Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

26 fevereiro 2012

ALGUMAS POUCAS LINHAS SOBRE A
GUITARRA E OS GUITARRISTAS - 19




EVERETT BARKSDALE foi um guitarrista norte-americano que teve participação em incontáveis gravações com consagrados músicos de JAZZ “top”, a saber e entre outros: Henry "Red" Allen, Art Tatum, George Barnes, Cozy Cole, George Duvivier, Louis Armstrong, Sidney Bechet, Big Sid Catlett, Ernie Hayes, Milt Hinton, Billy Kyle e Dave McRae.
Por essa plêiade de músicos que acompanhou, fica patente sua estreita ligação com as origens do JAZZ (New Orleans, Chicago, New York), seja por sua origem, já seja pela origem dos músicos com quem tocou.
EVERETT BARKSDALE nasceu em Detroit, estado de Michigan, em 28 de abril de 1910, tendo vivido por 75 anos e vindo a falecer em Inglewood, estado da Califórnia, no dia 29 de janeiro de 1986.
Desde cedo dedicou-se aos instrumentos de corda: contrabaixo (sua primeira “paixão” instrumental, com a qual voltaria e encontrar-se no final da década de 1950), piano e violino. Em formações das quais participou em sua cidade natal apresentava-se com a guitarra, algumas vezes com o contrabaixo, principalmente em salões de baile.
Com pouco mais de 20 anos incorporou-se em Chicago à banda de Erskine Tate (violinista e multi-instrumentista nascido em Memfis, no Tenessee, e que liderou sua “Erskine Tate’s Vendome Symphony Orchestra” para apresentações no “Vendome Theatre”). A importância dessa banda pode ser avaliada pelo fato de nela ter atuado Louis Armstrong em 1926, assim como por ela terem desfilado Freddie Keppard, Buster Bailey, Eddie South, Omer Simeon e tantos e tantos outros.
Em 1932 integrou a orquestra de Clarence Moore, apresentando-se no “Grand Terrace Hotel”.
Participou do conjunto do violinista Eddie South, com o qual excursionou em 1937 para apresentações na Europa.
Em 1940 foi contratado pelo grande Benny Carter para sua “big-band”. Vale citar que o grande Benny Carter (Bennett Lester Carter, multi-instrumentista - sax alto, clarinete, trompete e piano - compositor e arranjador), dedicou-se mais constantemente ao sax-alto com sonoridade e fraseado inconfundíveis, viveu de 08 de agosto de 1907 até 12 de julho de 2003, portanto a ponto de completar 96 anos e ainda, imediatamente antes de seu falecimento, em atividade.
Gravou em 1941 com o grande Sidney Bechet.
Seguidamente EVERETT BARKSDALE participou de diversas formações: em 1942 nas de Herman Chittison (com a qual gravou diversos discos), Buster Browne e Leon Abbey, em 1944 nas de Cliff Jackson e Lester Boone, além de manter grupo próprio com atuações esporádicas (isso em 1945) e de ser membro fixo durante um ano e meio da orquestra de estúdio da rádio CBS.
No período de 07 anos de 1949 até 1955 BARKSDALE participou de trio com o piano de Art Tatum e o baixo de Slam Stewart. Ainda assim e entre 1950 e 1952 BARKSDALE teve oportunidade de integrar grupos que acompanharam a “Primeira Dama” Ella Fitzgerald, destacando-se como integrante da “cozinha” da banda de Sy Oliver ao lado de Hank Jones e Ray Brown (uma delícia ouvir a versão de Ella para o clássico de Harold Arlen e Koehler “I’ve Got The World On A String” em 1950, assim como a de “Angel Eeyes” de Brent e Dennis em 1952) e, ainda, com destaque para seu acompanhamento do duo Ella / Louis Armstrong em 1950, também com Hank Jones e Ray Brown..
Logo após integrar o trio com Art Tatum e Slam Stewart BARKSDALE tornou-se o diretor musical do grupo vocal “The Ink Spots”, com o qual realizou temporada na Europa.
Ao regressar aos U.S.A. voltou a trabalhar por breve período com o grande pianista Art Tatum (que veio a falecer em 05 de novembro de 1956).
BARKSDALE retornou, então, aos estúdios de gravação da “Big Apple”, onde reencontrou à sua mencionada primeira paixão instrumental, o contrabaixo, já agora em versão elétrica. É com o contrabaixo que alinhou na formação de Buddy Tate, no período de 1958 a 1959.
A partir daí passa a apresentar e a gravar tanto na guitarra quanto no contrabaixo, assim como para os estúdios de rádio e os de televisão, via-de-regra em pequenos grupos.
Ainda que fosse um “virtuose” na guitarra e possuidor de técnica superior, EVERETT BARKSDALE dificilmente fazia alarde de seus dotes à guitarra, mesmo nos períodos em que alinhou ao lado de Art Tatum, que era um super dotado e capaz de soar como se 02 pianistas fosse.
BARKSDALE possuía uma sonoridade atraente (som de guitarra “sem água”), fraseado íntegro, no sentido de belo e sem excessos; basicamente e tal como Freddie Green um acompanhante, um suporte de pulsação firme; nas gravações em que podemos ouví-lo nos seus raros solos (particularmente em cálidos “blues”), nos deparamos com perfeita correção estrutural e equilíbrio.
Destaques para as gravações de 1941 com Sidney Bechet (“Strange Fruit” e “Mood Índigo”), as de 1952 com Art Tatum (“Out of Nowhere”, “Indiana” e “Just One Of Those Things”) e, ainda com Joe Thomas em 1958 (“Blues For Baby”)
É importante ouvir a qualidade de “sideman” de BARKSDALE no CD clássico “Henry ‘Red’ Allen World On A String”, contendo faixas gravadas em New York (21 e 27/março e 10/abril de 1957, selo econômico da RCA, “Bluebird”) com um seleção de “craques”: Henry “Red” Allen ao trumpete, J.C.Higginbothan no trombone, Buster Bailey no clarinete, Coleman Hawkins no sax.tenor, Marty Napoleon no piano, EVERETT BARKSDALE na guitarra, Lloyd Trotman no baixo e Cozy Cole à bateria. Nesse CD temos 11 faixas, com destaque especial para o belíssimo clássico de Green e Heyman “I Cover The Waterfront”, abertura com BARKSDALE que permanece apoiando todos os solos harmonicamente, seguindo-se solos de “RED” com o tema, de MARTY NAPOLEON ao piano e retorno de “RED” para uma aula de trumpete com técnica, emoção e domínio de todos os registros: uma grandeza ! ! ! Logo após e completando os 8’25” da gravação, COLEMAN HAWKINS nos brinda com sua sonoridade encorpada, com intervenção de “RED” nas alturas para uma “coda” que vale por um curso superior de trumpete..




