Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

26 novembro 2009

RETRATOS 12
JOHNNY GRIFFIN
“Little Giant” or “Jazz Giant” ? ? ?

(B) BIBLIOGRAFIA
Todas as publicações do gênero “Enciclopédias de Jazz” e “Dicionários de Jazz” dedicam verbetes a Johnny Griffin: trata-se de músico obrigatório em qualquer publicação séria. A seguir algumas indicações, além das que constam da “Biografia”.
A “Enciclopédia” original de Leonard Feather, assim como suas re-edições relativas aos anos 60 e 70 (com Ira Gitler) reservam espaço para Griffin.
O "Guia de Jazz em CD" de Luiz Orlando Carneiro e José Domingos Raffaelli também inclui destaque para o “Little Giant”.
O "Guia do Jazz - Iniciação à História e Estética do Jazz" de Jean Wagner (1989, Portugal), reserva verbete para Griffin no capítulo dedicado ao “hard bop”.
O "Dictionnaire du Jazz" da autoria de Philippe Carles, André Clergeat e Jean-Louis Comolli, reuniu cerca de 50 colaboradores para os diversos verbetes, sendo que François-René Simon (colaborador da revista francesa “Jazz Magazine”) redigiu o verbete dedicado a Johnny Griffin (Editions Robert Laffont S.A., Paris, 1988).
A "Gran Enciclopédia Del Jazz" da Editora SARPE, com Chefia de Redação a cargo de Gabriela Costarelli, Madrid, 1980, reservou generoso verbete para Johnny Griffin.

(C) FILMOGRAFIA
Os registros de Johnny Griffin em filmes, VHS’s e DVD’s são escassos e dificilmente disponíveis, obrigando os que gostam desse músico e de JAZZ a boas doses de paciência, tempo e coragem para conseguí-los. Os a seguir indicados são os que conheço e conseguí, restando-me a permanente esperança que os demais Colaboradores do CJUB possam complementar essa relação.
(01.) Appunti Per Um Film Su Jazz, Itália, 1965, 35 minutos, direção de Gianni Amico. Gravado durante “Bologna Jazz Festival”, reunindo Griffin a, entre outros, Steve Lacy, Mal Waldron e Don Cherry.
(02.) Max Roach / Cine Jazz, França, 1967, 20 minutos, direção de François Leduc. Realizado durante estada em Paris de Max Roach, com sua esposa Abbey Lincoln.
(03.) Jazz Is Our Religion, Inglaterra, 1972, 50 minutos, direção de John Jeremy. Cerca de 03 dúzias de músicos tocando e falando sobre JAZZ; contem precioso solo de Johnny Griffin em “Now’s The Time”.
(04.) Dês Enfants Gates, França, 1977, 113 minutos, direção de Bertrand Tavernier (“remember” a direção de “Por Volta da Meia Noite” com Dexter Gordon, indicação de “Melhor Ator” para Dexter Gordon e Oscar de “Trilha Sonora” para Herbie Hancock).
(05.) Quinteto de Johnny Griffin, Alemanha, 1986, 20 minutos, da série “Cologne Jazz House", com Griffin liderando Woody Shaw / trumpete (solos espetaculares, mas já definhando fisicamente com evidentes sinais da moléstia que o liquidou em mais 03 anos), John Hicks (pianista em estado de graça), Reggie Johnson / baixo e Alvin Queen / bateria. Local intimista, com público “ligado” e bela atuação do quinteto.
(06.) Straigh No Chaser, U.S.A., 1988, 90 minutos, produção da Malpaso Productions de Clint Eastwood, com direção musical de Dick Hyman. O documentário é um dos mais importantes sobre a obra de Thelonius Monk, contendo cenas de ensaio e apresentações de grupo sob a liderança de Monk ao piano, com as presenças dos saxes.tenor de Johnny Griffin e Charlie Rouse, do sax.alto de Phill Woods, Ray Copeland / trumpete, Jimmy Cleveland / trombone, Larry Gales / baixo e Ben Riley / bateria (“Epistrophy” e “Evidence” são os temas em destaque).
(07.) Quarteto de Johnny Griffin, USA, 1978 (edição de 2003), 30 minutos, direção de Ben Sidran. Filmado no “Village Vanguard”, New York, com Griffin ao tenor secundado por Ronnie Mathews / piano, Ray Drumond / baixo e Kenny Washington / bateria. Bela atuação do grupo, com destaque para os longos e concisos solos de Griffin, além de uma belíssima introdução de Ronnie Mathews emulando Monk no tema de Griffin A Monk’s Dream” (uma homenagem de 13’34” a Thelonius Monk). À época (17/10/1978) Griffin gravou em Berkeley / Califórnia (Fantasy Studios) e para o selo Galaxy, com a mesma formação (na bateria Keith Copleland substituiu Kenny Washington), uma série de clássicos: “Autumn Leaves”, “Monk’s Dream”, “I Should Care” entre outros.
(08.) One Night With Blue Note, USA, 1985, 115 minutos, produção de Stephen Reed. Johnny Griffin está presente no clássico de Bobby Timmons “Moanin’”, ao lado de Freddie Hubbard / trumpete, Curtis Fuller / trombone, Walter Davis, Jr. / piano, Reggie Workman / baixo e Art Blakey / bateria (10’49”).

(D) DISCOGRAFIA
A enorme discografia de Johnny Griffin não foi bem distribuida no Brasil, com o cenário piorado para o que “Little Giant” gravou pós-1990.
Todavia as indicações que se seguem são uma pequena amostra de um músico superior e no auge de suas condições técnica e de criação. Citamos a primeira gravação apenas por sua importância histórica, já que ele não é ouvido em solo (de resto e em raros casos qualquer músico teve destaque nas gravações das formações de Lionel Hampton, montadas como cenário para o líder).
PRIMEIRA GRAVAÇÂO
A primeira participação de Johnny Griffin em gravação ocorreu em Los Angeles no dia 01 de dezembro de 1945, na formação da banda de Lionel Hampton e em meio a um time de “craques”: ademais do líder no vibrafone, alinharam Jimmy Nottingham, Wendell Culley, Joe Morris, Dave Page e Lammar Wright (trumpetes), Michael Wood, Al Hayse, Andrew Penn e Jimmy Wormick (trombones), Ben Kynard e Bobby Plater (saxes.alto), Johnny Griffin e Arnett Cobb (saxes.tenor), Charlie Fowlkes (sax.barítono), Milt Buckner (piano), Billy Mackel (guitarra), Charlie Harris (baixo) e George Jenkins (bateria). Os temas “Slide, Hamp, Slide” e “Hey-Ba-Ba-Re-Bop” (estávamos então no tempo das “bolachas” de 78rpm, 02 faixas em cada disco, lados “A” e “B”) foram editados pelos selos MCA e DECCA.
OUTRAS GRAVAÇÕES
01. Selections From Lerner & Loewe, 1957, RCA.
02. Night in Tunisia, 1957, RCA
03. Jazz Connection, 1957, Atlantic.
04. Full House (com Wes Montgomery), 1957, Riverside
05. Introducing Johnny Griffin, 1957, Blue Note.
06. A Blowing Session, 1957, Blue Note, disco obrigatório em qualquer discoteca de JAZZ
07. The Johnny Griffin Sectet, 1958, Riverside / Milestone
08. Blue Stroll, Delmark,1959, em que Griffin sola os registros alto, tenor e barítono.
09. The Little Giant, 1959, Riverside / Milestone (imperdível).
10. Big Soul Band, 1960, Riverside / Milestone, “big.band” com Griffin inspiradíssimo nos temas “Deep River” e “Panic Room Blues”.
11. The Man I Love, 1967, Black Lion, soberbos solos de Griffin no clássico de Ellington, “Sophisticated Lady”, e na faixa.título, com o apoio perfeito de Kenny Drew.
12. The Cat, 1990, Antilles, com um desempenho acima de superior de Griffin na balada “Woe Is Me” (notas do encarte pelo grande Frank Foster).
13. Dance of Passion, 1992, Antilles, tenteto em belos arranjos.

No Brasil tivemos a distribuição de uma mesmíssima gravação de Johnny Griffin por 03 editores; trata-se de “Woe Is Me” (Flórida, 04 e 05 de maio de 1988, Griffin ao lado de Michael Weiss no piano, Dennis Irwin na baixo e Kenny Washington à bateria), que foi distribuída pela MoviePlay dentro da coleção “A Jazz Hour With....”, tempos depois como número 54 da série “Os Grandes do Jazz“, assim como número 29 da série “The Jazz Masters – 100 Anos de Swing”.

