Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

31 dezembro 2009

RETRATOS 13 = ERROLL GARNER
Um Panorama de 88 Teclas Mágicas

(F) MINI-BIOGRAFIA - 1ª PARTE
Erroll Louis Garner, artisticamente Erroll Garner, nasceu em 15 de junho de 1921 na cidade de Pittsburgh, na Pensilvânia., a mesma cidade natal de tantos e tantos outros nomes importantes no JAZZ e nos espetáculos, que citaremos mais adiante.

A família era musical: o pai era tenor na Igreja e um diletante do piano e de outros instrumentos(guitarra e bandolim, em um conjunto amador), que tocava de ouvido; seu irmão mais velho, Linton, tocava trumpete, piano e fazia arranjos, tendo chegado a colaborar com Billy Eckstine ("Mr. B") e Dizzy Gillespie; as irmãs mais jovens, Martha e Ruth, estudaram piano. Em contrapartida Garner teve um irmão gêmeo, Ernest, que para desespero da família nasceu retardado e viveu muito tempo em um instituto de reabilitação psico-física.

Nesse ambiente a educação musical do menino Garner estava garantida e ele logo demonstrou possuir audição e memória musicais extraordinárias: o irmão Linton, em seguidas ocasiões, observou com indisfarçável inveja que o menino, mesmo sem conhecimento musical, era capaz de tocar qualquer música após ouví-la uma única vez.

Sua irmã Ruth declarou a James M. Doran, biógrafo de Garner, que quando este estava tomando lições de música, ao invés de aprender a ler as partituras memorizava os exercícios tal como a professora os executava no teclado; depois os tocava sem respeitar as notas do pentagrama, mas à sua maneira, com digitação “heterodoxa” e interpretação toda pessoal. Segundo a família, Garner com nada mais que 03 anos de idade já executava com as 02 mãos trechos de Art Tatum, Teddy Wilson, Earl Hines e “Fats” Waller: ouvia os discos e os reproduzia de ouvido ao piano.

Claro que depois de cansativas e infrutíferas tentativas de ensinar a maneira “correta” ao menino Garner, a professora recusou-se a prosseguir ensinando-o, até porque o interesse maior do seu aluno era o beisebal.

Deixado à sua sorte Garner saiu-se muito bem, se confirmada a versão de que já aos 10(dez) anos participava de uma orquestra de jovens, a “Kan-D-Kids”, que se apresentava regularmente na rádio local (emissora KDKA).

Aos 11(onze) anos o menino Garner tocou nos “riverboats” do rio Allegheny.

Na escola e entre outros que o encorajaram a “ir para a estrada”, destacaram-se seu amigo Dodo Marmarosa e o então bem jovem Billy Strayhorn (ambos já então com sólida formação musical), assim como Fritz Jones (leia-se Ahmad Jamal), que foi um de seus principais seguidores musicais.

Tantos músicos como contemporâneos ? ? ? Claro que sim; Pittsburgh foi importante celeiro de figuras do JAZZ ou ligadas ao mundo dos espetáculos, bastando citar-se, por exemplos e entre outros, os seguintes nativos:
Ahmad Jamal - Art Blakey - Babe Russin - Barry Galbraith - Billy Eckstine - Billy May - Billy Strayhorn - Bob Cooper - Christina Aguilera - Dodo(Michael) Marmarosa - Dakota Staton - Eddie Safranski - George Benson - Henry Mancini - Horace Parlan - Kenny Clarke - Lena Horne - Mary lou Williams - Oscar Levant - Paul Chambers - Perry Como - Ray Brown - Roy Eldridge - Shirley Jones - Stanley Turrentine - Stephen Foster - Tommy Turrentine - Victor Herbert . . . . ufa, que seleção ! ! !

Garner não se exercitava muito e era do tipo que gostava de viver muitíssimo bem, mesmo sem possuir um piano à sua disposição. A quem lhe perguntava qual era o segredo de uma técnica, respondia:
“....basta sentar-me ante o piano e pedir às mãos que façam seu trabalho....”

Sempre será lembrada sua declaração( revista “Melody Maker”, dezembro de 1952) de que:
“....se posso soar melhor sem ler música, porque deve mudar meu estilo???... para mim é suficiente escutar, sentir a música - deixo a leitura para os outros....”

A carreira precoce a partir de então estava delineada e prosseguiria sem obstáculos. Em 1934 incorporou-se a uma orquestra de baile, dirigida por Art Blakey, então apresentando-se como pianista e baterista, mas que, ante os dotes de Garner ao teclado, passou a concentrar-se na bateria (o que veio a garantir-lhe celebridade posterior com seu “ABJM” – Art Blakey Jazz Messengers - e para todos nós um excepcional baterista e um não menos extraordinário pianista).

Nos anos seguintes Garner participou de diversas formações, até ser engajado pelo saxofonista Leroy Brown, mediante longo e importante contrato.

Durante 1941 e com 20 anos Garner exibiu-se pela primeira vez, ainda que rapidamente, em New York, retornando a Pittsburgh para acompanhar Ann Lewis e outras cantoras em cabarés locais (“Red Door”, “Mercur’s Music Bar” e outros).

Somente em 1944 ele voltou a New York e exibiu-se no “Spotlite” e no “Famous Door”, até consagrar-se entre os grandes com apresentações na Rua 52, no “Three Deuces”, então um dos principais “quartéis generais” do “Bebop”. Ali ele teve a oportunidade de suceder a Art Tatum no trio comandado por Slam Stewart, chegando a tocar com Dizzy Gillespie e Don Byas (com quem mais tarde gravou um disco).

