Finalmente, nos últimos anos de sua vida na década dos anos 1950 à voz de Lady Day faltou o fulgor e a entonação anterior. Cantou em um estilo áspero, até mesmo dirty (sujo), contudo mantendo a magia da emoção.
Billie iniciou suas gravações em 1933 quando o país estava sob os efeitos da Grande Depressão Econômica e as gravações de Jazz foram reduzidas a cerca de 5% do pico de 1927. Os estilos de New Orleans/Chicago já não eram tão considerados pelo público que preferiam as valsas e as doces canções da Broadway. Alguns líderes como Ellington, Henderson, Basie, Lunceford e Goodman lutavam para manter o swing.
De encontro a este clima, o aristocrata John Hammond mantinha uma inesgotável convicção do valor do Jazz, quando descobriu a jovem Billie em um cabaré do Harlem e conseguiu convencer o turrão Benny Goodman a usá-la em sua orquestra. (Desconfia-se que Hammond tenha pago por isso) e em 27 de novembro de 1933, uma bela segunda feira – "fiat lux" - a voz radiosa porém ainda um tanto tímida de Billie foi registrada pela primeira vez em - Your Mother's Son-In-Law (Col 2856-D) com a participação de Benny Goodman, Charlie Teagarden e Shirley Clay (tp), Jack Teagarden (tb), Art Karle (st), Joe Sullivan (pi), Dick McDonough (gt), Artie Bernstein (bx), Gene Krupa (bat) e Arthur Schutt (arranjo).
A 18 de dezembro Billie volta ao estúdio e grava Riffin' The Scotch (Col 2867D).
Hammond continuando em sua inexaurível fé a crer no encantamento de Billie induz Duke Ellington a usá-la para substituir Ivie Anderson no vocal do filme de curta metragem – Symphonie in Black (out/1934) cantando Big City Blues.
Em New York a 2 de julho de 1935 Hammond promove sua primeira “sing-swing” durante a qual Billie canta acompanhada pelo pianista Teddy Wilson incluindo Benny Goodman sob o pseudônimo de John Jackson, e mais Roy Eldridge (tp), Ben Webster (ts), John Trueheart (gt), John Kirby (bx) e Cozy Cole (bat). Aqui realmente surge a glória de Billie ao interpretar com este magnífico acompanhamento jazzístico - I Wished On The Moon, What A Little Moonlight Can Do, Miss Brown To You e Sunbonnet Blue And A Yellow Straw Hat.
Teddy e naturalmente todo o grupo se encantou com Billie e nos anos de 1936 a 38 fizeram 45 registros consolidando sua carreira. Logo depois liderou um grupo e foi crooner de Basie, de resto foi o que sabemos e ouvímos até hoje.
Ressalte-se a empatia entre Billie e o saxofonista Lester Young gravando juntos a partir de dezembro de 1940 em uma jam session na emissora WNEW. Sempre foi dito que Billie usava a voz tal qual um instrumento, e qual seria? um doce e terno saxofone tenor.
O trabalho de Billie é calcado na sensualidade, na expressividade e espontaneidade, capaz de transformar radicalmente uma canção sem nenhum exagero vocal.
Eleonora Holiday faleceu a 17 de julho de 1959 – 50 anos sem Billie - mas deixando um legado marcante na história do Jazz vocal.
7 comentários:
Prezado MÁRIO JORGE:
Bela lembrança, bela resenha, bela homenagem.
Mário,
Endosso aqui as palavras do nosso bom amigo e confrade "Apóstolo" Pedro, acima colocadas. Mas, todos que apreciam a música de jazz e ouviram Billie, jamais esquecerão suas interpretações ímpares, tais como as de Strange Fruit, My Man e God Bless the Child.
Assim, Billie tornou-se imortal e irão passar-se outros 50 anos ou mais e, "Lady Day" será sempre ouvida, pelo menos "pr'a quem é do ramo" - como diria o velho Danilo Lemos que por ela tinha verdadeiro fascínio, como também por Bessie Smith.
Parabéns pelo seu trabalho, Mestre.
Um abraço.
Nelson Reis
Para celebrar a alma dessa artista, o jornalista Roberto Muggiati dará a palestra Lady sings the blues no Espaço Telezoom, numa produção da nossa colega blogueira Valéria Martins.
Quem puder ir, por favor não perca!!!!
Dia 16 de julho, quinta-feira, às 20h, no Espaço Telezoom – Rua Dias Ferreira, 78/301, Leblon.
Tel.: (21) 3435-1617.
Ingresso: R$ 20,00 (meia entrada para estudantes)
Abraços a todos!!!
Quando comecei a me interessar pelo Jazz, do qual alias jamais me afastarei, os primeiros nomes de cantoras que fui descobrindo foram Ella e Sarah. Depois descobri o God bless the child e Billie entrou no seleto grupo.
Grande resenha.
Abracos,
Beto Kessel
Prezado Major
Um belo resumo sobre a grande Billie.
Apenas uma ressalva: As primeiras gravacões com Lester Young aconteceram em junho de 1937.
Valeu roberto, falha nossa
Major
Roberto, perdão outra falha mais grave, saiu seu nome com minúscula
Major
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