Segue em 13. ERROLL GARNER
Um Panorama de 88 Teclas Mágicas

MUSEU DE CERA # 65 - SÉRIE VINIL (3)

21 novembro 2009


JIMMY YANCEY............................................................NATTY DOMINIQUE..............................................FRANK TESCHEMACHER

Série dedicada a LPs reeditados digitalmente em computador.

ÁLBUM: HISTORY OF CLASSIC JAZZ – RIVERSIDE (RLP 12-1131- 1956)


Selecionamos do volume V – Boogie Woogie:
O Boogie é uma variação pianística do Blues originada no início do século 20 que se tornou muito popular na década de 30 ultrapassando os limites do piano para ser reproduzido até por orquestras inteiras. Nesta coleção 5 faixas foram gravadas por exímios pianistas de Boogie e escolhemos um dos clássicos do repertório ― The Fives da dupla texana George & Hersal Thomas publicado em 1922 e executado pelo excelente Jimmy Yancey (1898 -1951) um dos mais autênticos intérpretes dos Blues e boogies ao piano.
Do volume VI – South Side Chicago:
South Side representa para Chicago o que o Harlem é para New York, um bairro negro e o Jazz ali executado pertenceu ao estilo levado àquela cidade pelos músicos negros de New Orleans na debandada de Storyville a partir de 1917. O que escolhemos deste álbum foi o que se pode chamar de estilo low down, ou seja expressão usada como gíria pelos negros cantores e instrumentistas de Blues significando interpretar uma canção de maneira lenta, desanimada quase desprezível, no caso magnificamente alcançada pelo trompete assurdinado de Dominique e o "chalumeau" de Jimmy O'Bryant. O tema com título irônico é ― Mama Stayed Out the Whole Night Long (But Mama Didn't Do No Wrong) ― "mamãe passou a noite toda fora, mas não fez nada de errado".
Do volume VII – Chicago:
Bem, se os negros em Chicago tiveram seu estilo os músicos brancos de lá também adotaram a hot-music criando um o qual foi denominado de Dixieland.
O que escolhemos foi China Boy um clássico dixie. O grupo é liderado por Charles Pierce pouco conhecido, um saxofonista amador com profissão de açougueiro. Pierce tocava saxofone alto e tenor e de 1927 a 30 liderou pequenos grupos para gravações em Chicago. O conjunto tem boa sustentação garantida pelo trompete de Spanier e pelo clarinete de Teschemacher. A parte rítimca conta com Muller no estilo slap bass, literalmente bofetada ou tapa e vem nomear um velho estilo dos contrabaixistas de Jazz que usavam percutir as cordas na madeira do instrumento quase que estapeando-as, ou seja exagerando no pizzicato. É um estilo surgido em New Orleans a partir do trabalho desenvolvido por Bill Johnson e muito bem empregado por Mueller.
1. THE FIVES (George & Hersal Thomas) – JIMMY YANCEY - piano solo
Gravação original (Solo Art 12008 – mx R2418) – 4/maio/1939 – Chicago
2. MAMA STAYED OUT (Daniel Wilson / Andy Razaf) – BARRELHOUSE FIVE – Natty Dominique (tp), Jimmy O'Bryant (cl), Jimmy Blythe (pi) e Jasper Taylor (bat).
Gravação original (Paramount 12851 – mx 1515) – março /1928 – Chicago
3. CHINA BOY (Dick Winfree / Phil Boutelje) - CHARLES PIERCE ORCHESTRA – Muggsy Spanier e Dick Feige cornets, Frank Teschemacher (cl), Ralph Rudder (st), Charlie Pierce (sa), Danny Lipscomb (pi), Stuart Branch (gt), Johnny Mueller (bx) e Paul Kettler (bat).
Gravação original (Paramount 12619 – mx 20399-1) – fevereiro / 1928 – Chicago





Tempo total: 9min

DOWNBEAT READERS POLL 2009

20 novembro 2009


Saiu o resultado da Downbeat. Mais uma vez o grande vencedor foi Sonny Rollins e alguns resultados são questionáveis.
Vejam os 3 mais votados por categoria.

Hall da Fama : Freddie Hubbard - Chick Corea - B.B.King.
Artista do Ano : Sonny Rollins - Herbie Hancock - Chick Corea.
Gravadora : Blue Note - ECM - Verve.

Disco do Ano : Road Show Vol.1 / Sonny Rollins - Earfood / Roy Hargrove - Pass it On / Dave Holland.
Disco Histórico : Kind Of Blue 50th Anniv.Edition / Miles Davis - Sunday at The Village Vanguard / Bill Evans - The Anthology / Return to Forever.

Grupo : Pat Metheny Trio - Keith Jarrett Trio - Branford Marsalis Quartet.
Big Band : Maria Schneider - Count Basie - Mingus Big Band.
Compositor : Wayne Shorter - Maria Schneider - Dave Brubeck.
Cantor : Kurt Elling - Tony Bennett - Bobby McFerrin.
Cantora : Diana Krall - Cassandra Wilson - Ithamara Koorax.

Trumpete : Wynton Marsalis - Roy Hargrove - Dave Douglas.
Trombone : Robin Eubanks - Wycliffe Gordon - Steve Turre.
Sax Barítono : James Carter - Gary Smulyan - Ronnie Cuber.
Sax Tenor : Sonny Rollins - Wayne Shorter - Joe Lovano.
Sax Alto : Kenny Garrett - Phil Woods - Ornette Coleman.
Sax Soprano : Wayne Shorter - Branford Marsalis - Dave Liebman.
Clarinete : Paquito D'Rivera - Don Byron - Anat Cohen.
Flauta : Hubert Laws - James Moody - Charles Lloyd.

Piano : Herbie Hancock - Keith Jarrett - Brad Mehldau.
Teclados : Chick Corea - Herbie Hancock - Lyle Mays.
Órgão : Joey DeFrancesco - Dr.Lonnie Smith - Larry Goldings.
Baixo Acústico : Christian McBride - Ron Carter - Dave Holland.
Baixo Elétrico : Stanley Clarke - Christian McBride - Steve Swallow.
Guitarra : Pat Metheny - Bill Frisell - John McLaughlin.
Vibrafone : Gary Burton - Bobby Hutcherson - Stefon Harris.
Bateria : Jack DeJohnette - Roy Haines - Brian Blade.
Percussão : Poncho Sanchez - Airto Moreira - Zakir Hussain.
Miscelânea : Bela Fleck (Banjo) - Toos Thielemans (Gaita) - Regina Carter (Violino).

BraGil
RETRATOS 12
JOHNNY GRIFFIN
“Little Giant” or “Jazz Giant” ? ? ?

