Novos clubes de jazz em Manhattan
por Luiz Orlando Carneiro, em 13/12/14
Os jazzófilos mais idosos familiarizados com os “endereços”
mais in de Manhattan lembram-se, saudosos, do Bradley's – aquele pequeno clube
na University Place, em
Greenwich Village, com 15 mesas e 20 tamboretes no bar, que
funcionou de 1969 a
1996. Lá aportavam, principalmente, eminentes pianistas, tocando solo ou em
duo, na companhia de não menos ilustres baixistas. Entre os primeiros,
eramhabitués do lugar Kenny Barron, Tommy Flanagan, Hank Jones, George Cables,
Jimmy Rowles, John Hicks, Roland Hanna e Fred Hersch. Entre os baixistas,
recordo-me de Red Mitchell, Cecil McBee, George Mraz e Ray Drummond.
Dezoito anos depois do fim do Bradley's, foram inaugurados em Nova York, nos últimos
meses, dois jazz clubs que se propõem a suprir a falta de espaços que abriguem
um bom piano de cauda e uma audiência de connoisseurs. São eles o Mezzrow, em Greenwich Village,
e o JazzHaus, na Midtown (Rua 56 entre as 7ª e 8ª avenidas).
O Mezzrow – nome em homenagem ao lendário clarinetista Mezz
Mezzrow (1899-1972) – é do pianista-empresário Spike Wilner, dono também do já
afamado Smalls, que fica do outro lado da mesma Rua 10, perto do Village Vanguard.
No site do novo “porão”, com capacidade para menos de 50 pessoas, lê-se que se
trata de um “jazz piano room”, que apresenta “no nosso clássico Steinway de 1923 a nata dos melhores
pianistas da cidade de Nova York”. E que o clube, basicamente, “a musical
environment run by musicians for musicians”.
Em entrevista à Downbeat (edição deste mês), Spike Wilner
assim fala do Mezzrow: “Sou pianista e, assim, tenho boas lembranças de lugares
em Nova York
onde se podia entrar, e ouvir Kenny Barron ou outro grande pianista tocando em
duo, num ambiente mais tranquilo, um pouco mais civilizado, um pouco mais
adulto”.
E Wilner tem conseguido atingir o seu objetivo, a julgar
pelo nível dos pianistas que se exibiram no novo clube nos primeiros 10 dias do
corrente mês: Aaron Parks, em duo com o baixista Ben Street; o veterano Don
Friedman; Aaron Diehl, ao lado de Ben Williams (baixo). Até o fim do ano, as
atrações do Mezzrow serão Johnny O'Neal, Kevin Hays (em duo com o gaitista
Gregoire Maret), Sacha Perry e o próprio dono do pedaço, Spike Wilner.
O JazzHaus, por sua vez, é parte da KlavierHaus, no Le
Parker Méridien Hotel, pertinho do Carnegie Hall. A KlavierHaus – que
representa em Nova York
os caríssimos pianos Fazioli, feitos sob encomenda – já promovia recitais pianísticos
com foco na música clássica.
Da programação deste mês no novo endereço do jazz piano em
Manhattan constam: James Francies, um garoto do Texas de 17 anos, endossado por
Taylor Eigsti, que também foi menino-prodígio protegido de Dave Brubeck; Dave
Burrell, que se destacou, já na década de 1960, ao lado dos saxofonistas
vanguardistas Archie Shepp, David Murray e Pharoah Sanders; os cubanos Elio
Vilafranca, Arturo O'Farrill, Manuel Valera e Osmany Paredes, todos radicados em Nova York, e que encerram
o ano no Jazzhaus New Year Festival of Cuban Piano (29 a 31/12).
GRAMMY
Saíram os cinco finalistas em cada uma das 82 categorias do
57º Grammy (o “Oscar” da indústria fonográfica). Os vencedores do Grammy 2015
serão anunciados no dia 8 de fevereiro, numa festa a ser realizada no Staples
Center, em Los
Angeles. Nas categorias referentes ao jazz instrumental, os
indicados foram:
1) Melhor álbum de pequeno conjunto:
- Landmarks
(Blue Note), Brian Blade & the Fellowship Band – Sexteto liderado pelo
baterista Blade, com Melvin Butler (sax tenor) e Myron Walden (sax alto).
- Trilogy (Concord) – CD triplo do trio do pianista Chick
Corea, ao vivo em turnê, com Brian Blade e Christian McBride (baixo).
- Floating
(Palmetto) – Trio do pianista Fred Hersch (John Hebert, baixo; Eric McPherson,
bateria).
- Enjoy the
view (Blue Note) – Quarteto formado por Bobby Hutcherson (vibrafone), David
Sanborn (saxes alto e soprano), Joey DeFrancesco (órgão) e Billy Hart
(bateria).
- All rise: A joyful elegy for Fats Waller (Blue Note) –
Conjunto liderado pelo pianista Jason Moran, com vocais.
2) Melhor álbum de orquestra ou large ensemble:
- The L.A. Treasures Project (Capri) – Clayton-Hamilton Jazz
Orchestra, liderada pelos irmãos John (baixo) e Jeff Clayton (saxes), mais o
baterista Jeff Hamilton.
- Life in
the bubble (Telarc) – Gordon Goodwin's Big Phat Band.
- Quiet pride: The Elizabeth Catlett Project (Motema) –
Orquestra reunida e conduzida pelo baixista-compositor Rufus Reid. Dentre os
solistas, realce para Ingrid Jensen e Tim Hagans (trompetes), Steve Wilson e
Javon Jackson (saxes).
- Live: I
hear the sound (ArchieBall) –Attica Blues Orchestra, dirigida pelo
saxofonista-compositor Archie Shepp.
- Over Time:
Music of Bob Brookmeyer (Planet Arts) – The Vanguard Jazz Orchestra.
2 comentários:
Estimado MauNah:
Belas notícias sobre os novos locais para o "piano-JAZZ".
A "big apple" segue comandando o espetáculo.
Ave, Mestre Apóstolo,
a notícia é do Luiz Orlando, eu não sei de nada, não vou a NYC desde 2010 e fico triste com isso. No entanto, ainda irei pra checar essas novas paradas jazzísticas e isso, só essa boa expectativa, quando quer que se realize, já me enche de alegria.
Um abração.
MauNah
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