Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

DISCO PERDIDO DE DIZZY GILLESPIE É REVELADO

05 junho 2009

Matérias de Jotabê Medeiros no Estadão, e o destaque para nossos amigos e confrades Arlindo Coutinho e Jose Sá. A fonte é aqui no CJUB !


Após 35 anos, disco perdido de Dizzy Gillespie é revelado (I)
Jotabê Medeiros, de O Estado de S. Paulo

Letra profética de Gordurinha e Jackson do Pandeiro, Chiclete com Banana, já advertia: "Só ponho bebop no meu samba quando o Tio Sam pegar no tamborim/quando ele pegar no pandeiro e no zabumba/quando ele entender que o samba não é rumba."
Em 1974, o trompetista Dizzy Gillespie, um dos monstros sagrados do bebop, já tinha pegado no pandeiro e estava bochechudo de saber que o samba não tem nada a ver com a rumba. Já tinha ido a Cuba, feito batucada no Brasil e realizado fusões fantásticas. Foi então que ele retornou ao Brasil, em agosto daquele ano, disposto a inovações. Recrutou o Trio Mocotó (grupo que lançou o samba-rock ao lado de Jorge Ben) para gravar um disco que juntasse jazz e samba. Durante 8 horas, no Estúdio Eldorado, sala de 8 canais em São Paulo pertencente ao Grupo Estado, Dizzy gravou com sua banda brasileira - Nereu Gargalo, João Parahyba e Fritz Escovão, do Trio Mocotó, à frente. O plano era lançar um disco em janeiro do ano seguinte. "Dizzy chegou depois do almoço, por volta das 3 da tarde, e deu um chá de cadeira em todo mundo. Ficou uma hora fazendo meditação, deitado no chão do estúdio", conta hoje o percussionista João Parahyba. Esta semana, 35 anos depois, o percussionista (que tinha 24 anos na época) teve dificuldade para reconhecer a si mesmo nas fotos que registraram o encontro, feitas pelo fotógrafo Osvaldo Jurno, do Estado. O resultado daquelas sessões nunca ficou conhecido. Dizzy foi embora levando a master do disco debaixo do braço e nunca o lançou. Chegou a fazer discos híbridos de jazz e música brasileira mais adiante, mas não se teve mais notícia daquela master. Até o ano passado.
Um produtor suíço, Jacques Muyal, da LaserSwing Productions, achou a famigerada master de "sambabop". Mas Muyal tinha um problema: não havia nenhuma informação técnica no disco sobre as circunstâncias da gravação e a banda que acompanhava o mito do trompete. Procurou os brasileiros que poderiam tê-las. E foi aí que a música de Dizzy e do Trio Mocotó voltou a dar as caras. "Irei ao Rio no mês de julho e deverei ir a São Paulo para concretizar o lançamento do disco", disse o produtor Muyal, por e-mail, à reportagem.
"Dizzy Gillespie foi um grande amigo meu". O resultado daquela aventura sonora, como o leitor descobrirá, seria revolucionário.

De quem é o disco perdido de Dizzy? (II)
Matriz de álbum gravado no Estúdio Eldorado, em 1974, foi presenteada a brasileiro, mas suíço se diz herdeiro do músico.

