Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

BATERIAS & BATERISTAS – Parte III

24 fevereiro 2014

 Trabalho de Pesquisa de nosso Editor NELSON REIS

MECANISMOS DE AFINAÇÃO DO TAMBOR

Como já vimos, o tambor acústico veio sofrendo modificações diversas através de sua história no tempo. Ele anunciava a proclamação do arauto na praça pública, precedia à aplicação dos castigos de enforcamento e guilhotina e, marcava a evolução da dançarina no festim. Mais tarde, antecipava-se ao anunciante de “respeitável público” do circo, ou o Diretor do clube social em dia de festa, com o seu “Senhoras e Senhores, sua atenção, por favor”.
Para isso, o baterista tinha a afinação do tambor de forma a adequar o toque com intuito de chamar com maior ou menor altura, maior ou menor intensidade, de forma mais grave ou mais aguda, a atenção dos presentes.
Assim sendo, nos primórdios de criação, descobriu o homem que a temperatura influía sobre a sonoridade produzida pela “pele” que cobria o tambor. A textura dada no estiramento do couro aplicado na “abertura acústica do casco”, modificava a “voz do instrumento”.

Reparando detalhes da história, a nossa tradição do “carro de bateria” nos desfiles de Escolas de Samba, é um símbolo da manutenção dos instrumentos de tambor da bateria, utilizado no passado. Aquele carro empurrado junto à ala da bateria, carregava – entre outros petrechos – uma boa quantidade de jornais velhos que eram queimados aos poucos durante o desfile, para produção de calor para “esticar o couro” dos tambores e tamborins, que eram trocados pelos executantes, após pequeno tempo de uso quando “o couro ficava frouxo”. Isto porque, esse couro era fixado junto ao casco de madeira do instrumento por meio de taxas de metal para tencioná-lo, dando uma afinação temporária ao instrumento, que só podia ser mantida com a pele de couro esticada mediante aplicação de calor. 

Na antiguidade, os atabaques tencionavam a pele do instrumento por meio de corda de fixação e, a aplicação de cunhas de madeira que eram batidas entre a pele sobreposta na extensão da lateral do casco e um aro de madeira ou metal adaptado à borda da saída onde a pele era adaptada.  Mais tarde, criou-se um aro de madeira, com furos espaçados em sua extensão, por onde passava-se um cordel. Agora esses aros eram aplicados nas duas extremidades de saída do tambor, fixados por um único cordel perpassado simultaneamente em ambos, intercalando as distâncias de baixo à acima. Por força da pressão de ar no momento da percussão e para maior propagação do som e melhor perpetuação temporária da afinação, o casco sofreu duas pequenas furações laterais opostas na sua superfície. permitindo o escape maior do ar e do som internos do tambor. 

Surge assim um tambor de “dupla face”, que no caso de emergência de troca, precariamente, utilizava a outra face para percussão, caso a original se rompesse ou furasse durante o uso.
Hoje, por todos esse motivos, acrescido o fato de que os ambientalistas, muito naturalmente, vieram a ser opositores do sacrifício animal com o fito de obtenção de material para uso instrumental (peles de carneiro para uso em percussão, tripas de porco e carneiro para uso em instrumentos de cordas e aplicação em raquetes de jogar tênis), surgiram a fibra e “peles” sintéticas produzidas como pesquisa de derivados orgânicos (petróleo e outros) produzida na pesquisa química de laboratório.
Nos tambores musicais, surgiram dois tipos de “peles”. Já não haveria mais aquela complicação de “esquentar o couro”. Uma das “peles” seria a própria para ser percutida diretamente pelos auxiliares de percussão (baquetas) e, na extremidade oposta com uma outra espessura mais fina, a chamada “pele de resposta” acústica.
 A afinação do instrumento passou a ser quase permanente, visto que o material sintético quase não se deforma pelo uso correto, permanecendo com a tensão desejada, sem necessidade de afinação a quase todo instante pelo instrumentista, como ocorria no passado.
As “peles” já vêm de fábrica, preparadas nas medidas-padrão de tamanhos e espessuras adaptadas a cada estilo de tambor, sendo afixadas nos instrumentos por um aro metálico removível , sobreposto à “pele” e adaptado ao casco do tambor por ajuste de parafusos longos que dão a afinação desejada por aperto.

2 comentários:

Anônimo disse...

Estimado NELSON:
Seguimos a trajetória dos "sons", com sua história, exemplos e toda a informação.
E vamos aprendendo..............
Grato,

PEDRO CARDOSO

Anônimo disse...

Bela série, Mestre Nels, sempre fui curioso nesses aspectos de afinação de tambores, mas nunca tinha tido tempo ou paciência para parar e pesquisar. Muito bom poder ler isso por aqui. Parabéns e keep on swingin', como diz o Mestre Raf!
Abração.
MauNah