Existem coisas que realmente surpreendem no grande mundo do Jazz. Quem diria que um dia eu viria a ser apresentado a Ronald Biggs, um dos famosos personagens do grande roubo do trem pagador em Londres, e com ele conversar longamente sobre um assunto realmente palpitante - o JAZZ. Foram três encontros agradáveis e interessantes onde o Jazz foi o tema principal até porquê, jamais eu quis saber onde estava o dinheiro , produto do grande roubo. A primeira vez foi na sala de Arlindo Coutinho, nos tempos da Sony Music , onde depois do expediente havia um chá escocês servido em xícaras de café, como nos tempos dos “speaky easy” durante a lei seca nos Estados Unidos. Biggs tratava do contrato de seu filho Mike, um dos integrantes do grupo “Turma do balão mágico” que fazia grande sucesso na vendagem de discos.
O segundo encontro foi durante um almoço no Lamas com Coutinho. Observei que as pessoas olhavam para a nossa mesa , algumas surpresas, talvez querendo saber qual o assunto daquela animada conversa . Foi quando soube que Biggs era ouvinte assíduo de “O Assunto é Jazz”, principalmente do bloco “O Beco das Big-Bands”, apresentado por seu compatriota Maxwell Johnstone. Gostava e conhecia bastante sobre as grandes orquestras americanas e inglesas, das quais destacava a de Ted Heath.
O terceiro encontro foi durante dois dias na “Casa da Suiça”, numa promoção intitulada “O Clube da Conversa”. Eu Coutinho e Biggs fomos entrevistados por algumas jornalistas que nos fotografaram e prometeram nos dar cópias das fotos. Como era de se esperar as fotos nunca foram publicadas e muito menos vistas por nós. O assunto reinante foi o Jazz e depois de algumas doses do chá escocês fui para o piano incentivado por Coutinho. Claro que o entusiasmo dos presentes ajudou na armação e deu para enrolar por quase meia hora. Voltando para a mesa, fui surpreendido por Biggs que me deu o seu livro “RONALD BIGGS – Odd man out” e fez questão de autografá-lo e dedicar ao casal Luiz Carlos Antunes. Corria o ano de 1994 e devo dizer que foi muito interessante esses encontros , mostrando mais uma vez a força do Jazz. Resolvi incluir esse relato nas minhas histórias ao saber que Biggs, preso em Londres e possivelmente com seus dias contados merecia essa referência.
2 comentários:
Biggs virou personagem da cena carioca nos anos 70 como o larápio q se deu bem.Confesso q me comovi pela dedicação do filho Mike ao pai nos últimos anos e também pela atitude de Biggs em se entregar de forma espontânea para fazer jus ao sistema de saúde pública da Inglaterra, mesmo abdicando de sua liberdade pessoal.Nem com todo dinheiro q obteve pelo assalto (q não foi grande coisa ) e as cobranças pelas entrevistas lhe garantiram a "segurança" de um bom plano de saúde na velhice.
LULA:
Quando "O Assunto É Jazz", esquecem-se marotices do passado, aliás devidamente redimidas com a entrega espontânea às autoridades de Sua Majestade, como bem assinala o confrade EDÚ.
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