Retornaremos à guitarra e aos guitarristas em próximo artigo
apostolojazz@uol.com.br

HÁ ESPERANÇA. NO JAPÃO, PELO MENOS

25 fevereiro 2012

Um amigo, Fernando Ribeiro, sempre interessado por boa música e mais ainda em jazz, para o qual vem voltando sua atenção com mais e melhores audições a cada dia, enviou-me o clip abaixo (o que está no link, pois o autor não autoriza embutir no blog), no qual fica patente que ainda há esperança para a humanidade, que ainda há vida inteligente grassando pelo planeta, mesmo que em regiões frias e longínquas, e que o jazz ainda pode empolgar aos jovens de qualquer parte. Sim, desde que apresentado através de suas vertentes mais animadas e empolgantes, como o trazido essa banda de porte médio, formada por meninas japonesas chamadas de Swing Girls - apenas o pianista é do sexo masculino -, que tocam com alto nível técnico.
Viva a civilização japonesa e o alto padrão educacional conferido a seu povo!

Aqui, para ouvir "Sing, sing, sing"



"In the Mood"


Aqui, as Swing Girls mostram sua técnica na conhecida "Moonlight Serenade"



Obrigado, Fernandinho!

HOMENAGEM PARA BUDDY RICH

24 fevereiro 2012


Será no famoso “London Palladium”, no dia 2 de abril, a homenagem ao baterista Buddy Rich, quando se cumprem vinte e cinco anos de sua morte. Muitos músicos ingleses e americanos participarão do evento. Cathy Rich, filha do baterista, atendendo a pedido do pai, manteve a sua big-band em atividade, organizando concertos anuais , nas datas de aniversário de seu pai. É bom lembrar que em 1961 Buddy Rich tocou no Rio de Janeiro, liderando seu próprio sexteto que contava com Sam Most(fl), Mike Manieri(vb), JohnMorris(p), Wyat Ruther(b) e Morgana King (vo). Apresentou-se na TV Tupi e no Copacabana Pálace em 8 de março de 1961.

HARPA NO JAZZ

O harpista colombiano Edmar Castañeda estará lançado seu disco “Double Portion”, que gravou com Gonzalo Rubalcaba e com o saxofonista Miguel Zenon, no famoso night-club “Blue Note” de New York, em apresentações marcadas para 6 e 7 de março.

Nesse álbum, Castañeda tenta fundir a música colombiana com o jazz de New York, sendo que nove dos dez temas do repertório são de sua autoria. Nas apresentações no “Blue Note” integrará o grupo o bandolinista brasileiro Hamilton de Holanda.

DODO MARMAROSA – UM PIANISTA FABULOSO
ESQUECIDO NA POEIRA DO TEMPO

Sigo publicando artigos do Mestre RAF, grandes pérolas do conhecimento da história do jazz onde podemos tomar contato - falo apenas por nós, os não-Mestres - com algumas personagens menos conhecidas mas nem por isso menos relevantes e geniais do universo jazzístico. Curtam!

A Era do Bebop produziu um gigante do jazz: Charlie Parker, um punhado de jazzmen de primeira categoria e uma quantidade de músicos com grande potencial que não viveram além do suficiente como extraordinárias promessas. Um desta última categoria que chegou muito perto foi Dodo Marmarosa. No auge da sua carreira, ele foi um dos mais excitantes pianistas de jazz, considerado o novo astro mais capacitado a vestir o manto real de Art Tatum.