(A) BIOGRAFIA - 3ª PARTE, FINAL
Com 72 anos e em Paris, nos dias 28, 29 e 30 de maio de 2000, Johnny Griffin grava ao lado de Steve Grossman, para a etiqueta “Dreyfus Jazz”.
Volta a gravar com Steve Grossman em quinteto, para o selo Dreyfus.
Em 2003 é lançado o album “Johnny Griffin & The Great Danes”, com Griffin coadjuvado por músicos da Europa Central.
Pela Riverside e em 2004, o duo Johnny Griffin e Eddie “Lockjaw” Davis grava o antológico album: “Pisces”.
São clássicos do JAZZ e do populário levados a improvisações estonteantes, com belas releituras = “Midnight Sun”, “Willow Weep For Me”, “Yesterdays” e “Sophisticated Lady”, entre outros, integram essa gravação “top”.
Uma preciosidade é a gravação de 2007, selo JVC, “Left Alone: For Billie Holiday”.
Johnny Griffin compôs, tocou e gravou até praticamente seu falecimento, motivado por súbito ataque cardíaco: era pessoa respeitada e querida por seus vizinhos, na calma cidade interiorana de Mauprevior / França.
“Philips”, “EmArcy”, “Atlantic”, “Mythic Sound”, “Esoldun”, “Philology”, “Green Line”, “Polydor”, “Black Lion”, “Trio”, “Prestige”, “MPS/BASF”, “Columbia”, “Muse”, “Unique Jazz”, “Affinity”, “Heart Note”, “Campi”, “Moon”, “Holiden”, “Lotus”, “Vogue”, “VeraBra Records”, “Supraphon”, “America”, “Jugoton”, “SteepleChase”, “Horo”, “Pablo”, “Fantasy”, “Timeless”, “Hvhaast”, “Telefunken”, “Four Leaf Clove”, “Galaxy”, “Jeton”, “MCA”, “DECCA”, “Uptown”, “Mediartis”, “Elektra/Musician”, “Amigo”, “Blue Note”, “Sonet”, “Alfa Jazz”, “Orange Blue”, “Who’s Who In Jazz”, “Verve”, “Antilles”, “Dreyfus Jazz”, são alguns dos selos que registraram e distribuiram gravações de Johnny Griffin, num quase interminável caleidoscópio de marcas para a totalidade da música gravada do “Little Giant”.
Johnny Griffin foi saxofonista de lirismo bem incisivo, com som elegante, cálido e ainda assim com acentuada dose de “acidez”, fogoso e brilhante. O “Little Giant” foi executante de tessitura plena de contrastes, suportada por uma técnica altamente superior à média dos tenoristas, que nos faz descobrir toda a dimensão da sonoridade do sax.tenor. Uma “tentativa” de descrição de seus solos, pode basear-se em que ataca as notas por baixo ou de acordo com sua inspiração do momento, mudando frequentemente de registro, mas com permanente precisão nos agudos, registro que prefere; vai “moendo” as frases em improvisações densas, inventando-as e reinventando-as, em um discurso sempre coerente e com soberba técnica de respiração que lhe permite encadeá-las em legatos, nos tempos ultra-rápidos que é capaz de intercalar mesmo nas baladas mais lentas e nos “blues”.
Seu duo com Eddie “Lockjaw” Davis resgatou, em certa medida, o espírito das “chases” de palhetas no esplendor de Kansas nos anos 30 e 40 do século passado, duelos de tradição projetados posteriormente por “Dexter Gordon X Wardell Gray” e “Sonny Stitt X Gene Ammons”.
O crítico Ralph J. Gleason declara que “....Johnny Griffin, inquestionavelmente toca mais rápido que qualquer outro músico vivo; mas ele joga com essa velocidade “gerenciando” seu sopro por mais tempo do que normalmente seria considerado possível, sendo capaz de produzir intermináveis choruses....”.
Segundo Gérald Arnaud e Jacques Chesnel (“OS GRANDES CRIADORES DO JAZZ”, 1ª Edição, 1989, tradução de original francês de 1985, Portugal, página 118), Johnny Griffin “.....saltando de uma oitava para outra, vindimando os seus cachos de tercinas num tempo infernal, utiliza na totalidade uma paleta expressionista com uma generosidade por vezes um pouco prolixa, mas de uma eficiência incomparável.....”.
Sérgio Karam em seu “Guia do Jazz” (L&PM Editores, 1993, página 128) define Johnny Griffin como “.....um sax.tenor na melhor tradição do hard bop. Considerado um dos saxofonistas mais hábeis em tempos rápidos, sua imaginação melódica está à altura desse extraordijnário domínio técnico do instrumento....”
Johnny Griffin sempre acreditou que “tocar para o público” (essencial) e “gravar em estúdio” (condição comercial) constituiam a mais elaborada universidade para o JAZZ: “....os músicos de hoje saem das universidades, de Berkeley, conhecedores de um mundo fantástico de técnicas e habilidades para ler e para praticar; quando me profissionalizei, mesmo sendo músico, aprendí com Eddie “Lockjaw” Davis, Dexter Gordon, Wardell Gray, gente que me ensinou JAZZ - que não se aprende na escola - mas tocando em público, na rua, em praças, em clubes esfumaçados, em “big.bands”, interagindo com outros músicos, com uma audiência que te crie personalidade musical e te faça criar, que te faça sair para fora de tí mesmo pelas vibrações que emite; prefiro ver pessoas a ver microfones em estúdios de gravação; os jovens saem da escola de música instruidos da mesma maneira, com um “padrão”, o que não é bom para eles e nem para o JAZZ; a situação deles se torna ainda mais restrita, porque atualmente os espaços para viver o JAZZ foram rareando, já que quando fui para a Europa em 1963 tínhamos clubes do Harlem até o Brooklin, enquanto que hoje são 04 ou 05 clubes, o que significa que esse músicos tecnicamente maravilhosos não têm onde tocar, o que é uma pena....
Sem concessões comerciais e como músico de JAZZ na mais perfeita acepção do gênero, Johnny Griffin, o “Little Giant”, o “Jazz Giant”, é citado em mais de 100 (cem) obras escritas sobre o JAZZ - enciclopédias, biografias etc – deixando-nos extenso e precioso legado da mais alta qualidade que, com certeza, atravessará gerações culturais.
Segue em
(B) BIBLIOGRAFIA, (C) FILMOGRAFIA e (D) DISCOGRAFIA

THE TOWN HALL – EDDIE CONDON'S CONCERTS – (6)

17 novembro 2009

Esta série apresenta trechos de concertos de Dixieland Jazz produzidos por Ernest Anderson e dirigidos por Eddie Condon, diretamente do Town Hall na cidade de New York em transmissões pela National Broadcasting Corporation Radio – Blue Network Broadcast Series.
Esta primeira apresentação realizou-se em 16 de dezembro de 1944 abrindo o concerto o tradicional do repertório dixie - Ballin' The Jack (Chris Smith / James Henriy Burris) com solos de Kaminsky ao trompete, do grande trombonista Jack Teagarden, de Pee Wee Russel o excelente clarinete cativo desses grupos de Condon, do saxofonista barítono Ernie Caceres e do piano de Schroeder.
Eddie Condon anuncia então a clássica balada There's A Small Hotel (Lorenz Hart / Richard Rodgers) veículo para magnífico solo do cornetista Bobby Hackett e do pianista Schroeder com arranjo de Dick Cary.
O grupo completo que atua é formado por: Eddie Condon (gt e lider), Max Kaminsky e Dick Cary (tp), Bobby Hackett (cornet), Jack Teagarden (tb), Ernie Caceres (sax bar), Eugene Schroeder (pi), Pee Wee Russel (cl), Sid Weiss (bx) e Johnny Blowers (bat). Gravação: 16/dezembro/1944 – New York City.

Segue-se o concerto de 23/dez/1944 com o anúncio de Ja-Da (Ja Da, Ja Da, Jing, Jing, Jing!) canção escrita em 1918 por Bob Carleton, destacando-se novamente Bobby Hacket ao cornet e o terno barítono de Caceres.
Finalizando - On The Sunny Side Of The Street (Doroty Fields / Jimmy McHugh) destacando-se o trompetista e vocalista Wingy Manone natural de New Orleans.

Nesta audição o grupo era formado por: Eddie Condon (gt e lider), Max Kaminsky (tp) e Wingy Manone (tp e vocal), Bobby Hackett (cornet), Jack Teagarden (tb), Ernie Caceres (sax bar), Jess Stacy (pi), Pee Wee Russel (cl), Bob Casey (bx) e George Wettling (bat).
Gravação: 23/dezembro/1944 – New York City

