Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

UMA NOITE NO NEW MORNING

21 janeiro 2011

Foi com grande prazer que encontrei no meu email a mensagem do Pedro - membro in full desta confraria, porém com ojeriza a lidar com tecnologias blogóticas, pelo que me pediu que a publicasse - com esta reportagem completa de sua recente passagem pelo Velho Mundo, onde, para festejar a virada do ano, procurou dotar seu espírito de mais coisas boas ainda e partiu, claro, pro jazz que lá havia. Seu relato, sempre saboroso, é dividido em duas partes, a primeira sobre o club New Morning e a segunda, sobre o panorama dos jazzistas italianos. Uma ótima maneira de se embarafustar por 2011 adentro. Leiam!

Uma Noite no New Morning

Noite fria de 30 de dezembro vou conhecer o famoso New Morning, talvez o club de jazz mais conhecido de Paris, e por onde já passaram os grandes nomes da cena jazzística internacional. O New Morning comemora em abril próximo seus 30 anos, atualmente segue a tendência de seus pares famosos como o Blue Note e o Ronnie Scott's, de Londres, ultrapassando a fronteira do jazz com programação também de tendencias musicais latinas, africanas etc... Quem passar pela distante Rua des Petits Écuries, que situa-se além da Porta de Saint Dennis - e a região tornou-se hoje um bairro de imigrantes ou descendentes das antigas colônias francesas na Africa -, quase não percebe a fachada do New Morning. Um grande portão metálico nos dá a sensação de que estamos entrando numa grande garagem mas aos fundos alarga-se o recinto formando um amplo salão onde estão alinhadas as cadeiras, e em um dos lados um comprido bar onde cada espectador serve-se de bebidas, tendo ao fundo o amplo palco.

Apresentava-se o trio do baterista André Ceccarelli (65) com Diego Imbert (44, b) e Pierre Allain Goualch (37, p). "Dédé" Ceccarelli, filho de um também baterista e musico desde os 13 anos, é presença destacada no cenário do jazz francês, europeu, e gravou com inúmeros grandes nomes do jazz americano e sua versatilidade está demonstrada pois acompanhou, inclusive, Tina Turner em gravação de 76. Gravou também com todos os grandes nomes do jazz francês, entre outros Jean-Luc Ponty, Portal, Texier, Didier Lockwood e Legrand. Mais recentemente foi presença constante no trio que acompanhava Dee Dee Bridgewater e no trio do notável pianista italiano Enrico Pieranunzi, completado pelo ótimo baixo holandes Hein Van Den Geyn.

A apresentação tinha por principal a divulgação do CD Le Coq et la Pendule, homenagem a Claude Nougaro (selo Plus Loin Musique de 2009), poeta, compositor e cantor, já falecido (2004) e muito querido na França. O trio fez uma excelente apresentação em set único destacando-se uma bela versão de Girl Talk, passando por uma leitura rápida de Berimbau. Na segunda metade do set junta-se ao trio o vocalista David Linx, que desfila algumas canções que celebrizaram Nougaro, a começar pela que dá titulo ao CD e que conta a curiosa historia de um galo que se apaixona por um pendulo (no francês usa-se no feminino), terminando por uma belíssima interpretação da inesgotável “Feuilles Mortes” (Autumn Leaves ) que a todos fez lembrar a imortal gravação do grande ator e cantor Yves Montand (1921/1991).

Nas duas noites anteriores tentei assistir a Enrico Rava e Aldo Romano, que apresentavam-se no SUNSET e no SUNSIDE, clubes que, ao lado do New Morning e do Duc des Lombards formam os principais palcos jazzísticos de Paris, mas a lotação já estava esgotada. Tive informação de que na semana anterior o também italiano pianista Giovanni Mirabassi havia lotado as três noites de sua apresentação numa dessas casas, inequívoca prova do grande prestigio dos jazzmen italianos junto às plateias francesas.


OS MELHORES DO JAZZ ITALIANO EM 2010

Com a curiosidade aguçada por esta presença marcante dos músicos d’Italia em Paris, quando sabemos que na França há um grande numero de destacados músicos, comprei a revista italiana Musica JAZZ, edição de janeiro/11 que publicava o resultado dos TOP JAZZ 2010, até com propósito de trazer aos amigos do CJUB essas noticias.

O TOP JAZZ 2010 é organizado à semelhança do que faz a DOWNBEAT e acontece desde 1982, sendo que nas quatro ultimas edições o caráter de internacionalidade modificou-se para escolher somente músicos italianos. Os votantes são em numero de 60 e integram a critica especializada da Italia.

Vamos então conhecer os principais ganhadores, penso que muitos deles já nossos conhecidos: Como melhor musico do ano, bem como o melhor CD, foi escolhido o nosso conhecido, o extraordinário pianista Stefano Bollani e seu álbum X suíte for Malcolm. Como melhor baterista, Roberto Gatto e no baixo o mais votado foi Danilo Gallo. Danilo Rea foi o top dos tecladistas e Fabrizio Bosso o melhor trompetista. Rosario Giuliani foi o melhor saxofonista, Stefano Pastor o top vocalista, categoria na qual a nossa conhecida Roberta Gambarini ficou com a quarta melhor votação.
Na guitarra destacou-se Roberto Ceccheto, a jovem contrabaixista Silvia Bolognesi escolhida como a revelação do ano e o Tinissima Quartet, liderado pelo sax tenor Francesco Bearzatti foi o melhor conjunto de 2010.

Julguei interessante trazer essas informações aos cjubianos como reforço de que também no cenário europeu, continente de plateias exigentes e de grande sensibilidade musical, o jazz continua mais vivo do que nunca e a Europa que nos idos de 40 a 60 deu grande acolhida aos músicos americanos, hoje tornou-se celeiro de grandes artistas, dignos de um primeiro time que se apresente em qualquer palco mundial.

Por Pedro Wahmann

4 comentários:

APÓSTOLO disse...

Prezado MauNah:

Os "Melhores de 2010", como já é hábito nas enquetes da "Música Jazz", são realmente "melhores".
Coisa de gente grande ! ! !

Bene-X disse...

Ótimo relato, Pedro, de quem, vê-se logo, entende do riscado. Parabéns !

Quanto aos italianos, Bollani, Gatto e Bosso serão quase sempre "pule de dez", em seus instrumentos, em que pese Pieranunzi, Romano e Rava, claro, serem, respectivamente, concorrentes de peso, porém aqui preteridos.

No sax (tanto alto quanto soprano), acho difícil haver, hoje, na itália, alguém melhor que Di Battista. Enquanto isso, Cafiso, promessa de outrora porém, cada vez mais, um clone, no timbre, de Phil Woods, parece, disco após disco, incorrigivelmente perdido, sem saber para onde atirar. Uma pena.

Abs,

Andre Tandeta disse...

Davi,
conheço o trabalho de Roberto Gatto ha mais de 25 anos. E' um excelente musico, de altissimo nivel. Não 'e original como o Ceccarelli, que e' um dos maiores do mundo .
Abraço

SAZZ disse...

Pedro,

Como venho dizendo já hà algum tempo, os jazzístas italianos estão sim entre os melhores e mais antenados nos novos e infinitos caminhos do jazz, sem qualquer receio de ousar e muito menos preocupados com os patrulhamentos ortodoxos e sem qualquer amplitude de visão ou sentimento.

Grato por mais essa boa dica, vou correndo comprar hoje mesmo a revista.