Dodo Marmarosa nasceu em Pittsburgh em 19 de dezembro de 1925 numa família italiana de classe média. Seu nome era Michelle Marmarosa. Ele iniciou as primeiras lições de piano ainda menino sob a direção de professores enraizados na música clássica. Ainda rapazinho era obrigado a praticar muitas horas diariamente sempre vigiado de perto pelos professores. Não sobrava tempo para Dodo praticar esportes ou ter atividades sociais, concentrando-se unicamente nos estudos de piano. A idéia de Dodo mais aproximada do lazer era divertir-se diariamente em tocar a Two-Part Inventions de Bach aumentando gradualmente o andamento até suas escalas alcançarem o dobro da velocidade medida pelo metrônomo.
Na escola, o jovem fanático pelo piano não participava da prática de esportes devido à sua inaptidão e às exigências dos seus professores de piano, que o sobrecarregavam de aulas e estudos. Socialmente sua vida também não era melhor. Sua alienação devia-se ao fato do seu apelido (Dodo, que significa pato) originado devido ao seu pequeno porte e sua enorme cabeça desproporcional ao corpo, além de ter um pronunciado nariz de falcão. O apelido permaneceu para sempre, relegando seu nome Michelle apenas a constar em seus documentos e recibos de pagamentos oficiais.
O jazz tornou-se a válvula de escape dele para deixar seus estudos de piano com os professores de música clássica. Dodo estudou em sua cidade natal com Mary Lou Williams e Earl Hines, dois notáveis pianistas da história do jazz. Mais tarde tornou-se um discípulo de Art Tatum, como aconteceu com virtualmente todos os pianistas que aspiravam tocar jazz. A maestria inigualável de Tatum não estava além das expectativas de Dodo. Poucos foram tão disciplinados como ele em ouvir e absorver os ensinamentos dos solos de Tatum. Aos 15 anos Dodo possuía um formidável domínio da técnica pianística. Seu toque era claro, preciso e fluente. Graças aos exercícios de Two-Part Inventions, sua mão esquerda adquiriu o mesmo desembaraço e mesma independência da mão direita. Ele também lia música à primeira vista com total facilidade. Sua técnica desenvolvida rapidamente aliada à sua segurança e agilidade no teclado permitia-lhe tocar em andamentos tão velozes como somente Tatum conseguia.
No início dos anos 40 as orquestras de dança começavam a sofrer desfalques dos seus músicos devido à convocação militar para a guerra e diariamente apareciam oportunidades para os jovens músicos tocarem. Com sua imensa habilidade em tocar em qualquer andamento e ler música à primeira vista, Dodo tornou-se uma espécie de sonho secreto para qualquer líder de orquestra ter em sua formação. Ele tocou com as orquestras de Charlie Barnet (com um solo memorável em “The Moose”, gravado em outubro de 1943), Tommy Dorsey, Johnny “Scat” Davis e Ted Fio Rito. Finalmente sua categoria de grande músico foi reconhecida na idade em que ele deveria estar se preparando para o colegial.
Dodo atuou na orquestra de Artie Shaw em 1944-45, na qual tocavam Roy Eldridge, Barney Kessel e Herbie Steward. Ele alcançava a uma situação privilegiada na música americana ocupando o piano numa prestigiosa orquestra do swing, que ele descreveu como “bem no meio daquela profusão de grandes sons”. Depois de Shaw, vieram orquestras de igual renome e prestígio como as de Gene Krupa e novamente Tommy Dorsey.Tudo isso aconteceu quando o garoto de Pittsburgh alcançou a maioridade.
Os atrativos da Califórnia e seu crescente interesse no bebop e nos pequenos conjuntos de jazz levaram-no a deixar Dorsey em Los Angeles após uma temporada no Cassino Gardens, de propriedade de Dorsey, Harry James e Woody Herman. Ele empolgou-se com os boppers de Los Angeles e logo integrou a orquestra progressiva de Boyd Raeburn, tornando-se parte ativa e importante da renascença do jazz na Costa Oeste no mesmo período em que Charlie Parker e Lester Young estavam morando lá e em grande evidência.
Os dois primeiros solos de Dodo gravados como líder foram “Deep Purple” e “Tea for Two”, que mostram claramente a influência de Art Tatum em seu estilo. Estas faixas foram gravadas de uma transmissão radiofônica da AFRS Broadcast pouco antes de Dodo e o saxofonista Lucky Thompson deixarem a orquestra de Boyd Raeburn para formarem seu conjunto. Foi também quando ele chamou a atenção de Charlie Parker. Após quatro semanas tocando com Dizzy Gillespie no clube Berg’s, Charlie Parker convidou-o a ocupar o lugar de Joe Albany no piano na banda que fora contratada para tocar no Finale Club. Com sua atuação, Dodo foi chamado para gravar na primeira sessão de Parker para a Dial, que originou a famosa gravação de “Ornithology”.
Marmarosa também participou da primeira sessão do trompetista Howard McGhee para a Dial. As faixas desta sessão foram editadas no CD “Howard McGhee – Trumpet at Tempo, The Complete Dial Sessions – 1946-1947”. Os takes alternativos de “Dilated Pupils” e “Up in Dodo’s Room” são altamente relevantes devido às intervenções de Dodo. Na época, McGhee liderou um sexteto do qual faziam parte Marmarosa, Teddy Edwards e Bob “Dingbod” Kesterson, entre outros.
Os anos 1946 e 1947 foram dourados na carreira de Dodo Marmarosa, e, em 1947, ele foi eleito “New Star of Piano” no concurso de críticos promovido pela revista Esquire.
As faixas “Tone Paintings I” e “Tone Paintings II” foram gravadas sem intenção de serem editadas comercialmente. Ambas antecipam as mudanças que logo ocorreriam no jazz. São explorações de improvisações em série sugerindo a extinção das formas de 12 e 32 compassos de duração das composições desenvolvidas por Ornette Coleman que levaram ao free jazz de John Coltrane e Cecil Taylor.
Às vésperas da segunda greve geral de gravações decretada pela Federação Americana de Músicos, em 1948, Dodo gravou pela última vez para a Dial, acompanhado por Jackie Mills, seu baterista favorito, e Harry Babasin no violoncelo. Esta sessão com cinco temas exibe Dodo no auge da sua grande forma: “Bopmatism”, “Dodo’s Dance”, “Trade Winds”, “Dary Departs” e “Cosmo Street”. Os acompanhamentos e solos de Babasin no violoncelo documentam a primeira sessão de gravação desse instrumento na história do jazz. A longa sessão resultou em 26 gravações entre takes masters e alternativos.
Como estilo de piano, Dodo foi um descendente direto da escola brilhante de Art Tatum. Ele possuía a clareza de Tatum, imensa facilidade de digitação e o mesmo comando autoritário das escalas e arpejos pulsantes. Ele utilizava acordes originais na mão esquerda. Por outro lado, era menos complexo e polirrítmico do que seu mestre Tatum, preferindo tocar com uma seção rítmica. Seu intuitivo instinto jazzístico, o perfeito senso do fraseado e suas texturas pessoais são marcas indeléveis do seu estilo.
A vida de Marmarosa foi conturbada, repleta de altos-e-baixos, com problemas pessoais e psíquicos, internações em instituições especializadas em recuperação de pessoas com problemas mentais, teve um divórcio tumultuado em que ficou proibido de ver as duas filhas, enfim, uma série de atribulações que o afastaram da música.
Em 1961 gravou um disco excepcional (Dodo’s Back!), com baixo e bateria, tocando um repertório eclético em que mesclou canções antigas (“Me and My Shadow”, “We Call it Madness”, “A Cottage for Sale”, April Played the Fiddle”, “The Very Thought of You” e “Just Friends”), além de suas composições originais. Sua execução manteve a forma excepcional de quando surgiu nos anos 40, especialmente marcantes em “Relaxin’ at Camarillo”, “Yardbird Suite”, “Ornithology” e “A Night in Tunisia” com Charlie Parker. Ele estava em absoluta posse das suas faculdades criativas, com improvisações notáveis, a cada chorus renovando suas idéias articuladas com a facilidade de expressão que o consagrou entre os músicos. No ano seguinte, gravou sua última sessão em estúdio para a Prestige, em trio e quarteto (esta com a saxofonista-tenor Gene Ammons), resultando num álbum duplo em que, mais uma vez, sobressaiu seu talento e musicalidade. Depois disso, desapareceu da cena musical quando seus problemas se avolumaram. Gravou uma sessão para a Savoy com alguns standards, músicas batidas e, visivelmente, ele não se sentia confortável, cumprindo apenas sua obrigação.
As coisas pioraram quando divorciou-se de sua esposa, perdendo o gosto pela vida, passando dias e noites sem sair de casa. Nem quando alguns músicos seus amigos insistiram para juntar-se a eles a fim de tocar surtiu efeito. Solitário e sem qualquer perspectiva de vida, Dodo Marmarosa foi internado num sanatório onde faleceu longe de todos e sem amigos, restando a lembrança da sua música e seus maravilhosos discos.

