Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

MESTRE LOC, SEMPRE AQUELA AULA

02 outubro 2012

Outra reprodução das colunas do Mestre LOC, esta a de 29/9, originalmente publicada na edição online do Jornal do Brasil. Deleite puro, como sempre. Abraços.

Os ‘Enfants terribles’, ao vivo, no Blue Note



O título do disco é Enfants terribles, e foi gravado ao vivo, no clube Blue Note, Nova York, no ano passado. Os “meninos terríveis” formam um quarteto cuja idade média é de 70 anos. O mais velho de todos, Lee Konitz, completa 85 agora em outubro; o mais “jovem” do grupo, o baterista Joey Baron, tem 57 anos; o guitarrista Bill Frisell já fez 61; Gary Peacock, aos 77, continua impecável na arte do contrabaixo.

O CD recém-lançado pelo selo Half Note reúne seis faixas a partir ou em torno de temas que os quatro músicos — sobretudo o saxofonista alto — estão, aparentemente, cansados de tocar: What’s this thing called love (6m), Body and soul (12m05), Stella by starlight (11m), I’ll remember April (10m), Iremember you (11h40) e I can’t get started (9m15).


Joey Baron comentou que, quando da gravação ao vivo do álbum, um executivo da empresa Blue Note-Half Note queria sugerir a Konitz uma espécie de “atualização” do repertório, mas foi avisado de que isso seria uma “ofensa” ao legendário altista, já que “Lee tem passado a vida investigando essas melodias”.


A “investigação” melódicoharmônica foi o alicerce da “intuição criativa” pregada e praticada pelo mestre de Konitz, o pianistacompositor Lennie Tristano (1919-1978), cuja temática era formada, em grande parte, por paráfrases de standards (April, de I’ll
remember April; Lennie Bird, de How high the moon; 317 East 32nd, de Out of nowhere). A estética tristaniana tinha por objetivo atingir “os verdadeiros limites de expansão de uma determinada estrutura”, em improvisação contínua de linhas musicais, num complexo que vai se formando aos poucos, na base da interação, sem qualquer esquema preconcebido.

É esse tipo de música que se ouve em Enfants terribles — jazz totalmente espontâneo que só pode ser criado por instrumentistas com a excelência técnica, a maturidade e a capacidade de interação exibidas por Konitz, Frisell, Peacock & Baron. É um CD do mesmo quilate e do mesmo requinte de Live at Birdland (ECM) — registro de dezembro de 2009, lançado no ano passado, com Konitz ao lado de Brad Mehldau (piano), Charlie Haden (baixo) e Paul Motian (bateria).

Nos dois discos, ambos gravados ao vivo, perante plateias formadas em grande parte por jazzófilos exigentes e músicos, não há líderes. Nem é seguida a norma da exposição do tema (ou de sua paráfrase) com variações em sucessões de solos individuais, divididos em choruses. Trata-se de uma espécie de action playing, em que qualquer um dos atores pode tomar a iniciativa. Como fazem, em Enfants terribles, Konitz e Baron — baterista pontilhista como foi Paul Motian — em What is this thing... e Body and soul; Bill Frisell em I’ll remember April; Gary Peacock em I can’t get started.

O octogenário Lee Konitz mantém, no sax alto, um sopro cool — não tão diáfano como na juventude — mas suas digressões são cada vez mais despojadas e cerebrais, por sobre um beat mais sugerido do que marcado. Como anotou Allen Morrison (Downbeat), “Konitz e os Enfants não tocam canções propriamente ditas; eles tocam meditações sobre canções — de maneira pós-moderna, em improvisações às vezes excêntricas”.

Um comentário:

LeoPontes disse...

Assim como os solos octogenário de Sonny Rollins no Albun "Road Show Vol 2". Excentrico e meditativo.

Abrçs Sonoros

Leo