Mauro Nahoum (Mau Nah), José Sá Filho (Sazz), Arlindo Coutinho (Mestre Goltinho); David Benechis (Mestre Bené-X), José Domingos Raffaelli (Mestre Raf) *in memoriam*, Marcelo Carvalho (Marcelón), Marcelo Siqueira (Marcelink), Luciana Pegorer (PegLu), Mario Vieira (Manim), Luiz Carlos Antunes (Mestre Llulla) *in memoriam*, Ivan Monteiro (Mestre I-Vans), Mario Jorge Jacques (Mestre MaJor), Gustavo Cunha (Guzz), José Flavio Garcia (JoFla), Alberto Kessel (BKessel), Gilberto Brasil (BraGil), Reinaldo Figueiredo (Raynaldo), Claudia Fialho (LaClaudia), Pedro Wahmann (PWham), Nelson Reis (Nels), Pedro Cardoso (o Apóstolo), Carlos Augusto Tibau (Tibau), Flavio Raffaelli (Flavim), Luiz Fernando Senna (Senna) *in memoriam*, Cris Senna (Cris), Jorge Noronha (JN), Sérgio Tavares de Castro (Blue Serge) e Geraldo Guimarães (Gerry).

HISTÓRIAS DO JAZZ n° 47

21 novembro 2007


“Laringoperfumol”
Tenho muitos recortes de jornais e revistas mas infelizmente não estão organizados como deveriam. Entre eles fui encontrar uma crônica de Henrique Pongetti que na época, meados dos anos cinquenta,escrevia a coluna “O Show da Cidade” em “O Globo”.
Ali, como apreciador do Jazz,criou uma história muito interessante que censurava os afoitos jazzófilos que se preocupavam com os mínimos detalhes das vidas dos músicas sem às vezes prestarem atenção na música que faziam. Portanto, é do grande Henrique Pongetti o texto que agora transcrevemos .
“Gostar de “jazz” eu gosto, mas devo esta explicação restritiva ao jovem que me ofereceu um convite para a noitada musical e estranhou a minha ausência, O “jazz” está sofrendo uma chatíssima intelectualização: está se tornando hermético e criando seitas divergentes de iniciados. Ninguém é mais o dono do assunto, na opinião isolada do único dono do assunto, aquele de quem estamos recebendo luzes em conversas-aulas de que somos discípulos sempre ignorantes e sempre humilhados.
Os jovens empenhados em medir nosso grau de atualidade consideram o “jazz” um teste infalível de validez ou de borocochice. Se gostamos de “jazz” e nos filiamos à sua seita musical,recebemos uma espécie de certificado de juventude e o direito de sentar à mesa das novas gerações sem tingir os cabelos brancos.
A discoteca e a biblioteca especializadas de um jazzmaníaco formam uma espécie de tesouro de ilha misteriosa cujo mapa o proprietário guarda a sete chaves e sòmente aos eleitos mostra, depois de um juramento solene de fidelidade . A emoção é substituída pela erudição . Exemplos concretos da cátedra em pleno funcionamento :
- Em que ano Dick Palmerston abandonou o trombone,e quando apareceu tocando flauta ?
- Dick Palmerston abandonou o trombone no dia 15 de janeiro de 1953, e surgiu como flautista no conjunto de Bob Goldman, na noite de 25 de setembro do mesmo ano, no Savoy Hotel.
- Exato. Mas em que sala ?
- Na sala vitoriana.
- Perdeu um ponto: Foi na sala Luiz XV .
Mais uma pergunta : como se apresentaram vestidos os músicos de Bob Goldman, naquela noite ?
- De calças pretas e “dinner-jacket” azul-noite.
- Mais um ponto perdido. Foi com calças azul-noite e “dinner-jacket” amarelo-canário. Você é muito fraco em musica de “jazz” .
Há uma reação do calouro gongado e tem início o segundo “round” :
- Fraco ? Então me responda esta : qual é a comida invariável de Sam Barnett entre o primeiro e o segundo programa no Cyro’s ?
- Entre o primeiro e segundo programa no Ciro’s ,Sam Barnett come uma salada de beterraba, um bife sem gordura, e bebe um copo de leite. Sam Barnett foi operado de uma úlcera no estômago e vive com complexo de dieta. Seu médico operador foi o Dr. Fritz Tittel e seu médco assistente é o Dr. Robert Moore. Uma idéia fixa de Sam Barnett é o mau hálito – desaparecido depois de operada a úlcera – e nos intervalos êle vai ao camarim e vaporiza a garganta com um líquido aromático. Mais alguma coisa ?
- Sim; mais uma valendo cinco pontos: e o nome do líquido aromático ?
- Em português ou em inglês ? Há um laboratório em São Paulo fabricando o produto.
- Diga em português.
- Laringoperfumol !
- Exato. Você é o maior. Posso colocar-lhe a faixa ?
- Não sei se deva...
- Deve. O Centro de Altos Estudos e Perquisas Jazzbandicos tema alta honra de enfaixá-lo. Abaixe um pouquinho a cabeça... Você é muito alto. Assim...pronto!"
Esse o delicioso texto de Henrique Pongetti que usamos para contar mais uma história.
llulla

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