Por José Domingos Raffaelli

16* FESTIVAL DE JAZZ DE LAPATAIA PARTE 2



No sábado, com um frio de rachar, tivemos 3 sets.
DMITRY BAEVSKY QUARTET - @@@
Dmitry Baevsky - sax alto
Jeb Patton - piano
David Wong - baixo
Joe Strasser - bateria
Baevsky é um jovem músico russo(32 anos) radicado em NY, que tocou standards e baladas sem me impressionar. A cozinha foi muito convencional para o meu gosto.

RICHIE GOODS QUARTET - @@@1/2
Richie Goods - baixo
Helen Sung - piano
Mike Clark - bateria
Seamus Blake - sax tenor
Goods e Clark estão mais para funk e fusion,(Clark tocou nos Headhunters de Hancock nos anos 70/80) mas Sung e Blake tocaram demais!
Composições de Goods mescladas com clássicos como Caravan, ótimos solos de Blake e uma grande revelação para mim : Helen Sung de quem comprei um cd muito bom.

CLARINET SUMMIT - @@@@@
Paquito D'Rivera, Anat Cohen, Victor Goines e Dr.Michael White - clarinetes
Renee Rosnes - piano
Todd Coolman - Baixo
Adam Nussbaum - bateria
O grande show do festiva lcom destaque para Paquito, Anat e Nussbaum. Tocando juntos ou separados os 4 clarinetes arrasaram, cada um com seu estilo próprio.
Batalha de solos em temas clássicos ou in;editos como o gravado na semana anterior por Anat para seu próximo cd. Anat foi apresentada por Paquito como "israelense carioca"e atacaram no final com um deliciosa 1x0 do Pixinguinha que levou a platéia ao delirio.
Destaque especial para o baterista Adam Nussbaum, que vi ao vivo pela 1a vez e que foi brilhante em todos os contextos.

Domingo, 3 shows, um repetido de Richie Goods.
ERIC ALEXANDER / GRANT STEWART QUINTET - @@@@
Eric Alexander, Grant Stewart - sax tenor
Harold Mabern - piano
David Wong - baixo
Philip Stewart - bateria
Dois tenores, um brilhante, Eric e outro convencional, Grant apresentaram um set "hard bop" de boa qualidade com um "plus", que foi o pianista Mabern (75 anos), mentor de Eric e que ainda toca demais!

