Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

27 junho 2014


ALGUMAS POUCAS LINHAS SOBRE A
GUITARRA E OS GUITARRISTAS  -  25

John Alexander “Johnny” St. Cyr, artisticamente JOHNNY ST. CYR, guitarrista e banjoista americano, nasceu em New Orleans, o berço do JAZZ, estado da Louisiana, em 17 de abril de 1890, vindo a falecer de leucemia aos 76 anos em Los Angeles, estado da Califórnia, no dia 17 de junho de 1966.
Estamos focando um guitarrista que participou ativamente dos “primórdios” da formação do JAZZ, integrando os grupos pioneiros dessa que é a “Arte Popular Maior”.
Sempre foi um guitarrista de apoio, raramente ouvido como solista, o que nenhum mérito lhe tira, já que seu apoio rítmico sempre se caracterizou por perfeita firmeza no tempo com excepcional e pleno domínio da harmonia, que conseguia por, simultaneamente, tocar os acordes e fazer soar as cordas de sua guitarra, com um “drive” sobreposto ao grupo.
Seu primeiro contato com a música assinala como professor seu pai, flautista e guitarrista.
Já por volta de 1905 e aos 15 anos iniciou sua atividade profissional noturna como músico à frente de um trio de cordas por ele dirigido até 1909, enquanto durante o dia trabalhava como gesseiro para fortalecer a economia familiar
A partir desse ano de 1909 dedica-se exclusivamente à música, no grupo do violinista, compositor e líder de grupo Armand Piron (também nascido em New Orleans 02 anos antes de ST. CYR e também educado inicialmente na música pelo próprio pai). 
Sucessivamente integrou os grupos do clarinetista Martin Gabriel de 1913 a 1914, passou de 1914 a 1916 ao do grande Edward Kid Ory (o histórico grupo “Tuxedo Jazz Band”), tocou nos “riverboats” que cruzavam o Mississipi com Fate Marable de 1917 a 1919, uniu-se ao grupo de Ed Allen no período de 1920 a 1922, em seguida tocou com Charlie Creath e regressou a New Orleans para tocar no grupo de Manuel Perez.
Sobra dizer que com todo esse alentado “curriculum” construído até os pouco mais de 30 anos de idade, ST. CYR era um mestre nas sessões rítmicas que integrava, sempre requisitado e aclamado entre os músicos.
Em 1923 ST. CYR partiu para Chicago, onde ingressou na formação de Joe “King”  Oliver (padrinho musical de Louis Armstrong).
Seguidamente tocou em 1924 com o clarinetista e saxofonista Jimmie Noone (também natural da Louisiana, mas do distrito de “Cut-Off”) e com  Doc Cook de 1925 até 1929.
Nessa mesma época, de 1925 a 1927, ST. CYR inscreve-se definitivamente na história do JAZZ ao participar das famosas e seminais gravações dos grupos “Hot Five” e “Hot Seven” de Louis Armstrong, sempre ao banjo e em 54 faixas felizmente eternizadas discograficamente.  
ST. CYR não foi o banjoista do grupo de Armstrong nas gravações de 1928 (substituído por Mancy Carr), quando foi registrado o hiper-clássico “West End Blues”, mas sua presença nas 54 faixas gravadas até 1927 garante-o na galeria dos que “escreveram a história” do JAZZ.
Ainda em 1926 ST. CYR foi banjoista nos “Red Hot Peppers” de Jelly Roll Morton.
No ano de 1930 ele retornou à sua cidade natal, New Orleans, onde tocou com diversas formações locais.
Muitos e muitos anos em New Orleans, com eventuais apresentações em outras geografias, garantiram para ST. CYR o permanente reconhecimento de seus patrícios, mas a partir de 1954 ele passou a viver na Califórnia.
É onde atuou com diversos grupos dedicados ao JAZZ tradicional, notadamente com o do baterista Paul Barbarin (também natural de New Orleans, 05/maio/1899 a 10/fevereiro/1969), com a “New Orleans Creole Jazz Band” em 1959 e com a “The Young Men Of New Orleans” em 1960.
Infelizmente em 1965 ST. CYR sofre um acidente de automóvel, o que o força a interromper sua atividade musical.
ST. CYR foi agraciado com o prêmio “All Time All Star Award” na categoria de banjoista pela revista especializada “Record Changer”, como justa e mais que merecida homenagem ao conjunto de sua obra.
Seu falecimento por leucemia em junho de 1966 foi largamente noticiado nos jornais da época, com extensas laudas sobre seu trabalho.
Podemos ouvi-lo apoiando os demais músicos em diversas gravações como, por exemplos:
-        com o grupo de Jelly Roll Morton na faixa “Black Bottom Stomp”, 1926;
-        com Louis Armstrong nos clássicos “Heebie Jeebies” e “Oriental Strut”, 1926;
-        ainda com Armstrong no formidável “Willie The Weeper”, 1927.
Pelo selo “EMI-Odeon” foi lançada no Brasil a coleção de 16 LP’s da série “Jazzology”, com os 04 primeiros discos dedicados a Louis Armstrong, incluindo todas as gravações dos “Hot Five” e “Hot Seven” (64 faixas que incluem as 54 com ST. CYR);  essas gravações foram posteriormente reeditadas em CD.
Retornaremos à guitarra e aos guitarristas em próximo artigo.
 
 
            apostolojazz@uol.com.br

Um comentário:

MARIO JORGE JACQUES disse...

Grande JOHNNY ST. CYR um dos baluartes do ritmo dos Hot's de Armstrong e de outros. Ótima biografia como sempre, valeu Pedro