Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNA DO LOC

11 julho 2011

JB, Caderno B, 9 de julho
por Luiz Orlando Carneiro 


J.D. Allen faz pronunciamento definitivo


Em entrevista ao site Capitalbop (Washingtom, D.C.), no ano passado, o saxofonista tenor J.D. Allen assim explicou o que lhe passa pela cabeça quando se apresenta ao vivo: “Gosto de me imaginar escolhendo os temas mais ou menos como faria um DJ. Imagine que você está numa festa, e o DJ dá sempre uma parada para anunciar as músicas que escolheu. Nunca estive numa festa assim. Um DJ só deixa a música rolar, e cria o mood para que as pessoas se divirtam. Outra coisa. Não faço set lists. Então, não sei realmente o que vou tocar em seguida, até que chegue o momento”.
Em termos de domínio do sax tenor e da arte da improvisação, J.D. Allen, nascido em Detroit há 38 anos, e radicado no Brooklyn, é o new kid on the block. É bem verdade que, na eleição do ano passado dos críticos da Downbeat, ele foi o terceiro mais votado entre os tenoristas, na categoria estrela em ascensão, atrás apenas de Marcus Strickland e Donny McCaslin. E que seus dois primeiros álbuns como líder, I am Iam (2007) e Shine (2008), mereceram elogiosas resenhas.
Mas no recém-lançado CD Victory! (Sunnyside), sempre na companhia de Gregg August (baixo) e Rudy Royston (bateria), Allen faz o seu pronunciamento definitivo. Conciso e direto, sem perda de tempo e gasto de notas decorativas. Das 12 faixas do disco, há apenas três com duração entre 4 e 5 minutos: a faixa-título, Pilot’s compass e Sura Hinda. As demais variam entre 1m45 (Hungry eye) e 3m (Recapitulation/Pilot’s compass). O único standard é Stairway to the stars (2m25), que recebe tratamento bem straight.
Embora alguns reviwers destaquem a influência direta de John Coltrane no fraseado de Allen, o seu som é mais robusto, perfeito para suas “declarações” melódicas incisivas, sem rodeios ou sheets of sound, que mostram ter ele ouvido também, com deleite e atenção, os solos de Sonny Rollins e de seus discípulos mais evidentes, como os injustamente esquecidos Steve Grossman e Lew Tabackin.
Quanto à predileção de J.D. Allen pela formação em trio sem piano – a mesma de mestre Rollins nos antológicos álbuns Way out West e A night at the Village Vanguard, ambos de 1957 — é ele mesmo quem explica: “Quando o piano está no esquema, a música tem a ver com harmonia; com bateria e baixo, tem mais a ver com ritmo e conversação”. E em Victory! tal concepção é sublinhada no crepitar dos snare drums e nos splashes dos címbalos de Royston, aquecidos pelo incansável baixo acústico de August, tanto nas faixas mais animadas, como nas contemplativas.
Tais qualidades são especialmente realçadas em Pilot’s compass, Fatima (2m55), nas coltraneanas Motif (2m25) e Mr.Steepy (3m25), e em The thirst year (2m). As peças mais reflexivas — mas nem por isso menos sujeitas à ebulição baixo-bateria ? são a que dá título ao CD e The learned tongue (2m10).
A propósito, J.D. Allen vai tocar no Village Vanguard durante uma semana, a partir de 23 de agosto. Não é a estreia do trio na catedral do jazz de Nova York. Será a terceira vez, desde 2009. Mas agora, certamente, em clima de consagração.

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