Fonte: CD Jazzology – JCE1015 -1993 – EUA



Tempo total: 13:25min

Faleceu o pianista Dick Katz


Mais uma informação de Mestre Raffa que passo ao plenário cejubiano. Foi a morte do pianista, arranjador, compositor e homem de disco, Dick Katz aos 85 anos, ocorrida em 12 de novembro. Da biografia de Katz recolhemos alguns dados importantes. Seus ídolos no piano fazem parte da realeza, Art Tatum, Teddy Wilson e Fats Waller, talvez por isso ele conhecia e tocava bem do “stride” até às formas modernas dos anos oitenta . Em sua parte discográfica tem destaques na participação dos excelentes álbuns “Further Definitions” de Benny Carter e “The feeling is mutual” de Helen Merrill .
Antes, nos anos cinqüenta, atuou em trio no “Café Bohemia” em West Village com Oscar Pettiford e Kenny Clarke . Tocou no conjunto de Kay Winding e J.J.Johnson e também integrou o grupo “The Jazz Prophets” do trompetista Kenny Dorham. Em 1966 fundou com o veterano Orrin Keepnews o selo “Milestone” onde gravaram expoentes do Jazz. Sem pouca o nenhuma divulgação de seus trabalhos entre nós, Dick Katz deixou marcas relevantes em sua longa careira.RIP
RETRATOS 12
JOHNNY GRIFFIN
“Little Giant” or “Jazz Giant” ? ? ?
(A) BIOGRAFIA - 2ª PARTE
No final de 1958 Griffin retornou a Chicago onde passou a trabalhar em clubes e teatros, viajando de tempos em tempos para New York, sómente quando era requisitado para gravações.
Com o grupo do baixista Wilbur Ware para o selo Riverside, como titular em gravações ao lado de Sonny Clark, de Donald Byrd, de Pepper Adams, de Kenny Drew, como “sideman” em formações de Thelonius Monk, Babs Gonzales, Philly Joe Jones, Chet Baker, Nat Adderley, Blue Mitchell, Randy Weston, Machito e Ira Sullivan, em duo com Bud Powell, assim como no contexto de “big.band” em que pontuou como líder (Clark Terry e Bob Bryant nos trumpetes, Matthew Gee e Julian Priester aos trombones, Pat Patrick, Edwin Williams e Charles Davis nas palhetas, Harold Mabern e Bobby Timmons no piano, Bob Cranshaw no baixo e Charlie Persip à bateria), Griffin se apresentou e gravou até 1960.
No período de 1960 até fevereiro de 1962 formou um grupo com destaque para seu duo de saxes.tenor com Eddie “Lockjaw” Davis, o que rendeu 08 discos para as etiquetas Fantasy, Jazzland e Prestige, gravados em 10 sessões e/ou ao vivo (04 delas diretamente do “Minton’s Playhouse”, New York, em 06 de janeiro de 1961), com participações de Junior Mance, Ben Riley, Horace Parlan e Art Taylor.
Também nesse espaço de tempo Griffin atuou e gravou no quinteto do trombonista Bennie Green, com formação liderada pelo vocalista Eddie Jefferson, assim como em grupos que ele mesmo liderou (quartetos, quintetos e “big.band” com sessão de cordas = 03 violinos e 02 violoncelos, em julho de 1961).
1962 foi repleto de “grandes encontros" para Johnny Griffin, que gravou com a orquestra “all stars” de Tadd Dameron, com o quinteto de Wes Montgomery e com o grande Clark Terry em quinteto. Tambem nesse ano de 1962 e com a idade de 34 anos Johnny Griffin deixa os U.S.A. e reside por breve período na Europa; em março de 1963 retornou por período ainda mais curto aos U.S.A., para logo depois mudar-se definitivamente para a Europa.
Griffin havia sido muito bem recebido pelo público e pela crítica da Europa na primeira breve estada e, além disso, no curto retorno aos U.S.A. teve problemas com o governo, com a família e com o fisco americano.
Somando-se a esses “problemas”, o cenário musical do Jazz apontava para o “free”, muito propagandeados pelos críticos americanos, o que em definitivo desgostou Griffin.
Na época ele dirigiu-se à Riverside para gravar, mas os dirigentes disseram-lhe que deveria primeiramente promover seus discos na Europa, o que levou Griffin à mudança permanente para o Velho Continente, onde sentiu-se livre, sem pressões das gravadoras e sem a sombra do racismo.
Lá deparou-se com a realidade de que muitos e muitos músicos de JAZZ o haviam precedido e viviam, e muito bem, na Europa: Bud Powell e Kenny Drew lá estavam, Kenny Clarke, Dexter Gordon, Sahib Shihab, Idrees Sulieman, Memphis Slim e outros. Art Taylor também chegou à Europa no mesmo ano e pouco depois de Griffin.
Griffin apresentou-se durante 06 meses no “Blue Note” de Paris, abrindo as portas para toda a França, Bélgica, Holanda, Alemanha, Itália, Espanha, Inglaterra e toda a Escandinávia.
Em 1964 Johnny Griffin apresentou-se e gravou em Colônia, em Hamburgo e em Recklinghausen na Alemanha, assim como fez temporada e gravou em direto na França com Bud Powell (no “La Belle Escale”, hotel-restaurante na pequena Edenville, em agosto).
Durante 1965 apresenta-se no “Theatre Des Champs-Elysees” de Paris, seguindo depois para Hamburgo; essas apresentações e gravações são realizadas ao lado de Wes Montgomery. Em julho desse ano fez parte de gravação com a banda do grande contrabaixista francês Pierre Michelot.
Itália, França, Suiça, Alemanha, Inglaterra, Dinamarca e Espanha (para frequentes apresentações e gravações com Tete Montoliu), constaram então do périplo europeu de Griffin, que estabeleceu-se na França em 1966 e na Holanda a partir de 1970 (onde casou-se com Miriam, holandesa), comprou uma granja e passou a residir até, finalmente, radicar-se definitivamente no interior da França, em Mauprevior (a cerca de 400 quilômetros de Paris).
1967 é o ano em que Griffin integra a “big.band” de “Kenny Clarke / Francis Boland” para apresentações em Colônia/Alemanha e Praga/Checoslováquia, até pouco depois do 1º semestre.
Na 2ª parte desse ano Griffin alinha ao lado de Thelonius Monk = Roterdam/Holanda, Berlim/Alemanha e Paris/França são os palcos desses músicos, sempre com gravações ao vivo e sucesso de público e crítica.
1968, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973 e 1974 = Colônia, Roma, Londres, Varsóvia, Munique, Copenhague, Dusseldorf = Dexter Gordon, Kenny Clarke/Francy Boland Big Band, Eddie “Lockjaw” Davis, Dizzy Gillespie em sexteto e tantos outros = a vida musical de Johnny Griffin corre em “ceu azul” de respeito público, de temporadas seguidas, de gravações de qualidade, de críticas favoráveis, de saude plena e vida tranquila.
No “Festival de Jazz de Montreux” de 1975 Griffin é solicitado por Dizzy Gillespie (“Dizzy Gillespie Big 7”) e Count Basie (“Count Basie Jam”), participando de apresentações e de gravações com esses gigantes, tudo diretamente do “Casino de Montreux”. Ainda nesse ano Griffin desfila seu talento ao lado do “Roy Eldridge 7”, no Festival de Jazz de Antibes.
De 1976 (com 48 anos) até 1993 (65 anos) Griffin manteve sua carreira de sucesso europeu e oriental (visitou o Japão em 1976), com saude física e financeira, contracenando com os primeiros nomes do JAZZ, nos melhores palcos de concertos e de festivais, sempre gravando para uma discografia que se tornou mais que centenária. Hanover, Wiesbaden, Tóquio, Dusseldorf, Berlim, Estocolmo, Barcelona, Paris, Bolonha (com Jackie McLean), Genebra, são alguns dos locais que receberam a música do “Little Giant” nesses anos.
Em 1977 e em 1984 uniu-se novamente a Eddie “Lockjaw” Davis.
Também a partir de 1978 e quase sempre em abril (comemoração de seu aniversário, 01 semana em New York, 01 semana em Chicago e outros compromissos) Griffin esteve presente nos U.S.A. em visitas anuais, tendo oportunidade de tocar e gravar em Berkeley (em 1978 com Nat Adderley, também em 1979 e em 1983), no Carnegie Hall (1978 com Dexter Gordon), no “Atlanta Free Jazz Festival” de 1983 com o “Jimmy Smith 4” e em New Jersey com Philly Joe Jones e nos estúdios da BMG em New York (1990 e 1992).
O grande destaque nessas visitas anuais situa-se em 1985, quando da gravação dos 04 LP’s (também editados em CD e com filme em VHS e DVD) sob o título “The All Stars Messengers At One Night With Blue Note”, em New York e diretamente do “Town Hall”.
Em entrevista para a N.Y.Times e perguntado se retornaria aos U.S.A., Griffin afirmou à época que dificilmente o faria, dado que se sentia muito bem onde estava: “estou no paraíso, gosto de comer legumes do meu próprio jardim, as pessoas em torno de mim são boas, na minha sala de música com meu piano, meu sintetizador e meu computador, que são a “minha banda”, posso compor, reproduzir e “ensaiar” o que crio; quando saio para tocar é um verdadeiro “safari”, mas retornar para casa é encantador; ainda faço minhas visitas anuais aos U.S.A., em especial para curtas temporadas semanais ou gravações em Chicago ou Berkeley na Califórnia e New York, mas sempre retorno para meu amado campo francês...”.
Na Itália e em 1983 (Orvieto, Teatro Mancinelli, 28 de dezembro), Johnny Griffin tem como grupo o “Roy Hargrove 5” = uma perfeita integração da tradição com a juventude !
Segue em
(A) BIOGRAFIA – 3ª PARTE, FINAL

13 novembro 2009

RETRATOS
12 = JOHNNY GRIFFIN
“Little Giant” or “Jazz Giant” ? ? ?
INTRODUÇÃO
A maior parte do texto seguinte relativo a JOHNNY GRIFFIN está baseada no roteiro que consta da coluna “CANTINHO DO JAZZ”, que mantive no Caderno de Cultura do jornal “Hoje Em Dia”, Belo Horizonte/MG (edição nº 2.084, 27/abril/1994, página 02). Agora evidentemente foram pesquisadas publicações e gravações pós-1994, assim como mais informações sobre esse músico excepcional que, para tristeza de todos nós, veio a falecer no passado dia 25 de julho de 2008, 6ª feira, em Mauprevior, interior da França; havia realizado apresentação na 2ª feira 21 de julho, em Hyeres, também interior da França.