No final de 1944 Garner estreou em estúdio de gravação e à frente de um trio excelente: John Simmons no baixo e Harold “Doc” West à bateria. A fórmula de trio viria a ser particularmente feliz para o pianista, que a ela sempre se manteve ligado.

Ainda mais significativa foi a sessão para a etiqueta Savoy em 30 de janeiro de 1945, com quarteto liderado por Slam Stewart ao contrabaixo e completada por Mike Brian (guitarra), “Doc” West (bateria) e, obviamente, Erroll Garner ao piano. As faixas “Play Fiddle Play” e “Laff Slam Laff” mostram claramente e em toda a sua evidência, o modo característico de acompanhamento da mão esquerda, que marca os 04 tempos com acordes, à maneira de Freddie Green (lembrar a "All American Rhythm Section" da banda de Count Basie = Basie / piano, Freddie Green / guitarra, Walter Page / baixo e Jo Jones / bateria) , com grande variedade de nuances. Garner nunca fez mistério dessa vocação para guitarrista, nem de sua admiração por Segóvia (a quem dedicou homenagem bem original com o tema “Salud Segovia”, registrado pelo selo Mercury em 1955). Tampouco fica menos evidente a sutil defasagem em relação à mão direita, possuidora de grande sentido de “rubato” e impressionante acentuação do “swing”.

Segundo o historiador e crítico Leonard Feather (conforme notas do encarte do CD “The Erroll Garner Collection, Volume 3 – Too Marvelous For Words”), Garner tocava no clube “Tondelayo’s” da Rua 52, na “Big Apple”, quando o então jovem dinamarquês Barão Timme Rosenkrantz o levou para o seu apartamento, onde o pianista gravou alguns acetatos, sobre os quais a namorada do Barão, Inez Cavanaugh, colocou sua voz (essas gravações não foram editadas até o momento). Esse fato teria ocorrido entre outubro e novembro de 1945, mas a primeira sessão oficial de gravação de Garner em 1945 foi para a “Black & White Records”, enquanto que seu primeiro êxito de vendas (ao redor das 500.000 cópias do 78rpm) foi com o clássico “Laura” para a etiqueta Savoy, já em setembro de 1945 (e que algumas fontes afirmam como sendo de novembro seguinte).

Essa gravação de “Laura” abriu as portas de diversas gravadoras para Garner: “Dial”, “Signature”, “Jazz Selection”, “Blue Star” e outras.

Lembramos que esse sucesso não elimina, não se contrapõe ou invalida a afirmação de Roger Kay (contra-capa do primeiro LP de Garner lançado no Brasil, “Passaporte à Fama”), segundo a qual e com ênfase ele aponta a importância de Art Ford e de Robert Sylvester para a decolagem do sucesso de Garner. Poucos meses após em fevereiro de 1946 Garner voltou a gravar “Laura”, já então para os “V-Disc” (veja detalhes dos "discos da vitória" produzidos para animar as tropas aliadas na IIª Gerra Mundial, nas páginas 484/485 do "Glossário do Jazz" do cjubiano MÁRIO JORGE JACQUES, já em sua 2ª edição, 2009, Editora Biblioteca 24x7, 530 páginas).

Data desse período artigo da revista “Down Beat”, comentando ser Garner
“......o único pianista com duas mãos desde “Fats” Waller........”.

Em 19 de fevereiro de 1947 e a par de colecionar triunfos nas salas de espetáculo e nos cabarés de Los Angeles, Garner com seu trio (à época com Red Callender no baixo e “Doc” West na bateria) é levado pelo produtor Ross Russell (mais tarde biógrafo de Charlie Parker) a gravar pelo selo Dial, no estúdio C.P.McGregor em Hollywood, com Charlie Parker, recém-saido do Hospital de Camarillo. Martha Glaser (inicialmente secretaria e mais tarde empresária de Erroll) dá como versão que isso foi feito para aumentar a venda das gravações de Parker. Lembra Martha Glaser que então (final dos anos 40 do século passado), Garner não recebia menos de US$ 500.00/semana em clubes (outros pianistas ficavam na média dos US$ 150.00/semana), chegando a cobrar US$ 1,500.00 por espetáculo de teatro na Broadway. Em meados dos anos 50 dificilmente Garner cobrava menos de US$ 1,000.00/semana para atuar em clubes e cabarés. Nessa sessão de gravação com Parker e talvez pelo tempo alucinante de “Bird’s Nest” (03 “takes”), Garner parece um pouco “deslocado”, enquanto que no tema “Cool Blues” (04 “takes”, sendo o terceiro com 3’07”, em andamento um pouco mais lento), ele alça vôo como “boper” mas mantendo sua sonoridade própria e, por felicidade e para complementar seu ótimo solo, Parker desfila esplêndida improvisação. Ainda na mesma sessão foram gravados os temas “This Is Always” (02 tomadas, a primeira com vocal de Earl Coleman) e “Dark Shadows” (04 tomadas, a última das quais também com vocal de Earl Coleman).

Sucesso seguido foi o concerto de Passadena, organizado por Gene Norman (produtor e organizador da série “Just Jazz”), com um Garner soberbo no clássico “Blue Lou”, ao lado de Wardell Gray e executanto a longa suíte “One-Two-Three-Four-O-Clock Jump”, devidamente assistido por Howard McGhee, Vic Dickenson e Benny Carter. Também magnífico no tema “Lover Man”, Garner diverte-se em torno da melodia e ressalta as acentuações rítmicas do guitarrista Irving Ashby.
Segue em
(G) MINI-BIOGRAFIA – 2ª PARTE

2 comentários:

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