Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

COLUNA DO LOC

11 janeiro 2009

JB, Caderno B, 11 de janeiro
Luiz Orlando Carneiro
O sobrevivente

Freddie Hubbard morreu, no último dia 29, aos 70 anos, dois meses depois de sofrer um ataque cardíaco, exatamente quando o selo Times Square lançava o CD On the real side, concebido pelo também pistonista e ótimo arranjador David Weiss, um dos líderes do New Jazz Composers Octet (NJCO). Gravada em dezembro de 2007, essa homenagem de Weiss ao seu venerado amigo – do qual virou protetor e empresário – tinha por objetivo recuperar um pouco do glorioso passado daquele que, com Lee Morgan (1938-1972) e Donald Byrd, formou a trindade maior dos trompetistas hard bop na década de 60. O álbum não pode ser considerado, propriamente, o canto do cisne de Hub, se levado em conta o sentido original da expressão: gorgeio harmonioso que, segundo os antigos, o cisne entoa na hora da morte.

Na verdade, há mais de 10 anos, excesso de álcool, uso de drogas, uma séria lesão no tecido do lábio superior, além de problemas cardíacos e pulmonares afastaram praticamente da cena jazzística o trompetista que, para Weiss, superou todos os herdeiros da linhagem Fats Navarro-Clifford Brown em matéria de virtuosismo, vigor e fraseado, qualquer que fosse o tempo ou o mood do tema a ser interpretado. O próprio Hubbard admitia que jamais voltaria a dispor de recursos técnicos pelo menos parecidos com os que empolgaram o jazz establishment, nos anos 60, e os fusionistas, na década seguinte. Mas seus "gorgeios" em On the real side - tocando curtos choruses apenas no flugelhorn (o primo gordo do trompete, de bocal mais amplo) – são frustrantes, sobretudo no contexto do NJCO, integrado por excelentes músicos bem mais novos, como os saxofonistas Myron Walden, Craig Harris e Jimmy Greene, o próprio Weiss, Steve Davis (trombone) e Xavier Davis (piano).

As revistas Downbeat e Jazz Times dedicaram as matérias de capa das edições de junho e outubro últimos, respectivamente, ao que seria a "ressurreição" do "gigante adormecido". O título-forte da DB foi "Redefining Freddie Hubbard"; a JT preferiu "The survivor". Infelizmente, houve uma reversão das expectativas. Mas, certamente, o extraordinário trompetista que, aos 22 anos, já era estrela da Blue Note (LPs Open Sesame, Breaking point e Hub cap), será eleito, in memoriam, para o Hall of Fame da DB, no próximo pleito dos críticos internacionais. Hub deixa uma imensa discografia, cheia de altos e baixos. Nas discotecas dos verdadeiros jazzófilos têm lugar garantido: um dos álbuns citados no parágrafo acima, além de Hub-tones (com James Spaulding e Herbie Hancock, de 1962); Mosaic (Blue Note), Ugetsu (Milestone) e Free for all (Blue Note), gravados entre outubro de 1961 e fevereiro de 1964, quando ele integrava a memorável formação em sexteto dos Jazz Messengers de Art Blakey, com Wayne Shorter, Curtis Fuller e Cedar Walton; V.S.O.P (Columbia), registro ao vivo, de 1977, de um momento único do moderna maisntream do jazz, na companhia de Shorter, Hancock, Ron Carter e Tony Williams.

Não se pode esquecer, ainda, que Hubbard participou de três discos fundamentais na (r)evolução do jazz ocorrida nos anos 60: do belíssimo The blues and the abstract truth (Impulse, fevereiro de 1961), como solista de proa do grupo do saxofonista-compositor Oliver Nelson, ao lado de Eric Dolphy, Bill Evans e Roy Haynes; do marco revolucionário que foi Free jazz (Atlantic, dezembro de 1960), com o double quartert de Ornette Coleman (Dolphy, Don Cherry, Charlie Haden, Scott LaFaro, Ed Blackwell e Billy Higgins); de Out to lunch (Blue Note, fevereiro de 1964), outro registro antológico do nascimento do free jazz, da discografia básica de Dolphy.

4 comentários:

Bene-X disse...

Sabe tudo, Mestre, sabe tudo !

Abs.,

APÓSTOLO disse...

LOC conseguiu em mínimas linhas relacionar as melhores gravações de FH (claro que cada um sempre poderá somar mais uma ou outra, mas a essência está no artigo de Mestre LOC).
Enfim, tanta porcaria solta no éter e o que é bom nos deixa.

Anônimo disse...

Acho que as indicações que nos, simples mortais,editores e amigos do CJUB fizemos nos comentarios do post la embaixo sobre Hubbard é muito interessante. No caso de Hubbard não é dificil pois ele gravou em discos geniais como sideman e como lider fez excelentes discos tambem.
Me chamou a atenção o fato de "Speak No Evil" de Wayne Shorter, Blue Note lançado em 1965, não ter sido citado.É um disco importantissimo com composições de Shorter de concepção originalissima. Hubbard faz solos maravilhosos em cima de harmonias dificeis e nada comuns.Um trabalho de maestria absoluta do instrumento e da linguagem jazzistica.
Como ninguem se manifestou deixo novamente aqui o link para uma analise de Hubbard feita por Dave Douglas,um dos expoentes do trompete no jazz contemporaneo:
http://www.greenleafmusic.com/
É interessantissimo tambem o post que esta no jazz.com em que Randy Brecker comenta 12 faixas com Hubbard escolhidas da sua grande discografia.
Abraço

Anônimo disse...

Fui conferir e tenho 13 cds de Hubbard como líder.Não deixaria de fora além dos citados pelo LOC :The Body & The Soul(Impulse),Open Sesame (Blue Note),Sweet Return (Atlantic),Straight Life(CTI),Back To The Birdland (Real Time) e Live at Fat Tuesdays( Music Masters - talvez seu ultimo ótimo disco em vida ,de 1991).Concordo com o Tandeta e colocaria no quesito da lista em q Hubbard foi nada menos q insuperável sua participação também no disco Maiden Voyage de Herbie Hancock .E parafraseando o Dave Douglas: Hubbard superava os limites da física na alteração e velocidade nos tempos como também desafiava os limites da harmonia.Pelo menos ninguém o comparou a Miles Davis.