A Beatiful Friendship”)
-        “A Little Piece Of Heaven At Ste. Chapelle Winery",  1993
-        “Funky Gene's”,  1994
-        “Its The Real Soul”, com Frank Wess,  1995
-        “Live  - Gene Harris & The Philip Morris All-Stars”,  1995
-        “In His Hands”,  1996
-        “Alley Cats”,  1998.
GENE HARRIS ao longo de sua carreira gravou também para os selos “Riverside”, “Jubilee”, “Verve”, “Mercury”, “Limelight” e “JAM”.
Durante largo período de sua carreira, que se não foi mais longa deve-se ao prematuro falecimento com apenas 66 anos, GENE HARRIS manteve-se em uma “fórmula” de sucesso que, se lhe trouxe dividendos financeiros respeitáveis, por outra parte restringiu seu desenvolvimento musical em função da permanência da “elegância” musical, quase tangenciando o estilo “piano-bar”.  Ainda assim temos que considerar o “swing”, a articulação, as idéias claras dentro do que fez, sua linguagem “soul”, enfim, seu “pianismo” de alta categoria.
Deixou-nos dezenas de gravações de qualidade, que poderemos ouvir  até o infinito.  E isso poucos conseguiram !
Prosseguiremos  nos  próximos  dias

Nenhum comentário: