Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

11 agosto 2014


ALGUMAS POUCAS LINHAS SOBRE A
GUITARRA E OS GUITARRISTAS  -  28

William De Arango, artisticamente “BILL” DE ARANGO, guitarrista norte.americano, nasceu na cidade de Cleveland, estado de Ohio, no dia 20 de setembro de 1921, cresceu em “Cleveland Heights” e veio falecer em sua cidade natal (asilo para idosos em “East Cleveland”) no dia 26 de dezembro de 2005, portanto pouco depois de completar 84 anos, sempre sob os cuidados de enfermeira especializada, já que desde o ano de 1999 ficou constatada sua demência.
Estudou música na “Ohio State University” e desenvolveu-se de forma auto-didata;  entre os anos de 1939 até 1942 atuou em pequenos grupos de JAZZ, dentro do estilo “Dixieland” e nos arredores de Columbus (“The Hot Spot” localizado na West 3rd Street);    portanto, com apenas 21 anos BILL já possuía larga “estrada” rodada.
É importante descrever que anteriormente e com 17 anos, eIn November of 1938, the 17-year-old de Arango was at the Trianon Ballroom at 9802 Euclid Avenue where the Duke Ellington Orchestra was playing for a dance.m novembro de 1938, BILL DE ARANGO assistiu no “Trianon Ballroom” (9802 Euclid Avenue) a uma apresentação da banda de Duke Ellington, ficando totalmente entusiasmado com cerca de 2.500 jovens dançando e quase uma centena deles perto do palco, próximos aos  seus “heróis” musicais pois, como ele, queriam ser músicos.     
BILL também assistiu à “big.band” de Benny Goodman;   após a apresentação e em conjunto com outros jovens admiradores, cercaram o “Rei do Swing” que conversou com eles e teve oportunidade de ouvir BILL à guitarra:   uma glória ! ! !   Nessa oportunidade alguns músicos da banda de Goodman aconselharam BILL a ir para New York.
BILL foi convocado e serviu nas Forças Armadas americanas de 1942 até 1944, chegando a tocar em uma banda do Exército em Fort Sill, Oklahoma.
Logo após o término desse serviço ele se estabeleceu em Nova York, onde apresentou-se inicialmente na “Rua 52” (“a rua que nunca dorme”, como era jargão da época), em grupo liderado pelo grande sax.tenorista Don Byas no clube “Three Deuces” (72W 52nd Street, que funcionou de 1939 até 1950);    então o grande rival de Don Byas era o não menos reverenciado Ben Webster (que portava em seu curriculum 04 anos com a “Duke Ellington Orchestra”) e, numa noite, ele perguntou a BILL DE ARANGO onde ele estava trabalhando;  como BILL informou que estava sem trabalho, Ben Webster contratou-o.  
A partir de então BILL trabalhou durante um ano e meio com Ben, exatamente nos clubes da “Rua 52” (“Onyx”, “Spotlight” e no  “Three Deuces” entre outros).
Em 25/maio/1945 BILL adentrou estúdio em  New York, para participar da gravação de 03 temas (“What More Can A Woman Do?”, “I'd Rather Have A Memory Than A Dream” e “Mean  To Me”), integrando uma formação histórica do “Bebop”, o octeto sob o comando da cantora Sarah Vaughan:   Dizzy Gillespie (trumpete), Charlie Parker (sax-alto), Joe “Flip” Phillips (sax-tenor), Nat Jaffe e Tadd Dameron (piano), Bill DeArango (guitarra), Curley Russell (contrabaixo), Max Roach (bateria) e, claro, Sarah Vaughan (líder e vocal).  A produção dessa sessão de gravação foi do crítico Leonard Feather e pode ser ouvida no CD nº 19 da série “Bird’s Eyes”, do selo italiano “Philology”.  
Montou seu próprio grupo, que contava com o vibrafonista Terry Gibbs e que atuou tanto em New York quanto em Chicago, “The Wind City”.
Trabalhou em seguida com os saxofonistas Charlie Ventura e Ike Quebec, assim como atuou com os músicos exponenciais da corrente do “Bebop” e daqueles que eram então  os mais importantes na cena da “grande maçã”:  Coleman Hawkins (“Mr. Bean”), Red Norvo (então marido da cantora Mildred Bailey), Dizzy Gillespie e outros.
Em 1945 BILL participou de gravação para o selo “Haven”, em sessão que contou com  Slam Stewart, Ike Quebec e Eddie "Lockjaw" Davis.
Em 1946 BILL DE ARANGO estava presente em gravações com Dizzy Gillespie, onde ficaram cunhados os clássicos "A Night in Tunísia”, "Ol' Man Bebop” e "Anthropology”.
Em 1946 e como guitarrista de JAZZ foi o vencedor na categoria “new star” da revista especializada “Esquire”.
No ano de 1948 BILL  DE ARANGO retirou-se da cena musical, retornando à sua cidade natal para trabalhar em emissoras de rádio,  “ressurgindo” em 1954 para gravar o LP “DeArango” pelo selo “Mercury / EmArcy” com John Williams.
Durante praticamente 20 anos BILL somente tocou com músicos locais de Cleveland, inclusive titulando o grupo de rock “Henry Tree”, assim como atuando em “gig’s” no “Smiling Dog Saloon” com Ernie Krivda e Skip Hadden.
Voltou a gravar em 1978 o importante LP “Another Time, Another Place”, integrando formação com Sam Rivers, Ray Anderson, Arthur Blythe, Anthony Davis e Dave Holland.   Ainda em 1978 gravou com Barry Altschul e em 1981 com Kenny Werner.
Em 1988 apresentou-se em temporada no clube “Venice” da Califórnia, em companhia de trio formado por David Withan / piano, Bob Bowman / contrabaixo e Paul Kreibich / bateria.
Em 1993 BILL gravou um CD com o tenorista Joe Lovano, “Anything Went”, integrado por “standards” trabalhados musicalmente de forma mais livre, mostrando a impressionante capacidade estilística desse guitarrista-símbolo.
Com certeza BILL é “o” guitarrista do “Bebop”, tendo sido um dos primeiros guitarristas, senão o primeiro, a integrar-se ao núcleo dos “boppers”. 
Moderno, versátil, com acentuada velocidade de execução sem nenhuma dificuldade, emérito improvisador, executando suas frases mais no contratempo que no tempo, e capaz de adaptar seu estilo aos dos músicos com quem contracena, o que se pode avaliar pela quantidade de músicos de vanguarda que sempre o solicitaram para suas atuações e gravações.
Seu ataque era “duro” mas com amplificação que pouco se notava, pelo som “leve”, ligeiro. 
BILL DE ARANGO evitava que as cordas se movessem, o que resultava nesse som “leve”, puro, de forma que esse nível de controle dava como resultado uma sonoridade mais “cool” (em oposição, por exemplo, ao som “quente” e “bluesy” do grande Charles Christian).
De acordo com o biógrafo Jason Ankeny em seu “Allmusic”, BILL foi o guitarrista mais inovador e  técnico surgido na cena da era bebop”.
Mesmo sendo em quantidade reduzida suas gravações sob as titularidades de Ben Webster, de Charlie Ventura e de Red Norvo, assim como enquanto líder, elas mostram uma expressiva e continuada evolução e atualização estilística, mas sempre mantendo as raízes no “Bebop”.  Ao final desta resenha uma síntese de algumas das gravações de BILL DE ARANGO.
Retirou-se para sua cidade natal, Cleveland, passando a atuar nos clubes locais (particularmente no “Barking Spider Tavern”), como ele mesmo dizia, “por amor á arte”, além de manter uma loja de artigos musicais.
BILL DE ARANGO, como escrito no início desta resenha, veio a falecer no dia 26 de dezembro de 2005 (havia completado 84 anos meses antes), internado em instituição especializada (asilo para idosos), já que desde 1999 tivera constatada sua demência.
Algumas das gravações iniciais com BILL DE ARANGO à guitarra são as seguintes:
(01)   25 de maio de 1945 em New York
As 03 faixas indicadas no início (“What More Can A Woman Do?”, “I'd Rather Have A Memory Than A Dream” e “Mean To Me”), com octeto sob o comando de Sarah Vaughan
(02)   28 de maio de 1945 em New York
Com Johnny Guarnieri / piano, Red Norvo / vibrafone, Billy Taylor e Slam Stewart / baixo, Morey Feld / bateria, 08 faixas para os álbuns “Johnny Guarnieri, Singing at the Piano” e “Slam Stewart Quintet”, selo “Continental”
(03)   12 de junho de 1945 em New York
Com o “Charlie Kennedy Quintette” (Charlie Kennedy / sax.tenor, Johnny Guarnieri / piano, Al McKibbon / baixo e Buddy DeRocco / bateria), 06 faixas para o selo SAVOY
(04)   07 de agosto de 1945 em New York
Com o “Ike Quebec All Stars” (Ike Quebec / sax.tenor, Johnny Guarnieri / piano, Milton Hinton / baixo e J.C. Heard / bateria), 04 faixas para o selo SAVOY
(05)   07 de setembro de 1945 em New York
04 faixas com o trio de Erroll Garner (Garner no piano, BILL na guitarra e John Levy Jr. à bateria), selo Associated  
(06)   22 de fevereiro de 1946 em New York
Com “Dizzy Gillespie And His Orchestra” 06 faixas para o selo RCA (Dizzy Gillespie / trumpete, Don Byas, sax.tenor, Milt Jackson / vibrafone, Al Haig / piano,  Ray Brown / baixo e  J. C. Heard / bateria)
(07)  BILL integrou a “Trummy Young And Orchestra With Four Jazz Award Winners”      (Trummy Young / trombone, Abe Baker – Ray Eckstrand – Herbie Fields – Nick Calazza – Stan Webb / saxophones, Bill Rowland / piano e o grupo vocal “The Holidays”) para a gravação de 04 faixas, selo Classics Records
Seguiram-se gravações de BILL DE ARANGO em New York nas datas de 03/maio, 15/maio e 08/junho, sempre em 1946, 26/março e 05/abril de 1947, 13/abril/1953, 07/março/1954, em 1968 a primeira gravação fora de New York (Cleveland), 13/março/1978, setembro/1981, janeiro/1983 (em Beachwood / Ohio), 1992 (Cleveland), 02/abril/1993 (gravação com Joe Lovano) e em 1994 (Cleveland).

