Por incrível que pareça também fui abençoado pelos Deuses do Jazz durante a existência do programa “O Assunto é Jazz” que comandei por quase 29 anos na Difusora Fluminense e mais tarde na Fluminense FM.
Começamos pela série de amigos que fizemos através a audição, gente que não perdia a oportunidade de assistir o programa e dele participar.Eram assíduos freqüentadores , Gedir Pimentel, José Maria Pacheco e Maxwell Johnstone (que Deus os tenha), Pedro Cardoso, Nilton Fantesia, Mário Jorge, Domingos Carvalho etc. Dessas amizades surgiu a A.N.D., nossa confraria que até hoje se reúne na última quinta-feira de cada mês , em vésperas de comemorar o seu vigésimo aniversário.
Quando o programa “estourou” na FM, as rádios que nunca admitiram Jazz em sua programação abriram espaço para a arte musical maior (obrigado Apóstolo) o que foi ótimo, pois cada espaço que o Jazz obtinha era mais uma trincheira para lutar contra o chamado preconceito musical .
Mas,e os músicos ? Aqueles que afinal de contas eram os responsáveis pelo miolo de uma programação ? Disseram presente e nos prepararam algumas surpresas deliciosas nas audições de aniversário do programa que geralmente duravam quatro horas.
Nessas ocasiões, os estúdios da Fluminense lotavam e muita gente ia para a técnica para ver e ouvir o que estava acontecendo . Foi em dezembro de 1984 que tivemos a primeira surpresa. Em pleno programa entram tocando no estúdio os integrantes dos “Rambler’s” (Alex Andrade (tp)-Marcio Cintra (cl)- Fritz Meyer (tb)-Sidney Muniz (bj) e Walter Nogueira (wsh) ). Foi uma ótima surpresa e famosos temas do Jazz de New Orleans foram tocados . Tive a honra de participar musicalmente, fazendo as vezes de baterista com a percussão trazida por Walter Nogueira. O programa que já tinha os galardões de ser o primeiro programa de Jazz em FM , o primeiro a ter duas horas de duração adicionava agora o primeiro a apresentar Jazz ao vivo em FM.
Em 1985 nova surpresa. Os “Ramblers” voltaram e para nossa alegria foi realizada uma “Jam Session” ecumênica com Cláudio Roditi, nosso amigo de longa data ao trumpete e Maurício Einhorn na gaita. Foi para mim um momento emocionante pois Cláudio já despontara nos Estados Unidos integrando a “tropa de elite” do instrumento e quis participar embora não tivesse trazido o instrumento. Alex Andrade que andava sempre “armado”, tirou do estojo um outro instrumento e cedeu a Cláudio para gáudio dos presentes. Maurício ,um “habitué” do programa , não se fez de rogado e participou alegremente dessa “Jam Session”.
Em 1986 poderíamos dizer que tivemos uma audição de “cool jazz” . E foi uma audição que ocupou quase todo o programa, com a música de Maurício Einhorn e Alberto Chimelli ao violão. Franco entendimento com os dois atendendo aos nossos pedidos não faltando o “The shadow of your smile”, uma das minhas preferidas .
Finalmente, em 1987 uma grande surpresa. A visita da “Rio Dixieland Jazz Band” com Sebastião Gonçalves(tp), Charles Korceginsky (cl), Roberto Marques (tb)- Paulo Cezar (TB)- Sidney Muniz(bj) e Walter Nogueira (wsh). Um programa super alegre com um Jazz de alta qualidade que alegrou a todos os presentes e aos ouvintes que se manifestaram por intermédio de cartas e telegramas cumprimentando o programa por mais um aniversário.
Esses acontecimentos marcaram muito a existência de “O Assunto é Jazz”, principalmente na fase da FM. Tenho dezenas de cartas ainda guardadas com manifestação de ouvintes assíduos, inclusive pessoas de destaque na área musical como o pianista Miguel Proença. Por sorte dois grandes amigos gravaram esses programas em fita cassete. Pedro Cardoso e Mário Jorge e nós esperamos que quando passarem para CD não se esqueçam de nós.
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