Encerrando o festival, tivemos um tributo a James Moody (@@@@@) com o seguinte sexteto :
Paquito D'Rivera - sax alto e clarinete
Diego Urcola - trumpete e trombone de válvula
Valery Ponomarev - trumpete
Renee Rosnes - piano
Todd Coolman - baixo
Adam Nussbaum - bateria
Grandes sucessos de Moody com destaque para Moody's Mood For Love, Body and Soul, Birk's Work e outros temas da era Gillespie.
A seção rítmica vinha acompanhando Moody nos seus últimos shows e segurou o set com muita competência novamente com destaque especial para Nussbaum.
Ao final, foram chamados ao palco Anat Cohen, V.Goines e D.Baevsky para uma Jam Session de despedida. Fantástico!

Para terminar, quero dizer que valeu muito a pena o festival em sí, bem como Punta del Este, um paraíso ao sul do equador.
BraGil

PANORAMA DO JAZZ EM NOVA IORQUE, EM FEVEREIRO

Como vem fazendo com uma certa periodicidade, nosso editor-quase-eletrônico, PeWham nos envia este saboroso relato de sua recente estada na Grande Maçã, com as palavras exatas para fazer com que nos sintamos como se ali ao seu lado, na verdadeira maratona que empreendeu. Ave, Pedro, obrigado pela bela reportagem.


Jazz em Manhattan:

Aos companheiros do CJUB registro alguns ótimos momentos que vivi em NY na semana anterior ao Carnaval. Como não deixo de impressionar-me pela diversidade das casas de jazz e por inúmeros novos músicos que disputam seu espaço nesses palcos, produzindo musica da mais alta qualidade e sensibilidade, espero repartir com vocês a memória desses momentos.

Com o justo tempo de deixar a mala no hotel corri para o Jazz Standard e lá chegando já subia ao palco o YES! TRIO.

Três músicos que não poderiam ter visuais mais distintos: a figura do “bom moço” do nosso muito conhecido e admirado Aaron Goldberg, cabelos aparados, camisa branca e paletó escuro, contrastava com Omer Avital, com sua vasta cabeleira encaracolada, espessa barba e seu quase inseparável cachecol, e mais o baterista Ali Muhammad Jackson, cabeça raspada, colete cinza e vistosa gravata borboleta.

Mas essa impressão de desarmonia é, claro, meramente do visual, e não passa do conjunto da imagem dos três, e fica logo desfeita desde as primeiras notas e acordes do rápido e alegre tema “Muhammad Market”, e a integração e harmonia do trio é total e de raro bom gosto!

Com direito a conhecermos a história do porque do titulo dessa peça inicial, oriunda da ultima turnê do Trio pela Europa, seguem numa impecável apresentação, temas na maioria originais de Aaron ou Omer, sempre com o acento da musica da terra, seja na bela “Homeland” de Goldberg ou na linda balada “El Soul” de Avital. “Epistrophy”, de Monk com um clima dramático criado pelos cymbals de Ali e o ostinato de Avital no baixo.

Relembram ainda o grande Coltrane com um tema de Omer, “Flow ,” onde colocam algumas frase de “Giant Steps”, e mal se percebe quando invertem, tocando “Giant Steps” e nesse inserindo citações de “Flow”.

A casa não está lotada mas a intensidade e a integração do trio mantém a plateia ligada em todo o set. Ao final total convencimento de que valeu tanta correria.

Posso afirmar-lhes YES! O TRIO é ótimo!

E não há como sair sem comprar o CD à venda no bar (Sunnyside SSC 1271, já disponível na iTunes brasileira).


No VILLAGE VANGUARD apresenta-se Fred Hersch. O crítico Nate Chinem do “The New York Times”, presente aos sets de abertura na terça feira assim escreveu: “Se tivesse de descrever a musica de Fred Hersch em uma única palavra escolheria refinamento”. E acresceu: "Hersch é um pianista de cultivado bom gosto e erudição. Elegante no que toca e não nos deixa perceber qualquer esforço nisso”.

Durante toda semana os sets seriam gravados para edição de um novo CD, a ser lançado até o final do ano, no que será o terceiro gravado ao vivo por Hersch no templo maior do jazz.

O primeiro foi “Live at the Village Vanguard” de 2003 e no ano passado “Alone at Village Vanguard”.

Nesta semana acompanhando Hersch e à ele perfeitamente integrados (e já haviam gravado em estúdio o álbum “Whirl” em 2010), os excelentes John Hébert, bs e Eric McPherson, dr.

“The Song is You” que abre o set em tempo de balada , já justifica plenamente a assertiva de Nat Chinem do refinamento de Hersch. Logo a seguir, como num contraponto, um alegre e em up-tempo, original seu, “Jackalope” que diz ter se inspirado num bicho, seja lá qual for.

Homenageia em seguida três grandes músicos de sua declarada admiração, todos por três originals seus, “Dream Monk” valorizada com repetidas citações de “Monk’s Dream”; à Tom Jobim dedica “Sad Poet”, e reverencia Paul Motian, recém falecido, em “Tristesse”, e como os títulos já dizem, temas lentos e de muito sentimento, trechos quase sussurrados, como se cada nota fosse entregue flutuando à audiência, e ainda mais valorizadas pela bela moldura que compõe o baixo de Hebert e as suaves escovas de McPherson. Envolventes!

Terminam com outra composição de Monk, “Played Twice”, e a esta altura a platéia já totalmente encantada, retribui ao final com demorados aplausos à maravilhosa apresentação de Hersch e seu trio. Casa cheia de terça a domingo.


Saio do Village e percorro na noite gelada as três quadras que me levam ao Small’s , pois não poderia deixar de visitar esta casa que aqui já registrei como a mais divertida, quente e diversa no que apresenta no cenário jazzístico de NY. Impossível deixar de rever o simpático door-man e sua caixa de charutos/bilheteria e o gordo gato, presença infalível na casa. Muito menos os jovens e excelentes músicos que ali se apresentam, como primeiro estagio de um maior reconhecimento no universo jazzístico.

Quando chego já estão no palco os músicos que compõe o sexteto de Omer Avital. Sim, cabe um sexteto no exíguo palco do Small’s, e se apresentam sob a firme liderança e organização de Omer, tocando por mais 45 minutos uma musica vibrante, intensa, alegre, as vezes modal, e com visível influência da terra natal desse músicos. Não consegui identificar ou registrar qualquer dos títulos e nem precisava, pois esses jovens músicos empolgaram a platéia, arrancando entusiasmados aplausos a cada solo ou intervenção, e uma das que mais festejava a apresentação era nossa conhecida e notável Anat Cohen.

Anotei seus nomes pois são músicos aos quais vale a pena estarmos atentos e buscando conhecer outros trabalhos. Nesse competitivo universo do jazz dos dias atuais, para brilhar e ganhar notoriedade já não há outro caminho que não de muita técnica que vem da prática e dos estudos e muito empenho. Já não basta o dom. Aplica-se aqui a máxima do grande Armando Nogueira: “inspiração e transpiração, a receita do craque”, o que não faltou aos jovens desse sexteto.

Então anotem: Itamar Borochov, tp, Matan Chapnizka, ts, Nadav Remy, gt, Yoni Halevy, dr e o excelente pianista Shai Maestro, que já é mais conhecido e requisitado.


O BMCC Tribeca Performing Arts Center é um espaço que integra o campus do New York College. Impressionante!

Além de outros espaços, dois excelentes teatros, um com capacidade para 240 pessoas na forma de um anfiteatro e acústica impecável, e outro maior, para quase 500 pessoas.

O objetivo desses espaços é proporcionar aos artistas possibilidades de criação e apresentação de seus trabalhos, e a cada temporada homenagear os que no passado brilharam, e por um olhar nos que brilharão no futuro. E nesse segundo viés é que, na fria noite de sábado, fui conhecer Joshua White, ganhador do Concurso Thelonius Monk de 2011. Já haviam se apresentado os segundo e terceiros colocados, em sábados anteriores, Emett Cohen e Cris Bowers. Numa recente coluna Mestre LOC escreveu sobre os três.

White apresenta-se acompanhado pelos já muito bem conceituados Doug Weiss, bs, e Adam Cruz, dr, que já foram sidemen constantes de ninguém menos que Fred Hersch e Danilo Perez respectivamente, além do otimo e versátil Marcus Strickland, ts e ss.

White é um virtuose !! Nunca ouvi Emett ou Bowers mas fica difícil imaginar alguém tão criativo e cheio de vigor como o jovem e tímido White, que quando põe as mãos sobre as teclas do piano transforma-se.

Começa com uma introdução intensa e percussiva, ao melhor estilo McCoy Tyner, aos poucos construindo um belo “Yesterday” que a medida que Weiss e Cruz vão se integrando percebe-se com maior clareza. Apresenta o único original seu, “Amazing”, que faz total jus ao título da composição. Aliás e é uma visão muito pessoal minha que os jovens músicos deveriam seguir essa formula de White, menos originals e mais temas conhecidos. Sei que nessa visão tenho, ao menos, o apoio do Dr. David Bené-X!

Chama Strickland ao palco para interpretar obras dos músicos que diz serem grandes influências, Monk e Shorter. Do primeiro compõe um belo “Ugly Beauty”. Não pude identificar o tema de Shorter, que Strickland em seus solos mostra grande influência do mestre autor.

Climax da apresentação é o numero solo de White. Outra vez uma inspirada e percussiva introdução em que pode improvisar e mostrar todo seu poder de digressão, muito mais por estar só. Percebe-se que uma musica muito linda e conhecida está sendo aos poucos construída, e a medida que vai diminuindo a percussão, baixando o volume, tornando-se aos poucos melodioso, vamos distinguir uma "Skylark" como não podia imaginar. Linda! Final sussurrado. Público em suspense e totalmente envolvido pela enorme qualidade e sensibilidade desse grande pianista Joshua White.

De volta Weiss, Cruz e Strickland, terminam com a bela canção dos Beatles “And I Love Her” que alternam com um tema de Coltrane, que não consigo identificar embora tenha pesquisado (ajudem-me por favor,) e que encaixa-se à perfeição na citação de frases entre um tema e outro.