Retornaremos à guitarra e aos guitarristas em próximo artigo.
            apostolojazz@uol.com.br

3 comentários:

MARIO JORGE JACQUES disse...

Caro Pedro já havia me esquecido que existiu o Arango, mas não tenho nada dêle, apesar de vc ter colocado várias peças não reconhecí nenhuma.
Valeu!!!

apostolojazz disse...

Estimado MÁRIO JORGE:
As gravações de Bill DeArango não são peças fáceis de serem encontradas, em função da época.
Os 03 temas citados gravados com octeto sob o comando da "Divina" SARAH ("What More Can A Woman Do?", "I'd Rather Have A Memory Than A Dream" e "Mean To Me") integram o volume 19 da série "Philology" (Philology W 849.2).
Trata-se de sessão produzida por Leonard Feather em 25/maio/1945.

Nelson disse...

Mestre "Apóstolo"
Aqui "antes tarde do que nunca", face ao assoberbo, quero parabeniza-lo - mais que merecidamente - pelos "guitarristas".
Tive contato com pequena fração da obra de Arango, quando da sua participação junto da inciática "bebop" do Gillespie, com a habitual e sempre perspicaz observação do saudoso Mestre Lulla.
Obrigado pela descrição e análise raio-X, desse quase esquecido guitarrista.

Abçs.
"Nels"