ALGUMAS
POUCAS LINHAS SOBRE A
GUITARRA
E OS GUITARRISTAS - 25
John Alexander
“Johnny” St. Cyr, artisticamente JOHNNY
ST. CYR, guitarrista e banjoista
americano, nasceu em New Orleans, o berço do JAZZ, estado da Louisiana, em 17 de abril de 1890, vindo a falecer
de leucemia aos 76 anos em Los Angeles, estado da Califórnia, no dia 17 de
junho de 1966.
Estamos focando um guitarrista que
participou ativamente dos “primórdios” da formação do JAZZ, integrando os grupos pioneiros dessa que é a “Arte Popular Maior”.
Sempre foi um guitarrista de apoio,
raramente ouvido como solista, o que nenhum mérito lhe tira, já que seu apoio
rítmico sempre se caracterizou por perfeita firmeza no tempo com excepcional e
pleno domínio da harmonia, que conseguia por, simultaneamente, tocar os acordes
e fazer soar as cordas de sua guitarra, com um “drive” sobreposto ao grupo.
Seu primeiro contato com a
música assinala como professor seu pai, flautista e guitarrista.
Já por volta de 1905 e aos
15 anos iniciou sua atividade profissional noturna como músico à frente de um
trio de cordas por ele dirigido até 1909, enquanto durante o dia trabalhava
como gesseiro para fortalecer a economia familiar
A partir desse ano de 1909
dedica-se exclusivamente à música, no grupo do violinista, compositor e líder
de grupo Armand Piron (também nascido em New Orleans 02 anos antes de ST. CYR e também educado inicialmente
na música pelo próprio pai).
Sucessivamente integrou os
grupos do clarinetista Martin Gabriel de 1913 a 1914, passou de 1914 a 1916 ao
do grande Edward Kid Ory (o histórico grupo “Tuxedo Jazz Band”), tocou nos “riverboats”
que cruzavam o Mississipi com Fate Marable de 1917 a 1919, uniu-se ao grupo de
Ed Allen no período de 1920 a 1922, em seguida tocou com Charlie Creath e
regressou a New Orleans para tocar no grupo de Manuel Perez.
Sobra dizer que com todo
esse alentado “curriculum” construído até os pouco mais de 30 anos de idade, ST. CYR era um mestre nas sessões
rítmicas que integrava, sempre requisitado e aclamado entre os músicos.
Em 1923 ST. CYR partiu para Chicago, onde
ingressou na formação de Joe “King” Oliver (padrinho musical de Louis Armstrong).
Seguidamente tocou em 1924
com o clarinetista e saxofonista Jimmie Noone (também natural da Louisiana, mas
do distrito de “Cut-Off”) e com Doc Cook
de 1925 até 1929.
Nessa mesma época, de 1925
a 1927, ST. CYR inscreve-se
definitivamente na história do JAZZ
ao participar das famosas e seminais gravações dos grupos “Hot Five” e “Hot
Seven” de Louis Armstrong, sempre ao banjo e em 54 faixas felizmente
eternizadas discograficamente.
ST. CYR não
foi o banjoista do grupo de Armstrong nas gravações de 1928 (substituído por
Mancy Carr), quando foi registrado o hiper-clássico “West End Blues”, mas sua
presença nas 54 faixas gravadas até 1927 garante-o na galeria dos que
“escreveram a história” do JAZZ.
Ainda em 1926 ST. CYR foi banjoista nos “Red Hot
Peppers” de Jelly Roll Morton.
No ano de 1930 ele retornou
à sua cidade natal, New Orleans, onde tocou com diversas formações locais.
Muitos e muitos anos em New
Orleans, com eventuais apresentações em outras geografias, garantiram para ST. CYR o permanente reconhecimento de
seus patrícios, mas a partir de 1954 ele passou a viver na Califórnia.
É onde atuou com diversos
grupos dedicados ao JAZZ
tradicional, notadamente com o do baterista Paul Barbarin (também natural de
New Orleans, 05/maio/1899 a 10/fevereiro/1969), com a “New Orleans Creole Jazz
Band” em 1959 e com a “The Young Men Of New Orleans” em 1960.
Infelizmente em 1965 ST. CYR sofre um acidente de automóvel,
o que o força a interromper sua atividade musical.
ST. CYR foi
agraciado com o prêmio “All Time All Star Award” na categoria de banjoista pela
revista especializada “Record Changer”, como justa e mais que merecida
homenagem ao conjunto de sua obra.
Seu falecimento por
leucemia em junho de 1966 foi largamente noticiado nos jornais da época, com
extensas laudas sobre seu trabalho.
Podemos ouvi-lo apoiando os
demais músicos em diversas gravações como, por exemplos:
- com
o grupo de Jelly Roll Morton na faixa “Black Bottom Stomp”, 1926;
- com
Louis Armstrong nos clássicos “Heebie Jeebies” e “Oriental Strut”, 1926;
- ainda
com Armstrong no formidável “Willie The Weeper”, 1927.
Pelo selo “EMI-Odeon” foi lançada no
Brasil a coleção de 16 LP’s da série “Jazzology”, com os 04 primeiros discos
dedicados a Louis Armstrong, incluindo todas as gravações dos “Hot Five” e “Hot
Seven” (64 faixas que incluem as 54 com ST.
CYR); essas gravações foram
posteriormente reeditadas em CD.
Retornaremos à guitarra e aos guitarristas em próximo
artigo.
apostolojazz@uol.com.br
Um comentário:
Grande JOHNNY ST. CYR um dos baluartes do ritmo dos Hot's de Armstrong e de outros. Ótima biografia como sempre, valeu Pedro
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