Do Tribeca fui ao Cornelia Street Café onde queria ver Vijay Iyer, no set de 11 hs, a única frustração da temporada, mas por culpa de minha imprevidência de não ter feito reserva. Depois de quase trinta minutos na fila de espera na calçada, com frio e com alguns leves flocos de neve caindo, não consegui lugar no simpático porão da Cornelia St. Menos mal que no térreo, onde funciona o restaurante, consegui ao menos jantar. Já tive oportunidade de escrever que o Cornélia tem um steak com fritas e molho de manteiga e ervas pra ninguém botar. Reafirmo. Vale a pena.

Finalmente deixo aqui minha sugestão pois me lembro que outros companheiros, o Sazz e o Gustavo, também já postaram no nosso Blog impressões de suas idas a NY. Por que não combinarmos um grupo no futuro ? Que nosso chefe MauNah nos lidere...

Por Pedro Wahmann

Quanto à ultima sugestão do nosso confrade, "me levem", ou seja, peço que estudem e organizem a melhor época para o aproveitamento total - da temporada 2012 - e me informem "quando", pois qual Brancaleone, liderarei nossa valorosa armada. Abs.

MAIS, DA PENA DO GRANDE MESTRE

22 fevereiro 2012

Sofro, assim como outros integrantes deste mural, há tempos, de uma verdadeira "Sindrome de Abstinência" causada pelo distanciamento voluntário do blog do meu primeiro educador para os assuntos de Jazz (e também para outros predicados de vida, diga-se), Mestre Raf. Historicamente, seus artigos em jornais ou revistas sempre me fizeram dar um tempo na correria diária para dedicar-lhes os necessários minutos de atenção, tanto pelo conteúdo, já que sempre trazia novidades não óbvias, quanto pela forma, seu texto ao mesmo tempo leve, conciso, elegante e esclarecedor na medida exata.
É, portanto, com grande alegria que publico este artigo do Mestre sobre big-bands, onde discorre sobre sua evolução e a recuperação do segmento após o seu auge, pós era do swing. Apreciem, e sem moderação!


- RENASCENÇA DAS BIG BANDS E A EVOLUÇÃO DA ORQUESTRA DE JAZZ -

Com o fim da Era do Swing, as big bands deixaram de ser o centro de atenção da música popular americana, porém continuaram a evoluir através de caminhos mais variados e sofisticados, elevando-as aos patamares do jazz moderno.

Isso deveu-se ao vasto talento de vários compositores-arranjadores e band leaders, que utilizaram instrumentações mais variadas e repertórios de maior e melhor conteúdo melódico-ritmico-harmônico, deixando de ser sua prioridade (ao contrário das orquestras da Era do Swing) tocar música de dança para o grande público.

Para compreender melhor essa evolução torna-se necessário retroceder às origens nos tempos da Primeira Guerra Mundial, quando as formações dos maestros James Reese Europe e Art Hickman abriram os caminhos para seu desenvolvimento nos anos 20, influenciando as orquestras de Paul Whiteman, Fletcher Henderson, Duke Ellington e Jean Goldkette devido às contribuições dos compositores-arranjadores Ferde Grofé, Bill Challis, Don Redman, Fletcher e Horace Henderson, Gene Gifford, John Nesbitt e Benny Carter, entre outros.

Por volta de 1935, o terreno foi preparado para o surgimento da Era do Swing, extra-oficialmente inaugurada em 1936, quando a orquestra de Benny Goodman realizou uma temporada triunfal no Palomar Balroom de Los Angeles.

Extra-oficialmente, o término da Era do Swing foi determinado em 1946, quando foram dissolvidas oito das mais populares orquestras americanas. Esse declínio desenrolou-se por vários anos. As razões dessa eclipse foram muito numerosas e complexas para serem narradas aqui, mas as mudanças do gosto musical do povo americano e as dificuldades das condições econômicas do pós-guerra contribuiram decisivamente para afastar do cenário centenas de bandas que reinaram durante o período 1935-1946.

As poucas orquestras sobreviventes - Duke Ellington, Count Basie, Woody Herman, Stan Kenton, Harry James, Tommy Dorsey, Lionel Hampton e Les Brown - tinham algo muito especial a oferecer musicalmente.

Nesse aspecto, a orquestra de Basie foi um caso particularmente interessante para continuar em ação: a partir dos anos 30, em que suas maiores atrações eram seus solistas, evoluiu gradualmente para tornar-se uma formação que chegou aos anos 50 devido à alta qualidade das composições e dos seus arranjadores. Três deles foram os principais arquitetos dessa evolução: Ernie Wilkins, Frank Foster (saxofonista-tenor) e Neal Hefti.

Três outras orquestras famosas da Era do Swing que sobreviveram desenvolvendo um repertório moderno foram as de Harry James, Woody Herman e Les Brown; note-se que o repertório de James foi influenciado pelo estilo orquestral de Basie.

Woody Herman liderou duas das melhores orquestras dos anos 40 pelas contribuições do seu pianista-compositor-arranjador Ralph Burns. Woody continuou liderando sua orquestra com sucesso até seu falecimento em 1987.

Les Brown manteve viva sua orquestra durante anos devido às suas participações semanais no programa da TV do comediante Bob Hope, de grande audiência.

Uma das mais bem sucedidas orquestras dos anos 50 e 60 foi a do trompetista Maynard Ferguson, um virtuoso do superagudo do seu instrumento.

Devido ao interesse do público pela volta das big bands, inúmeros músicos de jazz encontraram nelas um emprego estável, graças à apresentações ao vivo e discos de sucesso.