(A) BIOGRAFIA - 1ª PARTE
Johnny Arnold Griffin III, artisticamente Johnny Griffin, nasceu em Chicago / Illinois, no dia 24 de abril de 1928, vindo a falecer aos 80 anos, vítima de ataque do coração, em Mauprevior / França, em 25 de julho de 2008.
Em função de sua gigantesca estatura como músico de JAZZ e de sua reduzida altura física, tornou-se conhecido como o “Little Giant”.
Sua mãe era pianista e cantora no coral da igreja local e seu pai cornetista; no lar sempre se ouvia e se executava JAZZ, “gospel” e “spiritual”.
Ouvia gravações de “blues” pertencentes a um músico amigo da família, ninguém menos que o grande contrabaixista Milt Hinton, que o levou a ouvir e a executar “blues”, mais ainda se considerarmos o “reforço” da cultura vigente em Chicago desde a década de 20 de século passado, a maior fonte do “blues” clássico.
Nesse ambiente musical Griffin cedo demonstrou aptidões, começando a estudar piano aos 06 anos (instrumento que utilizou até os últimos dias de vida para o estudo de harmonias), depois violão havaiano e guitarra (com a qual acompanhava “gospels” e “spirituals” cantados pela mãe na igreja), para em seguida iniciar-se nas lições de clarinete na DuSable High Schol, com o professor Captain Walter Dyett (considerado por Griffin com um grande disciplinador e que influenciou Nat “King” Cole, Gene Ammons, Clifford Jordan e Bennie Green), o que perdurou até seus 13 anos em 1941. Ai aprendeu todos os tipos de clarinetes, de oboé, de trompa, de corno inglês, de sax.alto e de sax.tenor. Aprofundou-se no exercício e na prática do sax.alto, para depois aperfeiçoar-se no tenor.
Na festa de formatura na escola em 1941 participou a banda de “King” Kolax, onde tocava sax.tenor Gene Ammons: essa exposição ao tenor de Ammons iluminou a mente de Griffin, levando-o a adotar o instrumento como seu preferido.
Inicialmente passou a ouvir Ben Webster, em seguida “estudou” Johnny Hodges, Don Byas, Dexter Gordon, Wardell Gray e Lucky Thompson, sem desprezar outras influências como Charlie Christian e Jimmy Blanton.
Mas foi ouvindo Charlie Parker que Johnny Griffin adotou novo estilo de fraseado e novos enfoques para o material harmônico, até cristalizar-se ao longo do tempo como um dos chefes da escola “hard bop”.
Já então Griffin se distanciava da “escola texana” da Arnett Cobb (fortemente representada por Illinois Jacquet, que inclui inegáveis impressões digitais do “rhythm & blues”) para, mesmo com suas acentuações agudas, criar sintaxe própria.
Já aos 15 anos tocava profissionalmente com T-Bone Walker, nos clubes locais = “DeLisa”, “ElDorado” e outros.
Em 1945 e com a tenra idade de 17 anos Griffin ingressou nas fileiras de Lionel Hampton, que tinha como sax.tenor Jay Peters; como este foi convocado para o serviço militar, Hampton recrutou Griffin, que com ele permaneceu até novembro do ano seguinte. Na banda de Hampton e em função da potente “massa” sonora do grupo, Griffin exercitou e adquiriu sua soberba técnica de respiração e sua extrema velocidade de fraseado, mesmo em alto volume, forma adotada para destacar seu volume do “ensemble”.
No ano seguinte, 1946, e até novembro Griffin participou de diversas gravações com a “big.band” de Lionel Hampton (os integrantes variaram nesse período), todas para os selos “MCA” e “DECCA”, entre as quais uma em New York, 78rpm, com o vocal de Bing Crosby (titular da gravação); o “carro.chefe” era o lado “A” (“Pinetop’s Boogie Woogie”), mas o sucesso veio com o lado “B”, o clássico “On The Sunny Side Of The Street”, até hoje adotado pelos músicos de JAZZ.
A partir daí e até 1949 Griffin atuou e gravou com as bandas de Joe Morris (egresso da banda de Hampton), Tony Mayo (e seus “Boys From New Orleans”), sendo que uma dessas gravações foi titulada pela cantora Wynonie Harris, mas com os mesmos integrantes das outras 02 bandas.
No início dos anos 50 do século passado Griffin foi convocado para ir para a Coréia (“Far East Command”), juntamente com mais 07 jovens negros; em função de um show que seria realizado para os oficiais, Griffin foi incorporado à banda do Exército no Hawaí, sendo dispensado de seguir para o front, o que provavelmente lhe salvou a vida já que os demais jovens convocados morreram na Coréia: o mundo ganhou um músico excepcional ! ! !
Sob o comando do tenorista Arnett Cobb com quem havia atuado na formação de Lionel Hampton, Griffin participou de gravação em 1951.
Sómente em 1956 (17 de abril) é que Johnny Griffin gravou pela primeira vez como titular, em Hackensack/New Jersey, no estúdio sob a batuta de Rudy Van Gelder (excelência ! ! !) e para o selo Blue Note. Foram 09 temas, reeditados vezes sem conta pela Blue Note, mas originalmente no album “Introducing Johnny Griffin” (“Nice And Easy”, “Lover Man”, “Cherokee”, “It’s All Right With Me”, “The Way You Look Tonight” estão entre esse temas).
A partir de 1957 Johnny Griffin passou a integrar o combo de Art Blakey, os “Jazz Messengers” (“ABJM”), com o qual se apresentou e gravou seguidamente, sempre em New York, tendo a oportunidade de atuar ao lado dos trumpetes de Lee Morgan e Bill Hardman, dos trombones de Melba Liston e Buster Cooper, do sax.alto de Jackie McLean e, sob o comando do líder Art Blakey (uma “cozinha” onde atuaram Thelonius Monk, Sam Dockery, Wynton Kelly, Tommy Flanagan e Junior Mance no piano, mais Spanky DeBrest e Paul Chambers no contrabaixo): uma senhora constelação para uma universidade de “hard bop”.
É no seio desse grupo que foi gravado o belo album “Art Blakey - A Night In Tunisia”.
Importante nesse ponto assinalar a influência que Griffin recebeu de Thelonius Monk, com quem manteve amizade cerca de 10 anos. Havia conhecido anteriormente a Bud Powell e a Elmo Hope e, por intermédio deles é que conheceu Monk; Griffin, habitualmente, ia às residências de Bud Powell e de Elmo Hope, onde tocava com Monk; mesmo quando estava no “A.B.J.M.” Griffin saia para tocar com Monk no “Five Spot”.
Griffin tinha Monk em alta conta e o admirava, inclusive por seu refinado senso de humor, declarando em certa ocasião: “......sair com ele era uma garantia, já que seu aspecto físico “assustava” qualquer transeunte mas, por trás desse aspecto era uma pessoa calorosa e bem humorada; em meio a uma discussão Monk podia ficar calado por 01 hora mas, em não mais que 03 ou 04 palavras, proferia sentenças determinativas e sempre com olhos à frente, para a vanguarda musical........
Em certa ocasião Monk demonstrou no piano que podia tocar como Art Tatum, deixando Griffin atordoado com a técnica de Monk, mas este disse-lhe que não precisava de “aeróbica pianística”, já que podia criar com seu estilo aparentemente parcimonioso.
Ainda que atuando no “ABJM”, Griffin gravou nesse ano de 1957 com outros grupos (destaque-se a gravação com o grande Clark Terry, em abril e para o selo Riverside), assim como gravou como titular (“Johnny Griffin Septet”) o antológico album “A Blowing Session”: Lee Morgan (trumpete), Griffin, John Coltrane e Hank Mobley (saxes.tenor), Wynton Kelly (piano), Paul Chambers (baixo) e Art Blakey (bateria), no estúdio de Rudy Van Gelder, legaram-nos pérolas do quilate de “All The Things You Are”, “The Way You Look Tonight” e outras; mellhor impossível ! ! !

Segue em
(A) BIOGRAFIA – 2ª PARTE

CONFIGURAÇÃO

10 novembro 2009

Sigo postando a série "RETRATOS" e torcendo para que a edição original não seja desconfigurada, como ocorreu com a "BIOGRAFIA - 2ª Parte" (Tete Montoliu).
Desculpas antecipadas pela apresentação.
RETRATOS
11. TETE MONTOLIU
Superação e Qualidade em JAZZ: da Catalunha para o Mundo ! ! !