O disco de samba gravado pelo trompetista americano Dizzy Gillespie no Brasil, em 1974, ao lado do Trio Mocotó, e reencontrado na Suíça no ano passado, segundo noticiou o Estado na semana passada, não pertence ao produtor suíço Jacques Muyral, mas sim a um brasileiro. Segundo o próprio suíço, Dizzy Gillespie deu a fita master de presente ao produtor brasileiro Arlindo Coutinho em 1974, quando se foi do Brasil.
O original com as gravações está sob a guarda de Coutinho até hoje. Aquilo que chegou às mãos do suíço Muyral foi uma cópia, que lhe foi entregue por um amigo comum dele e de Coutinho, o radialista Estevão Hermann. No entanto, Muyral, que foi sócio de Norman Granz - o organizador do festival de jazz de Montreux, e que mantinha Dizzy Gillespie sob contrato -, pretende lançar o disco assim mesmo. Muyral conta que estava presente no momento em que Dizzy morreu. "Sou muito, muito orgulhoso de ser herdeiro de Dizzy Gillespie, porque não somente fui seu melhor amigo, mas ele me colocou no seu testamento. Então, as negociações sobre os direitos serão fáceis porque eu sou da família", disse Muyral.
A questão é controversa. Se Picasso desse um quadro de presente para um amigo, a família de Picasso teria a legitimidade para reaver esse quadro após a morte do amigo? A reportagem não conseguiu localizar Coutinho no Rio. Segundo o suíço Jacques Muyral, a cópia que recebeu de Estevão Hermann não tinha títulos para as músicas nem os músicos eram mencionados. Disse que levou semanas para descobrir todos os músicos que gravaram, e que os convidou para escrever notas para o álbum que será lançado. "Ele (Estevão) me deu porque sabe que sou o único que pode lançar, já que a Laser Swing Productions foi fundada por mim e por Norman Granz", afirmou.O filho de Jacques Muyral, Hervé, que vive no Rio de Janeiro e dirige o site iMusica, de distribuição digital, disse que o pai virá em julho para acertar os detalhes do lançamento. "Eu não tinha ouvido o disco antes. Achei excelente", considerou Hervé.Nestes 35 anos, pouquíssimos tiveram acesso ao conteúdo da matriz gravada por Dizzy Gillespie com os mestres do samba rock brasileiro. "Há três anos, Coutinho mostrou a fita para José Sá, irmão da cantora de bossa nova Wanda Sá, que a levou a um estúdio, passou a fita para CD e também guardou", conta o produtor musical Mário Vieira, um dos felizardos que ouviram, por e-mail. "No ano passado, voltou o assunto da fita, eu pedi uma cópia e mandei para o blog de jazz do Doug Ramsey (da Jazz Journalists Association dos Estados Unidos), que conseguiu descobrir o nome de duas das músicas e disse que tinha gostado muito, perguntando quando seria feito o lançamento", explicou.
O disco de Dizzy Gillespie com o Trio Mocotó foi gravado em agosto de 1974 no Estúdio Eldorado, em São Paulo. Dizzy (que veio oito vezes ao País) chegou com a intenção, segundo executivos das gravadoras Philips e do selo americano Perception, de fazer um disco inteiro acompanhado por cerca de 100 ritmistas brasileiros.Chegou a tocar no Tuca com sambistas da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel. Mas gravar já era outro negócio. "Reunir 100 ritmistas para uma gravação foi a primeira ideia que os empresários tentaram tirar da cabeça de Dizzy", relatou reportagem da época.Primeiro, os produtores sugeriram que um único conjunto o acompanhasse, tendo o grupo Os Originais do Samba como o selecionado. Mas, após alguns ensaios, Dizzy acabou se entrosando mais com o Trio Mocotó, formado por Nereu Gargalo, João Parayba e Fritz Escovão. Além do trio, estavam lá no estúdio Branca de Neve (surdo), Teo (cuíca), Rubetão, Jair e Carlinhos (pandeiros). A banda de Dizzy incluía Mickey Roker (bateria), Al Gafa (guitarra) e Earl May (contrabaixo). Havia também Mary Stallings, cantora de São Francisco, muito influenciada por Carmen McRae, que Dizzy trouxe em sua comitiva.Gillespie foi um dos maiores nomes da música popular no século 20. Criou o bebop, ao lado de Charlie Parker e Thelonious Monk. Compôs standards do jazz, como A Night in Tuniosia. Morreu aos 75 anos, de câncer.

8 comentários:

Tenencio disse...

Filho bonito tem sempre muitos querendo ser pai. O mais importante é encontrar os musicos que participaram da gravação,ou seus herdeiros. Esses sim são junto com Dizzy os verdadeiros "pais da criança". E que sejam remunerados pelo lançamento do CD.
Abraço

Beto Kessel disse...

Uau....que historia fantastica..

Beto

Beto Kessel disse...

Uau....que historia fantastica..

Beto

edú disse...

Já tinha assistido uma entrevista do Nereu( para muitos conhecedores de percussão : o maior panderista do mundo) a respeito desse fato.Ele tinha curiosidade sobre o resultado final mas suspeitava q não se faria história com isso.O trio já havia tocado com Duke Ellington e nem o Fritz, hoje, faz parte do Mocotó.Que venha o disco, se houver pertinência artística, e o pagamento justo dos músicos participantes e o recolhimento financeiro aos proprietários dos direitos legais.

Salsa disse...

Fiquei curioso. As razões de Dizzy para engavetar o projeto ficará como mistério até o dia que pudermos ouvir a gravação. Como diz o edú, se tiver "pertinência artística" o mistério ficará maior.

figbatera disse...

Quer loucura isso!

figbatera disse...

Oi Guzz, agradeço sua visita e comentário lá no meu blog.
Vc irá a Rio das Ostras? Quando me vir por lá, se apresente, ok?
(Vc me reconhecerá pela foto do blog, mas a sua eu não tenho, né?)
E encontraremos o Salsa lá tb; será ótimo!

Mario disse...

Passei a Produtor Musical. Boa!!!