Uma das orquestras que atraiu as atenções gerais do público americano e das platéias de vários países, foi a de Dizzy Gillespie (1956/1958), que excursionou ao Oriente Médio e à América Latina sob os auspícios do Departamento de Estado Americano.

Ainda nos anos 50 mencionamos as colaborações de Miles Davis e o compositor-arranjador Gil Evans. Sendo um inovador desde os tempos da orquestra do pianista Claude Tornhill na década de 40, Evans modificou a instrumentação da orquestra de jazz obtendo uma soberba série de coloridos tonais e harmônicos iniciada nas gravações inovadoras com Miles Davis em Birth of the Cool (1948-1950), e prosseguindo com a trilogia "Miles Davis + 19", "Sketches of Spain" e "Porgy and Bess".

Provavelmente a orquestra mais influente de todas surgidas a partir dos anos 60 foi co-liderada pelo trompetista-compositor-arranjador Thad Jones e o baterista Mel Lewis, com uma vitoriosa trajetória por mais de 30 anos no conhecido clube noturno Village Vanguard, em New York, além de inúmeras gravações de elevado teor criativo nos terreno da composição e do arranjo.

Inúmeras e importantes big bands surgiram a partir dos anos 60, entre elas as do baterista Kenny Clarke em parceria com o pianista-compositor-arranjador Francy Boland, do pianista suiço George Gruntz, do saxofonista inglês Johnny Dankworth e do saxofonista-compositor-arranjador Bill Holman.

Embora as grandes orquestras não sejam mais o foco da música popular americana, elas continuam atuantes em concertos, festivais e gravações.

Deve-se acentuar que, a partir dos anos 60, em 8.000 universidades americanas foram criados Departamentos de Jazz sob a direção de renomados músicos de jazz estimulando milhões de jovens a tocarem a extraordinária "música dos músicos".

Por José Domingos Raffaelli


Ótimo, não? Aguardem outros artigos em breve.

HOMENAGEM A LEE MORGAN

17 fevereiro 2012

Em 19 de fevereiro se cumprem sessenta anos da morte do trompetista LEE MORGAN, covardemente assassinado por sua noiva. A GALERIA “Harlem’s Shrine of Masters Jazz” organizou um dia de homenagens ao saudoso trompetista, que morreu com apenas 33 anos.

Nessa época Morgan já era aluno e amigo de Clifford Brown, outro músico famoso falecido precocemente, que muito o orientou. Lee Morgan tocou e gravou com músicos famosos e liderando seus próprios conjuntos, construindo uma discografia sólida e de qualidade.

FALECEU JODIE CHRISTHIAN

Raffaelli me informa e eu divulgo para o CJUB. O pianista Jodie Christian faleceu em 13 de fevereiro aos 80 anos de idade. Embora não muito conhecido por aqui, Christian teve uma extensa carreira, tendo tocado com grandes nomes do Jazz como Stan Getz, Coleman Hawkins, Benny Carter, Gene Ammons e muitos outros. Foi também co-fundador da “Association for the Advancement of Creative Musicians” em Chicago. Segundo sua esposa, Christian faleceu de causas naturais. RIP.

P O D C A S T # 9 0




PARA BAIXAR:

http://www.divshare.com/download/16804184-212

QUADRO DE SATCHMO EM LEILÃO

13 fevereiro 2012

O quadro à direita, representando um retrato de Louis Armstrong, é de autoria do cantor e também pintor Tony Bennett, que o colocou em leilão via internet, com a renda sendo revertida para o Museu de Louis Armstrong em New York.

Os interessados deverão fazer os lances pela internet (charitybuzz.com), sendo que o dinheiro arrecadado será depositado no fundo de manutenção do Museu.

O leilão irá até o dia 29 de fevereiro.

DIANA KRALL & PAUL McCARTNEY



Os dois artistas, de praias diferentes, se uniram e gravaram um álbum nos estúdios da Capitol Records. Foi o início das comemorações da festa de entrega do “Grammy”, ocorrida em 12 de fevereiro, da qual os dois também participaram. Do disco, que sairá brevemente, participaram ainda os guitarristas John Pizzarelli, Joe Walsh e Anthony Wilson, o vibrafonista Mike Manieri, o baixista John Clayton e o baterista Karriem Riggins. Direção e arranjos de Alan Broadbent.

JOHN LEVY (1912 – 20-01-12)




Raffaelli me comunica e eu divulgo para o CJUB. Quem morreu em 20 de janeiro, faltando três meses para completar o centenário foi o contrabaixista e empresário John Levy. O músico integrou o quinteto original de George Shearing, grupo que pode ser considerado como um dos pioneiros do chamado “cool jazz”. Segundo sua esposa, Levy faleceu dormindo em seus braços. RIP

JAZZ NAS BANCAS

11 fevereiro 2012




A Abril está lançando mais uma coleção de Jazz desta feita dividida em 20 volumes, focalizando alguns artistas famosos. Como sempre existem discrepâncias que ultrapassam as expectativas dos iniciados, como omitir Tommy Dorsey e incluir Glenn Miller, omitir Erroll Garner e incluir Chick Corea etc.etc. Mas, o erro vem de fora já que ,trata-se de uma versão brasileira adaptada da série produzida pela editora americana “Kind of Blue Records”. Enfim, tratando-se de Jazz e considerando que sua divulgação no país é ridícula, vale mais essa iniciativa.