(B) FILMOGRAFIA
Como não temos informações sobre produtos (DVD’s, VHS’s) com Tete ao vivo, indicamos a seguir 05(cinco) trechos dele que podem ser apreciados via Internet, endereço (http://www.nme.com/artists/tete-montoliu), em diversos contextos / formações, ainda que de pouca duração mas que nos permitem assistir um músico exponencial.
(1) Tete Montoliu / Jackie McLean Quartet, 6’16”
(2) Joan Manel Serrat & Tete Montoliu, “Paroules D’Amor”, 3’55”
(3) Tete Montoliu & Friends, Playing Jazz, 1’15’
(4) Tete Montoliu, “Speak Low”, 4’22” (trecho sómente de audio, extraido de gravação da VERVE, “Swinging Jazz Piano”, que reúne gravações com Oscar Peterson, Monty Alexander e outros)
(5) Tete Montoliu Trio, “If I Should Lose You”, 9’11” (Kerbie Lews/ baixo e Billy Higgins/bateria)

(C) BIBLIOGRAFIA
As melhores publicações tipo “Enciclopédia/Dicionário de Jazz” trazem alentados verbetes sobre Tete Montoliu.
Destacamos apenas 02(duas) dessas publicações por suas concisões e fidelidades históricas, ainda que insuficientes para o todo da carreira do pianista catalão.
(1ª) "Dictionnaire du Jazz", da autoria de Philippe Carles, André Clergeat e Jean-Louis Comolli, que reuniram cerca de 50 colaboradores para os diversos verbetes (Xavier Prévost redigiu o verbete dedicado a Tete Montoliu), Editions Robert Laffont S.A., Paris, 1988.
(2ª) "Gran Enciclopédia Del Jazz" da Editora SARPE, com Chefia de Redação a cargo de Gabriela Costarelli, Madrid, 1980.

(D) DISCOGRAFIA
Considerando a imensa discografia de alta qualidade de Tete Montoliu, optamos por indicar as primeira e última gravações, seguidas de 07(sete) indicações que, pelo menos para nós, exibem um pianista em plena forma ao longo das várias etapas de seus anos de trabalho.
(1) Primeira Gravação
Entre junho e setembro de 1954, na Holanda e para o selo Philips Tete Montoliu gravou os temas “Píntame de Colores Pa Que Me Llamen Superman” e “No, No, No”.

(2) Última Gravação
Em 21 de março de 1997, no “Palau de La Música Catalana”, Barcelona, Espanha, Tete apresentou-se em piano.solo, com temas próprios, de Ellington/Strayhorn, Dexter Gordon, Coltrane e Monk. Essa apresentação foi devidamente registrada para o selo DiscMedi, com as seguintes faixas:
01 Feelings
02 My Way
03 Au Privave
04 Muntaner 83A
05 Jo Vull Que M'Acariciis
06 Pont Aeri-Acuarela
07 T'Estimo Tant...
08 Come Sunday
09 It Don't Mean A Thing
10 In A Sentimental Mood
11 Take The "A" Train
12 Sophisticated Lady
13 Cotton Tail
14 Come Sunday
15 Cheese Cake
16 Society Red
17 Soul Sister
18 Naima
19 I Want To Talk About You (Billy Eckstine, “Mr. B”)
20 Lush Life
21 Giant Steps
22 Monk's Dream
23 Ask Me Now
24 Misterioso
25 Apartment 512

(3) 1ª Indicação
Em 2005 a “Radiotelevisión Española” (RTVE) edita um primoroso CD duplo sob o título “Jazz Em España - Tete Montoliu”. É o primeiro de uma série de resgates de JAZZ promovidos pela corporação espanhola, dedicado exatamente a Tete Montoliu. Extensas notas de encarte por José Ramón Rippol, que inicialmente nos remetem ao “Jazz subterrâneo” na Espanha franquista, para logo rememorar a largos traços um pouco da carreira de Tete Montoliu.
Em um dos CD”s temos 17 faixas de Tete em piano.solo, reunindo composições próprias, além de clássicos de Victor Young (“When I Fall In Love”), Roger “Ram” Ramirez (“Lover Man”), Bill Evans (“Waltz For Monika”), Cole Porter + Tadd Dameron (“What Is This Thing Called Love?” / “Hot House”), Duke Ellington (“Sophisticated Lady”) e outros. As gravações constantes do gigantesco acervo da RTVE foram realizadas em 17/fevereiro/1973 e em 24/março/1982.
No outro CD temos 08 faixas com Tete Montoliu em trio (David Thomaz ao baixo e Peer Wyboris à bateria), gravadas em 22/março/1982. A primeira faixa de autoria de Tete intitula-se “Blues”, levando-nos a todo um perfeito discurso da linguagem de raiz. Segue-se um “Days Of Wine And Roses” com claras e sublimes referências ao pianismo de Bil Evans. Charlie Parker é revisitado em “Confirmation”, Coltrane em “Giant Steps” e Monk/Cootie Williams em versão primorosa de “Round About Midnight”.

(4) 2ª Indicação
Com Pedro Diaz /tumbadoras, Miguel Angel Lizandra/bateria e Alberto Moraleda / baixo, Tete montoliu gravou em Barcelona (16/agosto/1963) o LP, reeditado em CD pela “Discos Ensayo”, “Temas Hispano-americanos”. São “medleys” de clássicos do bolero, todos em linguagem jazzística e repletos da técnica de frases em legato, perfeitas divisões de fraseados, digitação superior, enfim, um disco para ouvir sempre.
Juntam-se a “Frenesi / Contigo En La Distancia / Maria Elena”, outros como “Tres Palabras / Amor Mio / Siempre En Mi Corazón” e “Perfidia / No Me Platiques / Bésame Mucho”.

(5) 3ª Indicação
Ainda na linha dos “boleros”, mas então com temas individuais tomados dos clássicos do gênero, Tete gravou em 1975 e também em quarteto (ele mais Rogelio Juarez / tumbas, Manuel Elias / contrabaixo e Peer Wyboris / bateria), o LP, reeditado em CD pelo mesmo selo “Discos Ensayo” de Barcelona, sob o título de “Boleros” e com linguagem jazzística, os temas “Somos”, “Sabra Dios”, “Siboney”, “Somos Novios”, “Sabor a Mi”, “Poinciana” e mais 04 temas que completam os 10 do álbum.

(6) 4ª Indicação
O CD “Tete Montoliu Em El Teatro Real” foi gravado diretamente do “Teatro Real” de Madrid em 02 de fevereiro de 1988, em piano.solo e contitui-se, em sua parte inicial, em ode á obra de Thelonius Monk. A 1ª faixa do CD ocupa nada menos que 42’30” sob o título de “Monkiana”, em que a esfinge é totalmente decifrada pela execução inspirada, decodificada e até com a sonoridade e o fraseado de Monk: “Straight, No Chaser”, “Reflections”, “Misterioso”, “Well, You Needn’t” e semi-trechos de outros clássicos monkianos desfilam para o prazer sensorial da audição. É coisa de “gente grande” para todo o sempre.
Mais 03 faixas completam os 64’22” do CD: “Don’t Smoke Anymore, Please” (seria uma premonição das leis estaduais do momento???...), “Jo Vull Que M’acaricis” e “Apartment 512”.
Excelente texto do encarte por Paco Montes, com bom retrospecto da carreira de Tete e qualidade superior de gravação, tornam esse CD um precioso documento.

(7) 5ª Indicação
“Tete Montoliu & Orquestra Taller de Músicos de Barcelona” foi CD gravado em 25 e 26 de junho de 1988 em Barcelona, reeditado em 2003.
05 trumpetes, 04 trombones, 02 saxes.alto, 02 saxes.tenor, 01 sax.barítono, piano (Tete Montoliu), guitarra, baixo e bateria, sob a condução de Zé Eduardo (também autor de 02 dos 07 temas do CD), mostram-nos uma “big.band” alentada, com belos arranjos e temas muito bem escolhidos, inciando-se pela faixa 1, o clássico “C.T.A.” de Jimmy Heath, incluindo “All Of Me” (soberbo solo de Tete Montoliu), “Second Race” de Thad Jones com arranjo do próprio, “Recordarme” de Joe Henderson (arranjo de Ernie Wilkins), enfim, um trabalho de alta qualidade.

(8) 6ª Indicação
O CD “Free Boleros”, em realidade uma coletânea de boleros clássicos interpretados por um trio em estado de graça (Tete Montoliu elabora discursos pianísticos de pura beleza, com toques de “blues”), acompanhando Mayte Martins, uma verdadeira “CANTORA” (dicção, divisão, timbre, extensão, emoção.........), foi indicado ao longo da “Biografia” de Tete Montoliu. É trabalho sério, de muito “feeling” e puro prazer para os ouvidos e a mente.
“Contigo En La Distancia”, “El Dia Que me Quieras”, “El Reloj”, “Somos”, “Sabor A Mi” e mais 08 faixas integram essa seleção tocada em trio e cantada com uma soberba voz, que merece todo o interesse, os aplausos e a divulgação do “melhor”.

