Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

RICARDO SILVEIRA ORGAN TRIO

09 janeiro 2013

Alertado pelo nosso confrade Bené-X, que disse que também iria mas fez forfait, parti na noite de ontem para o Studio-RJ para ouvir o craque da guitarra e ótimo compositor Ricardo Silveira, em formação pouco comum - que no passado já havia até rolado numa produção do dito confrade, ainda no Mistura Fina, um organ trio com um Hammond B4 (Biglione, Zé Lourenço e Tandeta[?]) -, que me apeteceu. Algumas considerações a respeito:

Como uma primeira novidade, estão de volta ao Studio-RJ as noites Jazzmania, sempre às terças-feiras e com programação voltada para o jazz. Não quer dizer que se vá escutar lá o mais puro e intocado estilo, mas sim que se precisará fazer algumas pequenas concessões. Já estão programados para as próximas terças: no dia 15/1, o pianista Jeff Gardner, em trio; no dia 22 o pianista David Feldman, também em trio; e no dia 29/1, é a vez da cantora Cris Delanno (ex-BossaCucaNova), acompanhada do Power Samba Jazz.  Há mais detalhes no site da casa.

A outra novidade - boa - é que reencontrei, à frente da programação da casa, o veterano Paulo Renato, que fez e aconteceu no auge do Jazzmania, quando a casa do Arpoador era o epicentro do jazz no Rio, de noites e madrugadas memoráveis ao som dos maiores músicos nacionais e internacionais que puseram os pés ali para divertirem-se, nos divertindo em dobro.

De volta ao concerto do Ricardo, ele formou com a jovem organista Vanessa Rodrigues e com o baterista Rafael Barata um trio empolgante que deleitou a platéia que encheu 4/5 da casa. Estavam lá nosso confrade Tandeta e seu amigo inseparável Zé Nogueira, além do  baterista Claudio Infante. Desconfio que tanto Tandeta como o Claudinho tenham ido assuntar a arte do Barata, além de prestigiar seu amigo guitarrista.

Silveira fez uma escolha de repertório muito madura, com "clássicos" da musica instrumental brasileira de alto nível e composições suas pinçadas dentre as mais bonitas de toda a sua profícua carreira de compositor. Como exemplos de sua escolha, abriu com um raro tema de Herbie Mann (cujo nome me escapou), seguido de sua balada "Reflexões", tocada quase que em surdina pelos três, "para sentir o ambiente e ir chegando devagar", nas palavras dele. Seguiu-se a bela "Amazon River", de Dori Caymmi, onde demonstrou incrível domínio do solo em oitavas à Wes e Benson em sua guitarra acústica - estava longe e não reconheci a marca - e por vezes "envenenada" com alguns gadgets e pedais.

Em seguida deu espaço para a jovem e promissora Vanessa, tocando um tema desta calcado no dixieland, onde ela repetiu com bastante fidelidade, criatividade e segurança a marcação típica das bandas de New Orleans, sem nunca cair no óbvio. Inspirado e inspirador ao mesmo tempo, Barata fez fiel retrato rítmico da sonoridade da região, com sobras para mostrar sua personalidade exuberante à bateria.

Seguiram-se a rara "Polo Pony", de Tom Jobim (composta para o filme "Blame It On Rio", se não me engano) que está reproduzida em parte no vídeo abaixo. E em seguida tocaram "One Eyed Monster", de Vanessa, onde a moça mostrou não apenas domínio perfeito em ambas as mãos e nos pedais de baixo (onde os toca descalça, claro), mas um suingue entusiasmado e empolgante que arrebatou a todos. E é notável como ela demonstra, por sua expressão corporal, o quanto está se divertindo ao tocar, um sorriso permanente nos lábios. Barata, desnecessário dizer, estava endiabrado, era o próprio monster do tema...

E para fechar o tampo, "Cochise", cujo autor não foi mencionado pelo grupo. Uma verdadeira apoteose. E para o(s) bis(es), foram enfileiradas: "Eu e a Brisa", de J. Alf, tentativa de Ricardo de domar os presentes, insuflados pelo tema anterior. Ao ver que era inútil, resolveu acelerar e fechou a noite com nada menos do que "Canto de Ossanha", do Vinícius, cujo andamento e arranjo arrebatadores permitiram uma bela mostra do talento dos executantes. Impossível não comentar como a "presença" dinâmica do Barata fez a casa tremer elegantemente, sem maiores barulhos. E isso até fez com que diversos dos casais presentes se levantassem. Para dançar!

A noite, enfim, foi uma festa com todos os elementos necessários para empolgar os aficionados pelo jazz em busca de um porto seguro no Rio. E se não der para que tenhamos aquele jazz sonhado, que pelo menos haja muitos Ricardos Silveiras, Vanessas Rodrigues e Rafaéis Baratas nas nossas vidas.

Minha cotação: @@@@



3 comentários:

Mario disse...

Pena que não soube, teria ido prestigiar a turma. Deve ter sido muito bom pelo que vi no vídeo.

Andre Tandeta disse...

Saudo a presença ilustrissima do nosso Pres. prestigiando uma noite de excelente musica e musicos.
O Studio RJ abre espaço as terças feiras para a musica instrumental. Ha uma programação interessante e que merece ser prestigiada . Sem querer ser catastrofico digo a voces, se nos que amamos musica e jazz não formos a esses lugares eles acabam fechando . E ai só nos restara reclamar da pobreza musical do Rio. Se a divulgação é precaria vmos então tentar descobrir :
http://www.studiorj.org/Prog_0113.html

Anônimo disse...

Manim, falha total minha, podia ter te avisado. Vc ia adorar. My apologies. Bj MauNah