Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNA DO MESTRE LOC, NO JB DE 25/2

13 março 2012

TEMAS DE HERMETO E TONINHO HORTA EM DOIS CDS
Por Luiz Orlando Carneiro

Há quase um ano, esta coluna foi dedicada ao baterista carioca Duduka Da Fonseca — radicado em Nova York desde 1975 — por ocasião do seu 60º aniversário, celebrado em quatro “noites de gala” no Jazz Standard, um dos top jazz clubs de Manhattan. E ele aqui está de novo, desta vez em razão do seu mais recente CD, gravado no Rio, em agosto de 2009, e lançado nos Estados Unidos em novembro último: Duduka Da Fonseca Trio plays Toninho Horta (Zoho). O trio em questão é integrado por dois outros músicos excepcionais (Duduka os chama de “fabulous”): o pianista carioca David Feldman, 31 anos, bem conhecido da turma novaiorquina, e o baixista gaúcho Guto Wirtti, 29.

O disco é o terceiro do baterista-líder para o selo de Jochen Becker, que o qualifica muito apropriadamente de o Latin-Jazz label with a distinctive New York vibe. Os anteriores foram Samba Jazz in Black and White (2005), com Anat Cohen (clarinete, saxes), Hélio Alves (piano), Leonardo Cioglia (baixo), Guilherme Monteiro (guitarra); e Forests (2007), com Alves e Nilson Matta (baixo).

O novo álbum de Duduka contém nove faixas: a animada Aqui, oh! (6m30); a romântica Bicycle Ride (4m15), em tempo médio; a balada Moonstone (4m15), introduzida pelo arco do baixista; a valsante Francisca (4m15); De Ton pra Tom (4m45) — tema em homenagem a Jobim, é claro — Waiting for Angela (5m) e Luisa (5m50), tratados com ênfase naquele langor melódico típico da bossa nova, mais as acentuações rítmicas de Duduka, “escovando” os snare drums ou tinindo os pratos; Aquelas Coisas Todas (7m50) e Retrato do Gato (4m15), em tempo rápido, particularmente envolventes em termos de interplay, assim como Aqui, oh!. O piano de Feldman, mais do que cativante, é hipnótico, em qualquer andamento. Duduka é avesso a exibições solitárias de técnica, mas brinda os admiradores com dois solos (Aqui, oh! e Retrato do Gato).

Outro ótimo lançamento recente de samba jazz (jazz com molho de samba, e não samba com sotaque jazzístico) é o CD Essentially Hermeto (Sunnyside), com o conjunto JazzBrasil do vibrafonista Erik Charlston — músico de formação clássica nascido em Chicago, que se sente igualmente à vontade como percussionista da Orquestra Filarmônica de Nova York ou liderando o seu sexteto no Dizzy’s Club.

Os demais músicos do JazzBrasil são o brilhante saxofonista (flautista e clarinetista) Ted Nash, o pianista Mark Soskin (ex-sideman de Sonny Rollins), o baixista Jay Anderson e os brasileiros Rogério Boccato (bateria) e Café (percussão).

Em Essentially Hermeto, o Bruxo assina seis das oito faixas, já que Egberto Gismonti é o autor de Frevo Rasgado (5m30), um eletrizante duo piano-vibrafone, e Paraíba (3m40), cantado em português pelo líder, nada mais é do que uma homenagem a Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, de saudosa memória.
Logo na peça de abertura do CD, Vale da Ribeira (6m25), o grupo exibe muita disposição e afinidade, com realce para o sax alto à la Phil Woods de Nash e o vibrafone do líder. O irresistível chorinho Rebuliço (4m45) é desenvolvido na combinação clarinete-marimba; Santo Antônio (7m), lembrança de uma festa junina na cidade natal de Hermeto, tem tratamento bem bucólico, com realce para o vibrafone de Charlston, ao fundo o piano de Soskin e a flauta de Nash; Essa Foi Demais (7m20), na batida do maracatu, é bem percussiva, com introdução de Café no berimbau e o líder solando na marimba; a Melodia de Hermeto (9m) é trabalhada na combinação flauta-vibrafone; Viva o Rio de Janeiro (6m25), como indica o título, é uma celebração do samba carioca, com Nash mais uma vez empolgante no sax alto.
Nas notas que escreveu para o disco, Erik Charlston sublinha que a música de Hermeto é cheia de “energia, originalidade absoluta, audácia e beleza”. Em Essentially Hermeto, ele e seus parceiros mostram-se à altura do desafio de jazzificar a música do Bruxo.

Um comentário:

figbatera disse...

Pelas informações e pelos times atuantes, só podem ser coisa MUITO BOA MESMO!