(9) 7ª Indicação
“Tete Montoliu Interpreta a Serrat Hoy” reúne 12 temas e 01 “medley” da autoria do compositor espanhol Joan Manel Serrat, que Tete Montoliu conheceu em 1965 na EDGISA, companhia discográfica catalã. À época Serrat integrava o denominado “Els Setze Jutges”, grupo musical e cultural.
Em 1969 Tete havia gravado “Tete Montoliu Interpreta a Serrat”, sendo que nessa nova visita ao compositor, Tete jazzifica toda uma obra.
Temos nesse CD a reunião de composições belíssimas a uma interpretação de altíssima qualidade pianística e jazzística: mais pedir impossível ! ! !

Segue em
12. JOHNNY GRIFFIN: “Little Giant” or “Jazz Giant” ? ? ?

COMPANHIA ESTADUAL DE JAZZ NO DRINK CAFE

07 novembro 2009

Num dos finais de semana mais agradaveis deste ano, ja sob o efeito de um calor com a cara do Rio, e com praia que nos volta a lembrar do astral desta cidade, nada melhor que ir conferir duas novidades para mim numa unica noite...

Fregues habitual do quiosque drink na Lagoa, ja estava ha algum tempo curioso para conhecer a outra versao do drink numa rua tranquila do Humaita, ha cerca de uns 30 metros da Rua Voluntarios da patria.

O grupo programado para esta noite era a versao compacta da Companhia Estadual do Jazz, grupo formado pelos musicos Sergio Fayne - piano / Fernando Clark - guitarra / Reinaldo - contrabaixo

No repertorio do primeiro set, temas de Bossa Nova como Vivo Sonhando, Chovendo na roseira (Tom Jobim), Os grilos (Marcos Valle) e Razao de viver (Eumir Deodato), e tambem Summertime,e outros standards de jazz, levados num balanco que muito me agradou.

O trio sem bateria traz um outro formato, com solos de guitarra do inspirado Fernando Clark, com os temas sendo introduzidos por Sergio Fayne ao piano e o agradavel som do baixo acustico do CJUBiano Reynaldo.

Muito me agradou a sonoridade do trio, eu que sou aficionado por Bossa Nova e pelo SambaJazz, estilos que os musicos transitam com naturalidade.

Apenas um adendo, tanto o piano quanto o baixo, sao acusticos, o que e otimo

A casa e muito agradavel, ambiente descontraido, bebida gelada, e com certeza irei voltar.

Torco para que se firme como um reduto de musica de qualidade no Rio de Janeiro, o que nao tenho nenhuma duvida ocorrera, visto que a Ana, que muito bem pilota o outro drink, tem nos oferecido sempre musica e musicos de qualidade.

O proximo musico que pretendo ouvir e o pianista Marcos Ariel, que salvo engano toca na casa as quartas feiras, num horario happy hour.

Quem sabe o CJUB nao volta a organizar concertos de jazz na casa.

Abracos,

Beto Kessel

04 novembro 2009

RETRATOS
11. TETE MONTOLIU
(A) BIOGRAFIA - 2ª PARTE - FINAL

A temporada de um mês no Japão, em piano.solo, foi o fato internacional mais significativo na carreira de Tete no ano de 1977, além de apresentação ao lado de George Coleman no “Ronnie Scott’s Club” de Londres, de um mês de atuação no “Paull’s Club” de Bruxelas, encerrando o ano com suas apresentações nos clubes “La Cova Del Drac”, “Zeleste”, “Jazz Cava” (de Terrasa), e “Satchmo”, além das atuações em diversas cidades espanholas.

Em 1978 Tete Montoliu foi figura regular no clube “Satchmo”, ao lado do francês Michel Roques, além de atuações em Madrid, Lausanne e na rádio “Suisse Romand”.

Em 1979, Tete realizou uma de suas grandes aspirações: foi o protagonista de concerto no “Palau de la Musica Catalana”. Nesse mesmo ano esteve em Londres, para apresentar-se ao lado do guitarrista Joe Pass no “Ronnie Scott’s Club”, participando em seguida do “Festival Internacional do Mar do Norte” ao lado de Oscar Peterson, Cecil Taylor, Duke Jordan e Dexter Gordon (músico com quem teve oportunidade de gravar em diversas ocasiões).

Ainda em 1979, Tete realizou temporada nos U.S.A. e no Canadá, iniciada no “Festival de Monterrey”, sendo ali aclamado como um dos grandes músicos de Jazz da época. Nessa temporada gravou por duas vezes, uma delas com Chick Corea em Los Angeles (este então não mais como “baterista”). Apresentou-se, também, no “Keystone Corner”.

Retornando dos U.S.A. Tete realizou nova temporada na Europa, acompanhando a Jackie McLean, para em seguida e na primavera de 1980 retornar ao Canadá e aos U.S.A. para novas temporadas, ocasião em que participou do “Boston Concert”, gravado diretamente da “Berkley High School of Music”, em disco largamente elogiado.

Ainda em 1980 Tete Montoliu inicia seus trios com Herbie Lewis / baixo e Billy Higgins / bateria e com John Heard / baixo e Albert “Tootie” Heath / bateria.

Com a morte de Bill Evans (a caminho do “Mount Sinai Hospital” em 15 de setembro de 1980), grande amigo de Tete Montoliu, este realizou em Barcelona uma sucessão de apresentações em homenagem ao grande pianista.

Nos anos 80 do século passado Tete Montoliu realiza diversas temporadas com músicos norte-americanos, em contextos “all stars”: destacam-se nessas formações Johnny Griffin, Joe Henderson, George Coleman, Sonny Stitt, Slide Hampton, Jerome Richardson e Eddie "Lockjaw" Davis.

Em duo com o vibrafonista Bobby Hutcherson e na cumplicidade musical com o então já consagrado Niels-Henning, Tete Montoliu atua com enorme satisfação em diversas ocasiões. Em 1982, é destaque no “Festival de Jazz de San Sebastian”, onde é homenageado.

Temporadas européias com Johnny Griffin marcam as atuações de Tete Montoliu em 1983.
1984 = temporada nos U.S.A. com Bobby Hutcherson em duo, com Jerome Richardson apresentações na Europa e atuação com Eddie "Lockjaw" Davis em Zurique, no “Widder Bar”.

No ano de 1985 Tete apresenta-se no “Carnegie Hall”, com enorme sucesso de crítica e de público, além de ser o “padrinho” do “Festival de Jazz de Andorra” e constituir-se em destaque no “Festival de Jazz de Nice”.

Em 1986 apresenta-se no “Festival de Jazz de Madrid” ao lado de Harold Land, com o qual e em seguida realiza grande temporada por toda a Espanha, para depois participar do “Festival de Jazz de La Habana”(Cuba).

Em 1987 é a vez de com Dizzy Gillespie, em duo, realizar temporada na França. Tete apresenta-se durante tres semanas em Buenos Aires e depois segue para o Canadá: Montreal, Toronto, Edmonton e outras cidades são seus palcos.

Em 1988, Montoliu apresenta-se em 02 de fevereiro no “Teatro Real de Madrid”, em concerto de gala, onde executa em 42’30” sua suíte espetacular “Monkiana”. Em meio a vasto contingente de músicos de ponta, Tete Montoliu participa da temporada da “Orquestra Ecos del Bebop”, para em seguida excursionar com Paquito D’Rivera.

No ano seguinte integra as apresentações do “Timeless All Stars” por toda a Espanha, simultaneamente com a manutenção em Barcelona de trio com Horacio Fumero e Peer Wyiboris, em apresentações nas quais também se exibe em “piano.solo”, forma na qual pode desfilar seu vasto repertório e sua quase infinita capacidade de improvisação, ademais de permitir-lhe desenvolver projeto de uma série de 13 discos sob a denominação de “The Music I Like To Play”, da qual foram editados os quatro primeiros.

Em 1989 participou na Itália de homenagem a Dizzy Gillespie, ao lado de Milt Jackson, Randy Brecker, Johnny Griffin, Max Roach e do próprio Dizzy.

Os anos 90 do século passado vão encontrar Tete apresentando-se no Japão no “Keinsgton Córner” local durante duas semanas. Grava para as etiquetas “Alfa Records” e “Concord Jazz” (leia-se Carl Jefferson, fundador), em 1992 forma novo trio (Hein Van de Gein / baixo e Idris Muhammad / bateria) para apresentações em festivais, além de protagonizar a abertura dos “Jogos Paraolímpicos Barcelona-92” em memorável concerto com Bobby Hutcherson.

Ainda em 1992 Tete Montoliu é o convidado da “Orquestra Sinfônica de Cadaqués”, para o “Festival Internacional del Castell de Perlada” (Catalunha), onde interpreta a suíte “Porgy and Bess” de George Gershwin.

É homenageado no “Palau de La Musica Catalana” em 1993 no “Festival Internacional de Jazz de Barcelona” pelos seus 60 anos, atuando ao lado de Johnny Griffin e Roy Hargrove. Seguem-se nesse ano temporadas por cidades espanholas e européias com o trio formado em 1992 (Tete, mais Hein Van de Gein / baixo e Idris Muhammad / bateria) e agregando o saxofonista Ralph Moore. Conhece a Cantora de música flamenca Mayte Martin.

1994 é o ano em que Tete Montoliu apresenta-se em piano.solo no Egito (“Palácio da Ópera de El Cairo”), em Amã (Jordânia) e em Damasco e Aleppo (Síria). O êxito dessas apresentações faz com que retorne aos mesmos locais no Oriente, ainda nesse mesmo ano e no ano seguinte. Atua em diversas cidades européias e espanholas a par de, no Natal, formar duo com Joe Henderson no “Festival de Jazz de Terrasa” (Catalunha).

Em 1995 Tete participa em diversos festivais de Jazz: Vitória-Gasteiz (em piano.duo com Chick Corea), Marciac, Genebra (duo com Niels-Henning) e Junas (França, com Horacio Fumero e Peer Wiboris). Para apresentações em Sevilha, Tete incorpora o saxofonista francês Guy Laffite ao seu trio.

Alcança marca superior às 100 (cem) gravações para o mercado fonográfico; entre essas gravações destaca-se uma antologia de puro bom gosto musical quando em 1996, com seu trio, se reúne à cantora Mayte Martin (Barcelona, 1965, cantora originalmente de música flamenca) para gravar o CD “Free Boleros”, em realidade uma coletânea de boleros clássicos interpretados "em JAZZ" por um trio em estado de graça (Tete Montoliu elabora discursos pianísticos de pura beleza, com toques de “blues”), acompanhando uma verdadeira “CANTORA” (dicção, divisão, timbre, extensão, emoção.........). Tive a satisfação de ganhar essa gravação do Mestre “LLULLA” (Luiz Carlos Antunes, produtor e apresentador do programa radiofônico “O Assunto é Jazz”, Rádio Fluminense-FM de Niterói / RJ, líder de audiência em seu horário das terças-feiras das 22.00 às 24.00 horas, que chegou a alcançar a incrível marca de 2.457 edições contadas de 06 de dezembro de 1958 até 27 de setembro de 1994).

Em 1996 Tete é homenageado a nivel nacional pela “Sociedad General de Autores”, por seus “50 Anos de Jazz”, no “Teatro Monumental de Madrid”, em um concerto do qual participam Alvin Queen, Gary Bartz, Pierre Boussaguet e Tom Harrell. Ainda em 1996 Tete comemora seus 63 anos gravando em piano.solo o CD “T’estimo Tant...”.

No ano seguinte os 64 anos de Tete são comemorados no “Palau de La Musica Catalana” em Barcelona, com concerto em piano.solo que foi gravado em CD. Nesse ano de 1996 e em novembro a grande tragédia pessoal: é diagnosticado câncer em Tete Montoliu.

Em 1997 são gravados mais tres CDs com a apresentação de Tete Montoliu em fevereiro no “Festival de Jazz de Terrasa”. Em março e no “Palau de La Música Catalana”, Barcelona, também em piano.solo, Tete tem gravado seu último CD.

Tete Montoliu faleceu como indicado no início desta sua “Biografia”, em 24 de março de 1997.

Ao longo de sua carreira Tete Montoliu recebeu muitas homenagens e honrarias, destacando-se entre as muitas a “Creu de Sant Jordi de La Generalitat de Catalunya”, a “Medalla de Oro del Ayuntamiento de Barcelona” (bom catalão e fiel à cultura e aos valores de sua terra natal) e, como fá de futebol, “culê” de boa cepa como são os torcedores do "Barça", barcelonista que sempre foi e cultor do F.C.Barcelona (“mes que um club”), a insíginia de “Oro Y Brillantes del Football Club de Barcelona”.

Tete Montoliu sempre foi um ouvinte, admirador e executante de Charlie Parker, Thelonius Monk e John Coltrane, suas bases para altos vôos musicais e pianísticos.

Entenda-se que a idade pesou progressivamente mais para Tete Montoliu (cego de nascença) do que para outros músicos, peso agravado a partir do câncer diagnosticado em novembro de 1996 e dado o esforço necessário para seu pianismo e, particularmente, quando atuando com outros músicos, o que sempre lhe trazia mais dificuldades para interação e equilíbrio musical; o que para muitos exigia um simples olhar, para Tete requeria toda uma aguçada sensibilidade e desenvolvimento de sentidos muito além da visão e, com certeza, bem mais cerebrais.

Mesmo apresentando-se e gravando com outros músicos, esse nível de dificuldade sempre levou Tete a preferir atuar em piano.solo, quando não dispunha de baixo/bateria muito bons, conforme declarou em entrevista para a revista francesa “Jazz Magazine”, por ocasião de apresentação em Châteauvallon:
Jazz Magazine: Em Espagne, Tete Montoliu, vous jouez souvent em trio. Pourquoi, a Châteauvallon, avez-vous joué en solo ?
Tete Montoliu : Oui, pendant de nombreuses années, j’ai joué avec une section rythmique. Mais il est très difficile de trouver un bassiste et un batteur qui se comprennent bien, qui aient les mêmes objectifs musicaux… Aussi, quand je me sens en bonne forme, je préfére jouer en solo – ou avec un très bon bassiste et un três bon batteur.“

Tete foi, sem dúvida, bem influenciado pela arte de Bud Powell e de Al Haig e, de alguma forma por Lennie Tristano, ainda que tivesse desenvolvido ao longo de sua trajetória um estilo e uma “linguagem” muito pessoais, com base em uma pulsação percussiva, com articulação nítida e forte inclinação por toques golpeados com rapidez; em alguns solos nota-se certa descontinuidade, acentuadas “escapadas” da estrutura em desenvolvimento, assim como farto ludismo na exploração de figuras “bluesy”.

Seu apurado sentido de “blues”, com fortes tintas negróides, foi bem explorado por Joachim E. Berendt (“El Jazz – De Nueva Orleans A Los Años Ochenta”, 2002, México, página 509), quando enuncia que:
“...verdadero virtuoso ...como el español (o, como le gusta llamarse a él, catalán) Tete Montoliu, quien dijo una vez - basicamente, nosotros los catalanes somos negros - y así es como toca: quizás el más negro de todos los pianistas europeos, arraigado, sin embargo, em la tradición de su natal Cataluña, a cuyas canciones populares há dado conmovedoras interpretaciones.”

Foi, sempre e isso é perfeitamente ouvido e sentido em suas gravações, um pianista superior, capaz de imprimir perfeito swing ao seu fraseado e citações muito bem encaixadas de “blues”.

Um senhor pianista para quem gosta, verdadeiramente, de JAZZ !!!
Segue em
(B) FILMOGRAFIA, (C) BIBLIOGRAFIA e (D) DISCOGRAFIA

100 ANOS DE JAZZ COM ROBERTO MUGGIATTI


Curso "100 anos de jazz" com o jornalista e escritor Roberto Muggiatti

Dias 9, 16, 23 e 30 de novembro
Horário : das 19:30 às 21:30
Local : Polo de Pensamento Contemporâneo
Rua Conde Afonso Celso, 103 - Jardim Botânico
Tels: (21) 2286-3299 e (21) 2286-3682

Mais informações, acesse o site

FALECE FILHA DE JIMMY ROWLES

03 novembro 2009


Mestre Raffa mais uma vez nos informa e eu divulgo para os amigos do CJUB.Faleceu em 30 de outubro, vitimada por um grave acidente de carro, Stacy a filha do pianista Jimmy Rowles, aos 54 anos de idade. Ela tocava o flugel horn e em sua biografia consta que, quando adolescente, atuou no “Monterey Jazz Festival” ao lado do pai. Tocou também na “Ann Patterson’s Mayden Voyage Band” e no “Jaz Birds”, pequeno grupo com músicos da própria banda. Também atuou na “Clayton-Hamilton Jazz Orchestra “ . Segundo os críticos, ela foi notada pelo som lírico e melódico de seu flugel horn. RIP.